Quando o sonho vence o medo de voar

Pesquisa aponta avião como meio de turismo preferido dos brasileiros

Jovelisa pretende realizar sonho com a família ano que vem (Foto: Arquivo Pessoal)
Jovelisa pretende viajar com a família ano que vem (Foto: Arquivo Pessoal)

Ainda é cedo para arrumar as malas. Mas, Jovelisa Ferreira, 29, já planeja visitar o Rio de Janeiro com a família – o marido e o bebê do casal – em 2014. Todavia, pretende fazê-lo antes da Copa do Mundo, já que a intenção não é participar do grande reboliço que promete tomar conta da Cidade Maravilhosa no ano que vem. O que a promotora de vendas quer mesmo é aproveitar a chance para conhecer tranquilamente alguns dos pontos turísticos mais famosos do Brasil e do mundo. E, é claro, realizar o sonho de andar de avião, o que fará apesar do medo que sente só de pensar na experiência. Em agosto, o Ministério do Turismo (MTur) divulgou uma pesquisa realizada em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) que informa a intenção de viagem para o próximo semestre de dois mil cidadãos em sete capitais do país – Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Denominado “Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem”, o levantamento mostra que o avião é o meio de transporte preferido de quem quer viajar, mesmo entre a população de menor renda. Jovelisa encaixa-se na faixa etária que mais demonstra interesse em viajar de avião: a das pessoas com menos de 35 anos. Em seguida, vêm os cidadãos que já têm mais de 60.

Brasileiros querem conhecer o próprio país (Foto: Márcio Coimbra)
Brasileiros querem conhecer o próprio país (Foto: Márcio Coimbra)

Embora o tal “frio na barriga” seja sempre ponto de discussão quando o assunto é viagem de avião, as estatísticas provam que, cada vez mais, aqueles que nunca tinham utilizado esse meio de transporte estão dispostos a encarar o desafio. “Estamos com o mercado interno muito ativo, com a intenção de viagem muito forte por parte daqueles que entraram agora no consumo do turismo”, comentou o ministro Gastão Vieira. “Nós estamos falando de todas as faixas de renda, principalmente daqueles 35 milhões de brasileiros que entraram no mercado de consumo nos últimos dez anos”. Ainda conforme a pesquisa do MTur, quem quer viajar de avião, quer fazê-lo acompanhado, basicamente do cônjuge e dos filhos. Quanto ao destino, a maioria pretende aproveitar as promoções do setor para conhecer o próprio país. E o Nordeste é o lugar que mais se encaixa na lista de desejos dos brasileiros: 53,7% dos entrevistados querem ir para lá. O índice é alto. Para se ter uma ideia, sozinha, a região nordestina atrai mais turistas que todas as outras quatro regiões somadas – Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Norte.

Emoções nas alturas
Mesmo sem nunca ter andado de avião, Jovelisa já experimentou sensação semelhante, durante um passeio panorâmico de helicóptero, em 2012. O problema é que os cinco minutos que tinha disponíveis para conhecer de cima a cidade onde mora – Caxias do Sul, na Serra Gaúcha – e vivenciar a emoção, gastou de olhos fechados, agarrada de um lado no marido e do outro num desconhecido, com quem dividiram o voo. “Ainda passei a vergonha de, ao pousar, não largar o desconhecido. Até perceber que já havia acabado e ter que dizer: ‘Ops, querido! Desculpe o desespero!”, relembrou, às gargalhadas. Isso sem contar a ocasião em que acompanhou seu irmão mais velho, o contabilista Lázaro, ao aeroporto, na despedida para uma viagem profissional. “Quando o avião decolou, comecei a chorar copiosamente. Foi lindo, mas eu nunca tinha visto um avião tão próximo. Foram duas emoções: ver a ‘pequena nave’ tão de perto e ver meu irmão andando de avião numa viagem de trabalho. Fiquei orgulhosa”.

