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Rasa profundidade

Primeiro, a citação de um grande nome, para dar aquela ideia de pesquisa profunda. Depois, a súbita queda de nível. Ocorreu em dois programas de televisão, em duas emissoras diferentes, quando as apresentadoras tratavam de assuntos igualmente diversos. Mas, demonstrou ser uma fórmula bem utilizada no gênero. Na Rede TV!, a repórter entrevistava um desses MC’s que está no topo das paradas de sucesso. Durante o bate-papo, ela resolveu provar ao rapaz que ele não é o único representante do chamado estilo “ostentação”. “Primeiro, começou com Chico Buarque”, disse a moça, com certo ar de intelectualidade, ao referir-se ao compositor da música “Construção”, na qual um amor marcante é narrado, seguido de uma morte trágica.

Quem estava assistindo, até poderia pensar que a produção do programa havia gasto um tempo pesquisando o gênero a fundo entre os representantes de todo o tipo de música nacional – do funk à MPB. Mas, não. Foram até Chico e pararam por ali mesmo. Porque, depois, o que vieram foram os intérpretes de “Lepo-lepo” e companhia limitada. No mínimo, frustrante. Se Chico Buarque estivesse morto, com certeza, teria revirado no túmulo ao se ver incluso numa lista daquelas.

Mas, Adoniran Barbosa deve tê-lo feito quando Angélica, no Estrelas, resolveu listá-lo como uma das personalidades que têm “a cara de São Paulo”. Acontece que a loira caiu no mesmo erro que a colega da Rede TV!: iludiu a audiência com a ideia de uma grande pesquisa no tema, se valendo de uma citação relevante, para, depois, preencher a lista com personalidades mais rasas, como Ana Maria Braga e Serginho Groisman. Está certo que os dois têm seu prestígio artístico, além de serem globais, o que já garante um lugar na lista. Mas mostrou que a arrancada só serviu para tentar impressionar. Acredito que o telespectador se surpreenda com essas quedas bruscas. Ou se começa raso e se mantém o padrão, ou se inicia profundamente e continua fundo. Quente ou frio. Morno, não está pegando bem.

Taís Brem

*Texto publicado originalmente no Observatório da Imprensa.

Pré-requisitos

Nunca li o anúncio de uma vaga para o cargo de apresentadora de programa infantil. Mas, suspeito que, em algum momento, as aspirantes a esse tipo de oportunidade tenham tido conhecimento de que, para conquistar tal emprego fosse indispensável ter, como pré-requisito, participações em reality shows e ensaios fotográficos nus para revistas masculinas. Uma experiência em cada um desses pontos de atuação, não mais. Digo isso porque não é a primeira vez que uma moça com atribuições como essas se arrisca a dizer na mídia – como se fosse a coisa mais natural do mundo – que deseja ingressar no ramo televisivo, mais especificamente para protagonizar programas de entretenimento aos pequenos.

Foi mais ou menos assim com Mara Maravilha, com Xuxa e com Carla Perez, embora não houvesse reality shows na época delas. A ex-BBB Francine Piaia e Geisy Arruda também já demonstraram interesse no segmento e a candidata da vez atende pelo nome de Nicole Bahls.

Em recente entrevista à imprensa, logo após deixar o confinamento de A Fazenda, a modelo – que já tem um quadro no Programa da Tarde, da Record, com Théo Becker – disparou que gostaria de seguir na carreira artística apresentando um programa infantil. Disse que sempre teve jeito com crianças, daí a vocação.

Pode parecer puritanismo, mas soa esquisito que quem tenha como profissão mexer com o imaginário masculino, ganhando a vida com métodos que de inocentes não têm nada, mude de rumo assim, tão drasticamente. Está certo que, se as chances de comandar programas infantis fossem restritas apenas a pessoas castas, ligadas à moral e aos bons costumes, seria difícil encontrar quem preenchesse os pré-requisitos. Mas, convenhamos, nessa matemática não caem bem nem o oito nem o oitenta. Só parece ter lógica se a intenção for ganhar pontos no ibope através de pais que estarão mais atentos aos predicados da apresentadora que à qualidade do programa em si. Ou se a intenção for acelerar o processo de sexualização precoce, assunto que sempre dá nó na cabeça de pais – os responsáveis de verdade – e educadores.

