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Entre o consumismo e o desapego

Moda dos brechós on-line é uma das maneiras de incentivar o consumo sustentável

(Foto: Divulgação).
Artigos são vendidos pela Internet a preços simbólicos (Foto: Divulgação).

A bem da verdade, ela considera que colaboraria bem mais para o fim do consumismo – ou para uma diminuição significativa dele em sua esfera de convivência – se promovesse um troca-troca de roupas, calçados e acessórios com seus conhecidos. Mas, como um dinheirinho extra é sempre bem-vindo, a opção foi mesmo por organizar um brechó on-line. Na roda, entraram peças que a jornalista Nathalia King, 28, não usava mais e estavam ocupando o espaço que ela precisava esvaziar, em função da mudança para um imóvel menor. A quantidade de bens era grande, assim como foi a coragem de colocar em prática o tal do desapego, conceito que tem viralizado dentro e fora das redes sociais.

Jéssica trabalha com moda e sustentabilidade (Foto: Arquivo Pessoal).
Jéssica trabalha com moda e sustentabilidade (Foto: Arquivo Pessoal).

A estudante do terceiro semestre do curso de Design de Moda da Universidade Católica (UCPel) Jéssica Madruga acompanhou a onda dos brechós virtuais desde o começo em Pelotas, há uns dois anos, e acha iniciativas do tipo super positivas. Funciona assim: pelo Facebook ou outros canais semelhantes as pessoas expõem fotos de coisas que não utilizam mais – seja porque deixaram de servir ou não agradam mais – e colocam os objetos à venda. “No início, havia quem quisesse ganhar dinheiro mesmo com isso. Mas, depois, as pessoas passaram a se desfazer de suas roupas por um preço simbólico, apenas para fazer circular essas peças de um jeito não-agressivo para elas e para o meio ambiente”, disse ela que, além de trabalhar com projetos que aliam moda e sustentabilidade, é cliente assídua de brechós físicos, também. “Esses artigos, de certa forma, terão seu período de vida útil aumentado, não serão jogados fora, serão reaproveitados. E, enquanto isso, as pessoas continuam consumindo, mas de um jeito mais inteligente do que só focado no acúmulo desnecessário”.

Nathalia King (Foto: Arquivo Pessoal).
Nathalia King (Foto: Arquivo Pessoal).

Na calculadora de Nathalia, o “preço simbólico” a que Jéssica se refere varia de R$ 10,00 a R$ 30,00, não muito além disso. “Primeiro, doei muita coisa. Depois, o  objetivo foi vender as roupas para que elas fossem usadas por pessoas que realmente as apreciariam. Pelo menos, os preços são bem menores [que no comércio convencional] e ninguém se endivida”, disse, divertindo-se. “Admito que comprar dá uma sensação maravilhosa, mas, hoje em dia, não me considero mais uma pessoa consumista, como já fui – e muito!. A gente vai crescendo, amadurecendo e tendo novas prioridades. Aprendi que, economizando, posso ter conquistas bem maiores do que a compra de uma peça de roupa, por exemplo. E essa é a mentalidade. O primeiro passo é se livrar dos inúmeros cartões de crédito. Depois, passar a valorizar o que realmente é importante, sem esquecer de fazer aquela perguntinha: ‘Eu preciso disso mesmo?'”.

Blusa foi vendida no Brechó da Nath por R$ 15,00 (Foto: Arquivo Pessoal).
Blusa foi vendida no “Brechó da Nath” por R$ 15,00 (Foto: Arquivo Pessoal).

Consumo equilibrado
A também jornalista Yéssica Lopes, 23, diz não se considerar alguém consumista quando se trata do que ela chama de “bens materiais mais práticos”, como roupas e acessórios. “A maioria das minhas roupas é presente de família, que ganhei no aniversário, Natal…”, explicou. “Atualmente, só compro quando realmente não tenho outra escolha. Muitas peças da minha mãe me servem e isso facilita na hora de eventos mais formais. Já no sentido de ‘prazeres do dia a dia’, sim, me considero consumista. Prefiro andar a pé e de ônibus e poder beber uma cerveja todo dia a ficar pagando prestação de carro ou algo do gênero”.

Yéssica Lopes (Foto: Arquivo Pessoal).
Yéssica Lopes (Foto: Arquivo Pessoal).

