A ditadura das comemorações

Mesmo em tempos de dinheiro escasso, população continua mantendo hábito de consumir para celebrar efemérides (Foto: Roni Rigon/Agência RBS).
Mesmo em tempos de dinheiro escasso, população continua mantendo hábito de consumir para celebrar efemérides (Foto: Roni Rigon/Agência RBS).

Que o país está passando por uma séria crise econômica, todos sabemos. Mas, o que todos nós também temos conhecimento é de que, por mais apertadas que estejam as finanças, sempre há certo esforço para cumprir o protocolo de presentear em datas comemorativas. Pode ser que, em vez de grandes mimos, dê-se lugar às pequenas lembrancinhas – ou, em tempos de celebração pascal, troque-se os tradicionais e atrativos ovos pelas barras de chocolate. Mesmo assim, aqueles dias destacados no calendário têm um poder já bem conhecido de driblar até mesmo a falta de dinheiro e garantir que a tradição consumista, típica dessas épocas, siga se perpetuando.

Assim, as datas comemorativas são um motivo interessante para ganhar e dar presentes ou tornam-se um compromisso desagradável para quem quer poupar, mas se vê obrigado a sempre compartilhar desses momentos? Para o social media Iago Fernandes, 23, tais festividades têm sua importância, principalmente porque traduzem uma forma de mostrar o afeto e o carinho pelo outro. “As datas [comemorativas] trazem uma boa lembrança, assim como um incentivo ao que se comemora”, disse, ao comentar que, ele e os amigos costumam presentear-se mutuamente nas datas que celebram as profissões de cada um. Para isso, entretanto, até mesmo simples cartões são válidos. “Não precisa comprar necessariamente um bem material. O principal é descrever a intenção de ter chegado àquele contexto”.

Dia dos Namorados é uma das datas em que o comércio mais lucra (Foto: Taís Brem).
Dia dos Namorados é uma das datas em que o comércio mais lucra (Foto: Taís Brem).

De fato, ao presenciar o aumento nas vendas durante épocas próximas a datas comemorativas, percebe-se que grande parte da população também valoriza o hábito e vai além. Segundo o economista Ezequiel Megiato, 27, pela ordem, Natal, Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia dos Namorados são os períodos de maior consumo no comércio. “Em função do apelo que as datas exercem sobre as pessoas, aliado ao apelo comercial dos lojistas, nessas datas, os gastos aumentam devido à troca de presentes”, observou. “Evidentemente, muitas pessoas são mais propensas ao consumo e, às vezes, extrapolam o orçamento futuro, já que, quase sempre, optam por compras à crédito e essas compras, posteriormente, devem ser quitadas”. Para ele, que é professor e coordenador do curso de MBE em Controladoria e Finanças da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), há, inclusive, uma contradição quando a questão é economia. Se por um lado seria interessante que as pessoas pensassem formas de celebrar sem gastar tanto, para o comércio local, o melhor mesmo é que haja consumo. “Evidentemente, esse consumo precisa ser racional, para que não tenhamos um cenário de endividamento posterior, o que, seria ruim para as famílias e para o próprio comércio”.

Campanha
Aproveitando o feriadão que começou nesta sexta-feira (25) e encerra-se no domingo (27), a Associação Comercial de Pelotas (ACP) está divulgando uma campanha que reforça a necessidade do investimento por parte da população para aquecer a economia local. A peça relaciona a figura dos sonhos de consumo às compras em lojas da própria cidade para impulsionar o crescimento do comércio pelotense. E, claro, incentiva o público a “não deixar ninguém sem presente nessa Páscoa”.

Para auxiliar quem não quer abandonar a tradição, mas, mesmo assim, pretende aderir a um consumo o mais consciente possível, Megiato deixa algumas dicas: “Antes de consumir qualquer coisa, a recomendação é que se faça as seguintes perguntas: Posso adiar essa compra? Ela é realmente essencial? Quanto eu pagaria por ela à vista? E a prazo? Claro que em um período comemorativo, é difícil que alguém vá adiar a compra de um presente. No entanto, essas perguntas podem, de imediato, postergar o consumo desenfreado e auxiliar no planejamento financeiro pessoal”, finalizou.

Taís Brem

Preconceito ou valorização?

A entrada de alunos menos favorecidos na Universidade tem virado notícia em diversas plataformas (Foto: Divulgação).
O ingresso de alunos menos favorecidos na Universidade tem virado notícia em diversas plataformas e dividido a opinião do público (Foto: Divulgação).

A divulgação de aprovados em universidades do Brasil inteiro, em função do resultado do Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação (Sisu/MEC), no início deste primeiro semestre letivo, provocou uma onda de noticiários que enfatizaram especialmente a conquista de alguns estudantes ao adentrar no Ensino Superior. Jornais, revistas e sites de todo o país fizeram manchetes com a filha da doméstica que deu um novo rumo à história da família pobre, a travesti que conseguiu sua vaga na Universidade e o catador de lixo que, finalmente, pode começar seu plano de ser “alguém na vida”. A posição dos veículos de comunicação dividiu opiniões.

Enquanto parte do público apoiou a iniciativa e considerou essa uma forma justa de valorizar o feito de pessoas que se esforçaram tanto a ponto de romper com uma condição, a princípio, de desvantagem, outra parcela entendeu que noticiar tais acontecimentos reforça, ainda mais, o preconceito.