Atualmente, Lázaro já não voa com tanta frequência, em função da troca de emprego. Contudo, quando o faz, não nega que é irmão de Jovelisa. “Andar de avião foi um sonho realizado, desde a primeira vez. Mas, ainda tenho medo. Até hoje, me apavoro a ponto de ter meu sistema nervoso afetado e, consequentemente, meu sistema digestivo”, comentou. “Mesmo uma semana antes de entrar em um avião, eu tenho fortes dores de barriga”.

A comerciante Eliane Zuchelo, 57, tem várias experiências das viagens de avião que regularmente faz com a família para o Chile, onde a filha mora há onze anos. “E realizar o sonho, agora está barato. Voar [de Pelotas, onde reside] para Porto Alegre está mais barato que ir de ônibus e ainda dá para parcelar no cartão”, comentou.

Passeio gringo

Graciele está conhecendo a Europa (Foto: Arquivo Pessoal)
Graciele está conhecendo a Europa (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando tinha oito anos, Graciele Cardozo viajou pela primeira vez de avião: foi para Manaus. Na ocasião, não fugiu à regra da maioria dos entrevistados dessa reportagem. “Lembro de fazer um fiasco, pois não queria entrar no avião. Estava com medo. Mas, depois amei, pois as aeromoças me deram um lanche com chocolate, sanduíche e refrigerante”, contou. Hoje, aos 22 anos, a história é outra. O medo já ficou de lado, bem como a euforia pelas guloseimas oferecidas pelas empresas aéreas. Atualmente nutricionista, Graciele viu em sua mais recente viagem de avião, em julho desse ano, uma oportunidade de realizar outro sonho que acalentava desde os 15 anos: o de morar fora do país. Por meio de um intercâmbio, ela agora mora em Newcastle Upon Tyne, norte da Inglaterra. “A viagem de avião foi confortável, apesar da distância de aproximadamente 14 mil quilômetros. Os aeroportos são de fácil acesso e entendimento e há boa orientação para os viajantes estrangeiros”, disse. “Realmente, os brasileiros estão viajando mais e tendo mais acesso a esse tipo de oportunidade, pois o governo tem incentivado. Na minha universidade, por exemplo, chegou a ter 30 brasileiros estudando inglês no verão europeu”.

Experiência a bordo

Interesse da terceira idade tem aumentado (Foto: Divulgação)
Interesse da terceira idade tem aumentado (Foto: Divulgação)

De olho numa das faixas de idade que mais deseja voar pelo Brasil, o MTur lançou, em setembro, a segunda edição do Programa Viaja Mais Melhor Idade, que integra o Programa Viaja Mais. A iniciativa, que teve sua primeira versão em 2010, registrou, agora, o interesse de mais de 70 mil idosos. Isso com apenas duas semanas de lançamento. A intenção é incentivar os brasileiros com mais de 60 anos a viajar de avião pelo Brasil, com descontos e vantagens exclusivas. Além de pacotes fechados, estão previstas ofertas em serviços avulsos, como hospedagem, passagens, locação de veículos e atrações turísticas. Os aposentados e pensionistas podem parcelar os custos da viagem em até 48 vezes pelo Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal, com juros reduzidos. Conforme a oferta, há a possibilidade de estender as vantagens, também, para acompanhantes de menor idade.

Atualmente, o programa oferece 270 ofertas para 70 destinos do país. Em 2010, os pacotes mais procurados foram para Natal (RN), Fortaleza (CE), Lins (SP), Caldas Novas (GO) e Serra Gaúcha (RS).

Você tem medo de quê?

Estresse deve ser evitado antes mesmo do voo (Foto: Infraero)
Estresse deve ser evitado antes mesmo do voo (Foto: Infraero)

Por ser bastante comum, o medo de viajar de avião tem mobilizado, ao longo das últimas décadas, profissionais ligados à área de Medicina Aeroespacial a desenvolverem métodos de intervenção eficazes para administrar essa ansiedade. Só o fato de estar tão distante do chão já é suficiente para gerar certo pânico. E passageiros com tendências claustrofóbicas ou fobias em ambientes aéreos e aglomerados humanos devem procurar um médico antes do voo para realizar algum tratamento, inclusive com remédios, se for o caso. Porém, a grande parte das situações é bem mais simples. Há quem se sinta atemorizado ou excitado até mesmo nos preparativos do pré-voo, como na arrumação de malas, locomoção para o aeroporto, check-in, transporte de bagagens pesadas nos corredores e até na emoção da despedida. Para tornar a experiência o mais agradável possível, anote as dicas:

