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“A escola precisa preparar cidadãos responsáveis”

Projeto Direito na Escola trabalha conscientização ética e moral desde a adolescência

Projeto é desenvolvido desde agosto (Foto: Divulgação)
Ação é desenvolvida desde agosto (Foto: Divulgação)

Não se trata de induzir os jovens a seguir carreira como advogados. É apenas uma tentativa de aproximar os alunos de quinta e sexta séries do Ensino Fundamental da percepção do Direito no cotidiano, em ações simples, como ceder lugar para alguém no ônibus. Por meio do projeto Direito na Escola, uma equipe desenvolve a iniciativa desde o mês de agosto na Escola Técnica Estadual Professora Sylvia Mello, em Pelotas. Responsável pela aplicação das disciplinas, a integrante do projeto e acadêmica de Direito da Faculdade Anhanguera Cássia Soares, 33, contou ao Blog Quemany como está sendo a experiência.

Blog Quemany – Do que trata o projeto?
Cássia Soares – O projeto visa apresentar aos alunos o mundo do Direito, fazer com que eles vejam a saúde, a educação, a ética, a moral pelo prisma do Direito. Numa determinada aula, por exemplo, discutíamos sobre um fato que ocorre no ônibus: ceder lugares que são reservados por lei e ceder lugares que não são reservados por lei. O que seria moral e o que seria Direito? Foi uma aula muito animada, pois os alunos saíram surpresos em perceber que o Direito está nas atitudes e ações do dia a dia. Noutra oportunidade, analisamos o que é pluralismo jurídico. Pegamos como exemplo a autoridade do pai que diz ao filho que deve passar de ano na escola, caso contrário será castigado. É um poder exercido com coercibilidade, mas sem a intervenção do Estado. O pai é a autoridade e ele mesmo aplicaria a sanção. Eles saíram da aula dizendo que em sua casa tem pluralismo jurídico, rindo e aprendendo a perceber o mundo que os cerca por mais um prisma.

Disciplinas são ministradas na Escola Sylvia Mello (Foto: Divulgação)
Disciplinas são ministradas na Escola Sylvia Mello (Foto: Divulgação)

BQ – Como surgiu a ideia de implantá-lo?
Cássia – A implantação de algo que ajudasse as pessoas a ver “mais longe” era uma inquietação pessoal. Tomei a atitude quando, em uma aula de História do Direito, com a professora Ana Clara Henning, a minha venda caiu. Decidi trabalhar para aumentar a criticidade de outras pessoas. O caminho é a escola, pois nela concentra-se o ensino, a preparação para a vida profissional e adulta. Preparar os jovens com temas do tipo é o mínimo. Creio que a escola ainda precisa ir mais longe, preparar cidadãos responsáveis, ter na base curricular assuntos que abrangem lei de trânsito, Maria da Penha, tributos… Claro que numa linguagem didática, própria para a idade. Mas, preparar para o futuro é essencial.

BQ – Como ele funciona? Qual o período de execução?
Cássia – O projeto funciona uma vez por semana, às sextas-feiras, numa turma-piloto do sexto ano, num período de 45 minutos. O projeto tem duração de seis meses.

BQ – Quem é o público-alvo da ação? Como está sendo a receptividade?
Cássia – O público-alvo são os estudantes a partir do quinto ano, que foram bem receptivos. Alguns pais, porém, não entenderam, acharam “bobagem” ver esse assunto na quinta série. “Isso é bom para quem vai fazer Direito”, disse uma mãe, bem brava.

BQ – Qual o principal objetivo do projeto e sua contribuição para a comunidade pelotense?
Cássia – Além da conscientização pessoal, o objetivo é multiplicar o conhecimento adquirido. Depois das lições, os alunos produzem cartazes e anexam nos murais da escola, atingindo toda comunidade escolar. Certa vez, tivemos uma palestra com dois policiais militares e um estudante de Direito, dirigida aos alunos de quinta a oitava série. Os alunos praticaram uma ação ética e moral, leram uma parábola e interpretaram, como contadores de história, aos alunos da Educação Infantil. A comunidade pelotense sai ganhando, porque passa a conhecer aquilo que não sabia e, então, usa esse conhecimento para facilitar a sua vida e a dos outros.

