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O exemplo de Amália

Octogenária é destaque por ações de voluntariado em Canoas

Dona de casa trabalha com a comunidade há quatro décadas (Foto: Arquivo Pessoal).
Dona de casa trabalha com a comunidade há quase cinco décadas (Foto: Arquivo Pessoal).

 

Se um dia seu telefone tocar e, do outro lado, uma voz lhe convidar, com entusiasmo: “Vem comer peixe aqui em casa!”, pode desconfiar. Não que a anfitriã não tenha talento para preparar um prato à altura da empolgação do convite – muito pelo contrário. Mas, não seria precipitado dizer que se trata de uma piada. Uma piada com a cara da dona Amália. E o dia que esse ilustre convite veio ao seu encontro por via telefônica, deve ser dia de jogo entre o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense de dona Amália, e o Santos Futebol Clube, que ela prefere chamar de peixe. Pode conferir! Deve ser bem cedo. E, a essa hora, enquanto você recém está tomando ciência do que está acontecendo ao redor do universo, ela já está acordada há um bom tempo, a par das principais notícias divulgadas pela televisão, pelo jornal impresso e pelo bom e velho rádio. De onde, afinal, você acha que veio a informação que suscitou o espírito competitivo, confiante e piadista da nossa personagem?

Então, o leitor se pergunta quem é essa tal “dona Amália”. A pergunta é pertinente. Até porque, a resposta correta é “Amália Severo Gonçalves”. Entretanto, seu sobrenome também soa bem trocado por “Solidariedade”, “Benevolência”, “Caridade”, ou – quem sabe? – “Hospitalidade”. Não é à toa que a etimologia diz que seu primeiro nome vem do germânico “Amal”, que quer dizer trabalho. Em hebraico, também é essa a definição do título que se encaixa perfeitamente em sua personalidade: trabalhadora, ativa e diligente.

Trabalho voluntário sempre foi sua paixão (Foto: Arquivo Pessoal).
Trabalho voluntário tornou-se sua paixão (Foto: Arquivo Pessoal).

Essa é a dona Amália, do auge de seus 83 anos de idade. Natural da cidade gaúcha de Rosário do Sul e casada com o seu Agapíto Costa Gonçalves há respeitáveis 57 anos, ela é mãe de cinco filhos – Eliane Maria, César Luiz, Carmen Lúcia, Jorge Alberto e Cláudio Antônio – e avó de quatro netos – Gabriela, Daniel, Gustavo e Guilherme. Seu currículo profissional não contém nenhuma graduação, tampouco mestrado ou doutorado. Sua profissão, de fato? “Sempre fui dona de casa”, disse, com simplicidade. “Nunca pude trabalhar fora, porque tinha que cuidar dos meus filhos. Mas, comecei a achar que eu estava muito só dentro de casa e resolvi procurar uma entidade para poder ajudar outras pessoas”.

Foi aí que iniciou a história de dona Amália com o serviço voluntário. No ano de 1966, ela e a família já haviam se mudado para o município de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Lá, dona Amália e outras mulheres com ideais semelhantes, se juntaram para criar uma instituição filantrópica, chamada Clube de Mães Maria Goretti. Ela entrou na iniciativa como sócia-fundadora e, na entidade, já transitou como tesoureira, secretária e presidente, sempre sendo exemplo para os demais. “Acho [o voluntariado] uma coisa muito boa. Quantas pessoas entraram ali para estudar, participar de um chá, um jantar, almoço, fazer uma vacina, um curso de corte e costura ou datilografia e cresceram muito? É muito gratificante”, afirmou.

Cristã, dona Amália optou por deixar sempre muito claros em suas ações os valores do amor, da caridade, da solidariedade e da família. Com o espírito humanitário que procurou transferir aos seus filhos e netos, nunca se negou a estender a mão ao necessitado. “Sempre colaborei”, disse, ao opinar que, se todo mundo fizesse alguma coisa por quem necessita, o mundo poderia ser melhor. “Sempre temos que ter um pouquinho de disponibilidade para ajudar aos outros”.

E dona Amália não é suspeita para falar do assunto: é habilitada. Afinal, são 48 anos atuando como líder comunitária. A gratificação não vem em forma de salário, em cédulas ou moedas, mas ela garante que sente muito recompensada e nem pensa em se aposentar das boas ações que pratica. Trabalhar pelo bem do próximo só lhe faz bem.

