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Obrigada, não sou macaca

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A mania de aproveitar o espaço esportivo para exercitar o preconceito – sobretudo, racial – está em alta. Por isso, dia desses surgiu uma nova vítima, o jogador do Barcelona Daniel Alves, que é negro. Parece que ele estava em campo contra o Villareal e foi atingido por uma banana, lançada por um torcedor numa clara tentativa de chamá-lo de macaco. Eu não sei se Alves, por acaso, já tinha pensado com seus botões que reação teria caso fosse alvo de uma atitude assim. O certo é que ele fez o inusitado: parou a bola, pegou a banana, descascou-a e comeu. Para só depois continuar o jogo. Queria, como declarou depois, “rir dos racistas retardados”.

E foi assim que começou essa enorme campanha com a hashtag #SomosTodosMacacos, que está se espalhando pela Internet e além dela. Os pais da ideia? O também jogador de futebol Neymar e a agência de publicidade Loducca.

Eu não conhecia a história desde o começo. E, sinceramente, quando deparei com ela, pensei que era algo mais profundo – Darwin, evolução, macacos, seres humanos, entende? De qualquer forma, contou com meu repúdio desde o início. Porque acredito no criacionismo. Não me conformaria em ser resumida a uma macaca, mesmo que evoluída.

Contudo, quando soube do que, de fato, se tratava a iniciativa, tentei entender pelo lado positivo. As pessoas que têm aderido à campanha, principalmente as celebridades – de Dilma Rousseff a Michel Teló -, parecem querer apenas mostrar que estão do lado dos negros desprezados, que sofrem preconceito dessa forma tão arcaica e sem criatividade. Mas, esse lema soa aos meus ouvidos como um “tiro no pé”, que estimula a associação entre negros e macacos mascaradamente. Ou seja, dá no mesmo. E nesse circo todo, até os macacos resolveram se defender e dizer que não querem ser comparados aos seres humanos. Certo eles. Cada um na sua.

Como negra, agradeço a solidariedade de todos os que aderiram a essa polêmica campanha em prol do respeito às diferenças raciais. Gosto muito de banana, mas gosto ainda mais de respeito. Muito obrigada, mas eu não sou macaca.

Taís Brem
*Texto publicado originalmente no Clicsul.net.

Consciência capilar

Liso ou crespo: Qual é o estilo de cabelo que mais valoriza a raça negra?

Para além do Dia da Consciência Negra, tema divide opiniões (Foto: Divulgação)
Para além do Dia da Consciência Negra, tema divide opiniões (Foto: Divulgação)

É fácil presumir que o indivíduo está a fim de potencializar sua negritude quando resolve apostar no black power ou nas tradicionais tranças. Mas, e quando a opção de penteado passa pelo alisamento ou, até, pelas colorações nada comuns à pele negra, como os tons de loiros das luzes e mechas californianas? É exagero afirmar que a escolha por modificar a natureza dos crespos afeta a consciência racial?

O debate é polêmico. Contudo, grande parte das pessoas entrevistadas para esta reportagem acha que sim, é precipitado medir a consciência que alguém tem de sua raça a partir do penteado que escolhe para adornar sua cabeça. Trocando em miúdos, a maioria diz acreditar que não é porque alisa, alonga ou pinta as madeixas segundo o “padrão branco de aceitação” da sociedade que um negro está tentando anular suas raízes.

Especialista no tratamento de cabelos afro, a cabeleireira Simone Santiago estima que 80% das clientes do salão Tranças e Td +, do qual é proprietária, preferem alterar a estrutura dos fios alisando-os, seja à base de produtos químicos ou, simplesmente, com chapinha e escova. “20% prefere os crespos, mas não abrem mão de uma escova lisa vez ou outra para algum evento comemorativo. Já as tranças são sempre bem-vindas, em todos os tipos de cabelos”, destacou. Para ela, cada vez mais as mulheres negras têm se permitido mudar a aparência, à medida que vão passando por cada fase da vida. “Fases marcantes, como 15 anos, formaturas, casamentos, começo ou fim de relacionamentos, novo emprego… E usar cabelo liso ou crespo em cada um desses momentos transcende a consciência racial. Há inúmeros recursos que nos permitem mudar a aparência, conservando a saúde dos fios e expressando nossos sentimentos, conquistas e mudanças sem perder a referência ou a consciência”, enumerou. “Particularmente, essa conversa de que ‘em terra de chapinha, quem tem cabelo crespo é rainha’ é conversa de cabeleireiro preguiçoso. Uma escova bem feita tem seu valor”.

Simone, em suas várias versões (Fotos: Arquivo Pessoal)
Simone, em suas várias versões (Fotos: Arquivo Pessoal)

Engana-se quem lê uma declaração dessas e pensa que é papo de quem quer apenas fazer propaganda de seu trabalho usando a cabeça alheia como cobaia. Com a mesma ênfase com que defende o lado artístico do seu ganha-pão, Simone se dispõe a experimentar os mais diversos tipos de penteados na própria cabeça, em seu cotidiano. A mesma mulher que está de longas tranças na segunda-feira, pode lhe surpreender com um chanel desfiado no dia seguinte, com um mega-hair extravagantemente liso na sexta e com um corte curto, crespo, natural e discreto na próxima semana. Até se apaixonar por uma tintura bem puxada para o azul e mudar novamente. Ela é praticamente uma camaleoa, assim como suas clientes. “Somos negras com estilo e personalidade e podemos, sim, nos expressar através de nossos cabelos, sem parecer um batalhão de ‘tudo a mesma coisa'”, sentenciou a cabeleireira.

