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“Deus, no máximo, deu uma mãozinha para construir o Universo. Quem criou tudo, a parte mais complexa, a que precisaria de fórmulas da Física, da Matemática e da Química, foi o Big Bang”.
Luciano Potter, comunicador, numa crônica intitulada Tá muito difícil ser Deus, em que interpreta, com uma dose de ironia, a polêmica declaração do Papa Francisco sobre a ligação da evolução com o criacionismo, há alguns dias.

“O personagem pode até ser divertido, mas a dramaturgia é fraca”.
Nelson Motta, jornalista, produtor musical e compositor, ao negar que sua vida poderia render um musical ou coisa do tipo.

“Pelo que eu sei, só duas espécies vivas andam vestidas: nós e cachorro de madame”.
Túlio Milmann, jornalista, ao comentar a moda de pessoas que andam peladas em Porto Alegre.

“Acho mais importante pensar no Ebola. Isso não precisa nem chegar perto para pegar”.
Maria Zilda Betlhem, atriz, ao dizer que não se interessa pelo que o público pensa de sua relação com a arquiteta Ana Kalil.

“Nada poderá me abalar, nada poderá me derrotar, pois minha força e vitória tem um nome: é Jesus”.
Gracyanne Barbosa, modelo e esposa do cantor Belo, ao comentar com os fãs como o casal tem superado o diagnóstico de estafa que afastou temporariamente o marido da carreira.

“Eu queria ser a musa da vitória, não da derrota”.
Ana Claudia Maffei, estudante e militante do PSDB, que ficou famosa após ser clicada chorando pela derrota de Aécio Neves nas eleições presidenciais.

“Na vida real, sou muito querido”.
Lobão, cantor, ao afirmar que toda a fúria contra ele por seu posicionamento político ocorre apenas nas redes sociais. O músico ainda mencionou que foi mal-interpretado na suposta declaração de que deixaria o Brasil, caso o PT vencesse a disputa pelo Planalto.

“Eu não canto, eu encanto. E com música chiclete”.
Valesca Popozuda, funkeira, ao reconhecer seus mínimos dotes como cantora.

Taís Brem
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Falando em Amy…

Amy Winehouse morreu. Disso todo mundo já sabe. Foi aos 27 anos (mais uma…), no último sábado (23). Pelo menos foi esse o dia em que a encontraram morta em sua residência. Há quase três anos, escrevi um texto sobre ela falando de sua auto-destruição notável e da expectativa de pronto falecimento que isso, naturalmente, acabava gerando em todo o mundo que acompanhou suas peripécias, sendo fã da grande artista que ela foi ou não. O comentário, meio profético, meio previsível, que fiz foi publicado no blog e também serviu para ilustrar uma das páginas de uma revista que produzi como parte de um trabalho acadêmico na época. A quem interessar possa, abaixo está a republicação do texto e a reprodução da página que teve participação especial do meu pai, Paulo Soares, no tratamento da imagem.
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Obituário
*Escrito originalmente em 15/09/08

Certa vez, durante uma aula de Jornalismo Especializado, ouvi sobre uma função muito interessante desempenhada por alguns profissionais da imprensa. Não lembro o nome específico, mas a síntese é mais ou menos a seguinte: existe um certo funcionário em veículos de comunicação designado para reunir várias informações sobre celebridades e pessoas de destaque mundo afora, com o propósito específico de ter material suficiente para servir de base caso a pessoa venha a falecer. Já viu aqueles links na internet ou trechos de reportagens que enunciam: “Saiba mais sobre a vida e a obra de Fulano?”. Então. É pra isso. Assim, se a pessoa morre de repente, ninguém precisa ficar correndo atrás de informações que resumam o que de fato fez a vida do indivíduo virar algo de destaque. Macabro? Tá, pode ser. Mas eu achei tão interessante que penso que curtiria fazer um teste neste departamento. Tirando a parte ruim – do ter de noticiar um falecimento –, ficar reunindo dados sobre a trajetória das pessoas, me parece muito atraente.