1. Recomenda-se que, antes do voo, os passageiros evitem mascar chiclete e ingerir bebidas com gás, pois isso faz com que se engula grande quantidade de ar;

2. É importante alimentar-se bem, mas, sem exageros. Lembre-se que alimentos como feijão, repolho, pepino, brócolis e couve-flor têm alto grau de fermentação e aumentam a quantidade de gases no interior do tubo digestivo, gerando mal-estar;

3. Deve-se evitar bebidas alcoólicas antes de voar, pois o álcool diminui a capacidade de as células cerebrais utilizarem o oxigênio que lhes é fornecido – que, a propósito, diminui a bordo;

4. A cada duas horas de voo, recomenda-se ingerir um copo de água ou suco de laranja;

5. Os voos diurnos são considerados ideais, uma vez que a viagem tem início após uma noite de sono, e não depois de um dia em que o corpo e a mente já estão cansados. Outro fator importante nesse caso é que, na chegada ao destino, os passageiros podem contornar a ansiedade produzida pelo voo, tomando um banho relaxante e ingerindo refeições leves.
Fonte: Cartilha de Medicina Aeroespacial “Doutor, posso viajar de avião?”, criada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 

Taís Brem

Quem nunca?

Costume de reutilizar embalagens é uma das maneiras mais comuns de contribuir para a sustentabilidade

Embalagens ganham nova utilidade no ateliê de Letícia (Foto: Arquivo Pessoal)
Potes usados ganham nova utilidade no ateliê de Letícia (Foto: Arquivo Pessoal)

A sugestão da página na Internet era simples: quando o sorvete acabar, usar os potes como divisórias na gaveta e organizar as lingeries. Uma ótima forma de manter as roupas íntimas em ordem ao mesmo tempo em que se colabora com o meio ambiente. Afinal, melhor que descartar corretamente o lixo, é arrumar um novo jeito de fazê-lo útil – princípio básico da boa e velha reciclagem.

Até que alguém usou a postagem do Facebook para questionar: “E o feijão?”. Foi uma forma bem-humorada de lembrar que, além de servir como matéria-prima para artesanato e organização, as embalagens também ganham nova serventia na cozinha. Os potes de margarina que guardam o que sobrou do almoço e os vidros de extrato de tomate que viram copo estão aí na sua casa – ainda que escondidos no fundo do armário ou da geladeira – para confirmar a tese.

A universitária Inês Padilha, 30, aprendeu com a mãe, dona Carolina, o costume de guardar – quase – tudo para reutilizar depois. “Potes de sorvete, vidros, caixinhas, sacolinhas…”, enumerou. “Faço isso por dois motivos: por ter me acostumado a ver a mãe guardar algumas embalagens e, também, para ajudar na sustentabilidade”.

Letícia e parte de suas produções (Foto: Arquivo Pessoal)
Letícia e parte de suas produções (Foto: Arquivo Pessoal)

Aproveitar o máximo que pode das embalagens tidas como descartáveis também é lema na casa da artista visual e designer de superfície Letícia Costa Gomes, 37. E mais ainda em seu local de trabalho, o ateliê Pitanga Crafts, do qual é proprietária. “Eu reutilizo potes para guardar alimentos, porque os acho bonitinhos, vedam bem e são duráveis. Mas, também, uso no ateliê, para guardar materiais”, disse. “Uso até mais do que em casa”. Os materiais a que Letícia se refere são canetinhas, giz de cera, carimbos e afins que utiliza para produzir diversos acessórios exclusivos. As bandejinhas de isopor que antes guardavam queijo e presunto, agora servem para misturar tintas ou colocar cola, por exemplo. E os garrafões de água mineral, com capacidade para cinco litros, se transformam em potes para colocar prendedores e retalhos de tecidos. “Também uso muitos vidros. Tenho botões e outras peças separadinhas em vidros de molho de tomate”, comentou Letícia.