“Gosto do carapinho”

Atualmente, jornalista tem preferido os crespos (Foto: Arquivo Pessoal)
Atualmente, jornalista tem preferido os crespos (Foto: Arquivo Pessoal)

Dizem que as mulheres “normais” nunca estão plenamente satisfeitas com sua aparência. Para a jornalista Conceição Lourenço, 53, a afirmação é tão verdadeira que serve para explicar a necessidade de mudança de visual que o sexo feminino expressa em suas transformações. O que, por certo, não é diferente com a raça negra. A dona da cabeleira crespa e exuberante costuma chamar atenção por onde passa, ora por despertar preconceito (“Muita gente olha com desdém e risinhos…”), ora por surtir admiração (“Sábado, por exemplo, duas senhoras brancas me chamaram no shopping para dizer que eu deveria ser modelo. Dei risada e disse que era jornalista. Elas ficaram decepcionadas, mas foi bonitinho”). E há, também, os que demonstram curiosidade. “Um dos porteiros do meu prédio, que é negro, perguntou: ‘Seu cabelo é tão fofo… Não dá trabalho?’. Respondi: ‘É igual ao seu… Deixe crescer e descubra!'”,relembrou, às gargalhadas.

Há alguns anos, Conceição tem deixado as madeixas crescerem de forma natural. E o reflexo que vê no espelho muito lhe agrada. “Não acho que a negra que modifica o cabelo está negando nada, absolutamente. Hoje, acho meu cabelo bonito, mas já alisei. Gosto do carapinho, do crespo e ando gostando cada vez mais. Parece que valoriza meu rosto”.

Na contramão

Wilson, em seu tempo de black power (Foto: Arquivo Pessoal)
Wilson, em sua fase “black power” (Foto: Arquivo Pessoal)

O servidor público Carlos Wilson, 38, já conviveu com o visual da própria mulher, cuja pele é mais escura que a dele, com fios alisados e tingidos de loiro. Mas, é publicamente fã de cachos e tranças. “Para mim, alisar o cabelo e pintar de tons que não têm a ver com a natureza da raça é querer se amoldar ao padrão estético que a sociedade impõe, mesmo que inconscientemente. Até, nós, homens, quando rapamos a cabeça para se livrar da dificuldade de pentear o cabelo estamos fazendo isso”, comentou ele, que já cultivou um cabelão black power há uns cinco anos, mas teve de se desfazer do estilo em nome da praticidade e da apresentação necessária na vida profissional. Agora que tudo o que tem são alguns fios que se encontram com a navalha periodicamente para manter o cabelo baixinho, Wilson se diverte penteando o filho, João Esdras, de um ano. “Vou incentivar o ‘negãozinho’ a valorizar seu cabelo natural e suas raízes afrodescendentes. Pelo menos, até que ele tenha idade para decidir que estilo quer adotar”.

Pai penteando o filho (Foto: Arquivo Pessoal)
Pai penteando o filho (Foto: Arquivo Pessoal)

Taís Brem

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“A discriminação como regra e a igualdade como exceção”

Tese sobre falta de educadores negros em Pelotas discute desigualdade racial

Pesquisa comprova falta de docentes negros na cidade (Foto: Divulgação)
Pesquisa comprova falta de docentes negros na cidade (Foto: Divulgação)

“Uma análise sobre o discurso da desracialização da docência negra em Instituições de Ensino da Cidade de Pelotas-RS”. Esse é o título da pesquisa realizada pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (PPGL/UCPel) Olga Maria Lima Pereira. Nessa entrevista ao Blog Quemany, Olga explica como sua pesquisa pode ajudar a trazer à tona reflexões sobre a situação dos negros no contexto educacional pelotense, não apenas como professores, mas, também, como alunos.