Taís Brem

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Quatro cabeças pensantes

Ainda hoje não sei – e também não me dei ao trabalho de procurar saber – porque os antigos vídeos-cassete eram classificados em duas e quatro – e talvez até mais – cabeças. De todo o jeito, essa qualidade deles sempre me chamou a atenção. Desde a primeira vez que ouvi a designação, quando criança, achei, no mínimo, engraçado.

Mas, além de me divertirem, as cabeças do vídeo-cassete ajudavam na tarefa de reproduzir filmes, transformando nossas humildes salas em mini cinemas. E também serviam para gravar coisas que considerávamos importantes. Lembra do botãozinho REC, sempre acionado para registrar finais de capítulos das novelas, reportagens interessantes de telejornal e célebres propagandas? O mais legal de tudo isso é que hoje em dia o produto das quatro cabeças pensantes está disponível pela internet, através do You Tube. Sim, porque, embora eu não tenha a dimensão exata de como essas coisas foram se acoplando por lá, imagino que tenham sido os milhões de arquivos pessoais de VHS dos aficionados por vídeos Brasil e mundo afora que originaram os baita acervos digitais a que temos acesso. E é maravilhoso poder digitar uma frase memorável de algum destes momentos legais de nossas infâncias e testificar “Puxa, eles têm isso aqui gravado também!”.

Desses registros, são as propagandas o que mais me chama a atenção. Quem não lembra do “elefante fã de Parmalat” que junto com o “boto cor-de-rosa e o macaco” fizeram um dos melhores comerciais de leite de todos os tempos? E o japinha simpático que contava, com a encantadora inocência de uma criança, como era o seu café da manhã – “eu gosto com açucra, porque o açucra afunda”? Isso sem deixar de citar a vontade que dava de tomar uma guaraná bem geladinha toda vez que a “pipoca na panela começava a arrebentar”. Agradáveis lembranças! Nessa hora, meu lado publicitário até tenta se manifestar para me influenciar a fazer uma segunda faculdade!

Triste é notar que aquela analogia da faca é muito real também no mundo virtual. Tal qual como o talher pode servir tanto para passar a All Day no pão quanto para sacrificar um mamífero – e inclua-se nisso o homem –, redes sociais como o You Tube também são usadas tanto para o que presta quanto para o que não vale um sabugo. Li outro dia que tá na moda adolescentes filmarem suas aventuras sexuais e postar na rede. A intenção é ver quem tem maior capacidade de atrair o olhar alheio. E assim eles, que ainda nem saíram das fraldas, disputam a audiência doentia de quem se delicia com a intimidade – e a imaturidade – dos outros. Perigo. Não somente porque é uma pouca vergonha. Deixando de lado, os julgamentos moralistas, o que mais choca é perceber que um ato impensado desses pode custar danos em todas as esferas, inclusive a emocional, que vão afetar pela vida toda. Esses adolescentes apenas se iludem com a possibilidade de estar curtindo a liberdade, mas, na verdade, estão sendo escravos da libertinagem. E pior ainda são os que nunca crescem. Lamentável. Para melhorar, oremos.

Taís Brem

Parafraseando

“Se não trabalho, o diabo vem morar aqui na minha cabeça. E ele já se instalou, tá vendo esse terreno aqui?”
Erasmo Carlos, músico, apontando para própria cachola ao responder porque dedica tanto tempo ao trabalho.

“O crack é o único negócio que me balança. Seu aparecimento abalou minha decisão de princípio, que é ser a favor da legalização das drogas”.
Caetano Veloso, músico também, ao comentar que se sente “triste por ver que a pedra tem efeito muito rápido e destrói muita gente pobre e desavisada”.

“Na minha opinião, ser mãe não é uma opção. É um degrau que a pessoa tem que pisar se quiser caminhar pra frente”.
Maria Mariana, a atriz que ficou famosa com a peça “Confissões de Adolescente” e que, agora, cresceu e virou mãe.

“Adoro o mundo gay e me inspiro muito em travestis para me maquiar… Por isso, não tem lugar melhor para eu comemorar meu aniversário”.
Francine Piaia, ex-BBB e novata no mundo das celebridades, ao explicar o motivo de ter escolhido uma boate gay para comemorar mais um aninho de vida.

“Acho que não há nada que um pai lamente mais do que ter machucado sua filha, por não ter conseguido olhar mais para ela do que para si próprio”.
Nando Reis, músico, sobre o teor implícito da composição “Só para So”, feita para sua filha adolescente Sophia.