O professor desta disciplina chegou a citar exemplos que normalmente aceleram a função destes profissionais. Tipo, se é necessário ter um histórico, já de arquivo, para quando certos famosos resolverem bater as botas, nada mais sensato que ir procurar os alvos mais prováveis de uma fatalidade. Exemplos? O papa João Paulo II, com a saúde tri debilitada por décadas a fio, e a Dercy Gonçalves, pra lá de idosa, já deviam ter seus históricos preparadinhos muito tempo antes do que realmente foi necessário. Os Mamonas Assassinas, por sua vez… Quem poderia imaginar que eles morreriam assim, no auge da carreira, com todo o gás? O Airton Senna ainda era um pouco mais provável, porque tinha uma profissão arriscada. Mas os Mamonas devem ter dado trabalho pro tal setor que alimenta o obituário dos jornais, revistas, sites etc. Imagino que foi correria geral.

Enfim, esta baita introdução é fruto do que eu estava refletindo há alguns dias, quando li que a última internação da cantora britânica Amy Winehouse foi em função de uma overdose de maconha. Parece que ela fumou haxixe durante 36 horas seguidas. Isto mesmo: 36 horas! Conforme as informações que correram o mundo por meio do tablóide The Sun, a brincaderinha deve custar à moça danos cerebrais permanentes, porque, além de usar o derivado da erva danada, ela fez uso de crystal meth, proveniente da heroína. Os médicos temem que o corpo dela – bastante fragilizado por causa de tantos excessos repetidos – possa acabar com os ossos quebrados. Já imaginou que loucura? Os amigos mais próximos, que viram ela passar mal, disseram até que as convulsões que a garota sofreu lembravam cenas do filme O Exorcista, em que a protagonista era possuída pelo capeta. Meu Deus!

Chega a ser triste. Eu não conheço muito bem o tipo de música que ela canta, porque minha praia é outra, mas dizem – não uma, nem duas, mas muitas pessoas – que Amy está sendo tal qual um furacão na música mundial. E o que levaria uma jovem de carreira tão promissora a escolher um caminho tão tenebroso quanto o das drogas, se ela parece ter boa parte de tudo o que as pessoas normais dizem precisar para serem felizes? Já ouvi opiniões frias a respeito ao comentar que sinto pena de observar esta situação: “Coitada? Coitado de mim que não tenho dinheiro!”.

Não vejo por aí. O dinheiro e a fama de Amy são apenas fatores que aceleram mais e mais a sua queda. O que se vê é uma pessoa cada vez mais vazia e frustrada que usa até a altura do penteado para indicar em que pé anda a sua depressão. Detalhe: o cabelo aparece cada vez mais alto. Neste caso, melhor ser pobre, saudável e feliz.

Enfim, a vida movimentada e polêmica do furacão Amy deve estar colocando ritmo acelerado ao trabalho dos caras do obituário. Mas é claro que, na minha opinião clássica de crente, a solução não virá por meio de consultas psiquiátricas, medicamentos e internações. Muito menos no aumento da venda de seus álbuns. Quem sabe dar mais veracidade ao clichê “Só Jesus salva”? Esperemos os próximos capítulos.

Taís Brem

Boca cheia

“Nós fizemos um acordo: se ela largasse a chupeta, ganhava um sapato de saltinho. Agora, ela não quer saber de outro tipo”.
Márcia Otero,
secretária, revelando a chantagem que ela e o marido fizeram com a filha Luana, de 3 anos. A menina é tão vaidosa que não dispensa itens como batom vermelho e camisola de seda. “Não medimos esforços porque achamos que vaidade tem de vir desde pequena”, diz a mãe. Sábios, não?

“Ele não me ama mais”.
Tessália,
ex-BBB, reclamando do período em que Michel, o “namorado” que conseguiu na casa, não respondeu a seus tweets. E será que algum dia ele amou?

“A Rita Cadillac não sabe dirigir. Mal e mal sabe dirigir a vida dela…”.
A própria Rita,
ex-chacrete, falando sobre si mesma.

“Sempre me senti agoniada. Até hoje não conheço a paz”.
Pitty,
cantora, com suas inquietações.