Reconhecimento
Em 1975, dona Amália recebeu uma homenagem por seu trabalho voluntário no Clube e foi eleita Mãe do Ano. De lá para cá, muitas foram as conquistas que acolheram com carinho a comunidade de Canoas e região. Ela já preparou café da manhã para crianças carentes, já intercedeu junto a instituições profissionalizantes pela implantação de cursos de capacitação, promoveu campanhas de solidariedade, movimentou uma verdadeira força-tarefa pela construção de uma nova sede para a igreja local, realizou rifas, chás e bazares beneficentes. Por meio de palestras, incentivou mulheres a serem exemplo como mães, esposas e cidadãs.

A partir de 1991, o Clube Maria Goretti transformou-se no Clube de Mães Amor e Paz, localizado na Sociedade Cultural e Beneficente Rui Barbosa. Lá, dona Amália começou como segunda tesoureira. No ano de 2001, foi eleita como conselheira junto ao Conselho Geral de Mães, chegando à presidência seis anos mais tarde. Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, atendidos pela Casa do Pequeno Trabalhador, já receberam das mãos dela alimentos produzidos com carinho para fortalecer o corpo, alimentar a alma e alegrar o espírito. Seu talento também beneficiou a crianças abandonadas na Casa de Passagem, assim como os recém-nascidos do Hospital Nossa Senhora das Graças, que foram presenteados com enxovais confeccionados por amigos e parentes dessa senhora que não apenas se engaja, mas motiva parceiros a aderirem a essas causas mais do que nobres.

Dona Amália recebe honraria (Foto: Prefeitura de Canoas).
Dona Amália recebe honraria (Foto: Prefeitura de Canoas).

Recentemente, como presidente do Conselho Fiscal do Clube de Mães Amor e Paz, recebeu uma homenagem durante a comemoração dos 75 anos de emancipação política de Canoas. Ela e outras dez personalidades foram agraciadas com a Medalha Pinto Bandeira, honraria máxima concedida pelo município a cidadãos que se destacam em suas áreas de atuação, prestando relevantes serviços à cidade.

Taís Brem
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Lembrancinha para todos

Tradicional brincadeira do “amigo secreto” é forma de democratizar presentes

(Foto: Divulgação).
Origem do clássico jogo é desconhecida (Foto: Divulgação).

Tem quem diga que tudo começou como uma forma de homenagem dos povos nórdicos aos deuses pagãos. Há quem defenda que foi na época da Grande Depressão, em 1929, que o hábito se popularizou, em função do aperto nas finanças. O certo é que hoje, pelo menos no Brasil, a brincadeira do amigo secreto – ou oculto – é tradição em grupos de amigos, colegas de trabalho e escola e até nas grandes famílias. Um jeito criativo de ninguém ficar sem presente não apenas no Natal, mas em diversas ocasiões ao longo do ano, como a Páscoa ou reuniões aleatórias.

Para a enfermeira Andressa Calheiros, 22, por exemplo, a brincadeira é interessante pelo aspecto do entrosamento. “Os prós são os momentos de risadas e maior interação entre os participantes, além da descontração”. Quanto aos contras… “Sabe aquelas pessoas que sempre dão presentes bons e ganham presentes muito inferiores ao que deram? Pronto, sou uma dessas!”, comentou, às gargalhadas. “E quando ganho! Já aconteceram, umas duas ou três vezes, de eu dar o presente e não receber, ou por a pessoa estar ausente ou por esquecer de levá-lo… Péssimo!”.

A jornalista Josiele Godinho, 29, participa sempre dos amigos secretos que ocorrem em seu local de trabalho. “É uma maneira de unir mais a equipe e de confraternizar”, opinou. Mas, o ambiente não é exclusivo: em família – que soma mais de 20 membros – a comunicadora também entra na brincadeira. “Na verdade, é uma tradição, uma forma de se divertir em família e entre amigos”, disse ela, que já tem até suas táticas para agradar ao presenteado. “Na família, já conheço bem os gostos de cada um. No trabalho, procuro conhecer mais a pessoa. Entre uma conversa e outra, entre um almoço e outro, a gente vai ‘pescando’ algumas coisas”, confessou.