“Tenho medo de ficar doente em algum momento da minha vida. Pode parecer meio dramático, mas é do que eu tenho medo. Seria a única coisa que interromperia toda essa alegria de viver”.
Eliana, apresentadora de TV.

“Ele foi o responsável por difundir a música negra para o mundo. Ela entrou em espaços onde não entrava antes, fazendo os brancos dançarem”.
Carlinhos de Jesus, coreógrafo, ao comentar a morte do astro pop Michael Jackson. O falecimento ocorreu no início da noite de ontem, em Los Angeles.

 

Entre cuspes e beijos

 

Pois é: pelo menos na cidade mexicana de Guanajuato, um beijo em público ou um cuspe na rua têm o mesmo valor, ou seja, podem causar um belo período de até 36 horas na prisão. Ou uma boa multa de uns R$80 mil. Vai ser assim também para quem decidir pedir esmolas ou falar palavrão em via pública. De acordo com o prefeito Eduardo Hicks, a principal finalidade destas medidas previstas em lei é inculcar valores morais e civilizar a população.

 

Vendo pelo lado educativo da coisa, a atitude parece válida. Tem quem diga, inclusive, que proibir beijo em público ajudará a evitar gravidez precoce nas adolescentes, por exemplo. Mas, como em qualquer ação polêmica, sempre tem quem fique contra. É o caso de alguns vereadores de Guanajuato que acusam o projeto de “moralista”.

 

Nesta mesma linha, em setembro passado, o ministro ugandense de Ética e Integridade, Nsaba Buturo, propôs a criação de uma lei que banisse o uso de minissaias no país, já que, em sua opinião, estar com a peça é como andar nu. “Hoje em dia é difícil distinguir a mãe da filha, elas estão todas peladas”, afirmou Buturo.

 

 

 

Taís Brem

 

 

 

É mole ou quer mais?

 

 

Mal chegou nas bancas e o tal beijo entre Mônica e Cebolinha, que comentei ontem, já tá gerando polêmica. A edição on line da Folha de S. Paulo traz uma reportagem que afirma que, além de terem aprovado a ousadia, os fãs do gibi agora estão sugerindo que Magali e Cascão engatem um romancinho também. Como se não bastasse, ainda dizem que este outro casal esquentaria mais a coisa, porque Magali já tem um namorado, o Quinzinho. Triângulo amoroso, seria?

 

Leia aqui a matéria na íntegra.

Beijinho, beijinho, tchau, tchau!

 

beijo_cebola_monica

 

Eu sabia que não ia demorar! O quarto número da revistinha Turma da Mônica Jovem já deu o ar da graça e apareceu com pinceladas mais picantes. Sabe aquela dupla que cansamos de ver se odiando na página dos gibis? Mônica e Cebolinha, isto mesmo. Agora eles já estão querendo se bicar de uma maneira mais… crescidinha, se é que você me entende. Coisas das novas aventuras desta turma extremamente familiar, como o criador Maurício de Sousa define.

 

Familiar? Sei. Só se no próximo número, Mônica resolver brincar de médico com Cebolinha e dar à luz novos personagens. E isso porque, se faltava tomar a iniciativa para roubar um beijinho dele, agora não falta mais. “Nesta nova fase da revista, a Mônica e o Cebola vivem na base de um flertezinho, uma paquera nas histórias. E achei que estava na hora de a Mônica ter um momento de mulherzinha, mais crescida e ir para cima do Cebola com um beijinho”, diz o pai das ex-crianças.

 

Claro que a cena ousada dá margem para que o público aguarde – uns empolgados, outros apavorados – enredos ainda mais apimentados. Mas, quanto a isso, Maurício ameniza: promete “manter a fronteira do bom gosto”. “Mesmo que com os personagens um pouco mais velhos, a Turma da Mônica é uma revista para família, que tem de ter mensagens. Vamos falar de qualquer tema, mas sempre de maneira suave e tranqüila, sem ferir sensibilidades”.

 

Aham. Tá bem, então. Melhor cair na real e dar adeus à esperança de encontrar o pouco de mensagem-família que ainda restava nos gibis da turminha. Beijinho, beijinho, tchau, tchau!