“A mídia transformou o Carnaval em um desfile de bundas e peitos. Se a gente não tomar cuidado, um dia a ala de baianas vai ser formada por mulheres de 20 e poucos anos, malhadas e peladas”.
Wagner Tavares,
diretor de Carnaval da Imperatriz Leopoldinense, irritado com a invasão das beldades de ocasião na passarela.

“Não tenho amigos. Não consigo. Eu tentei, uma vez. Mandei um ‘olha, amiga, que lindo meu esmalte’. Mas não funcionou. Ninguém gostou do meu esmalte. Era azul-escuro”.
Mallu Magalhães,
cantora.

“Jesus estava nu em momentos fundamentais de sua vida. Quando nasceu estava nu, quando foi crucificado estava nu e quando ressuscitou, ele deixou suas roupas sobre o túmulo e estava nu. Se Deus nos fez deste jeito, como isso pode ser errado?”.
Allen Parker,
pastor da comunicade nidista de Whitetail, numa desculpa esfarrapada para sua falta de temor. Ah, sim, você entendeu bem: além de receber pelados para as reuniões, ele também prega desnudo.

Milhões de cristãos desaparecem em todo o planeta

 

Apenas um piscar de olhos. Foi este o período necessário para milhões de pessoas literalmente sumirem na manhã de hoje em todo o mundo. Depoimentos de familiares, amigos e testemunhas oculares do fato – que já está sendo considerado fenômeno –, apontam para uma semelhança entre os desaparecidos: todos eles eram cristãos. Órgãos da polícia e de investigação estão apurando as informações para desvendar o mistério, já que não há nenhuma pista de onde possam estar estas pessoas. “Foi um verdadeiro caos. Em pleno trânsito, motoristas começaram a desaparecer e os carros desgovernavam, gerando acidentes terríveis. Ouvi falar, inclusive, que aviões também caíram no mesmo momento em vários outros locais do mundo”, disse, aos prantos, uma repórter da CNN americana.

 

Tá chocado? Apavorado? Achando que isso é pegadinha de 1º de abril? Bom, a notícia acima ainda não é exatamente uma verdade. A menos que for interpretada como profecia. Não sei se ela será noticiada a alguns anos neste mesmo período, no inverno ou na véspera de algum Natal. Mas o certo é que será e não sou eu quem vai escrever. É o que diz na Bíblia: quando ocorrer a segunda vinda de Cristo à Terra, os cristãos serão arrebatados, num fenômeno muito mais assustador do que este relato, até porque não se trata de mentira, literatura de ficção científica nem de roteiro de filme. Bobo é quem duvida.

 

Taís Brem 

 

Clô, para os íntimos

 

Ao meu ver, ele não merecia. Terminantemente, não. Mas, dado às inúmeras declarações feitas mídia afora acerca da morte do cara – algumas bem bizarras, por sinal –, vou ter de dedicar um post inteiro de frases somente ao Clodovil. Lamento, mas é quase que uma obrigação jornalística. Ossos do ofício…

 

“Jesus Cristo foi extremamente generoso, porque não permitiu que nós estivéssemos hoje dando carinho para um Clodovil na cama doente. Já pensou Clodovil em uma cadeira de rodas, com toda sua vaidade?”.

Agnaldo Timóteo, cantor, falando ao público que compareceu ao velório do deputado, nesta quarta-feira. Timóteo entoou as canções religiosas que embalaram o momento fúnebre.

 

“Infelizmente, [Clodovil] foi um gay alienado, exibicionista e que desperdiçou sua inteligência e sua audácia em favor de um projeto de vida furado. Era a bicha desmunhecada que alfinetava a todo mundo. Não vejo nenhuma contribuição dele [à sociedade]”.

Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB).

 

“Do ponto de vista de moda, perdemos um suntuoso vestido brasileiro. Um vestido de lindos bordados foi rasgado. Isso, para nós costureiros, toca muito”.

Ronaldo Ésper, estilista. Ui!

 

“A instabilidade emocional, às vezes, atrapalhou sua carreira, mas ninguém nunca vai poder discutir que ele não teve personalidade”.

Fausto Silva, apresentador de TV.

 

“É a primeira vez que ele está usando”.