O hábito de praticar o reaproveitamento de embalagens já rendeu cenas inusitadas no cotidiano da artista. “Uma vez, fui num aniversário e as lembrancinhas vinham nuns potinhos plásticos. Peguei os potes de todo mundo, porque, como eram cupcakes, o pessoal comeu e deixou os potinhos para trás”, relembrou. Hoje, os recipientes têm nova utilidade e, dada a sua aparência estilosa, ninguém diz que, a essa hora, eles poderiam estar no lixo.

Caiu na rede
Não fosse a reciclagem, o descarte incorreto de determinados materiais causaria danos graves à natureza. E isso porque estima-se que as embalagens plásticas levem de 200 a 450 anos para se decompor. Se forem garrafas de PVC, esse período salta para 500 anos. E se o recipiente for de vidro, o tempo é indeterminado. No esforço de trabalhar contra um colapso ambiental, redes sociais, como o Facebook e os blogs, acabam sendo um disseminador de sugestões criativas para a reutilização dessas embalagens. E, também, uma vitrine para expor a popularidade desse costume sustentável, sem vergonha alguma. Há, inclusive, quem poste fotos na Internet com verdadeiras declarações de amor aos potinhos e vidrinhos, garantindo, por exemplo, que um copo que antes guardava geleia se sai muito melhor na hora de matar a sede que muita taça de cristal por aí. O meio ambiente certamente curte a iniciativa.

Taís Brem

Rico dinheirinho

Como as famílias trabalham a educação financeira junto a seus filhos

Mesmo pequenas, crianças já devem aprender noções básicas de finanças (Foto: Divulgação)
Mesmo pequenas, crianças já devem aprender noções básicas de finanças (Foto: Divulgação)

Em alguns lares, ainda hoje é assim: num determinado dia do mês, os pais dão aos filhos uma quantia fixa, chamada mesada, uma espécie de salário que as crianças e adolescentes recebem para administrar, exercitando, assim, sua independência financeira. Em outras residências, o trato recebe o nome de semanada e, portanto, refere-se ao pagamento concedido de semana em semana. Há, ainda, as famílias que investem na caderneta de poupança, separando um valor que, de tempos em tempos, é depositado no banco para custear algum projeto futuro, como o ingresso na universidade. E tem os casos mais simples, em que a educação financeira é praticada no bom e velho cofrinho. Ali, de moeda em moeda, os pequenos vão aprendendo a lidar com o dinheiro.

Longe de ser uma brincadeira, a tarefa de ensinar a administrar as finanças é indicada aos pais por especialistas da área, com o objetivo de colaborar na criação de adultos economicamente responsáveis, desde cedo. Assim, espera-se que aumentem as chances de os pequenos saírem desse processo preparados para enfrentar a selvageria do mundo capitalista em que vivemos.

Em geral, é na faixa dos dois anos de idade que começam a ser reproduzidas em lojas, supermercados e afins aquelas cenas dramáticas que todos nós já cansamos de assistir, cujo texto, salvo ligeiras variações, é sempre “Mãe, me dá isso? Pai, me dá aquilo?”. E é nesse ponto que as noções básicas sobre economia encontram espaço para se desenvolverem. “No mundo moderno, quase tudo tem um preço. Se você quer, por exemplo, um chocolate, deve pagar o valor que o vendedor pede. A mesma coisa acontece com os outros alimentos que você come, com a roupa que você usa, com a luz que ilumina a sua casa à noite, com a água que você usa para tomar banho e com o telefone que você usa para conversar com seus amigos. Como você pode ver, cada coisa tem um preço que se mede com dinheiro”, diz um trecho da cartilha “O que é o dinheiro?”, disponível no site do Banco Central do Brasil (BCB). A cartilha integra o Programa de Educação Financeira, projeto criado pelo BCB para aproximar a comunidade dos conhecimentos sobre economia e finanças.