Blog Quemany – Do que trata o seu trabalho, especificamente?
Olga Maria Pereira – O projeto nasceu de uma certa inquietude e de uma busca constante por desconstruir certas histórias que, de tão sedimentadas, tendem a construir, em relação aos negros e seus descendentes, uma única e distorcida história. Por isso, quando escolhi, como tema principal da pesquisa, refletir sobre o discurso da desracialização da docência negra em algumas instituições de ensino da cidade de Pelotas, o fiz por compreender que o mito da democracia e harmonia racial entre negros e brancos, tão aclamado em nosso país, representa apenas uma forma confortável de negação do negro como cidadão de fato e de direito. Por mais que seja angustiante constatar certas verdades que permeiam as relações raciais na cidade de Pelotas, não podemos entrar no conformismo do velho ditado que sempre nos diz que “as coisas sempre foram assim”, que “até têm negros que são encontrados em alguns cargos de chefia, direção etc” e que “em nossas escolas (como não?) há professores negros, sim, senhor!”. No entanto, sabemos que a realidade que nos é apresentada no cotidiano é muito diferente das sutis afirmações de confraternidade e oportunidade entre negros e brancos. Como negar que em nossas instituições de ensino a ausência de docentes negros é um fato e não uma utopia? Como fingir que em nossas escolas o contingente de alunos e professores brancos ,de forma desproporcional, anula a pequena parcela de alunos e docentes negros ? Como desconsiderar a realidade socioeconômica dos negros em nossa cidade e continuar negando um racismo e uma discriminação velada, porém, facilmente identificada? A ausência e a invisibilidade de negros em nossas escolas são realidades escancaradas e jogadas a zonas de total silenciamento. Temos pouquíssimos professores negros em nossa cidade. E daí? Muitas vezes foi isso que ouvi! E o mais grave, na minha opinião, é que essa realidade tenha se naturalizado de tal forma que a impressão que se tem é que ninguém, ou poucos, procuram questionar os porquês dessas ausências justamente nos locais onde a educação e a reflexão deveriam ser sinônimos! Refletir sobre isso é mais do que um dever como pesquisadora: é uma atitude racional e humanizada. A sociedade precisa compreender que as sequelas deixadas em nossos irmãos africanos não podem mais ficar condenadas a uma fala distante, desprovida de atitudes transformadoras.

BQ – Como surgiu a ideia de abordar essa temática?
Olga – Desde minha adolescência, sempre participei de concursos literários sobre a abolição da escravatura realizados na cidade de Pelotas. Por isso, posso dizer que minha pesquisa começou antes mesmo que eu pudesse compreender que um dia ela se tornaria um instrumento reflexivo e de repúdio ao preconceito racial, tema tão caro e tão carente de políticas, verdadeiramente, reparatórias. Aliás, nunca consegui compreender porque o branco precisou anular tanto o negro para fazer sobressair sua vazia vaidade e soberania. Nas escolas, infelizmente, o que aprendemos foi a história do colonizador e, jamais, a história do colonizado – ou escravo, como queiram. Ensinaram-nos que um dia o país precisou ter escravos para escancarar seu desenvolvimento, porém, não nos fizeram refletir que esses escravos tinham uma cor e que essa cor serviu para justificar a desumanidade, fruto de um comércio farto de africanos sequestrados da África e jogados em solo brasileiro. O pigmento de uma pele foi a justificativa mais frágil que o branco arranjou para transformar o negro em escravo e rotulá-lo de ser desprovido de alma e de intelectualidade. No livro de Franz Fanon, “Pele negra, máscaras brancas”, o autor sintetiza essa realidade vivenciada por todos os negros: “Quando me amam, dizem que o fazem apesar da minha cor. Quando me detestam, acrescentam que não é minha cor. Aqui ou ali, sou prisioneiro do círculo infernal”. Essas inquietações foram me acompanhando e fortalecendo dentro de mim a incessante busca por tudo aquilo que me negaram tanto nas escolas como na própria academia: a verdadeira aprendizagem reflexiva sobre a outra história tão ausente nos livros didáticos e nos currículos escolares. Por isso, pensei: “Por que não aprofundar a pesquisa sobre essa ausência de alunos negros em nossos cursos de tecnologias? Por que não usar o mestrado como ferramenta reflexiva para me auxiliar a compreender como, de fato, se deu a trajetória desses alunos desde o seu ingresso até a colação de grau?

Poucos alunos negros chegaram à formatura (Foto: Taís Brem)
Poucos alunos negros chegaram à formatura (Foto: Taís Brem)

BQ – Como foi realizada essa pesquisa?
Olga – Fiz um recorte, de 2000 a 2008, de todos os alunos negros dos cursos de tecnologias do Campus Pelotas do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IF-SUL), traçando estatísticas sobre desistência, trancamento, reprovação, cancelamento e colação de grau. Nesses oito anos analisados, fiquei decepcionada e indignada ao perceber que o direito de todos à educação sinaliza apenas uma frase bonita que não condiz com a prática e o quanto a educação continua sendo traduzida pela cor e pela negação do outro que tornei diferente. Apenas oito alunos negros chegaram à colação de grau. Os demais ficaram dispersos nas estatísticas de reprovação, desistência, trancamento e cancelamento de matrículas por motivos de trabalho. Seria por que a intelectualidade é só dos brancos? Ou seria porque a maioria dos alunos negros precisavam dividir a escola com a família e o trabalho? Muitos diziam para mim (afinal, trabalhei por 28 anos no Departamento de Registros Escolares da instituição): “Gostaria muito de continuar o curso, ele é tudo de bom! Chego a me ver como um grande e notável profissional” ou “Seria legal ter um diploma e trabalhar numa grande empresa, mas tenho família e preciso levar o sustento pra casa. Chego tarde da escola e cedo tenho que ir trabalhar. Meu cansaço é tanto, que não estou conseguindo acompanhar as lições do curso”. Ouvindo certos depoimentos ficava me questionando por que temos que conviver com sutilezas de determinadas leis que, desde a escravidão, tendem a legalizar amparos desamparando os negros e seus descendentes. Essas reflexões foram se agigantando dentro de mim e foi aí que resolvi usar o doutorado para pesquisar sobre a significativa ausência de docentes negros nos espaços escolares.