 

Taís Brem

O sexo e a TV

 

Volta e meia aparece alguém, às vésperas de se formar nos cursos de Comunicação Social da Universidade que eu estudo, com uma monografia sobre os efeitos negativos que a televisão pode trazer, sobretudo, nos pequenos. E não é pra menos. O assunto merece mesmo atenção, principalmente porque, em pleno século XXI, ainda tem gente que acha que o aparelhinho presente em 11 de cada 10 residências mundo afora é um simples canal de entretenimento. Talvez analisando os aspectos de uma forma mais científica, o povo comece a entender que a história não é bem esta. Daí os benefícios não só dos trabalhos de conclusão de curso, mas de pesquisas como a divulgada pela Universidade de Wisconsin, nesta segunda-feira. Vá que convença os céticos, não é mesmo?

 

Pois bem. Os pesquisadores apuraram que o excesso de TV é um dos principais causadores, por exemplo, da atividade sexual precoce. E isso porque, atuando diretamente no subconsciente de crianças e adolescentes, a mídia televisiva mostra pessoas muito mais sexualizadas do que na realidade e, raramente retrata as conseqüências negativas do sexo. Janet Hyde, coordenadora do estudo, explica: “Os teóricos da comunicação dizem que, quando assistimos muito material assim, passamos a acreditar que essa é a realidade. Nesse caso, a garotada que assiste muita TV acredita que todos os garotos e garotas estão fazendo sexo, então tem de fazer isso também, ou serão os esquisitos”.

 

Dos 273 adolescentes entrevistados para a pesquisa de 13 a 15 anos (isso mesmo, aqueles que, na minha época, ainda brincavam de boneca e carrinho), cerca de 15% é sexualmente ativo e está muito mais propenso a não se proteger contra a gravidez e as DST’s.

 

Além disso, a pesquisa mostra que, nas gurias desta faixa etária, outros fatores contribuem para o início da atividade sexual antes da hora. Elas geralmente têm baixa auto-estima, relações ruins com os pais, demonstram sinais de déficit de atenção ou hiperatividade e têm notas ruins na escola. Nos meninos, além de todos estes problemas ainda há a puberdade precoce. E é assim, como a própria Janet coloca, que “as coisas começam a ir ladeira abaixo”.

 

Isto não é, de forma alguma, uma apologia à abstinência sexual, apenas um alerta para que comecemos a refletir sobre o exagero da mídia neste sentido de aceleração dos processos. Uma comparação pertinente para o momento? Experimente servir mocotó para um recém-nascido e veja no que vai dar. Ou seja, a ciência só está ajudando a comprovar aquilo que só não vê quem se finge de cego.

 

Taís Brem 

Perigo de gente grande

                   

Esses dias eu tava pensando… Se existem dois assuntos que serão carta marcada na próxima retrospectiva, estes assuntos atendem pelo nome de Caso Isabella e Caso Eloá. Não tem como ser diferente. Assim que os veículos de comunicação começarem a arregaçar as manguinhas pra fazer o balanço de 2008, estes dois assassinatos brutais entrarão na pauta. E não precisa nem ser jornalista para saber disso.

                   

Mas, falando mais especificamente deste último acontecimento, uma coisa que também me passou pela cabeça nestes dias foi um jeito de abordar por aqui este episódio da menina de 15 anos que foi morta pelo ex-namorado. Não encontrei gancho. Na verdade, achei que seria chover no molhado eu, como projeto de defensora da moral e dos bons costumes que sou, comentar algo que não fugiria muito de minha reprovação acerca de um relacionamento assumido tão cedo. Ela tinha 12 anos, uma criança, quando começou o namoro com este tal Lindemberg, um cara já maior de idade e, agora, comprovadamente mal-intencionado. Precipitado dizer que foi culpa dos pais? Talvez. Entretanto, se não partir de casa o conter das rédeas, quem segura então?

                   

E foi por, justamente, perceber que esta minha opinião não é apenas papo de crente, que resolvi transcrever aqui a coluna da Martha Medeiros que tá hoje na Zero Hora. Ela fala disso: a forma adulta que os jovens acham que podem assumir e que, vez ou outra, acabam tendo desfechos trágicos como o que Eloá teve. Infelizmente. Namoros permitidos ainda na infância, liberdade para ir a festas e beber todas até cair são alguns dos pontos que ela comenta. Dá uma lida no texto na íntegra.