João Toledo, assessor e amigo de Clodovil, sobre o traje escolhido para o enterro. O terno claro, em tecido branco riscado com pequenos quadrados cinza, gravata borboleta azul e lenço do mesmo tom são de autoria do falecido.

 

“Eu daria graças a Deus de sair dessa porcaria desse mundo!”.

Clodovil, o próprio, após a conturbada sessão no plenário que foi palco para a discussão dele com a deputada Cida Diogo, em maio de 2007. Depois de fazer a colega chorar por tê-la chamado de “feia”, sua pressão arterial foi a 23 por 14. Sabendo do perigo que corria de ter um AVC a qualquer momento (o popular derrame, que, por acaso, o levou à morte ontem), o ex-estilista não perdeu a pose e retrucou “à la Ana Maria Braga”. Menos de dois anos depois, desejo atendido.

Então, é Natal?

 

Ok, ok. O que vou falar hoje não deve ser mais uma grande novidade, mas, adivinhem: o Natal que quase todo mundo comemora em 25 de dezembro não tem nada a ver com o nascimento de Jesus Cristo. E não pensem que esta é só mais uma teoria de crente. Tá na edição “natalina” da revista Superinteressante a origem verdadeira – e pagã – do Natal. Quer saber mais? Siga lendo e testifique.

 

 

A verdadeira história do Natal

A humanidade comemora essa data desde bem antes do nascimento de Jesus.

Conheça o bolo de tradições que deram origem à Noite Feliz

 

Roma, século 2, dia 25 de dezembro. A população está em festa, em homenagem ao nascimento daquele que veio para trazer benevolência, sabedoria e solidariedade aos homens. Cultos religiosos celebram o ícone, nessa que é a data mais sagrada do ano. Enquanto isso, as famílias apreciam os presentes trocados dias antes e se recuperam de uma longa comilança.

 

Mas não. Essa comemoração não é o Natal. Trata-se de uma homenagem à data de “nascimento” do deus persa Mitra, que representa a luz e, ao longo do século 2, tornou-se uma das divindades mais respeitadas entre os romanos. Qualquer semelhança com o feriado cristão, no entanto, não é mera coincidência.

 

A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o “renascimento” do Sol. Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.

 

A comemoração em Roma, então, era só mais um reflexo de tudo isso. Cultuar Mitra, o deus da luz, no 25 de dezembro era nada mais do que festejar o velho solstício de inverno – pelo calendário atual, diferente daquele dos romanos, o fenômeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, esse culto é o que daria origem ao nosso Natal. Ele chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar no centro do Império.

 

Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra farra dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. “O ponto inicial dessa comemoração eram os sacrifícios ao deus. Enquanto isso, dentro das casas, todos se felicitavam, comiam e trocavam presentes”, dizem os historiadores Mary Beard e John North no livro Religions of Rome (“Religiões de Roma”, sem tradução para o português). Os mais animados se entregavam a orgias – mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião nanica que não dava bola para essas coisas crescia em Roma: o cristianismo.

 

Solstício cristão

As datas religiosas mais importantes para os primeiros seguidores de Jesus só tinham a ver com o martírio dele: a Sexta-Feira Santa (crucificação) e a Páscoa (ressurreição). O costume, afinal, era lembrar apenas a morte de personagens importantes. Líderes da Igreja achavam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou de um mártir – já que ele só se torna uma coisa ou outra depois de morrer. Sem falar que ninguém fazia idéia da data em que Cristo veio ao mundo – o Novo Testamento não diz nada a respeito. Só que tinha uma coisa: os fiéis de Roma queriam arranjar algo para fazer frente às comemorações pelo solstício. E colocar uma celebração cristã bem nessa época viria a calhar – principalmente para os chefes da Igreja, que teriam mais facilidade em amealhar novos fiéis. Aí, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus teve a sacada: cravou o aniversário de Jesus no dia 25 de dezembro, nascimento de Mitra.

 

A Igreja aceitou a proposta e, a partir do século 4, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império, o Festival do Sol Invicto começou a mudar de homenageado. “Associado ao deus-sol, Jesus assumiu a forma da luz que traria a salvação para a humanidade”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp.