BQ – Mesmo não sendo negra, de que forma você percebe o preconceito racial na área da docência em Pelotas?
Olga – O fato de eu não ser negra, de certa forma, me faz perceber melhor o quanto é significante esse preconceito. Aprofundando um pouquinho mais nossos olhares sobre o preconceito racial numa cidade cujas marcas da escravidão são identificadas pelo período charqueadense, podemos entender, ainda que nos custe, o quanto o negro foi abandonado às margens de periferias e bairros e o quanto o acesso à educação sempre foi privilégio de poucos e não direitos de todos, como rege a Constituição Federal. A ausência de alunos negros nas redes de ensino de Pelotas é o reflexo e a consequência de suas ausências como docentes nesses mesmos espaços que serviram para excluí-los.

Olga estuda na UCPel e trabalha no IF-Sul (Foto: Arquivo Pessoal)
Olga estuda na UCPel e trabalha no IF-Sul (Foto: Arquivo Pessoal)

BQ – Como sua pesquisa poderá contribuir para a comunidade pelotense na educação e na cultura?
Olga – Em primeiro lugar, como bem sinalizado pela escritora nigeriana Chimamanda Adchie, é importante que não tenhamos sobre os outros a versão de uma única história. Lamentavelmente, somos cônscios que os ensinamentos repassados tanto na escola como na academia sobre o negro e sua contribuição cultural ficaram à mercê de zonas de total silenciamento. Diria mais: o que desaprendemos sobre o negro foi tão forte que preexiste uma falsa concepção sobre sua cor que através dos séculos fragilizou e fragmentou sua identidade. O negro não se enxerga na história como ator portador de uma voz que o identifique. Ele foi e continua abandonado e relegado a povo sem memória. Meu propósito é instigar reflexões sobre temas tão caros que foram silenciados pela ganância e pelo poder desmedido. Ainda que a pesquisa seja apenas um grão de areia num imenso deserto chamado “consciência humana”, creio que, como um todo, ela trará interrogações a serem debatidas e aprofundadas sobre os diversos porquês que insistem em delimitar oportunidades tão estreitas ao exercício da docência negra em Pelotas. Espero, acima de tudo, que ao ingressarmos nesses espaços escolares, nossa sensibilidade aflore a indignação e, através desse desconforto, possamos refletir sobre o papel dessas instituições que naturalizando a ausência dos negros em suas cadeiras fortalecem sua cumplicidade e passividade discriminatória e racista. Se a educação tem como objetivo principal um olhar de acolhimento coletivo, onde estão nossos alunos e professores negros? Até quando os avanços das tecnologias serão maiores que as relações com o outro? Será que é tão difícil compreender que somos todos diferentes, independente do pigmento de uma pele, e isso jamais pode se transformar em motivo torpe capaz de magoar, ignorar e negar ao outro os direitos que dizem ser de todos? Até quando o negro precisará recorrer a todo tipo de lei que os ampare se, desde do período pré-abolição, nenhuma lei foi cumprida em sua integralidade? Como conceber que diante de uma imensa legislação o negro continue sendo discriminado pela cor e, também, por recorrer a tais amparos? Nossa cidade historicamente foi marcada pelo longo período charqueadense, onde o negro foi explorado e humilhado em troca de uma desumana jornada trabalho. No entanto, os casarões dos grandes charqueadores da época hoje servem de pontos turísticos que, ao ressaltar a preciosidade de nossa arquitetura, de forma adversa, silenciam as dores de centenas de negros que deram seu sangue em troca de uma vida miserável. Não temos como quantificar o sofrimento desses negros porque, na história, eles foram transformados em peças,mulas e coisificações múltiplas. A luta por uma igualdade de direitos continua maculando nossa sociedade que , de tantos preconceitos, acaba ratificando a discriminação como regra e a igualdade como exceção.

BQ – Os resultados da pesquisa já estão fechados? O que já pode ser divulgado até esse momento?
Olga – Os resultados ainda não estão fechados, porque utilizei a técnica dos questionários e os mesmos estão chegando a todo o momento. Posso sinalizar que as análises finais não serão capazes de amenizar o preconceito pela cor em nossa cidade que, de forma velada, mas identificada, continua fortalecendo a sensação de um “não-lugar” para negros e negras, sejam eles docentes ou não. A invisibilidade da cor sofrida pelo educador negro continua, tal como num passado não muito distante, a sequelar sua identidade, através de situações constrangedoras vivenciadas no exercício de sua docência. Infelizmente, a mentalidade que simboliza nossa cidade, carrega consigo uma educação fundamentada pela permanência de um branqueamento que ainda persiste em achar que negro numa instituição possa assumir qualquer cargo, menos o de professor. Essa mentalidade, por sua vez, reforça, também, no seu quadro discente um desrespeito por educadores negros. No entanto, tenho percebido que os intelectuais negros estão dispostos a reverter esse quadro lamentável. Esse desconforto está desencadeando uma reação de reversão à imagem depreciativa que sempre lhe impuseram e, isso, em minha opinião, será um grande momento que marcará para sempre a história da educação em nossa cidade.