Variações

"Inimigo secreto" também virou moda (Foto: Divulgação)
“Inimigo secreto” também virou moda (Foto: Divulgação)

O básico é o clássico pacotinho com vários papeis dobrados, cada um contendo o nome de um participante. O nome que se tira corresponde à pessoa que irá ganhar um presente seu no tão esperado dia da revelação, que deve ser feita com dicas para que os outros tentem acertar quem é o felizardo da vez. Entretanto, embora tradicional, a brincadeira do amigo secreto não fica só nisso. Atualmente, há sites que organizam o troca-troca e, também, versões mais divertidas do jogo, como o chamado “inimigo secreto” ou “amigo da onça”, quando cada um escolhe dar um presente inútil ou contrário ao gosto do presenteado.

Taís Brem
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“Pretendemos não parar tão cedo”

Vencedoras do Torneio Arriba Léli Aguiar de Pádel falam sobre planos futuros

Vannine e Graciella Anselmo (Foto: Arquivo Pessoal)
Vannine e Graciella Anselmo (Foto: Arquivo Pessoal)

Graciella e Vannine Anselmo são irmãs. Com 28 e 25 anos, respectivamente, a farmacêutica e bioquímica e a publicitária cresceram acostumadas a acompanhar os jogos de pádel na quadra que o pai alugava para praticantes do esporte. Com a aproximação, surgiu a afinidade e hoje, embora não se considerem profissionais, elas têm até alguns títulos para comemorar em família, como o primeiro lugar conquistado no Torneio Arriba Léli Aguiar, no início desse mês. Em entrevista ao Blog Quemany, as meninas compartilham um pouco do que aprontam em dupla nas quadras.

Blog Quemany – Quando e como começou o interesse de vocês por esse esporte?
Vannine Anselmo – O interesse pelo esporte começou desde que éramos pequenas. O nosso pai tinha quadras de pádel para alugar, então, crescemos com o esporte. Começamos a jogar com 10 e 13 anos, praticamos o esporte por uns três anos, até que teve um grande declínio e o pessoal parou de jogar. Agora, faz sete meses que retornamos aos treinos e torneios e o esporte está voltando ao seu auge, como era antigamente, com vários ex-padelistas voltando a jogar.

BQ – Recentemente, vocês ficaram em primeiro lugar em um campeonato. Que competição foi essa?
Vannine – O torneio aconteceu no pádel e Academia Winners e alguns jogos no Dunas Clube e foi organizado pelo professor Billy Knorr, em homenagem à jogadora de pádel pelotense Léli Aguiar [que está afastada das quadras, se recuperando de uma lesão no pulso]. Jogamos e ganhamos cinco jogos, incluindo a final. No jogo da final, perdemos o primeiro set de 6 x 2, ganhamos o segundo de 6 x 3 e o tie-break de 10 x 7.

BQ – Vocês são profissionais há quanto tempo?
Vannine – Não nos consideramos profissionais, porque jogamos pádel por prazer. Apenas participamos dos torneios da cidade e região há sete meses, quando retornamos ao esporte.

Meninas voltaram à prática do esporte há sete meses (Foto: Arquivo Pessoal)
Meninas voltaram à prática do esporte há sete meses (Foto: Arquivo Pessoal)

BQ – Quais são os prós e contras de jogar em família?
Vannine – Na verdade nós vemos mais prós do que contras. O único contra é que, como temos muita intimidade, podemos falar, reclamar e xingar na quadra por algum erro, mas isso acontece poucas vezes. Inclusive, temos um acordo que, quando houver alguma briga, não vamos mais jogar juntas para não virar algo mais sério. Os prós é que jogamos no mesmo horário, participamos dos mesmos torneios, viajamos juntas, temos o mesmo grupo de amigos e podemos comemorar juntas quando ganhamos algum jogo.

BQ – Vocês têm planos para o futuro como jogadoras?
Vannine – Temos planos de participar de mais torneios tanto no estado como fora dele, o que ainda não foi viável. Pretendemos não parar tão cedo, pois é um esporte que gostamos muito de praticar e no qual fizemos muitos amigos.

BQ – Quantos títulos vcs já têm?
Vannine – Quando éramos mais novas, já tínhamos alguns títulos, mas não lembro exatamente quantos. Agora, com o retorno, temos dois títulos de campeãs.