 

 

Foi mal

 

Semana passada eu estive no curso pré-vestibular Unificado conversando com alguns professores e pais de alunos, e entre vários assuntos debatidos surgiu um que tem preocupado a todos: a liberalidade que certos jovens conquistaram em casa e estão exibindo nas ruas. Longe de qualquer moralismo, o fato é que é alarmante que uma garotada de 12 ou 13 anos já esteja freqüentando festas com álcool – às vezes liberado pelos próprios pais, que se rendem ao manjado argumento: “Pô, todos os meus amigos podem!”. Ah, então tudo bem.

 

Juventude sempre foi sinônimo de “viver perigosamente”: esperto era quem esnobava a morte e se divertia com o risco. Essa rebeldia já teve seu seu charme, eletrizava. Só que o passado passou: hoje vivemos numa sociedade muito mais violenta, e dar uma de valente, se ainda impressiona, é pela inconseqüência e babaquice, por nada mais.

 

Alguns acontecimentos dos últimos dias deixaram claro que os jovens, hoje, correm riscos de gente grande. Primeiro foi o caso da Eloá, a menina de 15 anos que namorava um desajustado há três. Pra mim, dos 12 aos 15 ainda se é praticamente uma criança. Como alguém nessa faixa etária vive uma relação com uma carga de passionalidade tão intensa, tão adulta? Enfim, a menina foi uma vítima, lógico, mas cabe a nós, pais e mães, colar neles: com quem se envolvem, o que revelam através do Orkut, a quem estão se anunciando? A propósito, soube que há uma nova moda pegando na Austrália: as garotas vão para a praia com o número do celular pintado nas costas. Um convite pra encrenca. Mais um.

 

Outra notícia desalentadora foi a do menino de 18 anos que faleceu por causa de uma bala perdida disparada numa festa. Acontece todos os finais de semana em bairros da periferia, mas quando atinge um estudante universitário a visibilidade da notícia se expande. No entanto, o drama e as dúvidas são as mesmas para todas as famílias: quem controla o porte de arma numa festa? E mesmo quando esse tipo de tragédia acontece do lado de fora do recinto, como começa? Creio que a resposta está no início do texto: bebida à vontade para uma garotada em busca de afirmação. Infelizmente, muitos adolescentes não são orientados ou não desenvolvem a segurança necessária para ir contra o rebanho. Se todos bebem, eles bebem também. Não sabem se divertir com o entusiasmo que naturalmente possuem: precisam potencializá-lo. Aí exageram e entram num estado de exaltação que faz com que provoquem brigas desnecessárias, façam sexo sem uso de preservativos, dirijam em alta velocidade, ferrem com a própria saúde. Ou com a vida de alguém.

 

Sei que estou dando uma de madre superiora, mas nunca é demais bater nessa tecla do exagero. O adolescente vai sempre cometer excessos, faz parte da sua natureza, mas o mínimo que os pais podem fazer é não tratá-los como adultos antes da hora. Nada de aceitar que meninas de 15 se comportem como mulheres vividas e de aceitar que meninos de 16 cantem de galo. A marcação tem que ser mais cerrada. É proibido dirigir e beber antes dos 18. Ponto final. É inegociável. Não adianta eles chegarem em casa dizendo “foi mal” e no dia seguinte vacilarem de novo. Uma briga pode causar uma morte. Um amasso pode gerar uma gravidez indesejada. Um pega pode acabar em tragédia. Foi mal? Pode ser péssimo, crianças.

 

Martha Medeiros

 

Bem por aí

 

“Toda vez que um dirigente político se acha imprescindível e insubstituível, está começando a nascer um pequeno ditadorzinho dentro dele”.

Lula, presidente da República, lançando obras do PAC em Manaus e descartando a possibilidade de um terceiro mandato.

 

“Eu não esperava. Eu só queria casar como pessoa e não como artista”.

Sandy, cantora, inocentemente surpresa com a repercussão que a mídia deu a seu casamento em setembro.

 

“Sendo bem sincera, quando envolve dinheiro, tudo muda. A gente vive numa hipocrisia muito grande”.

Carol Miranda, funkeira, sobrinha de Gretchen e estrela do filme “Fiz pornô e continuo virgem”, explicando como sua mãe encarou o fato da filha de 19 anos sair da pose de boa menina direto pras páginas das revistas masculinas.