Assim, a invenção católica herdava tradições anteriores. “Ao contrário do que se pensa, os cristãos nem sempre destruíam as outras percepções de mundo como rolos compressores. Nesse caso, o que ocorreu foi uma troca cultural”, afirma outro historiador especialista em Antiguidade, André Chevitarese, da UFRJ.

 

Não dá para dizer ao certo como eram os primeiros Natais cristãos, mas é fato que hábitos como a troca de presentes e as refeições suntuosas permaneceram. E a coisa não parou por aí. Ao longo da Idade Média, enquanto missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de outros povos foram entrando para a tradição natalina. A que deixou um legado mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a árvore de Natal vêm de lá. Só isso.

 

Outra contribuição do norte foi a idéia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda é) um gnomo quem cumpre esse papel. Mas essa figura logo ganharia traços mais humanos.

 

Nasce o Papai Noel

Ásia Menor, século 4. Três moças da cidade de Myra (onde hoje fica a Turquia) estavam na pior. O pai delas não tinha um gato para puxar pelo rabo, e as garotas só viam um jeito de sair da miséria: entrar para o ramo da prostituição. Foi então que, numa noite de inverno, um homem misterioso jogou um saquinho cheio de ouro pela janela (alguns dizem que foi pela chaminé) e sumiu. Na noite seguinte, atirou outro; depois, mais outro. Um para cada moça. Aí as meninas usaram o ouro como dotes de casamento – não dava para arranjar um bom marido na época sem pagar por isso. E viveram felizes para sempre, sem o fantasma de entrar para a vida, digamos, “profissional”. Tudo graças ao sujeito dos saquinhos. O nome dele? Papai Noel.

 

Bom, mais ou menos. O tal benfeitor era um homem de carne e osso conhecido como Nicolau de Myra, o bispo da cidade. Não existem registros históricos sobre a vida dele, mas lenda é o que não falta. Nicolau seria um ricaço que passou a vida dando presentes para os pobres. Histórias sobre a generosidade do bispo, como essa das moças que escaparam do bordel, ganharam status de mito. Logo atribuíram toda sorte de milagres a ele. E um século após sua morte, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica. Virou são Nicolau.

 

Um santo multiuso: padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, que levaram sua fama de bonzinho para todos os cantos do Velho Continente. Na Rússia e na Grécia Nicolau virou o santo nº1, a Nossa Senhora Aparecida deles. No resto da Europa, a imagem benevolente do bispo de Myra se fundiu com as tradições do Natal. E ele virou o presenteador oficial da data. Na Grã-Bretanha, passaram a chamá-lo de Father Christmas (Papai Natal). Os franceses cunharam Pére Nöel, que quer dizer a mesma coisa e deu origem ao nome que usamos aqui. Na Holanda, o santo Nicolau teve o nome encurtado para Sinterklaas. E o povo dos Países Baixos levou essa versão para a colônia holandesa de Nova Amsterdã (atual Nova York) no século 17 – daí o Santa Claus que os ianques adotariam depois. Assim o Natal que a gente conhece ia ganhando o mundo, mas nem todos gostaram da idéia.

 

Natal fora-da-lei

Inglaterra, década de 1640. Em meio a uma sangrenta guerra civil, o rei Charles 1º digladiava com os cristãos puritanos – os filhotes mais radicais da Reforma Protestante, que dividiu o cristianismo em várias facções no século 16.

 

Os puritanos queriam quebrar todos os laços que outras igrejas protestantes, como a anglicana, dos nobres ingleses, ainda mantinham com o catolicismo. A idéia de comemorar o Natal, veja só, era um desses laços. Então precisava ser extirpada.

 

Primeiro, eles tentaram mudar o nome da data de “Christmas” (Christ’s mass, ou Missa de Cristo) para Christide (Tempo de Cristo) – já que “missa” é um termo católico. Não satisfeitos, decidiram extinguir o Natal numa canetada: em 1645, o Parlamento, de maioria puritana, proibiu as comemorações pelo nascimento de Cristo. As justificativas eram que, além de não estar mencionada na Bíblia, a festa ainda dava início a 12 dias de gula, preguiça e mais um punhado de outros pecados.