Taís Brem

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Rico dinheirinho

Como as famílias trabalham a educação financeira junto a seus filhos

Mesmo pequenas, crianças já devem aprender noções básicas de finanças (Foto: Divulgação)
Mesmo pequenas, crianças já devem aprender noções básicas de finanças (Foto: Divulgação)

Em alguns lares, ainda hoje é assim: num determinado dia do mês, os pais dão aos filhos uma quantia fixa, chamada mesada, uma espécie de salário que as crianças e adolescentes recebem para administrar, exercitando, assim, sua independência financeira. Em outras residências, o trato recebe o nome de semanada e, portanto, refere-se ao pagamento concedido de semana em semana. Há, ainda, as famílias que investem na caderneta de poupança, separando um valor que, de tempos em tempos, é depositado no banco para custear algum projeto futuro, como o ingresso na universidade. E tem os casos mais simples, em que a educação financeira é praticada no bom e velho cofrinho. Ali, de moeda em moeda, os pequenos vão aprendendo a lidar com o dinheiro.

Longe de ser uma brincadeira, a tarefa de ensinar a administrar as finanças é indicada aos pais por especialistas da área, com o objetivo de colaborar na criação de adultos economicamente responsáveis, desde cedo. Assim, espera-se que aumentem as chances de os pequenos saírem desse processo preparados para enfrentar a selvageria do mundo capitalista em que vivemos.

Em geral, é na faixa dos dois anos de idade que começam a ser reproduzidas em lojas, supermercados e afins aquelas cenas dramáticas que todos nós já cansamos de assistir, cujo texto, salvo ligeiras variações, é sempre “Mãe, me dá isso? Pai, me dá aquilo?”. E é nesse ponto que as noções básicas sobre economia encontram espaço para se desenvolverem. “No mundo moderno, quase tudo tem um preço. Se você quer, por exemplo, um chocolate, deve pagar o valor que o vendedor pede. A mesma coisa acontece com os outros alimentos que você come, com a roupa que você usa, com a luz que ilumina a sua casa à noite, com a água que você usa para tomar banho e com o telefone que você usa para conversar com seus amigos. Como você pode ver, cada coisa tem um preço que se mede com dinheiro”, diz um trecho da cartilha “O que é o dinheiro?”, disponível no site do Banco Central do Brasil (BCB). A cartilha integra o Programa de Educação Financeira, projeto criado pelo BCB para aproximar a comunidade dos conhecimentos sobre economia e finanças.

O público-alvo do projeto não é composto apenas de crianças e adolescentes, mas seu material serve como subsídio para a conscientização dessa faixa etária. As ações educativas de curto, médio e longo prazo estão divididas em cinco pilares básicos – planejamento financeiro, economia, operações financeiras, Banco Central e meio circulante – e incluem, por exemplo, promoção de palestras em universidades, visitas de alunos de Ensino Médio e Fundamental ao Museu de Valores do Distrito Federal e a série de cadernos ilustrativos com textos simples que oferecem uma explicação clara a respeito de temas e conceitos básicos de economia.

Na prática

Kelen e Ariel (Foto: Daniel Avellar)
Kelen e Ariel (Foto: Daniel Avellar)

Ariel Borges tem sete anos. Mas, muito antes de completar essa idade, já havia ganhado de seus avós um cofrinho, que se abastece de moedas toda vez que os patriarcas vão visitá-la. Ela não ganha mesada, entretanto seus pais entendem a importância de ensinar o valor do dinheiro. Tanto que a própria Ariel, quando acompanha a mãe, a estudante Kelen Costa, 28, até o mercado, já sabe quando determinada mercadoria está com o preço alto demais para ser levada para casa.

“Ela sabe distinguir e me diz ‘Hum, isso é caro! Tem tal número na frente; não dá para comprar”, explicou Kelen. Ariel leva tão a sério suas economias que certa vez Kelen pediu emprestado umas moedas do cofre da filha e ouviu um alerta: “Só não pega tudo, porque eu tô guardando para comprar nosso apartamento”, disse a menina. É bem provável que Ariel não tenha noção de quanto custará ao bolso da família adquirir uma casa própria. Mas, o fato de ter sido estimulada a administrar seus trocados está lhe ajudando a ter uma visão mais clara do complexo formato que contorna as transações econômicas do nosso cotidiano. “Do meu ponto de vista, acho que as crianças têm que ter noção de valores, números e quantidade, desde pequenas”, opinou Kelen. “É uma forma de aprendizado. Você ensina e, também, aprende muito com elas”.