Agora é aguardar para ver se Nicole colherá maduros os verdes que jogou para ganhar seus minutinhos de fama como formadora de opinião e comportamento dos telespectadores mirins do Brasil.

Taís Brem

Texto publicado também no Observatório da Imprensa.

Vai acabar! Aleluia!

Eu poderia até dar uma de crente e dizer que tudo que sei sobre a Índia se resume à sua 22ª posição na lista dos 50 países mais intolerantes ao cristianismo, o que a faz um lugar de extrema miséria bem diferente do que a mídia tem mostrado, onde cristãos são brutalmente torturados, acusados falsamente e presos sem motivo, onde milhares de pessoas sofrem com o aumento da violência por parte dos extremistas hindus, etc, etc e tal. Mas, além de me destacar um pouquinho dos cerca de 90% de cristãos brasileiros que sequer sabem o que é uma igreja ser perseguida por seguir a Cristo, eu estaria contribuindo para aumentar a lista dos mentirosos.

Sim, tudo o que escrevi acima é verdade e nossos irmãos indianos sofrem mesmo, até muito mais do que isso. Mas, não, não é apenas isso que sei sobre a Índia. Por culpa do folhetim que até amanhã ocupa o horário nobre global, já posso dizer que conheço um pouco mais da cultura indiana, ainda que nunca tenha colocado os pés na terrinha nem tenha aberto as portas da minha casa para ver o que se passava na telinha durante a exibição de “Caminho das Índias”. É que saber do que eles (os personagens) fizeram e deixaram de fazer foi inevitável. Todo mundo, em todo o momento e em todo o lugar nesse universo que chamam de real falou disso: no ônibus, no ambiente de trabalho, na rua, na chuva, na fazenda… Só a igreja, graças a Deus, escapou! E não dá nem pra colocar a culpa nos últimos capítulos. No início, o assunto era só esse, porque todos queriam saber se Glória Perez estava só engambelando a audiência ou tinha realmente algo mais a desenrolar do que o que sempre faz quando aborda uma cultura internacional em seus enredos. E depois, comprovado que a história era diferente (se é que realmente era), a coqueluche tomou conta do Brasil.

Mérito da noveleira por ter emplacado mais um sucesso ou ponto a menos pros telespectadores que se iludiram pensando que esse tipo de coisa mudaria a vida deles em algum sentido? Não sei. Limito-me a dizer que não ter visto a atração não aumentou sequer um milímetro na minha estatura. E talvez até tenha me deixado um pouco fora do padrão. Mas, tudo bem, não é o fim. Esse, com certeza, não é um motivo para eu me atirar no Ganges ou arder no mármore do inferno. Ops, desculpa a ignorância! Essa última frase era do núcleo marroquino de uma outra novela. Me perdi nos bordões, não é a minha. Melhor ficar com as orações pelos indianos que realmente precisam da nossa audiência.

 Taís Brem

Parafraseando

“Se não trabalho, o diabo vem morar aqui na minha cabeça. E ele já se instalou, tá vendo esse terreno aqui?”
Erasmo Carlos, músico, apontando para própria cachola ao responder porque dedica tanto tempo ao trabalho.

“O crack é o único negócio que me balança. Seu aparecimento abalou minha decisão de princípio, que é ser a favor da legalização das drogas”.
Caetano Veloso, músico também, ao comentar que se sente “triste por ver que a pedra tem efeito muito rápido e destrói muita gente pobre e desavisada”.

“Na minha opinião, ser mãe não é uma opção. É um degrau que a pessoa tem que pisar se quiser caminhar pra frente”.
Maria Mariana, a atriz que ficou famosa com a peça “Confissões de Adolescente” e que, agora, cresceu e virou mãe.

“Adoro o mundo gay e me inspiro muito em travestis para me maquiar… Por isso, não tem lugar melhor para eu comemorar meu aniversário”.
Francine Piaia, ex-BBB e novata no mundo das celebridades, ao explicar o motivo de ter escolhido uma boate gay para comemorar mais um aninho de vida.

“Acho que não há nada que um pai lamente mais do que ter machucado sua filha, por não ter conseguido olhar mais para ela do que para si próprio”.
Nando Reis, músico, sobre o teor implícito da composição “Só para So”, feita para sua filha adolescente Sophia.