O público-alvo do projeto não é composto apenas de crianças e adolescentes, mas seu material serve como subsídio para a conscientização dessa faixa etária. As ações educativas de curto, médio e longo prazo estão divididas em cinco pilares básicos – planejamento financeiro, economia, operações financeiras, Banco Central e meio circulante – e incluem, por exemplo, promoção de palestras em universidades, visitas de alunos de Ensino Médio e Fundamental ao Museu de Valores do Distrito Federal e a série de cadernos ilustrativos com textos simples que oferecem uma explicação clara a respeito de temas e conceitos básicos de economia.

Na prática

Kelen e Ariel (Foto: Daniel Avellar)
Kelen e Ariel (Foto: Daniel Avellar)

Ariel Borges tem sete anos. Mas, muito antes de completar essa idade, já havia ganhado de seus avós um cofrinho, que se abastece de moedas toda vez que os patriarcas vão visitá-la. Ela não ganha mesada, entretanto seus pais entendem a importância de ensinar o valor do dinheiro. Tanto que a própria Ariel, quando acompanha a mãe, a estudante Kelen Costa, 28, até o mercado, já sabe quando determinada mercadoria está com o preço alto demais para ser levada para casa.

“Ela sabe distinguir e me diz ‘Hum, isso é caro! Tem tal número na frente; não dá para comprar”, explicou Kelen. Ariel leva tão a sério suas economias que certa vez Kelen pediu emprestado umas moedas do cofre da filha e ouviu um alerta: “Só não pega tudo, porque eu tô guardando para comprar nosso apartamento”, disse a menina. É bem provável que Ariel não tenha noção de quanto custará ao bolso da família adquirir uma casa própria. Mas, o fato de ter sido estimulada a administrar seus trocados está lhe ajudando a ter uma visão mais clara do complexo formato que contorna as transações econômicas do nosso cotidiano. “Do meu ponto de vista, acho que as crianças têm que ter noção de valores, números e quantidade, desde pequenas”, opinou Kelen. “É uma forma de aprendizado. Você ensina e, também, aprende muito com elas”.

Jamile quer ajudar a comprar o carro da família (Foto: Wilson Brem)
Jamile quer ajudar a comprar o carro da família (Foto: Wilson Brem)

A família de Jamile já não vive de aluguel. Portanto, as moedas que guarda em seu cofrinho não serão necessárias para ajudar a subsidiar o sonho de uma nova moradia. Porém, a menina de nove anos tem planos igualmente ousados para alguém de sua idade: quer ajudar a mãe, a auxiliar de Educação Infantil Eloisa Santos, 40, a adquirir um carro. “Não dou mesada a ela, mas dou umas moedinhas, de vez em quando, para ela guardar no cofre. O trato é abrir só quando encher e houver um objetivo”.

De família evangélica, Jamile tem o hábito de separar 10% de tudo o que ganha e direcionar para o dízimo. O restante só é investido após o aval da mãe. “Normalmente, ela pede minha opinião”, comentou Eloisa, ao destacar que considera fundamental ensinar da forma correta para que os filhos não se tornem avarentos.

Nem todas as crianças e adolescentes seguem o exemplo de Ariel e Jamile; preferem custear investimentos bem mais modestos, como o lanche da escola ou o brinquedo do momento. Para Eloisa, entretanto, o principal é orientar para que não haja exageros, nem quanto ao desperdício nem quanto à valorização exacerbada. “Acho que dar dinheiro aos filhos requer, também, orientação. Só dar o dinheiro, sem propósito, não irá edificá-los em nada”, pontuou.

Porquinho de estimação

Tradição de fabricar cofres em formato de porco surgiu na Europa (Foto: Divulgação)
Tradição é europeia (Foto: Divulgação)

Criatividade é o que não falta na hora de inventar novas caras para os tradicionais cofrinhos. Mas, quando se fala de economizar moedas, a primeira imagem que nos vem à cabeça é, inevitavelmente, a de um porquinho. E isso por influência do Velho Continente. Reza a lenda que, por volta do século 16, os europeus costumavam guardar dinheiro em vasinhos feito com um argila chamada “pygg clay”. Mais tarde, o recipiente passou a ser conhecido como “pygg banks”. E, como em inglês, a palavra “piggy” é porquinho, foi daí que os ceramistas tiraram a ideia de começar a fabricar cofres nesse formato. A prova de que a invenção foi um sucesso é que até hoje ela é imitada nos quatro cantos do planeta.