Jamile quer ajudar a comprar o carro da família (Foto: Wilson Brem)
Jamile quer ajudar a comprar o carro da família (Foto: Wilson Brem)

A família de Jamile já não vive de aluguel. Portanto, as moedas que guarda em seu cofrinho não serão necessárias para ajudar a subsidiar o sonho de uma nova moradia. Porém, a menina de nove anos tem planos igualmente ousados para alguém de sua idade: quer ajudar a mãe, a auxiliar de Educação Infantil Eloisa Santos, 40, a adquirir um carro. “Não dou mesada a ela, mas dou umas moedinhas, de vez em quando, para ela guardar no cofre. O trato é abrir só quando encher e houver um objetivo”.

De família evangélica, Jamile tem o hábito de separar 10% de tudo o que ganha e direcionar para o dízimo. O restante só é investido após o aval da mãe. “Normalmente, ela pede minha opinião”, comentou Eloisa, ao destacar que considera fundamental ensinar da forma correta para que os filhos não se tornem avarentos.

Nem todas as crianças e adolescentes seguem o exemplo de Ariel e Jamile; preferem custear investimentos bem mais modestos, como o lanche da escola ou o brinquedo do momento. Para Eloisa, entretanto, o principal é orientar para que não haja exageros, nem quanto ao desperdício nem quanto à valorização exacerbada. “Acho que dar dinheiro aos filhos requer, também, orientação. Só dar o dinheiro, sem propósito, não irá edificá-los em nada”, pontuou.

Porquinho de estimação

Tradição de fabricar cofres em formato de porco surgiu na Europa (Foto: Divulgação)
Tradição é europeia (Foto: Divulgação)

Criatividade é o que não falta na hora de inventar novas caras para os tradicionais cofrinhos. Mas, quando se fala de economizar moedas, a primeira imagem que nos vem à cabeça é, inevitavelmente, a de um porquinho. E isso por influência do Velho Continente. Reza a lenda que, por volta do século 16, os europeus costumavam guardar dinheiro em vasinhos feito com um argila chamada “pygg clay”. Mais tarde, o recipiente passou a ser conhecido como “pygg banks”. E, como em inglês, a palavra “piggy” é porquinho, foi daí que os ceramistas tiraram a ideia de começar a fabricar cofres nesse formato. A prova de que a invenção foi um sucesso é que até hoje ela é imitada nos quatro cantos do planeta.

Taís Brem

Vida longa às gerações

 Indivíduos que têm o presente de viver a relação entre bisnetos e bisavós celebram a longevidade

Pedro, no colo do bisavô Alvorino (Foto: Arquivo Pessoal)
Pedro, no colo do bisavô Alvorino (Foto: Rodrigo Pestana)


Se a convivência entre netos e avós já é ótima, imagina quando esse quadro ganha um nível a mais. No dicionário, as palavras “bisavô” e “bisavó” são, simplesmente, a tradução para os nomes que se dá àqueles que são os pais dos avós. Mas, bem que esse significado poderia ser resumido apenas à expressão “avós duas vezes”. Infelizmente, tanto de um lado quanto de outro, não é para qualquer um o privilégio de conhecer essa relação: assim como poucos são os que chegam à idade de poder assistir ao nascimento de seus bisnetos, raros são os que conseguem desfrutar do relacionamento com seus bisavós. Porém, quando a longevidade resolve conceder esse presente, sempre é motivo de celebração.

Elvira fala com orgulho dos quatro bisnetos (Foto: Arquivo Pessoal)
Elvira fala com orgulho dos quatro bisnetos (Foto: Arquivo Pessoal)

“Quando eles são pequenos, são mais barulhentos, mas sempre trazem alegrias. A Manoela, filha do neto mais velho, quando vem me visitar, está sempre me fazendo carinho”, comentou a servidora pública aposentada, Elvira dos Santos. “É a nossa semente dando frutos”. Dona Elvira, que completou 93 anos no último dia 1°, atribui a Deus a graça de conviver com seus bisnetos. “Ele é muito bom pra mim. Me deu todos esses anos e pude ver os netos crescidos e, agora, meus bisnetos. Eu mesma não tive esse privilégio. Só lembro da madrastra da minha mãe, minha vó morreu cedo”, disse. Além de Manoela, dona Elvira é, ainda, bisavó de Isabel, Luís e Marcelo.