Taís Brem

“Ruim é teu passadis”


Na última semana, uma grande fabricante de produtos capilares publicou, em sua página do
Facebook, a foto de uma garota com o penteado da moda: coque com fios bagunçados. A menina tinha cabelo liso e loiro. Muitas curtidas e comentários simpáticos depois, um, em especial, chamou minha atenção: “Acho que vocês deveriam começar a postar dicas para cabelos crespos. Só acho”, sugeriu uma consumidora. A empresa prontamente respondeu que sim, providenciaria dicas que se adaptassem às diversas necessidades das clientes. Foi quando outra consumidora resolveu levar para o lado da ignorância e se meteu na conversa: “Fulana, se seu cabelo é ruim, ninguém pode fazer nada por você!”.

O comentário ridículo teve pouco apoio – uns dois likes, no máximo. A maioria do feedback que a moça recebeu pela sua infeliz colocação foi de reprovação. Não abri a foto para saber se a primeira sugestão veio de uma negra. Mas, quando ela resolveu levantar a bandeira dos cabelos crespos, ficou rotulada, no mínimo, como quem tem problemas graves a cada vez que decide pegar um pente para domar as madeixas, como os proprietários do chamado “cabelo ruim”. Ainda que apenas uma pessoas tenha tido a coragem de expor esse pensamento.

A classificação dada aos cabelos de afrodescendentes não é nova. A variação “cabelo duro”, inclusive, já foi usada para preencher os versos de uma música popular muito cantada lá pelos anos 1990 – ruim, aliás, era a tal música. Alguns diriam que esse “modo de falar”, trata-se apenas de um costume cultural inocente. Mas, para outros, é uma prova de que o preconceito racial que dizem já não existir aqui no Brasil não acabou coisa nenhuma. Afinal, qual é mesmo a métrica que se utiliza para definir se algo é “ruim” ou não? Cabelo de negro é difícil de pentear, é fato. Mas, a palavra ruim carrega consigo um sentido tão pejorativo quanto o que acompanha expressões como “ovelha negra”, “imprensa marrom”, “denegrir a imagem”… É como se o senso comum bradasse que, “se é preto ou negro, basta para ser ruim”. De qualquer forma, como disse meu pai quando conversávamos sobre o assunto há um tempo atrás, a única coisa que destoa dessa realidade é a “grana preta”, que todos querem ter.

Velado ou descoberto, consciente ou inconsciente, o tema merece reflexão sobre a forma com que emprestamos nossas bocas para reproduzir comportamentos preconceituosos que só atrasam o progresso da humanidade.

Se Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, legítimo representante do humor negro, entrasse naquela polêmica facebookiana, seu comentário certamente seria: “Ruim é teu passadis”.

Taís Brem

Texto publicado também no Reportchê.

Design de exclusão

Produtos de apelo inusitado e criativo fazem sucesso no mercado, mas esquecem de contemplar o público negro

avental

Em tempos de design criativo, só consome produtos com cara de convencionais quem quer. Para os mais despojados, divertidos e, até mesmo, autênticos, há materiais com ar de exclusividade que dão um toque especial à decoração da casa ou do próprio corpo. Existem lojas físicas especializadas no ramo, mas é na Internet que os adeptos dessa moda fazem mesmo a festa. Nesse contexto, encontra-se de tudo, inclusive artigos com estampas que simulam a transparência do corpo, que estão no topo das novidades. Um fato, no mínimo, curioso, é que, na maioria das vezes, tais materiais são produzidos apenas para quem tem a pele branca. E descobrir se isso ocorre por uma inocente falta de noção da indústria ou por uma demonstração escancarada de preconceito racial é motivo de debate.

A tendência está nas luvas térmicas que ilustram mãos cheias de anéis; nos aventais divertidos, que sugerem que o cozinheiro está com o barrigão à mostra; e nas camisetas sensuais cuja estampa simula um corpo feminino sarado trajando apenas top – ou um corpo masculino, musculoso e tatuado. Até as grávidas podem usufruir das novidades. Um dos modelos para esse público é uma blusa listrada com o desenho de um bebê no centro, como se espiasse através de uma persiana o mundo que, logo, logo será seu novo lar.

Analista de mídias sociais acha que produtos deveriam ser mais abrangentes
“Viver as diferenças é tendência”, disse Trecha (Foto: Wilson Lima)

Entre o público, há quem diga nunca ter percebido que, “coincidentemente”, esse nicho do mercado parece ter esquecido os consumidores negros. “Nunca havia parado para pensar sobre isso, mas, é possível acreditar que a indústria está sendo racista”, opinou o analista de mídias sociais Ranieri Trecha, 22. “Eu acredito que ter o olhar sobre a diversidade é ver a oportunidade de mercado para diferentes segmentos e fazer com que todos se sintam parte do ‘todo’ sempre, e não somente na hora de comprar. Viver as diferenças é tendência. Se eu não fosse branco, logicamente iria querer comprar produtos com a minha cor. O preconceito está em não querer ver a possibilidade que existe em diversificar os produtos, afinal vivemos numa diversidade de estilos, raças e crenças”.