Todo esse desprendimento deu um bom incentivo para que Yéssica também fizesse uso do Facebook para “comercializar” alguns itens que estavam sobrando em seu armário. Ou melhor: armários, no plural mesmo. “Morei cinco anos em Pelotas e, quando retornei a minha cidade natal, Rio Grande, estava praticamente com dois guarda-roupas completos. Então, separei umas cinco malas de roupa e doei quase tudo! Com algumas peças, eu tinha algum apego, como o vestido que usei na minha formatura de Ensino Médio, por exemplo. E fui enrolando”. Até que, há aproximadamente um ano, Yéssica atingiu seu limite de estresse por causa da dedicação extrema à carreira profissional. “Chegava a ser superior ao que eu dedicava a mim mesma. Então, comecei a encarar a vida de outra forma. A forma que encontrei de conseguir entregar peças bacanas às pessoas e receber um valor quase que simbólico pela troca foi a maneira que consegui desapegar de roupas que, em muitos casos, nem havia utilizado. Daí surgiu a ideia do brechó”, relatou.

Calça jeans foi um dos itens comercializados no brechó "Praticando o desapego" (Foto: Arquivo Pessoal).
Calça jeans foi um dos itens comercializados no brechó “Praticando o desapego” (Foto: Arquivo Pessoal).

Obviamente, sua atitude acabou beneficiando a ela mesma e, as economias que fez, geraram uma poupança em que ela deposita verba para viajar de vez em quando e aproveitar a vida. “O mundo anda uma loucura sem fim. Acredito que toda e qualquer ação que tente reduzir o consumo seja válida, do copo plástico ao sapato. Não serei demagoga a ponto de querer que todos se vistam da mesma forma todos os dias. Eu não faria isso. Mas, algumas ações caminham para o equilíbrio e isto sempre será benéfico, disse Yéssica. “Tenho uma linha de pensamento bem simples: tudo em excesso faz mal. Resta saber qual é o limite de cada excesso que carregamos”.

A voz das estatísticas
Se levarmos em conta o que diz a pesquisa de mercado divulgada pelo Instituto Euromonitor International, não dá para colocar o consumismo de um lado e o desapego de outro, taxativamente, por mais contraditório que pareça. Um relatório chamado As dez tendências globais de consumo para 2014, que veio a público no início do ano, mostra, entre outros dados, que as pessoas continuam em busca da boa e velha sensação de saciedade que acompanha a aquisição de um novo produto. Por causa disso, as tais compras por compulsão ainda não viraram comportamentos extintos. Entretanto, já é possível observar que esses mesmos consumidores estão muito mais atentos ao impacto que suas compras podem gerar na sociedade e no meio ambiente. A divulgação de notícias de marcas internacionais que fabricam suas peças às custas de trabalho escravo em países subdesenvolvidos, por exemplo, tem colaborado para que as pessoas revejam suas ações e busquem apoiar causas política e ecologicamente corretas.

Brincadeira sustentável

Suélen, Alonzo e Valquíria (Foto: Edyd Junges).
Suélen, Alonzo e Valquíria (Foto: Edyd Junges).

Os irmãos Alonzo, 8, e Valquíria, 6, estavam empolgadíssimos com a chegada do Dia das Crianças semanas antes de o calendário de 2014 marcar, de fato, o 12 de outubro. Por outro lado, os dois já tinham a consciência de que, assim como ganhariam presentes na data comemorativa, tinham a missão de separar alguns itens usados para trocar pelos novos integrantes de sua brinquedoteca particular. Há cerca de dois anos, esse é um trato que eles têm com os pais, o casal de comunicadores Edyd, 28, e Suélen Junges, 29. “Nós dois conversamos e achamos que a melhor forma de ensinarmos eles a não acumular coisas em vão era incentivar a doar”, disse o publicitário. “Não só no Dia das Crianças, mas no Natal ou nos aniversários deles, vamos até o baú de madeira onde eles guardam os brinquedos e, se vemos que há um acúmulo muito grande, separamos aqueles que ainda estão em boas condições para ‘passar para a frente'”, comentou. “De tempos em tempos, damos uma esvaziada no baú”. E todos saem ganhando.