Turminha grande

Samuel, curtindo as férias na casa da bisavó Nilza, ao fundo (Foto: Arquivo Pessoal)
Samuel, curtindo as férias na casa da bisavó Nilza, ao fundo (Foto: Arquivo Pessoal)

Nilza Silveira é um pouco mais jovem que Elvira, tem 87 anos. Mas, ao contar todos os bisnetos que tem, enche uma mão e mais um pouco. E, também, se perde entre tantos nomes, muitas vezes misturando os filhos dos filhos com os filhos dos netos, em função da memória já falha pela idade. “É uma turminha grande, né?”, justificou, orgulhosa. Ao todo, são sete: Arthur, Kauê, Kamilly, João Esdras, Miguel, Samuel e Marina. “Eu fico muito contente de ver meus bisnetos e amo muito todos eles. Sei que Deus tem me ajudado para ‘durar’ até aqui e ter esse privilégio, que muitos não têm”, afirmou. “Isso deve ter acontecido comigo, porque, de alguma forma, eu merecia, não acha?”, questionou, com um sorriso nos lábios.


Avós, bisavós e trisavós

A professora Vanessa Pestana-Bauer, 30, se emociona ao relembrar dos momentos que teve ao lado de seus bisavós maternos – seu Generoso e dona Alvina, pais do pai de sua mãe, e seu Alberto e dona Mina, pais da mãe de sua mãe, todos produtores rurais. Quando criança, ela e a família chegaram a morar numa casa no mesmo pátio onde residiam Alberto e Mina. “Cresci vendo esse casal conversando em outra língua [o dialeto alemão pomerano]”, disse Vanessa. Com toda paciência, os bisavós ensinaram o idioma através de canções a ela e à prima, além de compartilhar as peculiaridades da vida escolar à moda antiga. “Eles contavam que escreviam na pedra com carvão e depois apagavam. Não tinha caderno naquela época”.

O convívio com Generoso e Alvina sempre foi mais dificultado, por causa da moradia em outra cidade. Todavia, a troca de experiências não foi menos importante. “Eles me deixaram, como principal marca, a lição de jamais desistir. Eles acreditaram no amparo divino quando, num momento de complicação no nascimento de sua filha caçula, onde o médico pediu para escolher entre ‘o anel e os dedos’, meu bisavô falou: ‘Quero tanto o anel quanto os dedos!’, recebendo, assim, sua vitória”, afirmou Vanessa. “Mais tarde, mesmo com câncer, minha bisavó Alvina jamais desistiu da vida, lutando, exaustivamente, contra a doença”.

Além de professora do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (If-Sul) e doutora em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela Universidade Federal de Pelotas (PPGCTA/UFPel), Vanessa atua como pastora do Ministério Casa de Oração (MCO). Na ocasião da comemoração do centenário de Generoso, ela teve o privilégio de homenageá-lo, conduzindo a prece de agradecimento. “É um prazer tê-lo com vida ainda hoje, aos 102 anos. Meus amados bisavós são a raiz da arvore que é minha vida e me deixaram um legado de fé, simplicidade, convicção, coragem e amor”. Detalhe: além de ter o bisavô vivo, Vanessa, que há seis meses é mãe de Pedro, tem a oportunidade de ver seu filho agraciado com a presença de um trisavô, privilégio de pouquíssimos bebês. Atualmente, ela, o marido Eduardo e o filho do casal moram na casa dos avós Vilma e Alvorino, que vêm a ser, portanto, os bisavós de Pedro. E, ao que tudo indica, a tradição da longevidade nessa família está longe de terminar.

Taís Brem

Pitaco

 

“Não estou tirando dinheiro do bolso das pessoas que me criticam, mas de um homem que tem muito”.
Rosane Collor, ex-primeira dama, sobre a famosa (e criticada) declaração de que a pensão de R$ 18 mil que recebe de Fernando Collor de Mello é muito pouco.

“Não existe homem fiel. Pra que se enganar?”.
Silvia Alves, uma das mulheres de Wagner Domingues da Costa, o funkeiro Mr. Catra, concordando com a vida poligâmica do bonitão…

“A gente não pode ir contra a nossa natureza. Sobrenatural, só Deus”.
Mr. Catra, o próprio.

“Nunca tive atração por criança, sou daquelas que vê passar o carrinho de bebê e não faz gracinha.”
Vera Zimermann, atriz.