Taís Brem

Pelotas, 26 de setembro de 2013

É clichê, eu sei. Mas, foi de uma sabedoria incrível a inspiração do cara (ou da mulher) que disse aquela frase “Hoje é o aniversário do fulano, mas quem ganha o presente é você”. Popularmente, utilizada para slogan de promoção no comércio, a declaração cabe, também, para marcar o aniversário de pessoas. Afinal, apesar dos pesares que a convivência nos impõe, celebrar o aniversário de alguém tem muitas partes boas. A escritora americana Stormie Omartian disse, inclusive, que “todo relacionamento exige sacrifício. Mas, todo sacrifício traz uma recompensa”.

E é verdade. Temos o que comemorar quando percebemos que a vida nos brindou com mais um ano ao lado de alguém que nos completa, de alguma forma. Hoje, dia 26, é aniversário do meu marido, Wilson. E creio, portanto, que não haveria outro tema mais apropriado que esse para tratar nesta crônica.

Em dezembro, completaremos sete anos de casados. Foi um casamento incomum, para dizer o mínimo. Não houve ficada, nem namoro, muito menos noivado. Nos conhecemos e nos casamos. Ou melhor, casamos sem nos conhecer direito. Como cristãos, entregamos essa e todas as outras decisões da nossa vida nas mãos de Deus. É engraçado e estranho falar sobre isso num mundo em que, cada vez mais, as pessoas rejeitam a interferência do sobrenatural. Ouvi uma pessoa dizer certa vez que a última coisa que ela precisava era de um Deus tomando conta dela o tempo todo. Respeito a posição. Mas, lamento. Na minha vida e na vida do meu marido essa interferência constante é mais que bem-vinda, é implorada a cada segundo. Porque, venhamos e convenhamos, a humanidade já tem um bom tempo de estrada para comprovar que não tem maturidade alguma para tomar conta de si própria sozinha. E permitir que Deus tome as rédeas, não é usar uma espécie de bengala ou seguir uma fé cega. É um estilo de vida que, ao menos nós, temos sentido que dá certo. Haveria inúmeras formas de tentar explicar isso, ainda que, na verdade, seja algo inexplicável. Uma tentativa é simplesmente dizer que Deus tem uma perspectiva acima da nossa. E como Pai, Ele sempre vai nos encaminhar para aquilo que é o melhor. Ainda que não entendamos. Por exemplo: naturalmente, pelo menos por enquanto, eu sou mais alta que meu filho, de um ano e sete meses. E, por ter uma visão mais abrangente, posso tomar conta dele muito melhor do que ele faria por si próprio. Creio ser assim, também, na relação do ser humano com Deus. É fé. E fé se vive, não se explica.

A questão do nosso casamento foi algo muito pessoal. Não indico que outros façam a loucura que fizemos. A não ser que também sejam chamados para tanto. Contudo, foi um passo de fé, porque nos dispusemos a entender que, mesmo que não conhecêssemos um ao outro, Deus conhecia a nós dois muito bem. Ele sabia que não havia mulher melhor que eu para o meu marido e vice-versa. Eu poderia deixar essa homenagem para o aniversário do nosso casamento. Mas, resolvi fazê-la agora, abrindo esse pedacinho da nossa vida íntima para compartilhar que também mereço os parabéns hoje. Fiz um ótimo negócio naquele 31 de dezembro de 2006. Modéstia à parte, me considero apta para protagonizar alguma propaganda de “casamento à moda de Deus”. Não perfeito, mas conduzido por aquEle que é a própria perfeição. A propósito, parabéns pra ti, também, Prê!