Taís Brem
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Entre risos e recordações

Bom humor pode ajudar na memória (Foto: Divulgação)
Bom humor pode ajudar na memória (Foto: Divulgação)

Os especialistas dizem que nós, os seres humanos, somos capazes de lembrar o que nos aconteceu aos dois anos de idade. Eu não lembro se eu tinha dois anos naquele dia. Talvez, um pouco menos. Talvez, mais. Mas, lembro que eu estava sentada no chão da sala de casa, brincando com o meu lego, enquanto meu pai se despedia para ir trabalhar. Lembro do dia em que minha mãe chegou em casa chorando, porque tinha sido mandada embora do emprego. Sempre foi raro ver minha mãe chorar. Deve ser por isso que marcou. Lembro, também, de quando aprendi a ler. Meu pai perguntou se eu sabia o que estava escrito no jornal. Eu disse que não. E ele falou, então, que iria me ensinar. Nesse caso específico, eu já tinha uns quatro ou cinco anos.

Nossa memória é uma coisa bem interessante. Às vezes, recordamos de fatos distantes, ocorridos há décadas. Mas, não somos capazes de descrever o cardápio de ontem. Minha falecida vó Nilza era craque nisso. Volta e meia, ela contava em detalhes a cena que emoldurou a briga histórica que ela e a sogra tiveram no início de seu casamento – leia-se há mais de 60 anos. Parecia que tudo tinha acontecido uns cinco minutos atrás. Era incrível! Principalmente, porque quando se tratava de lembrar o que, de fato, tinha ocorrido há pouco tempo, a memória dela tirava sarro da cara de todo mundo. A pessoa podia tê-la cumprimentado com pompas e honras na chegada da festa que, com certeza absoluta, ao passar por ela de novo, iria ouvir, em alto e bom som: “Não vais falar comigo? Ah, tá! Pensei que tinha te feito alguma coisa!”. Era assim sempre, tão certeiro quanto 2+2 são 4. Em questão de minutos (minutos, mesmo!), ela já esquecia se tinha falado ou não com a pessoa. E, principalmente, se a pessoa tinha ou não falado com ela…

O curioso é que esquecer das coisas não é privilégio de quem já tem uma idade avançada, como tinha minha avó. Os mais novos também se esquecem. A chaleira no fogo, a data do aniversário do melhor amigo, a chave pendurada pelo lado de fora da porta… Quem nunca?

Para resolver o problema, especialistas e leigos dão inúmeras dicas: de tratamentos medicamentosos a cursos de memorização, de alimentação saudável a abandono de vícios, como o álcool e o cigarro. E rir mais. Sim, uma pesquisa desenvolvida recentemente pela universidade californiana de Loma Linda mostrou que, quanto mais se diverte, menos estressada a pessoa fica. E como o estresse é inimigo da memória, quem ri mais, tende a ter uma memória melhor. Por via das dúvidas, não custa tentar. Se o nível de recordação não melhorar, pelo menos a vida vai ficar mais divertida.

Taís Brem

Black Friday made in Brazil

Promoção ocorrida há duas semanas mostrou que empresas ainda tentam enganar o consumidor

No Brasil, promoção tem o negativo rótulo de "Black Fraude" (Foto: Taís Brem)
No Brasil, promoção tem o negativo rótulo de “Black Fraude” (Foto: Taís Brem)

Há duas semanas, está aberta a temporada oficial de compras para as festas de fim de ano. É o que diz a cópia brasileira da tradicional promoção do comércio americano, a tal Black Friday, ocorrida por aqui no dia 29 de novembro. A sexta-feira que antecede o feriado de Ações de Graças na terra do Tio Sam é marcada pela desesperada procura dos clientes por preços mais baratos que os convencionais. Mas, a onda do varejo que existe desde a década de 1960 nos Estados Unidos não tem, pelo menos por enquanto, muita semelhança com o que acontece no Brasil há quatro anos. Se lá, a chamada “sexta-feira negra” é cenário, inclusive, para cenas de violência (onde pessoas cospem umas nas outras ou disparam tiros para garantir pechinchas), aqui o consumidor tem mesmo é que se cuidar para não ser violentado pela esperteza das empresas, que não raro aproveitam a oportunidade para maquiar preços, alardear descontos que, na prática, não existem e faturar em cima da ingenuidade dos clientes.

