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Então, diga!

“Aquilo que Deus quer, por pior que possa parecer, é o que há de melhor para nós”.
José Alencar,
vice-presidente da República, expressando sua fé no Todo-Poderoso, ao comentar a fase crítica que tem passado na luta contra o câncer.

“Se houvesse uma eleição para Deus, eu não votaria neste que está aí”.
Chico Anysio,
humorista, no caminho inverso do vice-presidente.

“Sou eu mesma quem faz todas as roupas da Stefhany, tudo com muito cuidado, para não expor a imagem dela”.
Nety,
mãe de Stefhany, a “cantora” descoberta via Youtube e que está fazendo o maior sucesso dentro e fora da rede com seu hit “Eu sou Stefhany”. Quem lê, até pensa que o figurino da moça é conservador. Mas engana-se: “Não posso colocar uma roupa comprida numa menina de 17 anos. Não quero que ela aparente ter 20 ou 25”, justifica a mãe…

“Quando jovem, queria ser uma dessas pessoas que saem pelo mundo pregando a palavra de Deus”.
Mara Manzan,
atriz global.

“É simplesmente nojento, animal e estúpido as pessoas com a cabeça fechada e que têm medo desse assunto”.
Daniel Radcliffe,
mais conhecido como o bruxinho Harry Potter do cinema, falando sobre homossexualismo. O rapaz está na capa mais recente da revista Attitude, voltada ao público gay.

“As chances de haver um velhote que se veste de vermelho e distribui presentes a bordo de um trenó puxado por renas voadoras parecem significativamente maiores do que as de existir uma inteligência infinita que criou o Universo e se interessa pelo destino individual de cada um dos 7 bilhões de terrestres, aos quais conhece desde criancinhas”.
Hélio Schwartsman,
colunista da Folha e ateu. Tadinho.

Salmos e Provérbios

 

Tenho uma amiga, a Gabi, a quem dei de aniversário uma caixinha de promessas. Sabe caixinha de promessas? Aquela coleção de versículos bíblicos distribuídos em papeizinhos coloridos dentro duma caixinha mimosa que os crentes ou simpatizantes costumam ter na cabeceira da cama, na bolsa ou sempre à mão. Uma Bíblia em miniatura, resumindo. Ela chama, carinhosamente, cada um desses versículos de “Salmos”. Vale a intenção, mas eu chamaria de “Provérbios”. E isso porque o conteúdo de cada papelzinho daquele chega a ser uma pílula de sabedoria e isso é, quase que em sua totalidade, a essência dos Provérbios.

 

Provérbios, aliás, é o livro que estou lendo nesse mês, numa dinâmica da igreja que frequento. A cada dia um, o que vem bem a calhar para um livro da Bíblia de 31 capítulos lido num mês de 31 dias. E no de ontem, Provérbios-16, uma das temáticas abordadas foi a dos planos humanos. É certo que, mesmo sem saber se concretizaremos ou não, sempre estaremos planejando algo. O ser humano, em geral, não está preparado para o fim. Mas, logo no primeiro versículo diz: “As pessoas podem fazer seus planos, porém é o SENHOR Deus quem dá a última palavra”. E, mais adiante: “A pessoa faz os seus planos, mas quem dirige a sua vida é Deus, o SENHOR”.

 

Lembrei disso hoje, quando li na internet sobre o polêmico deputado federal Clodovil Hernandes. Ele dizia não acreditar em morte, mas o dia dele chegou. E não deu nem tempo de saborear o banquete que preparou para comer hoje ou de ser senador, o que queria fazer no ano que vem. Quem definiu o desfecho da história foi Deus, como sempre. Confira as notas publicadas na coluna de Mônica Bergamo, da Folha.

 

PLANOS
Antes de sofrer um acidente vascular cerebral ontem, em Brasília, o deputado Clodovil Hernandes (PR-SP) tinha marcado almoço com a ministra Dilma Rousseff no próximo domingo. Também iria oferecer, hoje à noite, um jantar em sua casa para o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Disse que ele próprio havia preparado o menu, com vitela, lagosta, dois tipos de arroz e três sobremesas, na semana passada, e congelado os pratos.

