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Quebra de jejum

“Não morre o candidato Eduardo Campos, morre a pessoa, o ser humano, porque indivíduos não são funções”.
Tati Quebra Barraco, funkeira e aspirante a filósofa, sobre o trágico falecimento do candidato à presidência da República, no dia 13 de agosto.

“Olhe só como o mundo mudou: hoje temos que assumir que somos hétero”.
Fabrício Carpinejar, escritor, ao justificar que seu estilo espalhafatoso não muda sua preferência pelo sexo feminino.

“Foi bacana, mas está funcionando pouco. O dinheiro não entrou. Mas acho que demora para compensar, né? Ou as pessoas não tinham o número da conta”.
Silvia Tortorella, diretora-executiva do Instituto Paulo Gontijo, uma das entidades brasileiras que recebe doações para pesquisas sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), ironizando a repercussão dos desafios com banhos gelados das celebridades pela causa.

“Eu desafio cada um de vocês que me perguntam a toda hora se eu já ‘aderi’ a cobrar todos os artistas e pessoas que participaram a pagar nem que seja uma merrequinha”.
Xuxa, apresentadora, que diz já ter dado sua contribuição para o nobre propósito.

“A vida de artista é pesada pra mim, mas nunca vou desistir. Preciso de ajuda, só isso”.
Armandinho, cantor, assumindo ter problemas com álcool.

“A gente tinha que ter duas vidas. Uma para experimentar, ver o que dá certo, e outra para viver. Mas, infelizmente, só temos uma. Por isso, sigo um ditado que adoro: ‘Escolha tomada, escolha acertada’.”
Mel Fronckowiak, pelotense que ficou conhecida como Miss Bumbum em 2008 e, atualmente, apresenta o programa A Liga, da Band.

“Aprendi que nunca se pode perder a maior matéria-prima da criação: a curiosidade”.
Céu, cantora.

” Não considero que seja mais arriscado do que andar no trânsito do Rio”.
Paulo Sergio Reis, médico carioca que trabalhou com pacientes com ebola na África Ocidental por três meses, sobre os perigos da epidemia.

“Eu faço o que for preciso para continuar aqui”.
Cláudia Jimenez, atriz, sobre os tratamentos a que se submete para manter a saúde em dia.

“Limite é um problema. Você só nota quando passou”.
Drica Moraes, atriz, que, mesmo recuperada de uma leucemia, ainda enfrenta certas limitações físicas.

“Não sou a favor de bater em mulher. Mas, nesse caso…”.
Luciana Gimenez, apresentadora, ao opinar sobre a forma como o ex-polegar Rafael Ilha devia ter lidado com sua esposa Aline Kezh, que, inocentemente, lhe convenceu a atravessar a fronteira Brasil/Paraguai com uma espingarda. Por causa da aventura, o rapaz foi preso acusado de tráfico internacional de armas.

Taís Brem
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“A cidade respira essa tragédia todos os dias”

Um ano depois do incêndio, Santa Maria vive intensamente dor e revolta

Silhuetas simbolizando vítimas foram pintadas no asfalto (Foto: Portal Terra)
Silhuetas simbolizando vítimas foram pintadas no asfalto (Foto: Portal Terra)

Quem chega à cidade de Santa Maria hoje, dia 27 de janeiro de 2014, não tem como ficar alheio à realidade que assombrou o local há um ano atrás, quando 242 jovens perderam suas vidas no incêndio da Boate Kiss. A tragédia abalou não só o município,  mas o estado, o Brasil e o mundo. Provocado por uma performance pirotécnica da banda que se apresentava na casa noturna na ocasião, o acidente deixou vítimas que ainda hoje se recuperam dos efeitos causados pela fumaça tóxica inalada. Mas, não apenas isso. Além do saldo de mortos e feridos, o acontecimento comove pela sensação de impunidade, já que nenhum dos apontados pela justiça como responsáveis pelo acidente de fato cumpriu alguma pena até agora.

Carol mora na cidade há pouco mais de um ano (Foto: Arquivo Pessoal)
Carol mora na cidade há pouco mais de um ano (Foto: Arquivo Pessoal)

Esse, talvez, seja o principal motivo para que o clima pesado que paira sobre Santa Maria desde aquela fatídica madrugada ainda
esteja tão palpável. “E isso, acredito, vai [durar] no minimo, uns dez anos”, arriscou a jornalista Carolina Graziadei, 28. Quando o incêndio ocorreu, fazia apenas quatro meses que a pelotense havia se mudado para Santa Maria, para trabalhar como comunicadora da Rádio Atlântida de lá. Ela não estava na festa e, dos convidados, conhecia somente o DJ, que se salvou por conhecer bem a saída do local. “Eu estava em Bagé, no casamento de uma grande amiga. Soube às 7h, quando meu pai foi acordado com um telefonema perguntando se eu não estava na boate”, relembrou. “Quando peguei meu celular, tinha várias ligações e mensagens, inclusive do meu chefe. Antes do meio-dia, cheguei e fui direto para a rádio e fizemos plantão até as 2h”.

Carolina não chegou a entrevistar familiares ou amigos das vítimas, pois a cobertura da emissora ficou a cargo da Rádio Gaúcha até a segunda-feira (28). Quando a programação voltou ao “normal”, porém, apenas uma nota oficial foi lida em referência ao sinistro. “Em toda aquela semana e na outra quase não falamos nada no ar. Não havia motivos para sermos alegres. Perdemos 242 ouvintes”, explicou a jornalista. Como profissional, ela já havia trabalhado num caso semelhante quando cobriu o acidente com o
time do Brasil de Pelotas em 2009, na época, pela TV Pampa. “Ali, eu cresci muito, porque conhecia os jogadores e acompanhei tudo de perto”, disse. “Mas, eles foram ‘só’ três perto deste número assustador”.