A tática, apelidada de “Black Fraude”, tem chamado a atenção, até do Procon, o Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor, que multa as empresas que comprovadamente usam de “má-fé” com o público. As reclamações registradas por compradores tanto de lojas físicas quanto de virtuais no Procon ou em sites como o Reclame Aqui bateram recorde em 2013: em apenas 12 horas de promoção, havia mais de 5 mil queixas registradas contra 8 mil em um período de 24 horas no ano passado.

Maquiagem comprovada

Pesquisa mostrou resultados da edição 2013 (Foto: Taís Brem)
Pesquisa mostrou resultados da edição 2013 (Foto: Taís Brem)

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (13) pelo Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (PROVAR/FIA), em parceria com a empresa de monitoramento de preços no comércio virtual Íconna mostrou que 21,5% dos produtos pesquisados apresentou alta de 10,2% nos preços. Ao todo, foram analisadas as variações de preços de 1.312 produtos, como aparelhos de ar condicionado, lavadoras, câmeras digitais, fogões, cooktops, aparelhos de DVD, refrigeradores, filmadoras, impressoras, livros e conjuntos de panelas. Mas, nem tudo foram espinhos: em relação aos produtos com redução, 9,5% dos itens apresentaram desconto médio de 11% nos preços. Embora pareça pouco, os números são menos desagradáveis que em 2012, quando apenas 2,8% dos produtos apresentaram queda média de 6,3%. “Houve promoções e alguns itens apresentaram grandes quedas, mas um consumidor sem referência de preços correu um risco maior de pagar mais caro do que obter um bom desconto no dia da promoção”, afirmou o diretor de pesquisas do Provar e coordenador da pesquisa, Nuno Fouto.

Mesmo com todos os inconvenientes, a edição 2013 da Black Friday Brasil movimentou R$ 424 milhões somente em vendas no ambiente virtual, o que se traduz como 95% a mais do que o registrado em 2012, quando o faturamento chegou a R$ 217 milhões.

Andressa queria um livro e uma camiseta (Foto: Arquivo Pessoal)
Andressa queria um livro e uma camiseta (Foto: Arquivo Pessoal)

A fotógrafa Andressa Barros, 27, estava “enrolando” há um tempão para comprar uma camiseta com a imagem do roqueiro Ozzy Osbourne estampada. Preço básico do objeto de desejo em dias normais: R$ 75,00 mais frete (R$ 16,00 via PAC, a encomenda “econômica” dos Correios, e R$ 34,00 via Sedex, o serviço de encomenda expressa). No dia 29, quando conversou com o Blog Quemany, Andressa tinha acabado de ouvir falar que todas as t-shirts do site paulistano por que se enamorara estavam com preço reduzido: R$ 39,00. A oferta foi uma tentação. “Nunca comprei nada [na Black Friday], mas se essa camiseta fizer parte da promoção, com certeza estrearei minhas compras hoje”, disse, ao citar que também estava de olho num livro de composição fotográfica que estava por R$ 9,00.

Ana e o irmão: sugestão de presente (Foto: Arquivo Pessoal)
Ana e o irmão: sugestão de presente (Foto: Arquivo Pessoal)

A gerente administrativa Ana Carolina Magalhães, 21, queria mesmo era adquirir uma câmera fotográfica. Só que… “Há um mês, ela estava por R$ 699,00 e, na Black Friday, continua com o mesmo preço, mesmo anunciada como promoção. Ou seja, não compensa”, comentou. Para ela, a ilusão dos consumidores se deve ao “vislumbre das propagandas”. “As empresas fazem o cliente acreditar que está fazendo um bom negócio. Só que para se certificar disso, é necessário fazer uma boa pesquisa”, opinou ela, que chegou a postar em seu perfil do Facebook o indignado post “Que Black Friday mais fajuta!”. Contudo, momentos depois, Ana encontrou na promoção uma forma de garantir economia para o bolso do irmão, no caso de ele desejar comprar uma “lembrancinha” para ela: “Aproveita o preço de hoje e já compra meu presente de Natal! Grata!”, cutucou, linkando o site que anunciava a promoção da coleção de 40 DVD’s com as dez temporadas completas do seriado americano Friends.