NA PISTA
Clodovil também fazia planos políticos ambiciosos. “Quero ir para o Senado. Não sei se já em 2010 ou depois”, disse ele à coluna, na sexta à noite.

 

Taís Brem

Samba, suor e cerveja

 

Saiu na coluna “Outro Canal”, de Daniel Castro, na Folha de S. Paulo:

 

A Record vendeu a alma ao “demônio” por R$ 2,6 milhões. Esse é o valor que a AmBev pagou para ter uma hora de Carnaval na rede do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

 

Neste ano, a Record transmitiu diretamente do camarote da cerveja Brahma, no sambódromo do Rio, dois programas de meia hora cada um. O primeiro foi ao ar à 0h30 de segunda (23), antes da programação religiosa. O segundo, na terça (24), no mesmo horário. Serviram mais para promover o camarote “número 1” do que o consumo de cerveja.

 

Segundo um executivo da Record, foi uma operação de venda de horário, ou seja, a Brahma não atuou como patrocinadora, mas como dona dos 60 minutos de folia na Record. Os R$ 2,6 milhões também cobriram custos de produção da Record. A marca de cerveja teve total controle editorial, determinando quem Maria Cândida, da Record, entrevistaria.

 

Vestindo camiseta do camarote, a jornalista Maria Cândida, sem aparente constrangimento, perguntou: “Este aqui é o camarote número 1 para você?” (ao jogador Ronaldo), “Por que o camarote da Brahma é o número 1?” (a Amandha Lee, atriz, e Nalbert, do vôlei), “Você gosta de cerveja?” (a Rodrigo Santoro, “derretendo” de calor). Aplicada, Maria Cândida ainda se referiu ao camarote como “o mais disputado, o mais glamouroso” e agradeceu a Santoro em nome da Brahma.

 

Pagando bem, que mal tem?

 

Taís Brem

Telinha ou cofrinho?

 

Não é de hoje que o conteúdo da telinha da Rede Record deixa a desejar. Principalmente quando o assunto é o questionamento sobre a influência dos donos – cristãos,  a princípio – na programação. E isso também vale para outros veículos do grupo da Igreja Universal do Reino do Deus, como a Folha Universal. Combina, por exemplo, estampar na mesma capa o slogan “Um jornal a serviço de Deus” e uma manchete que faz clara apologia ao aborto, um dos crimes que o próprio Deus (pelo menos o meu) abomina? A mim, parece que não. Mas foi o que eles arriscaram fazer numa de suas edições, ano passado.

 

Quando a questão vai para a quantidade de cenas de violência em filmes e séries, o apelo à sexualidade e até os toques místicos da novelinha dos mutantes, parece meio inadequado querer “encaretar” muito a programação, afinal estamos falando de mídia, o que exige um certo jogo de cintura, não é mesmo? Se é para chamar atenção do público, que se dê o que o público vai gostar, contrariando ou não os padrões que alguns consideram ideais.

 

Ouvi falar certa vez, que, perguntado sobre o exagero na quantidade de mulheres seminuas em sua emissora, Sílvio Santos, o manda-chuva do SBT, disse que, para ele, o que importava era a audiência. É mulher pelada que dá ibope? Então é isso que o povo vai ter. Simples assim. Não deveria caber o mesmo pensamento a uma emissora de origem cristã, mas temo que esta também seja a linha de raciocínio de Edir Macedo e seus discípulos. E um pequeno exemplinho de que isso pode ser verdade foi publicado na coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo de sexta-feira (16):

 

Baixou o “Big Brother” no “Fala que Eu Te Escuto”, da Record, na quarta. Com imagens da atração global tiradas da internet, o programa discutiu se os participantes de reality shows “o fazem por fama, ganância ou diversão”.

Por telefone, telespectadores reclamavam da falta de conteúdo cristão na TV, quando um dos pastores-apresentadores disparou: “Mas se colocar um reality show cristão no ar, nem os cristãos vão assistir”.

 

Tire suas próprias conclusões…

Taís Brem

 

 

A própria cegueira

 

saramago

 

Ele é aclamado no mundo inteiro por conta de seus livros, considerados verdadeiras obras-primas. Mas, quando se trata de espiritualidade, José Saramago, autor de “Ensaio sobre a Cegueira”, é o próprio cego. Foi o que deu pra notar dando uma olhada num vídeo de uma entrevista com ele que circula pela internet.