 

“É incrivelmente sanguinário. As conseqüências reais da violência nos desenhos animados são reveladas. Eles massacram uns aos outros”.

James Cauty, artista plástico britânico, sobre a exposição que apresenta esculturas e ilustrações de personagens de desenho animado em situações de violência. Foi o filho adolescente de Cauty que o ajudou a montar as cenas.

 

“O povo tem as suas razões e não me escolheu. Ninguém é obrigado a gostar de mim”.

Manuela D’Ávila, candidata à prefeitura de Porto Alegre nas últimas eleições, justificando sua derrota.

 

“Minha filha Zahara, que é negra, quer saber por que ela não tem cabelo liso como o da mamãe. É difícil explicar essas coisas quando ela vê nos desenhos da Disney que não existe uma princesa negra”.

Angelina Jolie, atriz, falando das dificuldades que encontra na criação de seus filhos multirraciais.

 

Diz que me diz

 

“Ser pobre é como um câncer, agora este câncer está atingindo a classe-média. Isto não é o sonho americano, é o pesadelo americano”.

Nancy Kapp, assistente social americana e parte da parcela de cidadãos que virou sem-teto por causa da crise no mercado imobiliário dos EUA. Existe até lista de espera para o estacionamento onde ela e várias outras pessoas tem dormido dentro de seus próprios automóveis.

 

“É muito ingrato você ser a boa, né? Tão coitadinha, sempre choramingando, sempre sofrendo. A boa é passada para trás o tempo todo”.

Regina Duarte, atriz, falando do lado negativo dos personagens de boa moça que já interpretou.

 

“Se meu filho de 12 anos quisesse experimentar, eu diria que acho melhor começar um pouquinho mais tarde, porque é preciso certa estrutura psicológica”.

Frejat, músico, sobre a forma livre, leve e solta com que pretende abordar o assunto das drogas com seu filho.

 

“Os Beatles tiveram uma influência bem positiva no mundo e somente regimes que querem controlar seu povo tinham medo da gente. Nós rimos bastante da decisão do governo de Israel”.

Paul McCartney, ex-beatle, debochando do primeiro impedimento que o grupo recebeu de tocar na Terra Santa em 1965. Depois daquela, só neste ano o cantor conseguiu realizar shows em Israel. E ainda assim, com protestos.

 

“Eles não precisam dessa promoção. Eles vendem muito, vão bem no mundo todo. É um grupo que agora está no topo”.

Pedro Damián, produtor mexicano e criador do grupo RBD, negando que o anúncio sobre a separação da banda seja uma estratégia de marketing.

 

“Entrei numas zen e meditei sobre a prática do desapego, sobre a impermanência do universo, essas coisas espirituais. Mas como nunca fui santa eu também roguei uma praga: que os dedinhos dos ladrões entortem feito rabo de porco e não consigam tocar nos instrumentos, aqueles fihos da…”.

Rita Lee, roqueira, sobre como tem encarado o roubo de sua aparelhagem musical, em agosto. Ela ganhou de Hebe uma guitarra para colaborar na reposição dos equipamentos. Gracinha o nome do novo instrumento.

 

“A música baiana conseguiu algo único: ela vende beijo na boca. No show de rock, fica todo mundo olhando para o palco e ninguém pega ninguém. O axé vai se mesclar até com artistas internacionais, mas não vai morrer, porque é o único que vende beijo na boca”.

Emanuel Junior, sócio-diretor da empresa que organiza as principais micaretas de Minas Gerais, explicando porque o fenômeno musical dá tão certo no Brasil e até fora.

 

“Acredito que existe uma roda da vida. Ela vai girando e as coisas boas e ruins acontecem para todo mundo. Aconteceu comigo, e pronto”.

Joyce Pascowitch, colunista social, sobre o tratamento que está fazendo para o câncer de mama.

 

“Tenho muito orgulho de ter participado de uma fase tão importante na vida brasileira. Como economista, sinto-me privilegiada de ter podido fazer mudanças que vinha discutindo na minha vida acadêmica, por tantos anos. Foi um privilégio, ou uma sorte”.

Zélia Cardoso de Mello, ministra da Economia no governo Collor, sobre o terrível período em que muitos brasileiros perderam tudo o que tinham da noite pro dia por causa do confisco que ela planejou. Nos olhos dos outros é refresco.