Regularmente, associações ligadas à memória das vítimas fazem questão de organizar atos que não deixam a tragédia cair no esquecimento. Um deles foi a pintura de 242 silhuetas no asfalto em frente à boate, simbolizando os jovens mortos. Durante um bom tempo, quem passar pelo local, verá os corpos estirados, em lembrança à tragédia. “No calçadão, há uma tenda montada justamente para que a população não se esqueça do acontecido. Todos os dias se fala nisso, se lembra. A cidade respira essa tragédia todos os dias”, comentou Carolina.

Taís Brem

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Sobre Mandela

Morto aos 95 anos, no início do mês, o primeiro presidente negro da África da Sul, líder da resistência contra o apartheid e Nobel da Paz de 1993, Nelson Mandela foi sepultado no último domingo (15). Mas, antes mesmo de ser enterrado em sua terra natal – o vilarejo Qunu, na província de Cabo Oriental -, já estava recebendo homenagens dos quatro cantos da terra de celebridades e, também, de anônimos. O Blog Quemany traz aqui um recorte delas, em nosso tradicional formato de compilação de frases. Querido leitor, prepare-se para encontrar de tudo: de declarações inspiradoras e aparentemente emocionadas a frases postadas na redes sociais por quem parece querer somente dizer que sabia que Mandela existiu e não quis ficar de fora do assunto do momento, passando, é claro, pelas gafes dos desinformados e pelos textos que têm todo o jeito de que foram citados pelos assessores. Enfim, boa leitura.

Ex-presidente sul-africano morreu dia 05 (Foto: Divulgação).
Ex-presidente sul-africano morreu dia 05 (Foto: Divulgação).

“Ele não pertence mais a nós, ele pertence à história”
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.

“Seu legado é a pacífica África do Sul que vemos hoje”.
Elizabeth 2ª, rainha da Inglaterra.

“Eu rezo para que o exemplo do ex-presidente inspire gerações de sul-africanos para colocar a Justiça e o bem-estar comum no ponto mais alto de suas aspirações políticas”.
Papa Francisco, líder máximo da Igreja Católica.

“A herança de Mandela ficará marcada para sempre nas páginas da História e nos corações de quem se aproximou”.
Shimon Peres,
chefe de Estado israelense e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1994.

“Um gigante entre os homens morreu. É uma perda tanto para a África do Sul como para a Índia. Era um verdadeiro gandhiano”.
Manmohan Singh,
primeiro-ministro da Índia.

“O exemplo deste grande líder guiará todos aqueles que lutam pela justiça social e pela paz no mundo”.
Dilma Rousseff,
presidenta do Brasil, ao considerar Mandela a “maior personalidade do século 20”.

“O mundo perdeu a pessoa mais inspiradora que já caminhou sobre a Terra”.
Kelly Osbourne, apresentadora de TV. Opiniões devem ser respeitadas, mas acho que ela ainda não ouviu falar de Jesus Cristo… Só acho.

“A morte de Nelson Mandela torna o mundo mais pobre de referências de coragem, dignidade e obstinação na defesa das causas justas. Seu nome permanecerá como sinônimo de esperança para todas as vítimas de injustiça em qualquer parte do mundo”.
Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

“O mundo perdeu um homem que ofereceu um arco-íris de possibilidades para um país segregado entre negros e brancos”.
Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial.

“Na cultura de celebridades que marca o novo milênio, concentrada no indivíduo como criador do próprio destino, é frequente considerar que Mandela foi não só o senhor de seu destino pessoal, mas o principal arquiteto da nova África do Sul”.
Elleke Boehmer, escritor e autor da biografia “Mandela: o Homem, a História e o Mito”.

“Isso demonstra a importância que Madiba tinha como líder”.
Jacob Zuma, atual presidente da África do Sul, ao afirmar que o amor demonstrado pelos sul-africanos e por outros países ao ex-líder é “sem precedentes”.

“Eu sinto como se eu tivesse perdido meu pai, alguém que cuidava de mim. Como negro sem conexões, você já sai em desvantagem”.
Joseph Nkosi, segurança, morador de um subúrbio de Johanesburgo.

“Ele nos ensinou o perdão em uma grande escala”.
Muhammad Ali, ex-boxeador norte-americano.

“Lamento a irreparável perda do lutador Nelson Mandela, sem dúvidas um dos melhores atores de Hollywood. Que descanse em paz”.
Javi Jimenez, goleiro do time espanhol Levante, ao confundir Mandela com o ator Morgan Freeman, que interpretou o ex-presidente no filme “Invictus”. Ah tá!

“Nós vivemos e presenciamos a vida de Mandela, guardaremos pra sempre em memórias.Nosso filhos estudarão toda sua história!”.
Priscila Pires,
ex-participante do Big Brother Brasil.

“Grato Madiba por seu legado e seu exemplo. Você sempre estará conosco.”
Cristiano Ronaldo, jogador português.

“Meu respeito, minha admiração…”.
Bruno Gagliasso, ator.

“Obrigada por tudo!! #Mandela”.
Gaby Amarantos, cantora.

“A vida do presidente Mandela é a coisa mais próxima que nós temos da prova da existência de Deus”.
Arnold Schwarzenegger, ator e político.

“Hoje, o anjo retornou ao céu…”.
Luan Santana, cantor.

“Descanse em paz mestre! Sem mais”.
Alexandre Pires, cantor.