Coleção de temporadas de seriado estiveram em promoção (Foto: Divulgação)
Coleção de temporadas de seriado esteve em promoção (Foto: Divulgação)

Taís Brem
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A quem interessar possa

Olhando as estatísticas do blog, atualizei meus conhecimentos acerca da visitação feita por aqui, especialmente nesse tempo em que estive meio off. Então, fazendo jus ao título deste post, a quem interessar possa, estou tornando público o ranking com os dez posts mais visualizados. Além da home page  pura e simples do blog, que já teve mais de 18 mil visitações, aí vai a lista dos textos mais procurados. Se quiser ler também, clica em cima e vai lá. Não esquece dos comentários!

 

Taís Brem

1º – Obama por nove frases, com 575 visualizações: Uma seleção de declarações de anônimos e famosos sobre a vitória do primeiro presidente negro dos EUA.

2º – Salmos e Provérbios, com 392 visualizações: O que o conteúdo da famosa caixinha de promessa tem a ver com Clodovil? Clica e descobre!

3º – A cara jovem do Brasil, com 320 visualizações: O resumo de um levantamento do Datafolha sobre a juventude brasileira. Inclui seleção de frases também!

4º – Irmão Marley, com 304 visualizações: Você sabia que Bob Marley se converteu ao cristianismo pouco antes de morrer? Cazuza também. Leia aqui!

5º – Didático?, com 274 visualizações: Os péssimos exemplos de literaturas nada educativas que têm aparecidos nas prateleiras de bibliotecas escolares.

6º – Anã ou menina prodígio?, com 202 visualizações: De tanto sucesso, o fenômeno infantil Maísa Silva chega a causar até medo.

7º – O filme do Coringa, com 201 visualizações: As bizarrices de um longa em que o coadjuvante quase roubou a cena principal.

8º – Idade não é documento, com 170 visualizações: Uma distinta “senhora de idade” e suas aventuras pela mídia em busca de sexo.

9º – Mate amargo, com 148 visualizações: Um estudo que mostra que o chimarrão pode ser tão tóxico quanto um maço de cigarros. Será?

10º – Frases – parte X, com 114 visualizações: Meu décimo post de frases . Traz declarações curiosas de figuras como Alinne Moraes, Paris Hilton e Rodrigo Santoro.

Ô, hein?!

 

“Minha atriz preferida, nunca me esquecerei de você! Tudo por causa da novela ‘Senhora do Destino’”.

Lula, presidente da República, em recente encontro com Susana Vieira, elogiando a atuação da atriz na novela Senhora do Destino (2004/2005). Susana interpretava uma nordestina da terra dele. Vendo novela, hein, presidente?

 

“Me bato muito por expressões como ‘denegrir’, ou ‘a fome é negra’. Quando o poder for mais bem etnicamente distribuído, essas coisinhas de origem racista vão sumir”.

Juliana Alves, atriz, sobre o preconceito racial.

 

“A junção de sagrado e mundano causa estranheza, que pode ser ruim ou ter apelo como bom marketing religioso”.

Clara Mafra, antropóloga e pesquisadora da religião evangélica, sobre a iniciativa da Igreja Renascer, em São Paulo, ao introduzir um ringue de vale-tudo ao lado do altar, como estratégia de evangelismo. Ela diz que a atitude não choca, porque inovar é um hábito dos cristãos. “Nos anos 1940, eles introduziram no Brasil guitarras em cultos. E nos anos 1950, a Assembleia de Deus fez até concursos de miss entre as irmãs. Não deu certo”, disse.

 

“Com muito custo terminei o segundo grau. Se for presa, vou para a galera, não vou ter regalias”.

Paula Lavigne, empresária.

 

“Já posso pegar ônibus de graça e pagar meia-entrada no cinema”.

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, comentando sua aposentadoria.

 

“A gente tem que se segurar, ciente de que eles não vão ter essa vitória extrema como querem, porque nós adoramos o sagrado, o orixá, e estamos entregue a eles, nossa vida. Evidente que o negativo não vai vencer o positivo”.

Stella de Oxóssi, ialorixá, opinando acerca da rixa entre os umbandistas e os adeptos dos movimentos neopentecostais na Bahia.