 

A população não quis nem saber e continuou a cair na gandaia às escondidas. Em 1649, Charles 1º foi executado e o líder do exército puritano Oliver Cromwell assumiu o poder. As intrigas sobre a comemoração se acirraram, e chegaram a pancadaria e repressões violentas. A situação, no entanto, durou pouco. Em 1658 Cromwell morreu e a restauração da monarquia trouxe a festa de volta. Mas o Natal não estava completamente a salvo. Alguns puritanos do outro lado do oceano logo proibiriam a comemoração em suas bandas. Foi na então colônia inglesa de Boston, onde festejar o 25 de dezembro virou uma prática ilegal entre 1659 e 1681. O lugar que se tornaria os EUA, afinal, tinha sido colonizado por puritanos ainda mais linha-dura que os seguidores de Cromwell. Tanto que o Natal só virou feriado nacional por lá em 1870, quando uma nova realidade já falava mais alto que cismas religiosas.

 

Tio Patinhas

Londres, 1846, auge da Revolução Industrial. O rico Ebenezer Scrooge passa seus Natais sozinho e quer que os pobres se explodam “para acabar com o crescimento da população”, dizia. Mas aí ele recebe a visita de 3 espíritos que representam o Natal. Eles lhe ensinam que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar riquezas. E o pão-duro se transforma num homem generoso.

 

Eis o enredo de Um Conto de Natal, do britânico Charles Dickens. O escritor vivia em uma Londres caótica, suja e superpopulada – o número de habitantes tinha saltado de 1 milhão para 2,3 milhões na 1a metade do século 19. Dickens, então, carregou nas tintas para evocar o Natal como um momento de redenção contra esse estresse todo, um intervalo de fraternidade em meio à competição do capitalismo industrial. Depois, inúmeros escritores seguiram a mesma linha – o nome original do Tio Patinhas, por exemplo, é Uncle Scrooge, e a primeira história do pato avarento, feita em 1947, faz paródia a Um Conto de Natal. Tudo isso, no fim das contas, consolidou a imagem do “espírito natalino” que hoje retumba na mídia. Quer dizer: quando começar o próximo especial de Natal da Xuxa, pode ter certeza de que o fantasma de Dickens vai estar ali.

 

Outra contribuição da Revolução Industrial, bem mais óbvia, foi a produção em massa. Ela turbinou a indústria dos presentes, fez nascer a publicidade natalina e acabou transformando o bispo Nicolau no garoto-propaganda mais requisitado do planeta. Até meados do século 19, a imagem mais comum dele era a de um bispo mesmo, com manto vermelho e mitra – aquele chapéu comprido que as autoridades católicas usam. Para se enquadrar nos novos tempos, então, o homem passou por uma plástica. O cirurgião foi o desenhista americano Thomas Nast, que em 1862, tirou as referências religiosas, adicionou uns quilinhos a mais, remodelou o figurino vermelho e estabeleceu a residência dele no Pólo Norte – para que o velhinho não pertencesse a país nenhum. Nascia o Papai Noel de hoje. Mas a figura do bom velhinho só bombaria mesmo no mundo todo depois de 1931, quando ele virou estrela de uma série de anúncios da Coca-Cola. A campanha foi sucesso imediato. Tão grande que, nas décadas seguintes, o gorducho se tornou a coisa mais associada ao Natal. Mais até que o verdadeiro homenageado da comemoração. Ele mesmo: o Sol.

 
 Texto Thiago Minami e Alexandre Versignassi

www.superinteressante.com.br

 

 

 

 

Tá valendo

 

Jacquelinne Michelly Santos Trevisan ou, simplesmente, Jake. Este é o nome e o apelido da cantora católica que pegou carona no Youtube e está fazendo o maior sucesso na internet. O hit que ela canta em forma de axé, chamado “Pó pára com pó”, já foi visto mais de 250 mil vezes. Claro que tem de tudo: gente que critica e gente que apóia. Todavia, é o instrumento que a garota usa para, além de dar seu recado contra as drogas, pregar a mensagem cristã. Portanto, tá valendo.