“Tenho medo de ficar doente em algum momento da minha vida. Pode parecer meio dramático, mas é do que eu tenho medo. Seria a única coisa que interromperia toda essa alegria de viver”.
Eliana, apresentadora de TV.

“Ele foi o responsável por difundir a música negra para o mundo. Ela entrou em espaços onde não entrava antes, fazendo os brancos dançarem”.
Carlinhos de Jesus, coreógrafo, ao comentar a morte do astro pop Michael Jackson. O falecimento ocorreu no início da noite de ontem, em Los Angeles.

 

Zona rural

Não dá pra dizer que não acredito no que está acontecendo. Tampouco encaixa falar que estas são coisas de que “até Deus duvida”. Mas que choca, choca. Desde que o novo reality show da Record foi ao ar, só se houve falar baboseira sobre o programa. Quero dizer, baboseira é o que soa aos meus ouvidos. Para a audiência e, principalmente, aos que conceberam e liberaram a transmissão deste troço chamado “A Fazenda” tudo é absolutamente normal.

É tão normal que virou coisa corriqueira chamar entradas ao vivo da casa para os programas da emissora. Inclusive o religioso “Fala que Eu Te Escuto” entrou na roda. Soube de um dia em que um dos bispos-apresentadores fez menção ao reality, colocou no ar as cenas do que ocorria no local naquele momento e, depois de ficar “constrangido” com uns três palavrões falados pelos participantes, se ligou que aquele não era um bom momento para a intervenção. A enquete daquele dia, porém, acompanhou a onda e perguntou aos telespectadores qual era o motivo de tanta briga rolando lá dentro.

Se fosse só briga, talvez, o caso não fosse tão ruim. Afinal, desentendimentos são relativamente aceitáveis quando se fala em relacionamento humano. Mas e as doses apimentadas de sexo e pouca-vergonha? São normais também, ainda que os participantes estejam numa emissora “religiosa”? Esqueceram deste detalhe, certamente.

Toda hora tem aparecido na mídia um escandalozinho típico de que quem quer garantir seus quinze minutos de fama. Um dos últimos é de Théo Becker (pelotense como eu, que vergonha!), que nem se preocupou em esconder “as partes” enquanto se secava na toalha, após sair do banho. “Eu sei que depois eles colocam aquele ‘pretinho’”, justificou o abençoado, referindo-se às tarjas pretas costumeiramente colocadas para tapar o que não deve ser visto.

Na foto divulgada via internet, realmente o pretinho estava lá, embora não deixasse de sugerir todo o resto. Mas, nas cenas em que a Record pretende passar pelo canal pago Net, creio que não rola, não. É isso mesmo: a ideia da emissora é negociar um pay-per-view, aquele sistema que permite aos telespectadores que tem TV a cabo verem, a qualquer hora do dia, programações específicas, sem cortes e sem censura. Traduzindo, sem pretinhos.

A Globo e seu BBB que se cuidem. Além das melhorias em noticiários e teledramaturgia, a Record está querendo ganhar o primeiro lugar, também, na baixaria. E moral pra isso eles têm.
 

Taís Brem

 

Clô, para os íntimos

 

Ao meu ver, ele não merecia. Terminantemente, não. Mas, dado às inúmeras declarações feitas mídia afora acerca da morte do cara – algumas bem bizarras, por sinal –, vou ter de dedicar um post inteiro de frases somente ao Clodovil. Lamento, mas é quase que uma obrigação jornalística. Ossos do ofício…

 

“Jesus Cristo foi extremamente generoso, porque não permitiu que nós estivéssemos hoje dando carinho para um Clodovil na cama doente. Já pensou Clodovil em uma cadeira de rodas, com toda sua vaidade?”.

Agnaldo Timóteo, cantor, falando ao público que compareceu ao velório do deputado, nesta quarta-feira. Timóteo entoou as canções religiosas que embalaram o momento fúnebre.

 

“Infelizmente, [Clodovil] foi um gay alienado, exibicionista e que desperdiçou sua inteligência e sua audácia em favor de um projeto de vida furado. Era a bicha desmunhecada que alfinetava a todo mundo. Não vejo nenhuma contribuição dele [à sociedade]”.

Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB).

 

“Do ponto de vista de moda, perdemos um suntuoso vestido brasileiro. Um vestido de lindos bordados foi rasgado. Isso, para nós costureiros, toca muito”.

