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Mais do mesmo

Para diferenciar da versão infantil, agora, o desenho é no estilo japonês, à moda mangá. E os seus protagonistas cresceram. Em vez das briguinhas que separavam meninos da meninas, por causa dos hormônios à flor da pele, neste momento, a preferência fica por programas que os deixem mais perto “umas dos outros”. Tá achando que já leu este post por aqui? Engano seu! Não, não se trata de uma apresentação da revista Turma da Mônica Jovem. O conteúdo é muito parecido, mas o título remete a outro clássico de nossas memórias de criança: Luluzinha Teen. O gibi com a nova fase da garota e sua turma foi pras bancas hoje, em todo o Brasil.

luluteen

Pelo que vi das prévias, a revistinha nova vem cheia de mensagens que subliminarmente impulsionam a criança a querer crescer mais rápido que o conveniente. Afinal, não creio que serão os jovens o público que a Editora Ediouro realmente acertará em cheio. Portanto, exemplos “da hora” não faltarão para os pequenos curtirem e seguirem.
A galera do gibi é chegada a uma boa paquera, a umas boas compras no shopping e a uma boa surfada, seja ela em cima de uma prancha ou na internet. Normal, né? Como explica Daniel Stycer, editor-chefe dos novos quadrinhos “ninguém, aos 15, 16 anos, é exatamente da mesma forma de quanto tinha 7. A modificação é natural”. Então, tá bom.

Nas notícias que permeiam o lançamento de Luluzinha Teen, apareceu na mídia, inclusive, uma entrevista com Maurício de Sousa, o rival. Ele disse ter achado que até demorou para surgir algo do gênero, claramente disposto a competir com sua turminha. Entretanto, em vez de se preocupar somente em vender mais que Lulu, diz ele que a Mônica estará com foco, primeiro, em ser de melhor qualidade. Será que consegue?

Taís Brem

 

Assim, assim

 

“Já ouvi até que o Pelé é mais famoso que Jesus Cristo”.

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, comentando sua popularidade em entrevista à Veja. Convencido? Ele explica: “Mas não sou eu que digo isso, viu? Ouvi de um jornalista japonês. Depois que os Beatles disseram que eram mais famosos que Cristo, começou a desgraça e o grupo acabou”. Ah, tá…

 

“O homem ficou irritado e perguntou: ‘Você é o dono do mundo?’. Respondi: ‘Sou não. Sou só o zelador’”.

Carlinhos Brown, músico, comentando sua postura ecológica ao chamar atenção de um senhor que jogou uma lata de cerveja pela janela do carro.

 

“Todos os caras com quem eu cresci, exceto os que casaram e tiveram filhos, ainda estão traficando drogas e se comportando como idiotas. Há um criminoso a menos porque eu peguei a guitarra”.
Noel Gallagher,
da banda Oasis.

 

“Tenho parte em 70% das músicas dele. Sabe o que é o marido o dia inteiro no violão, téim, téim, téim, atrás de uma palavra? Pois eu ia lá e achava a palavra”.

Paula Lavigne, empresária e ex-mulher de Caetano Veloso, garantindo que foi parte fundamental na construção do sucesso dele.

 

“Ninguém pode pensar hoje que casou por toda a vida. As crianças perceberam isso. Pela minha experiência, quando os pais resolvem bem a situação entre eles, os pequenos não estão nem aí. São fortes, adaptam-se”.

Maurício de Sousa, cartunista e pai da Turma da Mônica, numa filosófica reflexão sobre separação de pais. E olha que ele entende “tudo” de crianças…

 

“Aqui vocês não vão encontrar só índios. Aqui também tem gente bonita”.
Gedeão Amorim, secretário de Educação do Amazonas, apresentando o estado com uma declaração pra lá de infeliz a 192 estudantes do Projeto Rondon.

 

“Filho da mãe não tem direito a visita. Aqui, mãe só vê filho com autorização judicial. Muitos vão para o crime porque a mãe não tomou atitude quando eles eram crianças. Depois que o cara vira bandido a mãe vem visitar?”.

José Magalhães, delegado, considerado o profissional mais famoso do gênero na Bahia, justamente pela fama de durão. Já dá pra ter uma ideia.

 

É mole ou quer mais?

 

 

Mal chegou nas bancas e o tal beijo entre Mônica e Cebolinha, que comentei ontem, já tá gerando polêmica. A edição on line da Folha de S. Paulo traz uma reportagem que afirma que, além de terem aprovado a ousadia, os fãs do gibi agora estão sugerindo que Magali e Cascão engatem um romancinho também. Como se não bastasse, ainda dizem que este outro casal esquentaria mais a coisa, porque Magali já tem um namorado, o Quinzinho. Triângulo amoroso, seria?

 

Leia aqui a matéria na íntegra.

Beijinho, beijinho, tchau, tchau!