 

 

Na vitrine

 

Não precisa nem dizer que esta época do ano é a mais propícia para que as pessoas andem com seus corpos em maior exposição, devido ao calor em excesso. E na praia, entra moda, sai moda, nenhuma vestimenta faz mais sucesso que o famoso biquíni. Pois, veja bem: um estudo apresentado para a Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) mostra que, quando vestidas de biquíni, as mulheres são vistas pelos homens como objetos. Manequins de vitrine, seria? Praticamente isso.

 

Mas, não culpemos os homens. “Eles não têm essa atitude de uma forma premeditada. É algo que eles não racionalizam”, afirmou uma das mentoras do experimento, a professora de Psicologia da Universidade de Princeton Susan Fiske. Dizem os entendidos que o estudo sugere também a explicação para o fato de personagens como Tiazinha e Feiticeira conquistarem tantos admiradores: quando o rosto da dita-cuja está escondido, a sedução é ainda maior…

 

E para que servem as conclusões deste trabalho? De acordo com Susan, para aplicações bem práticas, como, por exemplo, justificar porque um patrão beneficia certas companheiras de trabalho em detrimento dos demais funcionários da empresa. Depende de como ele idealiza aquele corpo. É a velha história dos estímulos visuais (do namorado, do patrão, do estuprador e por aí vai) ligados aos impulsos de todo o resto do desejo humano. E depois, dizem que não tem nada a ver…

 

Taís Brem

Coisa de cinema

 

Sabe aquelas tramas cinematográficas estilo “água com açúcar” que dão a idéia de que todo relacionamento amoroso é sempre maravilhoso? Pois uma equipe de pesquisadores avaliou a vida real de quem acompanha estas comédias românticas e certificou que esse tipo de filme, com argumentos praticamente impossíveis e finais felizes altamente improváveis, podem atrapalhar uma relação por colocar uma marca muito alta em matéria de expectativas.

 

De acordo com o estudo, feito pela Universidade Heriot-Watt, de Edimburgo, na Escócia, os cineastas simplificam excessivamente o processo de iniciar o relacionamento e dão a impressão de que é algo que se consegue sem nenhum esforço por parte do casal. “Os filmes refletem a emoção que acompanha uma nova relação, mas dão a entender de forma equivocada que a entrega amorosa e a confiança acontecem desde o momento em que duas pessoas se conhecem, quando são qualidades que normalmente levam anos a se desenvolver”, disse uma das psicólogas envolvidas na pesquisa.

 

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A equipe analisou 40 filmes de grande bilheteria que estrearam entre 1995 e 2005, – como Enquanto Você Dormia e O Casamento dos Meus Sonhos (da foto acima). A maioria dos roteiros transmite a idéia da “alma gêmea” e de parceiros que têm tanta sintonia que parecem “ler a mente” um do outro. “Embora a maioria saiba que é pouco realista esperar que um relacionamento seja perfeito, alguns continuam sendo muito mais influenciáveis do que achamos pela forma como o cinema ou a TV apresentam essas relações”, afirmou outro especialista. “Agora temos algumas evidências que sugerem que a mídia popular tem um papel em perpetuar essas idéias na mente das pessoas”.

 

 

Taís Brem

O sexo e a TV

 

Volta e meia aparece alguém, às vésperas de se formar nos cursos de Comunicação Social da Universidade que eu estudo, com uma monografia sobre os efeitos negativos que a televisão pode trazer, sobretudo, nos pequenos. E não é pra menos. O assunto merece mesmo atenção, principalmente porque, em pleno século XXI, ainda tem gente que acha que o aparelhinho presente em 11 de cada 10 residências mundo afora é um simples canal de entretenimento. Talvez analisando os aspectos de uma forma mais científica, o povo comece a entender que a história não é bem esta. Daí os benefícios não só dos trabalhos de conclusão de curso, mas de pesquisas como a divulgada pela Universidade de Wisconsin, nesta segunda-feira. Vá que convença os céticos, não é mesmo?

 

Pois bem. Os pesquisadores apuraram que o excesso de TV é um dos principais causadores, por exemplo, da atividade sexual precoce. E isso porque, atuando diretamente no subconsciente de crianças e adolescentes, a mídia televisiva mostra pessoas muito mais sexualizadas do que na realidade e, raramente retrata as conseqüências negativas do sexo. Janet Hyde, coordenadora do estudo, explica: “Os teóricos da comunicação dizem que, quando assistimos muito material assim, passamos a acreditar que essa é a realidade. Nesse caso, a garotada que assiste muita TV acredita que todos os garotos e garotas estão fazendo sexo, então tem de fazer isso também, ou serão os esquisitos”.