Ronaldo Ésper, estilista. Ui!

 

“A instabilidade emocional, às vezes, atrapalhou sua carreira, mas ninguém nunca vai poder discutir que ele não teve personalidade”.

Fausto Silva, apresentador de TV.

 

“É a primeira vez que ele está usando”.

João Toledo, assessor e amigo de Clodovil, sobre o traje escolhido para o enterro. O terno claro, em tecido branco riscado com pequenos quadrados cinza, gravata borboleta azul e lenço do mesmo tom são de autoria do falecido.

 

“Eu daria graças a Deus de sair dessa porcaria desse mundo!”.

Clodovil, o próprio, após a conturbada sessão no plenário que foi palco para a discussão dele com a deputada Cida Diogo, em maio de 2007. Depois de fazer a colega chorar por tê-la chamado de “feia”, sua pressão arterial foi a 23 por 14. Sabendo do perigo que corria de ter um AVC a qualquer momento (o popular derrame, que, por acaso, o levou à morte ontem), o ex-estilista não perdeu a pose e retrucou “à la Ana Maria Braga”. Menos de dois anos depois, desejo atendido.

Samba, suor e cerveja

 

Saiu na coluna “Outro Canal”, de Daniel Castro, na Folha de S. Paulo:

 

A Record vendeu a alma ao “demônio” por R$ 2,6 milhões. Esse é o valor que a AmBev pagou para ter uma hora de Carnaval na rede do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

 

Neste ano, a Record transmitiu diretamente do camarote da cerveja Brahma, no sambódromo do Rio, dois programas de meia hora cada um. O primeiro foi ao ar à 0h30 de segunda (23), antes da programação religiosa. O segundo, na terça (24), no mesmo horário. Serviram mais para promover o camarote “número 1” do que o consumo de cerveja.

 

Segundo um executivo da Record, foi uma operação de venda de horário, ou seja, a Brahma não atuou como patrocinadora, mas como dona dos 60 minutos de folia na Record. Os R$ 2,6 milhões também cobriram custos de produção da Record. A marca de cerveja teve total controle editorial, determinando quem Maria Cândida, da Record, entrevistaria.

 

Vestindo camiseta do camarote, a jornalista Maria Cândida, sem aparente constrangimento, perguntou: “Este aqui é o camarote número 1 para você?” (ao jogador Ronaldo), “Por que o camarote da Brahma é o número 1?” (a Amandha Lee, atriz, e Nalbert, do vôlei), “Você gosta de cerveja?” (a Rodrigo Santoro, “derretendo” de calor). Aplicada, Maria Cândida ainda se referiu ao camarote como “o mais disputado, o mais glamouroso” e agradeceu a Santoro em nome da Brahma.

 

Pagando bem, que mal tem?

 

Taís Brem

Linguajar de tribunal

 

Com a desculpa de dar uma cara mais informal às suas sentenças, o juiz Cláudio Ferreira Rodrigues, titular da Vara Cível de Campos dos Goytacazes (RJ), faz questão de baixar o nível na linguagem em pleno exercício da profissão. Diz que assim fica mais fácil que cada autor entenda por que ganhou ou perdeu tal ação. E foi por isso que, ao determinar o pagamento de uma indenização de R$ 6.000 por defeito em uma TV, Rodrigues sentenciou: “Na vida moderna, não há como negar que um aparelho televisor, presente na quase totalidade dos lares, é considerado bem essencial. Sem ele, como o autor poderia assistir às gostosas do ‘Big Brother’?”. Parece piada, mas é real.

 

O caso era de um cidadão que ficou meses sem poder assistir televisão, em função de um problema técnico no aparelho. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o juiz deixou claro que não se arrepende da descontração e que não adianta falar apenas a língua que os advogados entendem. “[As garotas que participam do ‘BBB’] Não são escolhidas pelo padrão de beleza? 90% das mulheres que vão para lá são bonitas realmente. Talvez eu tenha pecado pela linguagem. Poderia ter falado: ‘Deixando de observar as meninas com um padrão físico’”, explicou, em tom de deboche.

 

No mesmo documento, Rodrigues ainda brincou com a situação do Fluminense e do Vasco, adversários do Flamengo, time para qual torce o autor da ação. “Se o autor fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria a necessidade de haver TV, já que para sofrer não se precisa de TV”.