Para a formanda do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Tamires Mendes, 21, talvez o equívoco da indústria do design não esteja sendo proposital, mas não deixa de ser uma atitude que merece atenção. “Eu acredito que é uma falha enorme eles produzirem vários produtos que têm o desenho de membros do corpo humano somente para brancos. Não quer dizer que pessoas negras não possam usar esses produtos, mas fica estranho usar algo que simula um corpo diferente do seu”, comentou. “Espero que as pessoas mudem a forma de pensar e vejam que nós somos todos iguais e que devemos ser respeitados e tratados com dignidade”.

Com a palavra, os profissionais
De acordo com a designer Ingrid Scherdien, 27, conhecer as particularidades do usuário do artefato que está sendo produzido é fundamental para o sucesso de qualquer ideia. “Projetos de design necessitam de uma clara definição do público-alvo ao qual se destinam. Partindo desse princípio e observando esses produtos que brincam com a ‘transparência’, percebe-se que os negros certamente não são o público-alvo dessas peças. Afirmar o racismo com exatidão é complicado, mas, é possível dizer, com certeza, que esse posicionamento é, no mínimo, excludente”, disse. “O comparativo não é exato, mas seria algo como relacionar a produção de roupas que geralmente são feitas nas medidas corpóreas dos mais magros a um preconceito com os mais gordinhos. Ouso ampliar essa percepção para a grande maioria das indústrias, não só de produtos criativos. Talvez, as empresas não considerem os negros como consumidores em potencial, pensando que não é apropriado colocar algo específico em produção que, ao final, não terá saída. Esse mercado ainda não conseguiu absorver a ideia de que os negros possuem plena capacidade de ascender social e financeiramente e consumir tais produtos, assim como todas as outras pessoas”.

"Discurso não deve ser apenas dos afrodescendentes", disse Tereza.
“Discurso não deve ser apenas dos afrodescendentes”, enfatizou Tereza (Foto: Wilson Lima)

Tereza Duarte, 38, que leciona disciplinas de Design no Campus Pelotas – Visconde da Graça (CaVG) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (IF-Sul) e na UCPel, concorda que a comunidade negra não seja cogitada como possível consumidora desses produtos, mas demonstra encarar o tema com mais complexidade. “Enquanto educadora, vejo que ainda temos muito que lutar e avançar nas discussões para que o valor e a cultura do negro sejam mais presentes, em todos os segmentos”, disse, ao sugerir que o assunto não se trata de síndrome de inferioridade ou autocomiseração. “Isso não pode ser apenas um discurso dos afrodescendentes, e acredito que seja este o grande problema: falta, ainda, a sensibilidade e o comprometimento de todos (negros e não-negros) sobre a importância das questões étnico-raciais”, pontuou Tereza, que é formada em Artes Visuais – Habilitação Desenho pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e mestranda em Design pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), em Porto Alegre.

Teoria e prática
Em 2010, a publicitária e sócia da Tr3s Comunicação Total Danielle Gonzales, então diretora de arte da Agência Experimental de Publicidade da UCPel (Agente), participou da concepção da campanha para a divulgação do Vestibular da universidade. A principal peça da ação era um álbum de figurinhas com ilustrações representando os possíveis alunos da instituição. Danielle, que desenhou todos os personagens, procurou contemplar as diferentes raças no projeto, acolhendo a sugestão dos demais colegas. “Procurei fazer um número parelho de ilustrações para cada raça; lembro que tinha uma menina ruiva, tinham negros, loiros, morenos e um japonês, também. Nos morenos, fui variando o tom da cor de cabelo desde preto até castanho claro, e também os tons de pele, para que o maior número de pessoas pudesse se identificar com as figurinhas”, relembrou. “Creio que os dados estatísticos a respeito das populações negra e branca tenham números bem equilibrados. Pensando assim, não teria porque fazer essa distinção e ofertar produtos apenas para os consumidores brancos”.

Um exemplo da distinção a que Danielle se refere é um case para iPhone que estampa uma mão e uma orelha. O propósito do produto é criar a ilusão de ótica de que, ao atender ao telefone, o indivíduo está apenas levando a mão junto ao rosto. Na página da Internet onde é comercializado, o artigo tem seis apresentações diferentes, sem que nenhuma, porém, faça alusão à raça negra. “Pelo menos uma dessas opções poderia representar um negro, porque, aí, não se enquadraria a desculpa de dificuldade de produção. Pode ser que as empresas tomem essa atitude por considerar uma opção mais barata e por achar que a massa de consumidores se enquadra no ‘padrão pele branca’”, sugeriu Danielle.