O publicitário Diego Lucas Barbosa, 26, faz parte do primeiro grupo. Para ele, esse tipo de notícia não agrega informações suficientes para formar uma opinião concreta em quem ainda não tem posicionamento formado sobre o assunto. “[A matéria] pode reforçar os pensamentos que os leitores já possuem. Se são contra, pode aumentar o preconceito. Se são a favor, fará ter orgulho da situação”, pontuou. “Aos indecisos, creio que elas deem um ‘empurrão’ para que se construa sua posição pessoal”. Já a auxiliar de Educação Infantil e acadêmica de Pedagogia Eloísa Santos, 43, disse enxergar nisso tudo um “preconceito camuflado”. “O QI [quociente de inteligência] de uma pessoa não está relacionado a cor, classe social ou sexo”, disse.

Começo de vitória

Transexual passou em universidade pública e virou notícia (Foto: Facebook).
Transexual passou em universidade pública e virou notícia (Foto: Facebook).

Amanda Palha é transexual e tem 28 anos. No início de 2016, ela foi notícia em vários canais por ter sido aprovada em primeiro lugar pelo Sisu no curso de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mas, para ela, sua conquista e outras semelhantes só podem ser consideradas um grande passo rumo a uma sociedade melhor a partir do que se faz com isso. “A mera inclusão de pessoas trans na faculdade não significa muita coisa se existir isoladamente”, comentou, em entrevista. “O que faz diferença é o que a gente faz dentro espaço. Por isso que eu não acho que é uma vitória ainda, é um começo”.

Após a divulgação da matéria no site da revista Exame, diversos internautas manifestaram sua opinião. “Não importa se ela é hetero, trans, travesti ou gay. Importa que ela está mostrando que as travestis também estudam e não são todas prostitutas, como a maior parte da sociedade generaliza”, disse um. Outro, menos favorável à publicação, discursou: “Segundo a Constituição, somos todos iguais, independente de gênero. Um hetero é mais intelectual que um homossexual, por isso precisa de holofotes quando passa em alguma coisa? Claro que não. O preconceito começa a partir do momento em que separam a população entre nós e eles”.

Como funciona o Sisu?
O processo seletivo do Sisu, que existe desde 2009, é uma forma que universidades públicas do Brasil têm utilizado para selecionar novos alunos, em detrimento do antigo vestibular. Para isso, o candidato efetua sua inscrição e o sistema seleciona automaticamente os candidatos mais bem classificados em cada curso, de acordo com suas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A partir daí, são considerados selecionados os candidatos classificados dentro do número de vagas ofertadas pelo Sisu em cada curso, por modalidade de concorrência.  Há instituições participantes do Sisu que disponibilizam uma parte de suas vagas para as políticas afirmativas que beneficiam afrodescendentes, indígenas e alunos vindos de escola pública, por exemplo.

Taís Brem

Espetáculo nacional tem última apresentação em Pelotas nesta quarta (16)

Peça "Sobre Si" é encenada pela Cia de Artes Nissi (Foto: Divulgação)
Peça “Sobre Si” é encenada pela Cia de Artes Nissi (Foto: Divulgação)

 

A Cia de Artes Nissi, maior companhia de teatro evangélico do Brasil, está em Pelotas desde o início de março para encenar sua mais nova produção, a peça “Sobre Si”. Nesta quarta-feira (16), haverá a última apresentação do grupo na cidade, no Ministério Casa de Oração (MCO).

No espetáculo, o grupo narra a trajetória da nobre família do patriarca Arnolf. Dono de um porto, ele encara a realidade de uma situação desesperadora que bate à porta de sua família. A peça desenrola-se com o questionamento de o que fazer diante de uma doença incurável. Aos cuidados do mordomo da casa, a família se surpreenderá com algo jamais esperado.

 

Cia Nissi é o maior grupo de teatro evangélico do Brasil (Foto: Divulgação)
Cia Nissi é o maior grupo de teatro evangélico do Brasil (Foto: Divulgação)

15 anos de estrada
A Cia de Artes Nissi tem como propósito principal utilizar o entretenimento como ferramenta para falar do amor de Deus às pessoas das mais variadas idades, crenças ou posições sociais. Para isso, conta histórias de profunda reflexão por meio do teatro, da música, do circo, da dança e demais expressões artísticas. Tudo começou há 15 anos, quando Caíque Oliveira, atual diretor geral da companhia, reuniu 12 jovens e viajou por diversos locais do Brasil e do mundo com a celebrada peça “Jardim do Inimigo”. Hoje mais de 100 voluntários integram o grupo.

Última apresentação em Pelotas ocorre dia 16 (Foto: Divulgação)
Última apresentação em Pelotas ocorre dia 16 (Foto: Divulgação)

Solo pelotense
Nesta quarta-feira (16), ocorre a última apresentação da peça “Sobre Si” nesta temporada, em Pelotas. O evento será realizado no Ministério Casa de Oração (MCO), avenida Duque de Caxias, 194, Fragata. Os ingressos custam R$ 5,00 e podem ser adquiridos a partir das 14h, na Loja Gospel @.P.Ester, Centro Comercial Bairro Cidade, loja 54, avenida Duque de Caxias, 390, Fragata. A entrada é limitada.

Taís Brem