“Meu trabalho está em primeiro lugar porque é dele que consigo meu sustento.  Família está acima disso, não tem lugar”.
Humberto Martins, ator.

”Sou meio pão duro para comprar roupas muito caras para ela. Ela perde rápido”.
Ticiane Pinheiro, modelo, sobre sua economia com as roupas da filha Rafaella.

Um novo post

Eu não tive nenhuma outra idéia melhor que essa para um título de um novo post a não ser “um novo post”. E é óbvio que ele teria de ser de frases. Trata-se de uma compilação de algumas declarações de celebridades (ou pseudo-celebridades), umas mais recentes, outras nem tanto assim. Com a correria do dia a dia e o twitter, que simplifica muito o que se quer falar na web, tenho andado meio em falta. Mas pretendo voltar. Esse, então, é o novo primeiro passo! =)
Taís Brem

“As crianças pedem autoridade. Essa coisa debatida com os estudiosos de educação de deixar a criança fazer tudo não é uma demonstração de amor. Ao contrário, amor é dizer ‘não pode’, o que é mais difícil.
Wagner Moura,
ator, sobre educação infantil. A opinião vem bem a calhar no dia em que o presidente pretende assinar um projeto de lei contra as palmadas…

“Sou a voz da Globo no esporte nos últimos 30 anos. Isso é uma coisa que pesa muito, para o bem e para o mal. Mas tenho a exata noção dos limites”.
Galvão Bueno,
narrador.

“Namorarei, noivarei e casarei quantas vezes forem necessárias, até encontrar meu verdadeiro amor”.
Thammy Miranda,
filha de Gretchen, ao dizer que pretende seguir o “exemplo” de tentativas amorosas da mãe. Recentemente, Thammy acabou um relacionamento homossexual com Jenifer Ferracini.

“Sinceramente, achava o Saramago parecido com o Pelé: bom no que faz, desde que calado”.
Dado Schneider,
comunicador, opinando, via twitter, sobre o escritor português, morto mês passado.

“A gente tinha dito que numa das danças terminaríamos com um selinho para mostrar que não temos pudor”.
Renato Zóia,
instrutor de Ana Maria Braga no quadro “Dança dos Famosos”, do Domingão do Faustão, sobre o final estratégico que levantou rumores sobre um possível caso entre os dois. Sem pudor? É, eles conseguiram mesmo atingir o objetivo.

“Ele só sabe dizer que a filha é linda, que tem o bumbum e as perninhas definidinhas, iguais às da mãe “.
Assessora da Scheila Carvalho,
sobre a opinião de Tony Salles, marido da dançarina, a respeito de Giulia, a filha recém-nascida dos dois.

Vê só!

 

“Sincretismo é um ato que se usa para agradar a todos e não faz bem a ninguém. Ninguém se completa com o sincretismo. É apenas uma confusão mental”.

Stella de Oxóssi, ialorixá, opinando sobre a mistura de credos.

 

“Tenho orgulho de dizer que comecei na TV sem ter sido atraída pelo glamour do vídeo. Sou de uma geração em que jornalismo não era sinônimo de glamour, mas de palavra, de trabalho duro”.

Glória Maria, jornalista.

 

“A procura aumentou de uns quatro anos para cá. Aparece pelo menos uma mãe por semana”.

Eliana Zica, tatuadora, comentando o crescimento da estatística de mulheres que passam pelas agulhas do seu estúdio para homenagear os filhos.

 

“Quando me criticam com relação a isso normalmente falam como se eu fosse um coitadinho que foi manipulado. A verdade não é essa. Sei muito bem o que fiz, o que isso representa na minha vida e na da minha esposa, pois tenho a convicção, no meu coração, de que quem ama espera”.

Kaká, jogador de futebol cristão, sobre as criticas que recebe por ter casado virgem.

 

“Acho que foi uma coisa meio de Deus que você aceitou, né?”.

Ana Maria Braga, apresentadora de TV, num comentário sobre a gravidez de Cláudia Leitte. Profundo, não?

 

Meu nome não é Ivete Sangalo, é catarro na parede. Eu quero brilhar no show”.

Ivete Sangalo, cantora, explicando porque prefere brilhos e cores berrantes em seus figurinos para o palco. Diz ela que na vida particular é mais discreta. Não consigo visualizar.