Também publicitária e gestora de eventos, Adriana Cunha, 22, vê todo esse processo como um reflexo de valores, como o racismo e o machismo, que são passados para a sociedade com o propósito de atingir determinado objetivo de venda. Muitas vezes, de forma tão enraizada que é aceito como normal. “Mas, preciso, também, falar que vejo um movimento contra isso tudo, uma tentativa de mudança”, ressaltou. “Hoje, estamos mais tolerantes que há anos atrás. Acredito que é um processo em que a publicidade pode e deve ajudar. Os questionamentos que surgem com relação a essa questão e as pessoas que já veem além acabam gerando propagandas com o objetivo de questionar, chocar e tentar alertar para uma possível transformação”.

Sentindo na pele
Em 1994, a modelo internacional e mulher do músico David Bowie, Iman

Modelo criou sua própria linha de maquiagens em 1994
Modelo criou sua própria linha de maquiagens em 1994

Abdulmaji, resolveu lançar sua própria linha de maquiagem. O motivo: cansou de ir às sessões de fotos, encontrar apenas maquiagens ideais para pele branca e ser obrigada a praticamente posar mascarada nos trabalhos em que comparecia. Hoje, Iman não trabalha mais como modelo, mas, é executiva-chefe da própria empresa, que, aliás, vende seus produtos para cerca de duas mil lojas mundo afora, além da Internet.

A história de sucesso de Iman pode, muito provavelmente, ter dado certo por ter sido iniciativa de alguém que sentia literalmente na pele a dificuldade de ser ignorada no universo dos cosméticos. Quase vinte anos depois, empresas do ramo já têm linhas específicas para afrodescendentes, inclusive aqui no Brasil. Mas, basta um olhar mais apurado para perceber que a dica para que os demais segmentos da indústria sigam o mesmo exemplo permanece necessária.

Taís Brem

De volta

 

 

“Grandes decisões são tomadas durante conversas na cama, então, estamos pedindo a essas duas senhoras que neste momento de intimidade peçam aos maridos: ‘Querido, você pode fazer alguma coisa pelo Quênia?’”.
Patricia Nyaundi, diretora-executiva da Federação de Advogadas Mulheres (Fida), do Quênia, defendendo a campanha que um grupo de ativistas do país está fazendo em protesto contra as disputas dentro do governo de coalizão. O tema? Greve de sexo… Até as prostitutas de lá serão pagas para entrar na greve e a proposta é convencer também as esposas do presidente Mwai Kibaki e do primeiro-ministro Raila Odinga, protagonistas da crise, a participar.

 

“Estou com medo. Com crise econômica, essa doença e agora isso [o tremor], parece o apocalipse”.

Sarai Luna, cidadã mexicana, comentando seu pavor e o de toda população de seu país em relação à gripe suína e ao tremor de 5,6 graus na escala Richter que ocorreu na Cidade do México.

 

“Não me arrependo de nada, porque adoro minha vida. Adoro até as babaquices que fiz, os sofrimentos que passei. Porque tudo me fez ser o que sou hoje”.

Vera Fischer, atriz

 

“O Ibope não mente. Não teria como me manter num programa ao vivo, no horário nobre, se não fosse por mérito”.

Luciana Gimenez, apresentadora do Super Pop, da Rede TV!, defendendo o programa que é citado como uma das programações onde há mais baixaria na televisão brasileira. E rebate, em tom de sarcasmo: “Não é baixaria, é conflito social”.

 

“Seria bom é que os nomes considerados palavrões se tornassem comuns, sem a carga que têm hoje. Por exemplo: p… é um nome forte, sonoro. Gosto de ser chamada de p…, prostituta. Meretriz, então, acho lindo”.

Gabriela Leite, prostituta aposentada e criadora da grife Daspu.

 

“Eu interpreto um marinheiro e, marinheiro rastafári, não existe, né?”.

Seu Jorge, cantor, explicando que teve de cortar os cabelos para participar das gravações de “Reis e Ratos”, o novo filme de Mauro Lima.

 

“O infeliz Muro de Berlim, na Alemanha, impedia a passagem das pessoas do leste para o oeste. No Rio, não. O morador vai continuar subindo e descendo o morro quando quiser”.

Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, sobre seu novo projeto de construir muros em volta de algumas favelas cariocas.

 

“Quando uma pessoa se projeta numa arte qualquer, essa coisa da cor da pele já não pesa. O que mais pesa hoje no problema racial, nos preconceitos, é no social de uma maneira geral. Só”.

Martinho da Vila, cantor, numa análise totalmente zen acerca da problemática do racismo.

Ô, hein?!

 

“Minha atriz preferida, nunca me esquecerei de você! Tudo por causa da novela ‘Senhora do Destino’”.

Lula, presidente da República, em recente encontro com Susana Vieira, elogiando a atuação da atriz na novela Senhora do Destino (2004/2005). Susana interpretava uma nordestina da terra dele. Vendo novela, hein, presidente?

 

“Me bato muito por expressões como ‘denegrir’, ou ‘a fome é negra’. Quando o poder for mais bem etnicamente distribuído, essas coisinhas de origem racista vão sumir”.

Juliana Alves, atriz, sobre o preconceito racial.

 

“A junção de sagrado e mundano causa estranheza, que pode ser ruim ou ter apelo como bom marketing religioso”.

