Um incômodo anfitrião

Parece aquela clássica brincadeira de criança em que uma cobre parte da boca com a mão para tentar dificultar o que o ouvido da outra irá captar. Mas, também, poderia ser, simplesmente uma conversa entre loucos. Na ânsia de responder seus internautas com eficácia, a fanpage do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) tem deixado a desejar. E muito.

Se o simples fato de um remetente verificar que sua mensagem, apesar de visualizada pelo destinatário, não foi respondida já é frustrante, quando, em vez disso, o receptor resolve emitir uma resposta atrás da outra, desesperadamente e de forma desconexa, sem se preocupar com, de fato, resolver o problema em questão, a situação ganha mais um status lamentável: irritante.

Para começar, o site do SBT não dispõe – pelo menos não de maneira clara – de um espaço básico para comunicação com os telespectadores via Internet. Um link ou botão “Fale conosco”, por exemplo. Pois, bem: não tem. Daí a necessidade de recorrer ao Messenger, canal por onde empresas costumam atender de forma rápida e satisfatória seu público.

No caso do SBT, a primeira impressão é a melhor possível. Tão logo percebe que o internauta está em sua página, o sistema emite uma mensagem personalizada de boas-vindas e apresenta alguns dos recursos disponíveis na página – acesso a vídeos, entrevistas, notícias, trechos de capítulos das novelas… Parece simpático. O problema é quando começa a tentativa de diálogo. A cada frase digitada pelo telespectador, na maioria das vezes ligada a alguma dúvida a ser sanada, a emissora lança uma postagem: tem espaço para quiz sobre as Chiquititas, vídeos infantis, manchetes sensacionalistas e tudo quanto é tema ligado à programação do patrão. A pergunta feita por você? Provavelmente não tenha nem sido lida. E se tentar perguntar de novo, lá vem mais bombardeio. Ignore por um dia ou dois as mensagens e eles tornam a insistir. Alguém precisa avisá-los que o método não está funcionando, antes que comecem a empurrar goela abaixo produtos Jequiti…

Taís Brem

Somos/amamos frases!

“As epidemias estão dando de 7 x 1 no Brasil. É um vexame brasileiro”.
Carlos Ernesto Starling, infectologista mineiro, com mais de 30 anos de carreira.

“Até nossos amigos reclamam! Dizem que a gente só faz eles passarem vergonha!”.
Andressa Ferreira, atriz e mulher de Thammy Miranda, ao comentar sobre as frequentes separações e reaproximações do casal.

“Você nunca poderia ver a minha bunda!”.
Dani Calabresa, humorista, para a representante da Estação Primeira de Mangueira, Renatinha, que tem tripofobia, pânico com aglomeração de furinhos.

“O que faz a família brasileira hoje sair de casa é a música sertaneja”.
Luan Santana, cantor sertanejo.

“Sem glamour e com problematização é a maneira correta de se falar sobre uma pessoa que adoece”.
Dayse Miranda, pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GePesp), que estuda o suicídio no Brasil, em especial entre mulheres policiais militares.

“Ninguém levanta essa bandeira! Os famosos são como alienígenas. Engravidam e logo emagrecem, perdem, em uma semana, quilos…”.
Fany Pacheco, a “famosa” ex-BBB que pretende, em sua nova carreira como youtuber, quebrar paradigmas, “humanizar os famosos e assumir uma postura que eles não assumem”.

“Vocês acabaram de ouvir a nova banda do Brasil: ‘Cada um segura o seu desodorante’!”.
Faustão, apresentador, largando mais uma de suas piadinhas após a plateia ter cantado junto com Capital Inicial um de seus grandes sucessos, com os braços erguidos e em movimento.

“Como faz falta o Chacrinha!”.
Paulo Ricardo, cantor, no Vídeo Show, ao assistir sua participação no extinto Cassino do Chacrinha, ainda com a RPM.

“Acho que eles esperavam ver Tieta…”.
Betty Faria, atriz, sobre a polêmica repercussão midiática que teve sua ida à praia de biquíni há alguns anos.

“Casa de pobre vive cheia. Casa de rico vive vazia”.
Fabrício Carpinejar, escritor.

“Realizei tantos sonhos de criança aqui nesse aeroporto, [mas, também] ganhei muitos ‘não’. Ninguém é obrigado a tirar foto comigo”.
Adauto Miguel, vendedor de balas no Aeroporto Santos Dumont, cuja conta no Instagram tem fotos dele com famosos como Gilberto Gil, Oscar Magrini e Rodrigo Santoro.

“Cortaram o barato dos presos em Porto Alegre. Eles eram os únicos brasileiros que estavam vendo uma luz no fim do túnel”.
Rogério Nascente, poeta, sobre a ação da polícia que desmantelou a tentativa de fuga de detentos do Presídio Central de POA por um túnel gigantesco, na última semana.

“Ninguém gosta mais de liberdade de expressão do que eu”.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

“Eu quero agradecer ao presidente Trump, porque, se no ano passado o Oscar parecia racista, hoje a história é outra. Os negros salvaram a Nasa e os brancos salvaram o jazz”.
Jimmy Kimmel, comediante americano e apresentador do Oscar 2017.

“Ou eu preciso me tratar ou o filme é mesmo muito bom!”.
Rubens Ewald Filho, critico de cinema sobre o musical “La la land”, que diz sempre se emocionar ao assistir.

“Posso ouvir daqui as gargalhadas de Donald Trump”.
Julio Maria, repórter cultural, sobre a gafe que permitiu que “La la land” fosse anunciado como melhor filme do Oscar 2017, quando, na verdade, o título caberia a “Moonlight”.

“O bom é que você já fez uma previsão do futuro: uma Beyoncé grávida!”.
Felipe Andreoli, apresentador-substituto do programa Encontro, tirando sarro da pessoa acima do peso que participou da ala dedicada à cantora americana na Unidos da Tijuca. A moça (ou rapaz) contornou a brincadeira de mau gosto: “Mas a minha barriga, em vez de gêmeos é de quadrigêmeos!”.

 

Taís Brem