 

Yes!

 

“Olha, a coisa está preta, as orações têm dado certo, continuem rezando por mim”.

José Alencar, vice-presidente da República, apelando pelas preces do povo brasileiro em razão do câncer contra o qual luta há anos.

 

“Minha família está acima de tudo. Nenhum filme poderá me dar as alegrias que tenho como pai”.

Brad Pitt, ator americano, sobre o valor que dá ao relacionamento familiar.  Recentemente, Pitt revelou que pensa em oficializar a união com Angelina Jolie por causa dos seis filhos do casal.

 

“Adoro gays, mas prefiro que o meu filho seja macho”.

Claudia Leitte, cantora, grávida de sete meses.

 

“Pensando bem, acho que ela [Marina] tem muito bom gosto, porque a Gal é uma grande cantora”.

Roberta Sá, cantora, opinando sobre o relacionamento homossexual que as colegas Marina Lima e Gal Costa tiveram na década de 70.

 

“Estava na cara que Barack Obama ganharia a corrida à Casa Branca. Você já viu queniano perder corrida?”.

Milton Neves, jornalista e publicitário, sobre o presidente eleito dos EUA.

 

“Acho que há outras pessoas com aptidões educativas muito melhor que as minhas”.

George Clooney, ator americano, dizendo que, embora mantenha seu apoio às causas beneficentes na África, não está em seus planos adotar crianças de lá.

 

“A reencarnação é a maior idiotice que a imbecilidade humana conseguiu imaginar. E muitos caluniam ao dizer que Bíblia defende a reencarnação. Isso é bobagem”.

Oscar Gonzalez Quevedo, o parapsicólogo padre Quevedo, sobre a reencarnação.

O sexo e a TV

 

Volta e meia aparece alguém, às vésperas de se formar nos cursos de Comunicação Social da Universidade que eu estudo, com uma monografia sobre os efeitos negativos que a televisão pode trazer, sobretudo, nos pequenos. E não é pra menos. O assunto merece mesmo atenção, principalmente porque, em pleno século XXI, ainda tem gente que acha que o aparelhinho presente em 11 de cada 10 residências mundo afora é um simples canal de entretenimento. Talvez analisando os aspectos de uma forma mais científica, o povo comece a entender que a história não é bem esta. Daí os benefícios não só dos trabalhos de conclusão de curso, mas de pesquisas como a divulgada pela Universidade de Wisconsin, nesta segunda-feira. Vá que convença os céticos, não é mesmo?

 

Pois bem. Os pesquisadores apuraram que o excesso de TV é um dos principais causadores, por exemplo, da atividade sexual precoce. E isso porque, atuando diretamente no subconsciente de crianças e adolescentes, a mídia televisiva mostra pessoas muito mais sexualizadas do que na realidade e, raramente retrata as conseqüências negativas do sexo. Janet Hyde, coordenadora do estudo, explica: “Os teóricos da comunicação dizem que, quando assistimos muito material assim, passamos a acreditar que essa é a realidade. Nesse caso, a garotada que assiste muita TV acredita que todos os garotos e garotas estão fazendo sexo, então tem de fazer isso também, ou serão os esquisitos”.

 

Dos 273 adolescentes entrevistados para a pesquisa de 13 a 15 anos (isso mesmo, aqueles que, na minha época, ainda brincavam de boneca e carrinho), cerca de 15% é sexualmente ativo e está muito mais propenso a não se proteger contra a gravidez e as DST’s.

 

Além disso, a pesquisa mostra que, nas gurias desta faixa etária, outros fatores contribuem para o início da atividade sexual antes da hora. Elas geralmente têm baixa auto-estima, relações ruins com os pais, demonstram sinais de déficit de atenção ou hiperatividade e têm notas ruins na escola. Nos meninos, além de todos estes problemas ainda há a puberdade precoce. E é assim, como a própria Janet coloca, que “as coisas começam a ir ladeira abaixo”.

 

Isto não é, de forma alguma, uma apologia à abstinência sexual, apenas um alerta para que comecemos a refletir sobre o exagero da mídia neste sentido de aceleração dos processos. Uma comparação pertinente para o momento? Experimente servir mocotó para um recém-nascido e veja no que vai dar. Ou seja, a ciência só está ajudando a comprovar aquilo que só não vê quem se finge de cego.

 

Taís Brem