Clara Mafra, antropóloga e pesquisadora da religião evangélica, sobre a iniciativa da Igreja Renascer, em São Paulo, ao introduzir um ringue de vale-tudo ao lado do altar, como estratégia de evangelismo. Ela diz que a atitude não choca, porque inovar é um hábito dos cristãos. “Nos anos 1940, eles introduziram no Brasil guitarras em cultos. E nos anos 1950, a Assembleia de Deus fez até concursos de miss entre as irmãs. Não deu certo”, disse.

 

“Com muito custo terminei o segundo grau. Se for presa, vou para a galera, não vou ter regalias”.

Paula Lavigne, empresária.

 

“Já posso pegar ônibus de graça e pagar meia-entrada no cinema”.

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, comentando sua aposentadoria.

 

“A gente tem que se segurar, ciente de que eles não vão ter essa vitória extrema como querem, porque nós adoramos o sagrado, o orixá, e estamos entregue a eles, nossa vida. Evidente que o negativo não vai vencer o positivo”.

Stella de Oxóssi, ialorixá, opinando acerca da rixa entre os umbandistas e os adeptos dos movimentos neopentecostais na Bahia.

 

 

Tão-tá

 

“Acho frustrante viver nos Estados Unidos, onde a sexualidade é censurada sempre. Quando criança, meus ídolos eram mulheres de grande integridade, mas com uma fortíssima carga erótica”.

Eva Mendes, atriz americana.

 

“Sou uma pessoa de múltiplas facetas: fui modelo, posei nu, sou um dos maiores goleadores do mundo e, agora, virei político”.

Túlio Maravilha, jogador de futebol, que já venceu eleições para vereador, quer se lançar como deputado federal em 2010, e depois virar governador e presidente da República. É mole?

 

“É muito importante, a oportunidade de virar uma página negra da era Bush. Estou com muita esperança, o século XXI começa agora”.

Marcos Palmeira, ator, um tanto atrapalhado com os trocadilhos para explicar suas expectativas sobre o governo de Barack Obama, um negro.

 

“Se a ciência e os médicos sugerem que este é o melhor paliativo para aliviar a dor e o sofrimento de pessoas doentes, é algo que eu estou aberto a experimentar”

Barack Obama, o próprio presidente dos EUA, sobre a liberação de maconha para fins medicinais.

 

“Encenar é como cozinhar: do bom para o péssimo é uma pitada de sal”.

Rodrigo Lombardi, ator global.

 

“Lula que me desculpe, mas nós não temos uma primeira-dama. E me incomoda o português errado que ele fala. Lula e a esposa tinham de ser bom exemplo para nós”.

Cássia Kiss, atriz, opinando que o presidente brasileiro e sua respectiva esposa poderiam ter cursado, no mínimo, uma faculdade, dado todo o tempo que têm de trajetória política.

 

 

 

Assim, assim

 

“Já ouvi até que o Pelé é mais famoso que Jesus Cristo”.

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, comentando sua popularidade em entrevista à Veja. Convencido? Ele explica: “Mas não sou eu que digo isso, viu? Ouvi de um jornalista japonês. Depois que os Beatles disseram que eram mais famosos que Cristo, começou a desgraça e o grupo acabou”. Ah, tá…

 

“O homem ficou irritado e perguntou: ‘Você é o dono do mundo?’. Respondi: ‘Sou não. Sou só o zelador’”.

Carlinhos Brown, músico, comentando sua postura ecológica ao chamar atenção de um senhor que jogou uma lata de cerveja pela janela do carro.

 

“Todos os caras com quem eu cresci, exceto os que casaram e tiveram filhos, ainda estão traficando drogas e se comportando como idiotas. Há um criminoso a menos porque eu peguei a guitarra”.
Noel Gallagher,
da banda Oasis.

 

“Tenho parte em 70% das músicas dele. Sabe o que é o marido o dia inteiro no violão, téim, téim, téim, atrás de uma palavra? Pois eu ia lá e achava a palavra”.

Paula Lavigne, empresária e ex-mulher de Caetano Veloso, garantindo que foi parte fundamental na construção do sucesso dele.

 

“Ninguém pode pensar hoje que casou por toda a vida. As crianças perceberam isso. Pela minha experiência, quando os pais resolvem bem a situação entre eles, os pequenos não estão nem aí. São fortes, adaptam-se”.

Maurício de Sousa, cartunista e pai da Turma da Mônica, numa filosófica reflexão sobre separação de pais. E olha que ele entende “tudo” de crianças…

 

“Aqui vocês não vão encontrar só índios. Aqui também tem gente bonita”.
Gedeão Amorim, secretário de Educação do Amazonas, apresentando o estado com uma declaração pra lá de infeliz a 192 estudantes do Projeto Rondon.

 

“Filho da mãe não tem direito a visita. Aqui, mãe só vê filho com autorização judicial. Muitos vão para o crime porque a mãe não tomou atitude quando eles eram crianças. Depois que o cara vira bandido a mãe vem visitar?”.

José Magalhães, delegado, considerado o profissional mais famoso do gênero na Bahia, justamente pela fama de durão. Já dá pra ter uma ideia.