Taís Brem

Aqui, ali e acolá

Por aqui, o médico e vereador Anselmo Rodrigues, preocupado com o nível de profissionalismo dos médicos cubanos. Ali, Dilma Rousseff, sem meias-palavras, visivelmente irritada com a espionagem americana. E acolá, Miley Cyrus vivendo uma fase bad girl. Leia, a seguir, uma compilação de frases do Blog Quemany para esse sábado (21). Boa leitura!

Taís Brem


“Tu subirias num avião sem ter a certeza de que o piloto é totalmente preparado para pilotar a aeronave? Tu não subirias!”.
Anselmo Rodrigues, médico e vereador pelotense, ao defender a submissão de médicos estrangeiros que vierem para o Brasil ao Exame Nacional de Revalidação do Diploma Médico, o Revalida.

“Sei que ZH não vai publicar, mas desculpem o desabafo”.
Jorge Barcellos, doutor em Educação, na abertura do texto “Menos que um cachorro”, que enviou ao jornal Zero Hora para reclamar da falta de notícias na impressa geral a respeito do aniversário de 240 anos da Câmara Municipal de Porto Alegre, em 06 de setembro. O texto foi publicado.

“Você acha que eu preciso?”.
Marina Ruy Barbosa, atriz, respondendo com uma pergunta o questionamento da repórter da Revista Contigo! sobre ela já ter feito terapia.

“Entre a sombra e a luz, nós vamos andando e lidando com todo tipo de energia. Aprendi a blindar meu coração, mas não estou livre de sentir”.
Tico Santa Cruz, músico, sobre depressão no meio artístico.

“Eu ia dar palestras nas faculdades e perguntava o que as meninas queriam fazer. E era sempre ser apresentadora de TV ou moça do tempo. Eu dizia: ‘Você quer ser famosa? Tem maneiras mais fáceis. Jornalismo não é carreira para ficar famoso, é uma profissão de sacrifício’”.
Ana Paula Padrão, jornalista.

“Piso em barata, pego rã na piscina. Não tem muita coisa que um homem possa fazer que eu não faça”.
Alinne Moraes, atriz, tentando desmistificar sua fama de mocinha que não mete a “mão na massa”.

“Acredito que é necessário tirar um tempo para ser maluco”.
Miley Cyrus, cantora e atriz, ao justificar a face, no mínimo, estranha que tem revelado ao mundo nas últimas semanas, com suas performances sensuais e ousadas.

“Tudo que a Madonna fez, eu fazia antes. Na ditadura. Se era proibido, eu queria”.
Ney Matogrosso, cantor.

“Não tenho cerimônia para usufruir das mulheres que me seduzem por conta do que eu escrevo. Não estou roubando ninguém!”.
Xico Sá, jornalista.

“A gente tem que dar os nomes que as coisas merecem. Guerra é guerra, terrorismo é terrorismo, espionagem de país democrático é espionagem”.
Dilma Rousseff, presidente da República, sobre as escutas feitas no Brasil pelas quais o presidente americano Barack Obama havia assumido responsabilidade “direta e pessoal”.

Cala-te, boca!

Evoluindo de xingamento a elogio, palavrões estão na boca do povo, mas ainda são mal vistos

Foto: Divulgação
Popularidade não aliviou má fama dos “nomes feios” (Foto: Divulgação)

Se antes era senha para um bom tapa na boca, hoje já não é tão feio assim. Falar palavrão está na moda. E nessa moda, nomes que acumularam má fama ao longo da história já não são utilizados apenas para descarregar a língua em xingamentos. Eles viraram sinônimo de adjetivos comuns, usados no dia a dia. E estão mais populares do que a gente costuma perceber.

Exemplos? Dizer que você foi a uma p*t* festa, significa que sua saída do fim de semana foi, a nada menos, que a um baita evento. Falar que aquele autor que você adora escreve bem pra c*r*lho, é elogiá-lo por sua capacidade ímpar de colocar as palavras no papel. E o tal do “ligue o f*d*-se” não passa de um conselho para levar a vida de forma mais light e desencanada. A maior prova de que isso não é balela, é que grandes são as chances de você ter lido essas expressões em seu sentido completo, como se os asteriscos não existissem.