Taís Brem
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Não era o que você estava pensando

Imagem polêmica de líderes mundiais gerou comentários maliciosos

Cameron, Helle, Obama e Michelle (Foto: Roberto Schmidt/ Agência AFP)
Cameron, Helle, Obama e Michelle (Foto: Roberto Schmidt/ Agência AFP)

Muita gente publicou e republicou. Curtiu e ajudou a repercurtir. E, a cada versão, o conto ganhou mais um ponto. Distorcido. A sequência de imagens feitas pelo fotógrafo da Agência AFP Roberto Schmidt num evento em memória ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, na terça-feira (10), acompanhada de comentários maliciosos por parte da imprensa de todo o mundo, foi o suficiente para levantar uma série de afirmações sobre a falta de educação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e da primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt.

Quem olha as fotos, vê o trio às gargalhadas, posando para foto no celular de Helle, e Michelle, a primeira-dama americana, com cara de poucos amigos ao lado. As conclusões: além de estar se divertindo em hora imprópria com os colegas, Obama estava correndo sério risco de ir dormir no sofá, dada a situação chata provocada pelo entrosamento com a loira assanhada. Foi isso que o planeta inteiro comentou. Acontece que, pelo que parece, a apuração jornalística gerou um “furo furado”. Porque não foi bem isso que ocorreu. Para esclarecer o caso polêmico, Schmidt publicou um post no blog dos correspondentes da AFP, dizendo que tirou as fotos logo após Obama ter discursado no estádio FNB (Soccer City), em Johannesburgo. No momento, o clima era de celebração pela memória de Mandela, bem ao estilo africano de ser, com danças, cânticos e sorrisos, inclusive. Uma questão cultural. “Era mais como uma atmosfera de carnaval, nem um pouco mórbida. A cerimônia já tinha ido por duas horas e duraria mais duas”, relembrou. “Eu não vi nada de chocante no meu visor. Os líderes mundiais simplesmente agiram como seres humanos, como eu e você. Duvido que alguém teria permanecido totalmente pedregoso enquanto dezenas de milhares de pessoas estavam comemorando no estádio. Políticos ou não, estávamos na África”.

Conforme o relato, Obama, Cameron e Helle estariam, então, apenas entrando no clima da descontraída homenagem. Michelle, também. Não fossem alguns segundos de diferença do clique, ela mesma teria sido flagrada brincando com o trio. “Seu olhar severo foi capturado por acaso”, explicou o fotógrafo, ao demonstrar frustração com a repercussão negativa atribuída ao trabalho. “Mandamos cerca de 500 fotos, tentando retratar verdadeiros sentimentos, e esta imagem aparentemente trivial parece ter eclipsado muito desse trabalho coletivo. Confesso, também, que me deixa um pouco triste que estamos tão obcecados com o dia a dia de trivialidades, em vez de coisas de real importância”, finalizou.

Ainda bem que as palavras estão aí para desfazer os mal-entendidos que a interpretação errada de uma imagem pode causar.

Taís Brem

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Sinal de alerta

Provável suicídio de Champignon reacende polêmica sobre o tabu que é questão de saúde pública

Músico estava com 35 anos (Foto: Divulgação)
Músico tinha 35 anos (Foto: Divulgação)


Uma atitude de covardia e egoísmo. Um último pedido de socorro. Ou uma demonstração de desespero cada vez mais comum que sinaliza um grave problema de saúde pública. Seja qual for a definição usada para o ato do suicídio, é sobre ele que recaem as investigações policiais a respeito da morte do ex-baixista da banda Charlie Brown Jr. e vocalista d’A Banca, Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, 35, o Champignon, ocorrida no início da semana passada. Por uma triste coincidência, Champignon morreu na madrugada de segunda-feira (09), véspera da data escolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para ser o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro.

Segundo informações fornecidas pela mulher do músico, Cláudia Campos, o casal recém havia chegado de um restaurante, quando ele se trancou no quarto. Ao ouvir o barulho de dois tiros, ela foi pedir ajuda a um vizinho, que o encontrou já sem vida e com o corpo ensanguentado. Cláudia, que está grávida de cinco meses, foi chamada pela polícia para prestar um depoimento mais detalhado sobre o caso, a fim de confirmar se Champignon enfrentava algum problema de depressão nos últimos meses, mas desistiu de fazê-lo em função da movimentação de jornalistas em frente à delegacia. A confirmação serviria para embasar, de forma mais precisa, as investigações. Contudo, a irmã do músico, Elaine Duarte, 37, disse ter certeza de que foi ele mesmo quem se matou. “Tenho total segurança para afirmar que meu irmão estava depressivo”, declarou.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em 90% dos casos, as razões que levam ao suicídio estão ligadas a distúrbios mentais, como a depressão, a bipolaridade, a esquizofrenia e a síndrome do pânico. E essa constatação não é apenas teórica. Segundo a psicóloga Lauren Severo, tais ocorrências têm aumentado, justamente, porque as pessoas têm sofrido mais com transtornos emocionais e mentais. “O estresse da vida atual também contribui muito para esse aumento”, comentou a profissional.

Segundo Lauren, entre as técnicas utilizadas no campo da Psicologia para abordar um paciente com risco de suicídio estão internações domiciliares ou em hospitais (gerais ou psiquiátricos), medicação prescrita por psiquiatra e acompanhamento médico, que, em algumas situações, chega a ser diário. “Um minuto de distração pode ser fatal. Muitas vezes, é preciso esconder facas, retirar chaves de banheiros e ocultar qualquer objeto que possa ser letal”, afirmou. “Hoje, trabalho em um hospital e digo que, frequentemente, colaboradores de serviços de saúde chegam a um limite estressor capaz de gerar a tentativa de suicídio. Com certeza, o fato deles trabalharem em um ambiente onde a morte é presença diária, torna mais rotineira essa prática”.

Além da importância de o paciente que apresenta comportamentos suicidas buscar ajuda de psicólogos ou psiquiatras e confiar nesses profissionais, Lauren citou, também, a relevância da crença religiosa no processo de recuperação.