 

jake1Faz dois anos que Jake circula por micaretas católicas, “barzinhos de Jesus”, “cristotecas” e festivais carismáticos. Contagiante, a cantora tem tudo para ser a protagonista do hit que vai embalar o próximo verão e quer aproveitar para conseguir gravadora para lançar seu segundo CD.

 

Em “Pó pára com pó”, enquanto sugere que é muito mais inteligente injetar na veia “o sangue que correu na cruz” que qualquer entorpecente, Jake chama a galera a embarcar num “trio bem mais elétrico”, fazendo uma referência à Trindade, o trio Pai, Filho e Espírito Santo. Estratégia e criatividade, a menina tem de sobra. Se o pessoal que curte a música vai ou não seguir a mesma fé que ela professa, já é outra história. “Meu trabalho serve exatamente para esse público que está curtindo de qualquer forma. Mas, cada um tem seu livre arbítrio”, afirmou.

 

Taís Brem

 

 

 

Confira a letra de “Pó pára com pó”

 

Pó pára com pó        
Pó pára com pó aê (2x)

 

Estragar tua vida        
não faz isso, não              
Tua juventude vai pro beleléu                
Tem outra saída para diversão               
Eu quero mais, eu quero mais
Meu lugar é o céu

 

Você tem que tomar
Uma overdose de Jesus
Injetar na veia o sangue
Que correu na cruz
Você tem que tomar
Uma overdose de alegria
Shekinah, doidão, doidão
Se liga, se liga

 

Aham

 

“Quem faz a minha cabeça é Jesus Cristo”.

Tavares de Miranda, colunista social da Folha de S. Paulo, respondendo, em 1983, à enquete do caderno Ilustrada que perguntava quem mais fazia sua cabeça: o cantor Caetano Veloso ou o jornalista Paulo Francis. Pelo jeito, nenhum nem outro.

 

“Festa de estréia, depois de uns champanhes, numa casa noturna classe A da capital do Rio de Janeiro é bem diferente de porradas diárias de um troglodita bêbado que bate na mulher num barraco no interior do Piauí”.

José de Abreu, ator, tomando as dores por Dado Dolabella e pedindo que Luana Piovani retire a queixa por agressão que prestou contra o noivo na delegacia. Abreu considera um exagero encaixar a confusão nos moldes da Lei Maria da Penha.

 

“Isso é coisa de gente que vai precisar viver mais trinta vidas para aprender a respeitar o próximo”.

Rubens Barrichello, piloto, respondendo a um repórter sobre o que pensa das piadinhas feitas a seu respeito.

 

“É como se a gente tivesse tido uma juventude maravilhosa, aí veio a revolução e, de repente, a gente se encontra através dos arames do campo de concentração, olhando um para o outro, fazendo o que mandam a gente fazer”.

Luís Gustavo, ator, comentando como se sente ao contracenar com atrizes como Ana Rosa e Débora Duarte 40 anos depois da novela ”Beto Rockfeller”, considerada uma marco na tv brasileira. Para Gustavo, atualmente, está “insuportável” fazer televisão.

 

“Minha ex-namorada assistiu ao filme e do que ela mais gostou foi da minha cena de sexo com a atriz Gabriela Luiz. A minha ex-namorada ama meu corpo e, quando me viu nu, ficou maluca”.

Michel Gomes, protagonista do filme Última Parada 174. Nada convencido…

 

“Quero deixar para cada leitor a certeza de que eu também sei que Jesus não nasceu exatamente no dia 25 de Dezembro, mas tudo o que pudermos fazer para declarar o nosso amor pelo Senhor e usarmos como ferramenta de fé e evangelismo, deve ser feito”.

André Valadão, pastor e músico gospel, defendendo seu lançamento intitulado Clássicos de Natal. A proposta de Valadão no novo cd contradiz alguns setores da igreja evangélica – leia-se o que eu pertenço – que consideram o Natal comemorado no Ocidente uma festa pagã.

 

“A Record não tem um ambiente neurótico como lá [na Globo], ninguém fica dando ataques e chiliques, não se infla o ego das pessoas, todo mundo é igual”.

Luiza Thomé, atriz, elogiando a nova casa e criticando a antiga. Sem neuroses? Então, tá bom…