 

Dos 273 adolescentes entrevistados para a pesquisa de 13 a 15 anos (isso mesmo, aqueles que, na minha época, ainda brincavam de boneca e carrinho), cerca de 15% é sexualmente ativo e está muito mais propenso a não se proteger contra a gravidez e as DST’s.

 

Além disso, a pesquisa mostra que, nas gurias desta faixa etária, outros fatores contribuem para o início da atividade sexual antes da hora. Elas geralmente têm baixa auto-estima, relações ruins com os pais, demonstram sinais de déficit de atenção ou hiperatividade e têm notas ruins na escola. Nos meninos, além de todos estes problemas ainda há a puberdade precoce. E é assim, como a própria Janet coloca, que “as coisas começam a ir ladeira abaixo”.

 

Isto não é, de forma alguma, uma apologia à abstinência sexual, apenas um alerta para que comecemos a refletir sobre o exagero da mídia neste sentido de aceleração dos processos. Uma comparação pertinente para o momento? Experimente servir mocotó para um recém-nascido e veja no que vai dar. Ou seja, a ciência só está ajudando a comprovar aquilo que só não vê quem se finge de cego.

 

Taís Brem 

Fumacinha perigosa?

 

Seguindo a linha do “quem avisa, amigo é”, mais uma boa dos pesquisadores de plantão: sabe aquela fumaça aromática que sai dos (até então) inofensivos incensos? Então… Pode causar câncer. E antes que me apedrejem, esta constatação não é minha. Tá no site da Veja. Embora eu mesma não simpatize com os incensos (rituais religiosos à parte, o cheiro deles chega a me dar dor de cabeça), estou apenas repassando informações, como todo jornalista que se preza. O estudo que comprovou isso – do Instituto Statens Serum, em Copenhagen, Dinamarca – diz que absorver o cheiro dos aromatizantes não chega a ser tão nocivo quanto fumar um pacote de cigarros por dia durante 20 anos, por exemplo. Mas continua sendo perigoso. Tanto que até a Associação Americana do Pulmão passou a considerar o produto como um fator de risco.

O problema está no uso freqüente sem ventilação suficiente nos ambientes. Para os especialistas, o hábito há de ser repensado. Os pesquisadores entrevistaram mais de 60 mil pessoas livres de câncer e provenientes da China e de Cingapura, todas com idades entre 45 a 74 anos. Ao final da pesquisa, foi observado que o risco de desenvolver a doença praticamente duplicou, com a ocorrência de tumores nasais, na língua, na boca e na laringe. No pulmão, entretanto, ainda não foram constatadas maiores chances da doença se desenvolver.


“Considerando que nossos resultados têm o suporte de inúmeros estudos experimentais que mostram que o incenso é um produtor poderoso de partículas em suspensão e que sua fumaça contém substâncias cancerígenas, eu acho que ele deveria ser usado com precaução,” alertou Jeppe Friborg, que liderou a pesquisa. Mas isso não é coisa só de gringo. Em março deste ano, a Folha noticiou que a Pro Teste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, deu sinal vermelho aos incensos por também constatar que a fumaça do troço exala substâncias “altamente tóxicas”.

 

Veja alguns trechos da matéria de Cláudia Collucci.

 

 

Teste mostra que fumaça de incenso é prejudicial à saúde

 

Queimando um incenso todos os dias, por exemplo, a pessoa inala a mesma quantidade de benzeno –substância cancerígena– contida em três cigarros, ou seja, em torno de 180 microgramas por metro cúbico. Há também alta concentração de formol, cerca de 20 microgramas por metro cúbico, que pode irritar as mucosas.

As substâncias nem de longe lembram as especiarias aromáticas com as quais o incenso era fabricado no passado, como gálbano, estoraque, onicha e olíbano. Se há uma leve semelhança, ela reside na forma obscura da fabricação. No passado, o incenso era preparado secretamente por sacerdotes.

Hoje, o consumidor também não é informado como esses produtos são feitos e quais substâncias está inalando. O motivo é simples: por falta de regulamentação própria, os fabricantes de incenso não são obrigados a fazer isso.