Impacto traumático

Identificar comportamento suicida pode prevenir o problema (Foto: Divulgação)
Identificar comportamento suicida pode prevenir o problema (Foto: Divulgação)

A obreira vocacionada da Igreja Batista da Lagoinha (IBL) Liliane Santos, 32, sofreu a perda de um amigo próximo, há cerca de um ano. “O percalço que ele encontrou em seu caminho foi o álcool, mas lutou contra isso como pode. Porém, em seu tempo de ‘cura’, começou a sofrer perturbações descomunais, ver e ouvir coisas estranhas, entre outros sinais de distúrbios mentais. Num triste dia, após escrever um bilhete rápido e se despedir da família, ele pulou da janela da qual, antecipadamente, havia cerrado a grade de proteção”, relembrou. “Aí, as pessoas podem afirmar: ‘Que cara covarde!’. Não penso dessa forma. Ao contrário, conhecendo-o como conhecíamos, creio que ele não estava em sã consciência ao fazer isso. Mas, penso que a perturbação foi tamanha que o levou a acreditar que, pulando dali, os problemas se resolveriam. Ele amava a família que tinha, fazia tudo por eles e esse amor era recíproco. Ninguém, conscientemente, abre mão de tal coisa. Pra mim, está claro que quem passa por isso, pelo menos em sua maioria, comete tal atrocidade achando estar fazendo uma coisa, quando, na verdade, faz outra. O inimigo das nossas almas é quem faz esse trabalho de enganar e confundir”.

Na opinião de Liliane, a responsabilidade de ajudar a evitar esses casos recai sobre a sociedade, como um todo. “Aqueles que percebem pessoas em situações assim, devem ser capazes de caminhar junto o bastante a fim de aliviar essa bagagem, oferecendo suporte e o que mais seja necessário. Quem já viveu isso e escapou da morte, sabe muito bem que funciona”, apontou.

A bancária Eva Soares já perdeu três conhecidos para o suicídio. Um colega da escola, na infância; e dois de trabalho, já na fase adulta. O primeiro caso foi um menino que se enforcou aos 12, 13 anos. Ele era adotado por uma das vizinhas de Eva e nunca ninguém entendeu o porquê do óbito. Já quanto aos colegas de serviço, ambos os casos foram motivados por situações de depressão, agravadas por separações conjugais e problemas financeiros. Um servidor público que trabalha com jovens, mas preferiu não se identificar para não comprometer a imagem de seus colegas, concorda com Liliane: a ajuda alheia é importante no esforço de diminuir os índices de suicídio. Contudo… “À medida em que a sociedade se afasta do contato pessoal, olho no olho, fica cada vez mais difícil perceber quando uma pessoa, por mais próxima que seja, está chegando em um momento crítico em que chegue a considerar tirar a própria vida”, opinou.

“Só falta você”

Vocalista repudiou comentários maldosos (Foto: Divulgação)
Vocalista repudiou comentários maldosos (Foto: Divulgação)

Colega de profissão de Champignon, o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, publicou em seu blog pessoal um verdadeiro desabafo sobre a repercussão da notícia. O músico fez duras críticas às insinuações, difundidas, sobretudo, nas redes sociais, de que Champignon teve uma atitude covarde ao se matar. “A Internet e essa possibilidade de fazer contato com o amor e com o ódio das pessoas, pode, sim, catalisar um processo de negação, de dor e de desespero. A exposição é muito grande. Há quem saiba lidar com isso e há quem se sinta atingido”, comentou. “É muito fácil julgar olhando apenas os elementos que lhe rodeiam. Muito fácil falar quando não é sua alma que está sangrando. A pressão que nós [artistas] sofremos é muito grande. Existem muitas inseguranças, muitas lutas, muitas e muitas frustrações. A alma dói”.

No relato, o músico afirmou que já esteve perto de se suicidar, em 2004, quando, durante um processo depressivo, pensou que a morte seria uma boa alternativa para se “vingar” daqueles que estavam lhe machucando. “Quem estava me machucando? Eu acreditava que o mundo todo”, disse. “A terapia me salvou. Foi onde pude colocar pra fora todas as minhas angústias, as ansiedades e as dores da alma. E perceber que eu não era vítima de nada, ou melhor, estava sendo algoz de mim mesmo. Foram muitos anos seguidos de terapia para conseguir perceber que as respostas estavam dentro de mim”.

Logo após saber da morte do colega, Santa Cruz disse ter recebido uma mensagem que dizia: “E agora Tico Santa Cruz, só falta você”. “Num momento de dor e angústia, essas coisas te fazer perder a crença na humanidade”, lamentou.

Todos pela prevenção
Em 2006, quando a OMS elencou a prevenção do suicídio como tema do Dia Mundial da Saúde Mental, o Ministério da Saúde lançou uma série de medidas que compuseram as Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio. Entre elas, estava um manual, dirigido a profissionais das equipes de saúde mental, com especial ênfase às equipes dos Centros de Atenção Psicossociais (Caps) e Sistema Único de Saúde (SUS). O foco das ações preventivas está em qualificar a saúde pública permanentemente para facilitar a detecção precoce do problema nas comunidades e, por conseguinte, possibilitar o tratamento apropriado, fundamental para o sucesso da prevenção.

Instituições disponibilizam ajuda via telefone (Foto: Divulgação)
Instituições disponibilizam ajuda via telefone (Foto: Divulgação)

O Centro de Valorização da Vida (CVV), entidade sem fins lucrativos e de atuação voluntária, disponibiliza um número gratuito de telefone para o qual pessoas com problemas emocionais podem ligar. O 141 funciona 24 horas por dia e é uma linha direta com os voluntários do Programa de Apoio Emocional do CVV. O serviço promete atender à comunidade “com respeito, anonimato, não aconselhamento, não julgamento e estrito sigilo sobre tudo que for dito”. Há, também, a possibilidade de contato via chat, skype, e-mail e pessoalmente, nos postos instalados em todo o Brasil. A IBL também trabalha com aconselhamento telefônico, por meio do Telefone da Paz, projeto existente há mais de 20 anos. O atendimento é feito por 220 voluntários que se revezam 24 horas por dia. O Telefone da Paz é o (31) 3429-9550.