 

Confesso que sei muito pouco sobre a figura. É português. Ganhou o prêmio Nobel de Literatura. E escreveu este tal romance que virou filme e tem emocionado muita gente. Cristãos, inclusive. Enfim, deve ter seu mérito. Entretanto, qualquer pontinha de pré-admiração que eu pudesse ter por ele a ponto de me levar a pesquisar mais sobre sua vida e obra caiu por terra ontem, quando vi este vídeo. Trata-se de uma sabatina feita por alguns jornalistas da Folha. Nela, o cara fala, entre outras coisas, do que pensa sobre Deus e de como visualiza a Bíblia e coisas que, na sua opinião, a Igreja teria inventado, como o pecado e o inferno.

 

Parece que não é a primeira vez que ele dá suas alfinetadas no cristianismo e faz questão de dizer que é ateu. Não deveria. Entretanto, se fosse apenas uma opinião isolada que não fizesse diferença alguma para o resto do mundo, paciência. Não fomos criados como robôs e ninguém tem a obrigação de pensar de uma única forma. As religiões e seitas existem aos montes por aí – inclua-se nisso o ateísmo.  Cabe a cada um definir o que é melhor para sua vida. O problema é que, por ser alguém de muita influência, considerado extremamente sábio por público e crítica em todo o planeta, Saramago chega a envenenar com suas declarações pagãs. Basta observar os risinhos de aprovação e os aplausos da platéia para comprovar o efeito que sua postura causa.

 

Um dos repórteres perguntou se, após a cura da doença respiratória que quase lhe custou a vida, sua percepção sobre Deus havia mudado. E ele, sarcasticamente, responde: “Por que mudaria? Quem me curou foi meu médico e aquela senhora que está sentada ali”, disse, fazendo referência à esposa, Pilar. Logo depois, emendou: “Não quero ofender ninguém, mas, para mim, Deus não existe. Não brinquemos com estas coisas”.

 

Na seqüência, o autor, atualmente com 86 anos, diz acreditar que Deus é apenas uma invenção dos homens. Coisa de alguém que teve medo da morte e pensou que era melhor se agarrar à possibilidade de existência de um ser superior. Daí, segundo ele, é que a Igreja Católica teria aproveitado também para criar o inferno e o purgatório. O pecado, outra invenção, seria um “instrumento da igreja para controlar os corpos”.

 

Para arrematar os comentários de fundo (anti) religioso, Saramago fala que a Bíblia é um verdadeiro desastre. Foi escrita por homens e, por isso, não merece crédito. Além do mais está cheia de exemplos de incestos e assassinatos. “Não é um livro que possa ser deixado na mão de um inocente”, completou. Aham. Quem sabe a sua coleção aclamada mundo afora possa. Coleção esta que inclui o livro que lhe garantiu o Nobel de literatura, há dez anos, chamado “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Trata-se de um relato que, conforme a jornalista Maria das Graças Targino, mostra um “Deus vingativo”, um “diabo simpático” e um “Jesus maravilhosamente imperfeito”. “Uma obra-prima recheada de passagens literalmente incríveis”, comenta a moça, encantada.

 

Tá vendo como estas baboseiras perturbam a cabeça das pessoas? Mas, como ele é um intelectual inteligentíssimo, o cara, um grande sábio, tá valendo. Louco e ignorante é quem ousa discordar.

 

Taís Brem

Bueno!

 

“Os jogos de poder e as intrigas amorosas comuns à nossa natureza estão nessas obras. A Bíblia é um verdadeiro catálogo das paixões humanas”.

Moacyr Scliar, escritor, sobre o livro “Manual da Paixão Solitária”, que escreveu com base em Gênesis-38. A passagem bíblica narra a definição da linhagem de Judá a partir do incesto provocado por sua nora, Tamar.

 

“O que a minha família me passou foi esse conceito muito claro de liberdade: ‘Não tem que casar, não tem que ter filho. Você tem é que lutar para ser livre’”.

Glória Maria, jornalista.

 

“Associar o Saci à imagem de demônio não é válido. Pela lenda, ele é um menino sapeca que preferiu ser livre em vez de viver na senzala nos tempos de colonização do Brasil. Cada um cria sua imagem do Saci”.