 

Taís Brem

 

“Descobriram Pelotas!”

 

Êta mesinho movimentado este de janeiro, não é mesmo? Uma retrospectiva das mais informais já basta para que se constate isso. Só para começar, dá pra citar a posse do Obama nos States, que parou o mundo inteiro; a morte da modelo Mariana Bridi, que foi vítima de uma estranha infecção generalizada depois de um problema urinário; o desabamento do teto da Igreja Renascer, em São Paulo, e o avião que pousou emergencialmente em pleno rio Hudson, Nova Iorque. Esqueci de alguma coisa? Ah, sim, claro: de Pelotas. Aliás, nunca falou-se tanto em Pelotas nos últimos tempos. Pelo menos, não que eu, como pelotense nata, me recorde. Soa até engraçado, mas ouvi alguém de fora dizer dia desses: “Pôxa vida, descobriram vocês, hein?”. Pois é. Neste mês fomos descobertos via mídia nacional e até internacional, mas os motivos… Não foram tão bons, infelizmente.

 

Começou com a posse do reitor da Universidade Federal, o César Borges, acusado de improbidade administrativa. Que vergonha. Embora não tenha sido publicado no maior jornal aqui da região, a imprensa de fora divulgou e bem divulgado. Era só abrir os sites para ver a lista de acusações que Borges coleciona por utilizar o dinheiro público indevidamente…

 

Aí veio a tragédia com a delegação do Xavante, no dia 15. Lamentável, principalmente porque envolveu uma das torcidas mais apaixonadas do futebol brasileiro. Morreram o preparador técnico e dois jogadores do Brasil de Pelotas, entre eles, o ídolo do momento, Cláudio Milar. E, de novo, foi certeiro: manchetes aos montes em tudo quanto é veículo de comunicação. Até o Esporte Espetacular do domingo passado trouxe matéria especial sobre o acidente.

 

E para fechar janeiro com tudo, uma boa chuva encarregou-se de nos colocar na mídia novamente. Era notícia de “Pelotas embaixo d’água” nos jornais impressos, nas tv’s, nas rádios, na internet… Com esta pequena amostra de 2009, o que será que nos espera para fevereiro, hein?

 

Taís Brem

Telinha ou cofrinho?

 

Não é de hoje que o conteúdo da telinha da Rede Record deixa a desejar. Principalmente quando o assunto é o questionamento sobre a influência dos donos – cristãos,  a princípio – na programação. E isso também vale para outros veículos do grupo da Igreja Universal do Reino do Deus, como a Folha Universal. Combina, por exemplo, estampar na mesma capa o slogan “Um jornal a serviço de Deus” e uma manchete que faz clara apologia ao aborto, um dos crimes que o próprio Deus (pelo menos o meu) abomina? A mim, parece que não. Mas foi o que eles arriscaram fazer numa de suas edições, ano passado.

 

Quando a questão vai para a quantidade de cenas de violência em filmes e séries, o apelo à sexualidade e até os toques místicos da novelinha dos mutantes, parece meio inadequado querer “encaretar” muito a programação, afinal estamos falando de mídia, o que exige um certo jogo de cintura, não é mesmo? Se é para chamar atenção do público, que se dê o que o público vai gostar, contrariando ou não os padrões que alguns consideram ideais.

 

Ouvi falar certa vez, que, perguntado sobre o exagero na quantidade de mulheres seminuas em sua emissora, Sílvio Santos, o manda-chuva do SBT, disse que, para ele, o que importava era a audiência. É mulher pelada que dá ibope? Então é isso que o povo vai ter. Simples assim. Não deveria caber o mesmo pensamento a uma emissora de origem cristã, mas temo que esta também seja a linha de raciocínio de Edir Macedo e seus discípulos. E um pequeno exemplinho de que isso pode ser verdade foi publicado na coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo de sexta-feira (16):

 

Baixou o “Big Brother” no “Fala que Eu Te Escuto”, da Record, na quarta. Com imagens da atração global tiradas da internet, o programa discutiu se os participantes de reality shows “o fazem por fama, ganância ou diversão”.

Por telefone, telespectadores reclamavam da falta de conteúdo cristão na TV, quando um dos pastores-apresentadores disparou: “Mas se colocar um reality show cristão no ar, nem os cristãos vão assistir”.

 

Tire suas próprias conclusões…

Taís Brem