O problema do suicídio em números
– O Brasil registra, em média, 24 mortes diárias por suicídio. No mundo inteiro, esse número salta para três mil;
– Quando o assunto se restringe a tentativas de suicídio, o índice é de 60 mil por dia, em todo o planeta;
– Pelo menos dois terços das pessoas que tentam se matar ou que concluem o ato do suicídio, haviam comunicado, de alguma forma, sua intenção para pessoas próximas, o que desmistifica a constatação de que “quem quer se matar, não avisa”;
– O número de casos cresceu 60% nos últimos 45 anos, em função da negligência nos tratamentos de prevenção;
– O Brasil está entre os dez países que mais registros têm nessa área;
– Até 1950, 60% dos suicídios eram observados em pessoas com mais de 45 anos. Em 2000, apenas 45% ocorriam nessa mesma faixa etária. Sinal de que as ocorrências entre os mais jovens passaram a ser mais frequentes;
– Em cada caso de suicídio, em média, seis pessoas próximas ao falecido passam a sofrer consequências emocionais, sociais e econômicas.
(Fontes: ABP, OMS e MS)

Taís Brem

Companheira do passado, do presente e do futuro

Paulo Guterres_Divulgação

O dia é dedicado aos ciclistas, mas a estrela mesmo é a bicicleta, ontem, hoje e sempre

A professora de 32 anos. O engenheiro civil, de 54. A funcionária pública, de 58. O estudante, que completará 13, no fim do ano. A administradora e a futura fisioterapeuta, que estão com 30 anos de idade. O pedreiro, que, embora bem conservado, já tem 61. E o ex-motorista marítimo, de 89. Os perfis podem ser diferentes, mas, todos eles se conectam quando o assunto é ciclismo. Os praticantes de uma das atividades que melhor equilibra esporte e lazer tem seu dia próprio no calendário nacional hoje, 19 de agosto. E, em se tratando de bicicleta, difícil encontrar quem, de alguma forma, não tenha se apaixonado por ela em alguma fase da vida.

Descobrir o motivo não é nem um pouco complicado. É só analisar uma parcela da população pelotense, por exemplo, de qualquer que seja o nível social. Não raro, se descobrirá que muitos no contexto se encaixam entre aqueles que tiveram o veículo como objeto de desejo na infância; que reconhecem, no presente, sua importância por fazer tão bem para a saúde das pessoas e do planeta; e que já percebem que a bicicleta tem tudo para ganhar o título de meio de transporte do futuro.

Muito ainda há que se fazer para melhorar a vida de quem transita de bicicleta em Pelotas, mesmo com os 27 quilômetros de estruturas cicloviárias que a cidade possui, ao todo. Que o diga o pedreiro Itamar Garcia, 61, que utiliza o veículo como principal meio de locomoção há mais de duas décadas. “Falta sinalizar melhor os trechos e aperfeiçoar as ciclofaixas para evitar acidentes”, disse, ao citar como exemplo a avenida Domingos de Almeida. “Tem algumas tampas de bueiro cruzadas no meio do caminho que podem fazer com que a roda encaixe naquelas grades e acabe gerando um tombo. Mas, está melhorando. Fora isso, é tranquilo. Eu, que dependo da bicicleta para trabalhar, acho ela muito útil. E, como gosto de esportes, andar de bicicleta é um exercício a mais. Faz muito bem para minha saúde”, afirmou.

Gláucia, em recente visita a Amsterdam, na Holanda, onde o ciclismo é uma febre (Foto: Arquivo Pessoal)
Gláucia, em recente visita a Amsterdã, Holanda, onde o ciclismo é uma febre (Foto: Arquivo Pessoal)

A administradora Gláucia Sales, 30, costuma andar de bicicleta com mais frequência no verão, quando faz passeios na Praia do Laranjal. Ela diz considerar muito positivo o movimento de incentivo que tem ocorrido nos últimos tempos em prol do ciclismo. “Faz bem à saúde, é um meio de transporte que não polui e, se as bicicletas forem mais utilizadas, tem a vantagem da diminuição da quantidade de carros nas ruas”, disse. “Porém, para que as pessoas possam fazer uso da bicicleta como meio de transporte ou lazer, deve haver políticas públicas de incentivo e de viabilidade nas cidades”, destacou.


Nostalgia sobre duas rodas
O ciclismo foi a forma adotada pela funcionária pública Luiza Soares, 58, tanto para diminuir o tempo gasto com a espera do ônibus para chegar ao serviço quanto para economizar financeiramente. “O dinheiro que eu usava para pagar a passagem, resolvi juntar para cobrir as prestações de uma bicicleta no crediário”, disse. “Isso faz mais de dez anos e, até hoje, continuo pedalando”.

Aliás, desde que se entende por gente, Luiza observava o pai, o aposentado Maurício Silveira, 89, também utilizando a bicicleta como veículo de trabalho e de passeio. Até agora, esse foi o único meio de transporte próprio que o chefe de família teve, inclusive para carregar no bagageiro os filhos, os sobrinhos e, até os netos. “Lembro até hoje do vô me levando para o colégio de bicicleta”, recordou o militar Lucas Garcia, 18. O corredor da casa da família foi, por muitos anos, utilizado como estacionamento de vários exemplares do veículo. “Praticamente todos nós tínhamos. E a família não é pequena”, comentou Luiza. “Hoje, alguns já se desfizeram das suas, mas ainda usamos bastante. Sempre tem uma bicicleta à disposição para quem precisar”.