Nas cinco marcas avaliadas (Agni Zen, Big Bran, Golden, Hem e Mahalakshimi), todas indianas, não há sequer o nome do distribuidor brasileiro na embalagem. Muito menos a descrição de quais substâncias compõem o produto. A Folha tentou localizar as empresas, por meio dos nomes dos incensos, mas, assim como a Pro Teste, não teve sucesso.

A avaliação foi feita a partir da simulação do uso em ambiente parecido com uma sala. Segundo a Pro Teste, foi medida a emissão de poluentes VOCs (compostos orgânicos voláteis) e de substâncias passíveis de causar alergias, como benzeno e formol. As concentrações foram medidas após meia hora do acendimento.

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste e colunista da Folha, alerta que os aromatizadores de ambiente, como o incenso, são vendidos sem regulamentação ou fiscalização, o que representa perigo à saúde. “Os consumidores pensam que se trata de produtos inofensivos, que trazem harmonia e, na verdade, estão inalando substâncias altamente tóxicas e até cancerígenas.”

A Pro Teste reivindica que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) faça um estudo sobre o impacto dos produtos na saúde e elabore regulamentação para a produção, importação e venda no Brasil.

 

Consumidora

“Estou surpresa. Acendo incensos diariamente há 20 anos no momento em que faço minhas preces no altar budista que tenho na sala. É uma forma de agradecimento às divindades e de limpeza energética. Jamais pensei que eles pudessem fazer mais mal do que bem”, diz Renata Sobreira Uliana, 49.

O resultado dos testes também surpreendeu os médicos. “Nunca li nenhum artigo científico a respeito disso, mas é um dado muito interessante, que vai fazer a gente repensar a forma de liberar esse tipo de produto”, diz José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia.

Clystenes Soares Silva, pneumologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que nem pessoas predispostas a desenvolver quadros alérgicos (como rinite e asma) nem pessoas saudáveis devem se expor aos incensos.


Taís Brem 

 

 

 

Mate amargo

 

Não sou muito de chimarrão. Na verdade, não acho a mínima graça em ficar sorvendo aquele chá amargo, pelando de quente. Por este lado, nem pareço gaúcha. Todavia, mesmo que não seja minha praia, faz muito tempo que o mate virou marca mais que registrada do Rio Grande do Sul e não é difícil conhecer gente que chega a acordar mais cedo que a cama só para manter o hábito. E nem o inverno é empecilho para isso. Devem achar bom à beça para merecer tanto sacrifício.

 

Pois bem. Acontece que um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) caiu na mídia, no início desta semana, e tá causando muita polêmica. Por quê? A pesquisa mostra que substâncias presentes no chimarrão podem contribuir para o surgimento de câncer no esôfago. Seriam os tais HAP (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos). A cada dúzia de chimarrão servida, foi detectado o mesmo índice de HAP existente em um maço de cigarro. Hummm…

 

 

Quando li a reportagem, em voz alta, para os bebedores de plantão no meu serviço, quase fui apedrejada. Tudo bem, até entendo. Concordo mesmo que seja meio forte a conclusão. Afinal, tudo que se sabia de ruim do mate até agora era que ficar todo mundo chupando na mesma bomba não era coisa lá muito higiênica. Mas daí a causar câncer? Parece exagero.

 

Pelo estudo, disseram que o risco da doença é atribuído exatamente àquela quentura toda que me repele: quanto mais alta a temperatura da bebida, mais HAP. O que deve deixar os adeptos do mate mais tranqüilos é que, apesar do alarde, não dá ainda pra dizer que chimarrão dá câncer. E isto porque, enquanto no cigarro estas substâncias maléficas vão direto pro pulmão, no caso do chima, não se sabe nem que rota os HAP fazem dentro do organismo. Precisariam de mais estudos para tanto.

 

O presidente do Instituto Escola do Chimarrão, em Venâncio Aires, Pedro Schwengber, bate pé e diz que o produto não faz mal coisa nenhuma: “Nunca vi alguém ter problemas por beber chimarrão, mas já vi gente morrer por causa do cigarro”. Ele ainda defende que outros estudos já provaram que o mate ajuda contra o colesterol, o mal de Parkinson e até as cáries. “Quando todos souberem desses benefícios, o mundo todo vai tomar chimarrão”. Então tá…

 

Taís Brem