Samba, suor e cerveja

 

Saiu na coluna “Outro Canal”, de Daniel Castro, na Folha de S. Paulo:

 

A Record vendeu a alma ao “demônio” por R$ 2,6 milhões. Esse é o valor que a AmBev pagou para ter uma hora de Carnaval na rede do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

 

Neste ano, a Record transmitiu diretamente do camarote da cerveja Brahma, no sambódromo do Rio, dois programas de meia hora cada um. O primeiro foi ao ar à 0h30 de segunda (23), antes da programação religiosa. O segundo, na terça (24), no mesmo horário. Serviram mais para promover o camarote “número 1” do que o consumo de cerveja.

 

Segundo um executivo da Record, foi uma operação de venda de horário, ou seja, a Brahma não atuou como patrocinadora, mas como dona dos 60 minutos de folia na Record. Os R$ 2,6 milhões também cobriram custos de produção da Record. A marca de cerveja teve total controle editorial, determinando quem Maria Cândida, da Record, entrevistaria.

 

Vestindo camiseta do camarote, a jornalista Maria Cândida, sem aparente constrangimento, perguntou: “Este aqui é o camarote número 1 para você?” (ao jogador Ronaldo), “Por que o camarote da Brahma é o número 1?” (a Amandha Lee, atriz, e Nalbert, do vôlei), “Você gosta de cerveja?” (a Rodrigo Santoro, “derretendo” de calor). Aplicada, Maria Cândida ainda se referiu ao camarote como “o mais disputado, o mais glamouroso” e agradeceu a Santoro em nome da Brahma.

 

Pagando bem, que mal tem?

 

Taís Brem

Na vitrine

 

Não precisa nem dizer que esta época do ano é a mais propícia para que as pessoas andem com seus corpos em maior exposição, devido ao calor em excesso. E na praia, entra moda, sai moda, nenhuma vestimenta faz mais sucesso que o famoso biquíni. Pois, veja bem: um estudo apresentado para a Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) mostra que, quando vestidas de biquíni, as mulheres são vistas pelos homens como objetos. Manequins de vitrine, seria? Praticamente isso.

 

Mas, não culpemos os homens. “Eles não têm essa atitude de uma forma premeditada. É algo que eles não racionalizam”, afirmou uma das mentoras do experimento, a professora de Psicologia da Universidade de Princeton Susan Fiske. Dizem os entendidos que o estudo sugere também a explicação para o fato de personagens como Tiazinha e Feiticeira conquistarem tantos admiradores: quando o rosto da dita-cuja está escondido, a sedução é ainda maior…

 

E para que servem as conclusões deste trabalho? De acordo com Susan, para aplicações bem práticas, como, por exemplo, justificar porque um patrão beneficia certas companheiras de trabalho em detrimento dos demais funcionários da empresa. Depende de como ele idealiza aquele corpo. É a velha história dos estímulos visuais (do namorado, do patrão, do estuprador e por aí vai) ligados aos impulsos de todo o resto do desejo humano. E depois, dizem que não tem nada a ver…

 

Taís Brem

Irmão Marley

 

Eu já ouvi falar que, pouco antes de morrer, Cazuza havia se convertido ao Evangelho. Tá, tudo bem, você pode estar duvidando e tem todo o direito disso, afinal, o Cazuza que todo mundo conheceu não tinha nada de cristão. Mas creio que seja verdade, até porque há relatos, inclusive publicados. Trata-se de um livro chamado “Fiz parte deste show”, escrito pela enfermeira que evangelizou o cantor no hospital, em seus últimos dias de vida. Se já li? Não, infelizmente. Todavia, procuro ansiosamente por este título e, caso alguém saiba de seu paradeiro, aguardo notícias.

 

Bem, a conversão de Cazuza não é exatamente o assunto deste post. Entretanto, foi disso que lembrei quando li na coluna de Nando Gross, na ZH de hoje, o texto “Não chores mais”. Soou meio estranho para mim ver que num local direcionado ao esporte estava um textinho falando de Bob Marley. Porque cargas d’água Gross abordou o tema, não sei. Mas conta uma novidade: o rei do reggae teria se convertido ao cristianismo também. E a fonte é quente; foi o próprio filho do cara, Zigg Marley, que falou. Pode até não ser algo novo, mas eu fiquei um tanto surpresa, porque nunca tive conhecimento de nada parecido até então. A informação ainda acrescenta que na ocasião de sua morte (em 1981, por causa de um câncer de pele no dedão do pé direito), Marley foi enterrado na Jamaica com sua guitarra Gibson Les Paul e uma Bíblia. Bom saber.