Boas lembranças associadas às pedaladas também fazem parte da vida da professora Ana Paula Vallim, 32. Durante uma visita ao médico, quando tinha por volta de oito anos, foi questionada sobre o porquê de ser tão magra. A mãe entregou: “É que ela anda muito de bicicleta, doutor”. Menos mal. Não havia nada de grave no fato da menina estar tomando gosto pelo hábito saudável que nutriria ainda por muitos anos à frente. Na época, Ana Paula morava “pra fora”, na zona rural de Pelotas. Lá, os “cacarecos” que a família adquiria de segunda mão, serviam de transporte para todo tipo de necessidade, inclusive para ir para o colégio. “Eram cinco quilômetros até chegar à escola. Chegou o tempo em que minha mãe começou a achar que eu não tinha estrutura para suportar todo o trajeto, com sol forte no verão, em pleno meio-dia”, recordou.

Depois de algum tempo morando na cidade, com 23 anos, Ana Paula conseguiu adquirir sua primeira bicicleta direto da loja. O motivo principal também era suprir a necessidade de locomoção. Porém, a compra teve um prazer a mais: curar a frustração de nunca antes ter tido uma bicicleta para verdadeiramente chamar de sua, novinha em folha. Cada vez que usava o veículo, fazia uma verdadeira viagem ao passado, com direito a simular que dirigia um carro de verdade enquanto passava pelo meio dos automóveis, ”fingindo que ligava o pisca”, “fazendo som de buzina com a boca” e “girando o guidom, como se fosse um volante”. Há quatro anos, a professora não precisa mais fazer de conta que é motorista, porque já tem licença para dirigir e carro para aplicar suas habilidades de verdade. Mesmo assim, sente falta da companhia da bicicleta. “Pretendo ainda tornar o ciclismo uma rotina semanal. Gosto de sentir a brisa no rosto, enquanto pedalo”, comentou. E a vontade de fazer da meta uma realidade se fortalece ainda mais quando é convidada pela irmã para fazer passeios e trilhas sobre duas rodas. “Isso mexe bastante comigo. Voltar a andar de bicicleta é uma possibilidade que eu não descarto”.

Da mesma forma, embora com pouca idade, o estudante Rafael Santiago, 12, guarda na memória seus bons momentos na companhia da bicicleta. Há uns dois anos, era pedalando que ele, os irmãos e a mãe iam para a igreja que frequentam, três vezes por semana. “Aí, um dia, a mãe decidiu ir de ônibus e a gente nunca mais foi de ‘bici’”, contou, ao mencionar o apelido em diminutivo, demonstrando que tem tanto carinho quanto saudade dos passeios. Hoje, ele anda mais de skate. Mas, quando questionado sobre qual dos dois gosta mais, não consegue eleger um preferido. “Entre ônibus e bici, acho a bici muito melhor. Mas, entre skate e bici, não tem melhor. Gosto do mesmo jeito dos dois”.

Para o corpo e a mente

Pedalar faz bem para a saúde física e mental (Foto: Wilson Lima)
Pedalar faz bem para a saúde física e mental (Foto: Wilson Lima)

A acadêmica do quarto semestre do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Inês Padilha, 30, sabe que, além de ótima atividade física – por melhorar o condicionamento e a respiração, por exemplo –, andar de bicicleta contribuiu com a saúde da mente. “Ajuda a espairecer e colocar as ideias em ordem”, disse. O engenheiro civil Paulo Guterres concorda: “A vida dentro dessa visão é contagiante e muito boa. Muitos abandonam as noitadas, o álcool e o fumo. Isso é maravilhoso, pois encontramos nos amigos, na vida simples e na natureza o Deus que muitos esqueceram”.

Diretor do Centro Politécnico da UCPel, foi Guterres quem teve a ideia de realizar, em parceria com o grupo Pedal Curticeira, a pedalada em homenagem ao Dia do Trabalhador, feita pela instituição no último dia 1º de maio. A comunidade acadêmica aprovou. “Quero contagiar mais e mais pessoas para juntar o útil ao agradável, pois, além de pedalar, temos um grupo de amigos e de gente que busca vida saudável e respeito à natureza e ao ser humano. Vamos pedalando, jogando conversa fora e encontrando gente de verdade”, disse. “Hoje eu conheço muita gente do interior, simples, sem instrução, mas que tem coração, verdade nas palavras e no olhar”.

UCPel promoveu passeio ciclístico em homenagem aos funcionários (Foto: Wilson Lima)
UCPel promoveu passeio ciclístico em homenagem aos funcionários (Foto: Wilson Lima)

Os novos amigos a que Guterres se refere são os integrantes do grupo Pedal Curticeira, que ele frequenta desde 2011. A partir dos 16 anos, amantes do ciclismo se reúnem regularmente às terças-feiras, quintas e sábados. Às vezes, também, há passeios aos domingos, como nesse último (18), em que o engenheiro pedalou 110 quilômetros, indo até o município de Cerrito e voltando pelo interior do Capão do Leão.

Guterres participa do Pedal Curticeira há dois anos (Foto: Divulgação)
Guterres participa do Pedal Curticeira há dois anos (Foto: Divulgação)

Origem da data
O Dia Nacional do Ciclista é comemorado anualmente em 19 de agosto desde 2008, após proposta do então senador capixaba Gerson Camata e aprovação da Comissão de Educação, Cultura e Esporte. A data foi escolhida para homenagear o ciclista e biólogo Pedro Davison, que morreu atropelado em 19 de agosto de 2006, em Brasília. O motorista que o atropelou dirigia em velocidade excessiva e estava embriagado.