 

beijo_cebola_monica

 

Eu sabia que não ia demorar! O quarto número da revistinha Turma da Mônica Jovem já deu o ar da graça e apareceu com pinceladas mais picantes. Sabe aquela dupla que cansamos de ver se odiando na página dos gibis? Mônica e Cebolinha, isto mesmo. Agora eles já estão querendo se bicar de uma maneira mais… crescidinha, se é que você me entende. Coisas das novas aventuras desta turma extremamente familiar, como o criador Maurício de Sousa define.

 

Familiar? Sei. Só se no próximo número, Mônica resolver brincar de médico com Cebolinha e dar à luz novos personagens. E isso porque, se faltava tomar a iniciativa para roubar um beijinho dele, agora não falta mais. “Nesta nova fase da revista, a Mônica e o Cebola vivem na base de um flertezinho, uma paquera nas histórias. E achei que estava na hora de a Mônica ter um momento de mulherzinha, mais crescida e ir para cima do Cebola com um beijinho”, diz o pai das ex-crianças.

 

Claro que a cena ousada dá margem para que o público aguarde – uns empolgados, outros apavorados – enredos ainda mais apimentados. Mas, quanto a isso, Maurício ameniza: promete “manter a fronteira do bom gosto”. “Mesmo que com os personagens um pouco mais velhos, a Turma da Mônica é uma revista para família, que tem de ter mensagens. Vamos falar de qualquer tema, mas sempre de maneira suave e tranqüila, sem ferir sensibilidades”.

 

Aham. Tá bem, então. Melhor cair na real e dar adeus à esperança de encontrar o pouco de mensagem-família que ainda restava nos gibis da turminha. Beijinho, beijinho, tchau, tchau!

 

Taís Brem

E eles também cresceram

 

Taí uma novidade que, até então, não estava nos gibis: a Turma da Mônica agora é uma turma de “gente grande”. Sim, eles cresceram e serão apresentados ao grande público por meio de uma revista mensal cujo lançamento está previsto para a 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. O evento é ainda em agosto.

 

“Pai” de Mônica, Magali, Cascão e Cebolinha, Maurício de Sousa disse que a nova cara dos personagens não deve substituir a faceta que os levou à fama. Será apenas um núcleo diferenciado. Agora a protagonista não é mais baixinha e muito menos gorda. A adolescente sensual acompanha a tendência da amiga e ex-gulosa Magali, adepta de um sistema balanceado de alimentação. Cebolinha parou de falar “elado”, graças à ajuda de uma fonoaudióloga. E Cascão já toma banho. Pelo menos, de vez em quando.

 

“Era uma velha curiosidade minha e dos leitores: Como seriam os personagens depois que crescessem? O que se modificaria? O que se firmaria na personalidade de cada um?”, disse Souza, em entrevista à Folha de S. Paulo.

 

 

Ao abrir uma série de possibilidades para temas que fogem ao tradicional universo infantil abordado até agora nas historinhas, os novos gibis prometem vir carregados de muita aventura, humor e até romance. As ilustrações também são diferentes, uma vez que seguem traços dos quadrinhos japoneses, os mangás. Isso seria uma estratégia marketeira para tentar abocanhar os jovens que curtem o estilo. Ou seja, eles verão seus heróis da infância sob uma perspectiva bem mais atraente. Mas será que esta nova turma seduzirá apenas os mais grandinhos?

 

Eu, sinceramente, acho que não. E muito disso deve-se à sociedade que faz as crianças acharem que crescer é a melhor coisa do mundo. Não que não seja. Isto não é o foco agora. Falo que os anos estão fazendo com que pular etapas se torne divertido. A classe das guriazinhas e gurizinhos está em extinção. O que temos agora são mini-mulheres e homenzinhos. E todos acham uma gracinha o decotinho, a micro-sainha, o reboladinho, o garanhãozinho e por aí vãozinho. Agora me aparece uma revista, considerada por público e crítica como um material recomendável para as crianças ao longo dos anos, apresentando seus personagens em fase adulta. O que os pequenos vão querer também? Se espelhar neles. Óbvio.

 

Por que isso me parece trágico? Porque lembra o que aconteceu com a mente da geração de adeptos a Barbies, Malhações, Tchans, Rebeldes e, agora, mais recentemente, Gossip Girls. Este último é o nome de uma série americana cultuada por adolescentes de vários países. No enredo, sexo, consumismo, fantasia, ilusão. Na carona, uma multidão de crianças que, autonomamente, se dão por adultas seguindo valores contrários aos que todo papai e mamãe (normais, é claro) desejariam que seu filho seguisse.

 

Tudo bem, isso tudo são apenas hipóteses. Vamos esperar para ver. Vá que a Turma da Mônica Jovem apresente referências eticamente corretas para o público infantil. Sendo assim, retiro o que eu disse. Todavia, isso seria algo difícil pacas. Faz muito tempo que o que é certo virou errado e vice-versa. Bancar o bonzinho não dá nem ibope nem dinheiro. É descartável, não serve.