Mário Candido da Silva Filho, presidente da Sociedade de Observadores de Saci (Sosaci), defendendo o personagem. 

 

“Não gosto daquela felicidade plena que o Dalai Lama prega. Você não vai ter um estágio idiota de alegria. Isso é o dia-a-dia, isso é a realidade’”.

Evandro dos Santos, humorista e intérprete do personagem Christian Pior, do Pânico.

 

“Eu apresentei a ela heroína, cocaína e a autodestruição. Me sinto mais do que culpado”.

Blake Fielder-Civil, (quase-ex) marido da cantora Amy Winehouse, assumindo a culpa pelo estado extremo de dependência química a que a garota chegou.

 

“Recebi um telefonema de alguém que achava que o Garfield deveria fazer um vídeo de exercícios para compensar os maus hábitos. Garfield e exercícios, é forçar a barra”.

Jim Davis, criador de Garfield, ironizando a opinião de quem acha o personagem sedentário um mau exemplo por aparecer apenas comendo e dormindo nas tirinhas.

 

“Precisamos de Deus para quê? Nunca o vimos. Tudo aquilo que se diz sobre Deus foi escrito por pessoas”.

José Saramago, prêmio nobel de Literatura, criticando a crença na existência de Deus. Durante sabatina da Folha de S. Paulo, o escritor português ainda taxou a Bíblia de “desastre” que, por ser “cheia de maus conselhos”, não deve ser “deixada na mãos de inocentes”.

 

 

Aham

 

“Quem faz a minha cabeça é Jesus Cristo”.

Tavares de Miranda, colunista social da Folha de S. Paulo, respondendo, em 1983, à enquete do caderno Ilustrada que perguntava quem mais fazia sua cabeça: o cantor Caetano Veloso ou o jornalista Paulo Francis. Pelo jeito, nenhum nem outro.

 

“Festa de estréia, depois de uns champanhes, numa casa noturna classe A da capital do Rio de Janeiro é bem diferente de porradas diárias de um troglodita bêbado que bate na mulher num barraco no interior do Piauí”.

José de Abreu, ator, tomando as dores por Dado Dolabella e pedindo que Luana Piovani retire a queixa por agressão que prestou contra o noivo na delegacia. Abreu considera um exagero encaixar a confusão nos moldes da Lei Maria da Penha.

 

“Isso é coisa de gente que vai precisar viver mais trinta vidas para aprender a respeitar o próximo”.

Rubens Barrichello, piloto, respondendo a um repórter sobre o que pensa das piadinhas feitas a seu respeito.

 

“É como se a gente tivesse tido uma juventude maravilhosa, aí veio a revolução e, de repente, a gente se encontra através dos arames do campo de concentração, olhando um para o outro, fazendo o que mandam a gente fazer”.

Luís Gustavo, ator, comentando como se sente ao contracenar com atrizes como Ana Rosa e Débora Duarte 40 anos depois da novela ”Beto Rockfeller”, considerada uma marco na tv brasileira. Para Gustavo, atualmente, está “insuportável” fazer televisão.

 

“Minha ex-namorada assistiu ao filme e do que ela mais gostou foi da minha cena de sexo com a atriz Gabriela Luiz. A minha ex-namorada ama meu corpo e, quando me viu nu, ficou maluca”.

Michel Gomes, protagonista do filme Última Parada 174. Nada convencido…

 

“Quero deixar para cada leitor a certeza de que eu também sei que Jesus não nasceu exatamente no dia 25 de Dezembro, mas tudo o que pudermos fazer para declarar o nosso amor pelo Senhor e usarmos como ferramenta de fé e evangelismo, deve ser feito”.

André Valadão, pastor e músico gospel, defendendo seu lançamento intitulado Clássicos de Natal. A proposta de Valadão no novo cd contradiz alguns setores da igreja evangélica – leia-se o que eu pertenço – que consideram o Natal comemorado no Ocidente uma festa pagã.

 

“A Record não tem um ambiente neurótico como lá [na Globo], ninguém fica dando ataques e chiliques, não se infla o ego das pessoas, todo mundo é igual”.

Luiza Thomé, atriz, elogiando a nova casa e criticando a antiga. Sem neuroses? Então, tá bom…