Taís Brem

Um lugarzinho no céu

É certeiro: morre uma celebridade e, no dia seguinte, lá está, no miolo de grande parte dos jornais, uma charge com a personalidade sendo recebida por uma multidão de anjos, por São Pedro e pelo próprio Deus. No céu, é claro. O cenário é sempre o mesmo. O que variam são as apresentações. Hebe Camargo, morta em setembro, por conta de complicações do câncer de peritônio contra o qual lutava desde 2010, foi homenageada inúmeras vezes dessa forma pelas publicações brasileiras.

Houve cartunista que deu ênfase ao seu principal bordão – “Gracinha!” – ao desenhar a apresentadora cumprimentando seus mais novos anfitriões. Houve quem focasse noutra de suas marcas registradas, o famoso selinho. Em algumas ilustrações, Hebe apareceu tascando um beijo no Criador. Noutras, mais comportadas, Ele conseguia fugir dela. Em síntese, nada que desse muitas asas angelicais à criatividade.

O desenhista Maurício de Sousa omitiu as nuvens do desenho feito para homenagear a dama da TV, mas, no comentário postado em sua conta do Twitter, registrou sua convicção de que a loira estaria brindada com um espaço na parte boa da eternidade: “Hebe passou gloriosamente pelos portões do céu. Documentação de toda uma vida em ordem para continuar a distribuir graça e alegria por lá”. Sousa fez coro com as dezenas de outras personalidades que também proferiram palavras do tipo. E assim o é, cada vez que o planeta Terra perde um habitante famoso.

Obviamente, não cabe a nós, reles mortais, discutir se Hebe Camargo foi ou não para o céu. Até porque, alguns de nós nem mesmo acreditam na existência dele. Mas é interessante observar como os chargistas reagem frente a ocorrências como a morte de pessoas que fazem história popularmente. Talvez seja mais fácil – e menos polêmico – sempre cair na mesmice de garantir um lugarzinho no céu para as celebridades falecidas que arriscar, como fazia Miguel Falabella quando apresentador do Vídeo Show, que alguma delas foi para o “andar de baixo”. Se bem que Falabella restringia esse destino apenas para políticos de muito má índole, estilo Hitler, ou para pop stars que tinham, assumidamente, uma certa simpatia pelo Cão. Pensando bem, não fora nada muito surpreendente.


Taís Brem

Falando em Amy…

Amy Winehouse morreu. Disso todo mundo já sabe. Foi aos 27 anos (mais uma…), no último sábado (23). Pelo menos foi esse o dia em que a encontraram morta em sua residência. Há quase três anos, escrevi um texto sobre ela falando de sua auto-destruição notável e da expectativa de pronto falecimento que isso, naturalmente, acabava gerando em todo o mundo que acompanhou suas peripécias, sendo fã da grande artista que ela foi ou não. O comentário, meio profético, meio previsível, que fiz foi publicado no blog e também serviu para ilustrar uma das páginas de uma revista que produzi como parte de um trabalho acadêmico na época. A quem interessar possa, abaixo está a republicação do texto e a reprodução da página que teve participação especial do meu pai, Paulo Soares, no tratamento da imagem.
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Obituário
*Escrito originalmente em 15/09/08

Certa vez, durante uma aula de Jornalismo Especializado, ouvi sobre uma função muito interessante desempenhada por alguns profissionais da imprensa. Não lembro o nome específico, mas a síntese é mais ou menos a seguinte: existe um certo funcionário em veículos de comunicação designado para reunir várias informações sobre celebridades e pessoas de destaque mundo afora, com o propósito específico de ter material suficiente para servir de base caso a pessoa venha a falecer. Já viu aqueles links na internet ou trechos de reportagens que enunciam: “Saiba mais sobre a vida e a obra de Fulano?”. Então. É pra isso. Assim, se a pessoa morre de repente, ninguém precisa ficar correndo atrás de informações que resumam o que de fato fez a vida do indivíduo virar algo de destaque. Macabro? Tá, pode ser. Mas eu achei tão interessante que penso que curtiria fazer um teste neste departamento. Tirando a parte ruim – do ter de noticiar um falecimento –, ficar reunindo dados sobre a trajetória das pessoas, me parece muito atraente.

O professor desta disciplina chegou a citar exemplos que normalmente aceleram a função destes profissionais. Tipo, se é necessário ter um histórico, já de arquivo, para quando certos famosos resolverem bater as botas, nada mais sensato que ir procurar os alvos mais prováveis de uma fatalidade. Exemplos? O papa João Paulo II, com a saúde tri debilitada por décadas a fio, e a Dercy Gonçalves, pra lá de idosa, já deviam ter seus históricos preparadinhos muito tempo antes do que realmente foi necessário. Os Mamonas Assassinas, por sua vez… Quem poderia imaginar que eles morreriam assim, no auge da carreira, com todo o gás? O Airton Senna ainda era um pouco mais provável, porque tinha uma profissão arriscada. Mas os Mamonas devem ter dado trabalho pro tal setor que alimenta o obituário dos jornais, revistas, sites etc. Imagino que foi correria geral.

Enfim, esta baita introdução é fruto do que eu estava refletindo há alguns dias, quando li que a última internação da cantora britânica Amy Winehouse foi em função de uma overdose de maconha. Parece que ela fumou haxixe durante 36 horas seguidas. Isto mesmo: 36 horas! Conforme as informações que correram o mundo por meio do tablóide The Sun, a brincaderinha deve custar à moça danos cerebrais permanentes, porque, além de usar o derivado da erva danada, ela fez uso de crystal meth, proveniente da heroína. Os médicos temem que o corpo dela – bastante fragilizado por causa de tantos excessos repetidos – possa acabar com os ossos quebrados. Já imaginou que loucura? Os amigos mais próximos, que viram ela passar mal, disseram até que as convulsões que a garota sofreu lembravam cenas do filme O Exorcista, em que a protagonista era possuída pelo capeta. Meu Deus!