 

Taís Brem

Linguajar de tribunal

 

Com a desculpa de dar uma cara mais informal às suas sentenças, o juiz Cláudio Ferreira Rodrigues, titular da Vara Cível de Campos dos Goytacazes (RJ), faz questão de baixar o nível na linguagem em pleno exercício da profissão. Diz que assim fica mais fácil que cada autor entenda por que ganhou ou perdeu tal ação. E foi por isso que, ao determinar o pagamento de uma indenização de R$ 6.000 por defeito em uma TV, Rodrigues sentenciou: “Na vida moderna, não há como negar que um aparelho televisor, presente na quase totalidade dos lares, é considerado bem essencial. Sem ele, como o autor poderia assistir às gostosas do ‘Big Brother’?”. Parece piada, mas é real.

 

O caso era de um cidadão que ficou meses sem poder assistir televisão, em função de um problema técnico no aparelho. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o juiz deixou claro que não se arrepende da descontração e que não adianta falar apenas a língua que os advogados entendem. “[As garotas que participam do ‘BBB’] Não são escolhidas pelo padrão de beleza? 90% das mulheres que vão para lá são bonitas realmente. Talvez eu tenha pecado pela linguagem. Poderia ter falado: ‘Deixando de observar as meninas com um padrão físico’”, explicou, em tom de deboche.

 

No mesmo documento, Rodrigues ainda brincou com a situação do Fluminense e do Vasco, adversários do Flamengo, time para qual torce o autor da ação. “Se o autor fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria a necessidade de haver TV, já que para sofrer não se precisa de TV”.

 

Taís Brem

 

“Descobriram Pelotas!”

 

Êta mesinho movimentado este de janeiro, não é mesmo? Uma retrospectiva das mais informais já basta para que se constate isso. Só para começar, dá pra citar a posse do Obama nos States, que parou o mundo inteiro; a morte da modelo Mariana Bridi, que foi vítima de uma estranha infecção generalizada depois de um problema urinário; o desabamento do teto da Igreja Renascer, em São Paulo, e o avião que pousou emergencialmente em pleno rio Hudson, Nova Iorque. Esqueci de alguma coisa? Ah, sim, claro: de Pelotas. Aliás, nunca falou-se tanto em Pelotas nos últimos tempos. Pelo menos, não que eu, como pelotense nata, me recorde. Soa até engraçado, mas ouvi alguém de fora dizer dia desses: “Pôxa vida, descobriram vocês, hein?”. Pois é. Neste mês fomos descobertos via mídia nacional e até internacional, mas os motivos… Não foram tão bons, infelizmente.

 

Começou com a posse do reitor da Universidade Federal, o César Borges, acusado de improbidade administrativa. Que vergonha. Embora não tenha sido publicado no maior jornal aqui da região, a imprensa de fora divulgou e bem divulgado. Era só abrir os sites para ver a lista de acusações que Borges coleciona por utilizar o dinheiro público indevidamente…

 

Aí veio a tragédia com a delegação do Xavante, no dia 15. Lamentável, principalmente porque envolveu uma das torcidas mais apaixonadas do futebol brasileiro. Morreram o preparador técnico e dois jogadores do Brasil de Pelotas, entre eles, o ídolo do momento, Cláudio Milar. E, de novo, foi certeiro: manchetes aos montes em tudo quanto é veículo de comunicação. Até o Esporte Espetacular do domingo passado trouxe matéria especial sobre o acidente.

 

E para fechar janeiro com tudo, uma boa chuva encarregou-se de nos colocar na mídia novamente. Era notícia de “Pelotas embaixo d’água” nos jornais impressos, nas tv’s, nas rádios, na internet… Com esta pequena amostra de 2009, o que será que nos espera para fevereiro, hein?

 

Taís Brem