Chega a ser triste. Eu não conheço muito bem o tipo de música que ela canta, porque minha praia é outra, mas dizem – não uma, nem duas, mas muitas pessoas – que Amy está sendo tal qual um furacão na música mundial. E o que levaria uma jovem de carreira tão promissora a escolher um caminho tão tenebroso quanto o das drogas, se ela parece ter boa parte de tudo o que as pessoas normais dizem precisar para serem felizes? Já ouvi opiniões frias a respeito ao comentar que sinto pena de observar esta situação: “Coitada? Coitado de mim que não tenho dinheiro!”.

Não vejo por aí. O dinheiro e a fama de Amy são apenas fatores que aceleram mais e mais a sua queda. O que se vê é uma pessoa cada vez mais vazia e frustrada que usa até a altura do penteado para indicar em que pé anda a sua depressão. Detalhe: o cabelo aparece cada vez mais alto. Neste caso, melhor ser pobre, saudável e feliz.

Enfim, a vida movimentada e polêmica do furacão Amy deve estar colocando ritmo acelerado ao trabalho dos caras do obituário. Mas é claro que, na minha opinião clássica de crente, a solução não virá por meio de consultas psiquiátricas, medicamentos e internações. Muito menos no aumento da venda de seus álbuns. Quem sabe dar mais veracidade ao clichê “Só Jesus salva”? Esperemos os próximos capítulos.

Taís Brem

Um novo post

Eu não tive nenhuma outra idéia melhor que essa para um título de um novo post a não ser “um novo post”. E é óbvio que ele teria de ser de frases. Trata-se de uma compilação de algumas declarações de celebridades (ou pseudo-celebridades), umas mais recentes, outras nem tanto assim. Com a correria do dia a dia e o twitter, que simplifica muito o que se quer falar na web, tenho andado meio em falta. Mas pretendo voltar. Esse, então, é o novo primeiro passo! =)
Taís Brem

“As crianças pedem autoridade. Essa coisa debatida com os estudiosos de educação de deixar a criança fazer tudo não é uma demonstração de amor. Ao contrário, amor é dizer ‘não pode’, o que é mais difícil.
Wagner Moura,
ator, sobre educação infantil. A opinião vem bem a calhar no dia em que o presidente pretende assinar um projeto de lei contra as palmadas…

“Sou a voz da Globo no esporte nos últimos 30 anos. Isso é uma coisa que pesa muito, para o bem e para o mal. Mas tenho a exata noção dos limites”.
Galvão Bueno,
narrador.

“Namorarei, noivarei e casarei quantas vezes forem necessárias, até encontrar meu verdadeiro amor”.
Thammy Miranda,
filha de Gretchen, ao dizer que pretende seguir o “exemplo” de tentativas amorosas da mãe. Recentemente, Thammy acabou um relacionamento homossexual com Jenifer Ferracini.

“Sinceramente, achava o Saramago parecido com o Pelé: bom no que faz, desde que calado”.
Dado Schneider,
comunicador, opinando, via twitter, sobre o escritor português, morto mês passado.

“A gente tinha dito que numa das danças terminaríamos com um selinho para mostrar que não temos pudor”.
Renato Zóia,
instrutor de Ana Maria Braga no quadro “Dança dos Famosos”, do Domingão do Faustão, sobre o final estratégico que levantou rumores sobre um possível caso entre os dois. Sem pudor? É, eles conseguiram mesmo atingir o objetivo.

“Ele só sabe dizer que a filha é linda, que tem o bumbum e as perninhas definidinhas, iguais às da mãe “.
Assessora da Scheila Carvalho,
sobre a opinião de Tony Salles, marido da dançarina, a respeito de Giulia, a filha recém-nascida dos dois.

Conversê

“Para a infelicidade de todos, não mudei nada depois disso! Fiquei com raiva por ter perdido esse tempo na minha vida. Mas, por sorte, ganhei muito dinheiro em um negócio enquanto estava em coma. Acordei e era só felicidade”.
Chiquinho Scarpa,
playboy, sobre o período em que quase morreu por complicações de uma cirurgia de redução de estômago.

“Quer dizer, a vida não tem tanta importância. O que importa é o maldito dinheiro e a vaidade. Legal, né?”.
Rosimari Bosenbecker,
esposa dele, indignada com a declaração.

“Infelizmente, meu anjo da guarda, certamente por ordem superior, não impediu meu acidente”.
Papa Bento XVI,
em tom de brincadeira, explicando o possível motivo para a queda que o fez fraturar o pulso, dia 17.

“Me perguntam se acho que mereço todo esse dinheiro. Respondo que não sei, mas que Jesus pagou um preço muito mais alto pela minha vida e de outras pessoas com seu precioso sangue na cruz”.
Kaká,
jogador de futebol, cristão e, agora, presbítero.

“O Romário é sempre o culpado por tudo. Quero dizer que não matei o Michael Jackson nem trouxe ao Brasil a gripe suína”.
Romário,
ex-jogador de futebol, debochando do episódio de sua prisão por dívida de pensão alimentícia.

“Ele disse que Cristo morreu com 33 anos e não teve tempo de pagar em vida o mal da humanidade, então as pessoas têm que pagar o que Cristo não teve tempo de fazer”.
Lily Marinho,
viúva de Roberto Marinho, ao falar da resposta que um padre lhe deu certa vez para o questionamento do porquê Deus permitir que aconteçam tantas desgraças no mundo. “Bom, foi a explicação que me deram”, completou, após um breve silêncio.