Mãe de dois filhos – um de 17 e um de 20 –, a funcionária pública Mariza Cruz, 35, diz acreditar que esse “vocabulário pop” tem a ver com a inversão de valores da sociedade moderna. “Tudo o que circula na mídia, se torna ‘moda’”, disse. “As músicas, entre outros meios, estimulam o uso desse tipo de palavras, assim como o uso de drogas e outras coisas mais graves. Espero que meus filhos não se contaminem, mas não é fácil. Às vezes, ouço conversas dos meus primos, por exemplo, que têm entre 14 e 18 anos, e é assustador”.

Bruna Soares (Foto: Arquivo Pessoal)
Bruna costuma policiar o hábito (Foto: Arquivo Pessoal)

Pelo discurso, é possível que Mariza também ficasse incomodada se ouvisse uma conversa da vestibulanda Bruna Soares, 19, com sua turma. Bruna diz achar normal falar palavrão. “Mas, depende com quem, porque tem uns que eu acho meio pesados para se falar e, de vez em quando, dependendo do ambiente ou das pessoas que estão comigo, eu cuido pra não falar”, ponderou. Os pais de Bruna – o publicitário Paulo e a bancária Marta – estão entre as pessoas que ela considera inadequadas para ouvirem seu palavreado liberal, embora não lembre de ter recebido nenhuma correção deles nesse sentido. “Não lembro de me corrigirem, mas, também, não fico me cuidando. É normal não falar para eles”.

O analista e desenvolvedor de sistemas Robson Hellebrandt, 24, assume, numa boa, que fala palavrão em seu dia a dia, entretanto, como Bruna, ele também estipula restrições. “Não uso para ofender ninguém. Geralmente, é para intensificar alguma novidade, um fato que me emociona ou conquista. Muitas vezes, nos meus encontros com amigos, usamos bastante essa linguagem, mas sempre no intuito de intensificar a emoção do momento. Faz parte, infelizmente”, disse. Ao ser questionado sobre o porquê da palavra “infelizmente” para justificar seu hábito, Hellebrandt explicou: “Acho que posso parecer pouco confiável por, às vezes, me valer de palavrões para expressar algo. Considero que seja uma forma um pouco ‘suja’ de se expressar, que não passa credibilidade”.

"O que é ofensa para uns, não é para outros", disse Daniela (Foto: Taís Brem)
“O que é ofensa para uns, não é para outros”, disse Daniela (Foto: Taís Brem)

Embora tenham adquirido uma aparência mais natural ao longo dos anos, os chamados “nomes feios” não conseguiram, ainda, se desfazer completamente de seu lado negativo. Porém, é provável que esse quadro esteja mudando. “O que é uma ofensa para alguns, em certo contexto, para outros, em outro contexto, é algo natural. Isso acontece, porque a palavra não possui um significado fixo; ela toma diferentes significados, por meio do uso que os falantes fazem dela”, explicou a jornalista e mestra em Linguística Aplicada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (PPGL/UCPel), Daniela Agendes, 25. “É uma questão sócio-cultural. Talvez, seja uma forma de os falantes se integrarem e se identificarem a um determinado grupo, através do uso que fazem da língua, como se o uso do palavrão de forma diferenciada fosse um requisito para fazer parte daquele grupo”.

Punição a R$ 1
Quem não admite essa mudança sócio-cultural e não quer entrar na onda, deve se policiar. E policiar, também, aos seus. Na casa do fotógrafo Nauro Júnior e da jornalista Gabriela Mazza, esse policiamento teve de partir para o lado punitivo. E pasmem: quem controla a punição, não é o pai, mas a filha do casal, a pequena Sofia, de oito anos. “A coisa surgiu meio que naturalmente. Eu sempre falei muito palavrão, faz parte de meu vocabulário. Meus pais já me cobravam muito em casa e, quando a Sofia, nasceu a Gabi pediu para eu dar uma maneirada. Quando ela começou a falar, lá pelos dois anos, notamos que, às vezes, ela repetia alguns palavrões”, contou Nauro. A tática de dizer a Sofia que “falar palavrão é feio”, por si só, não funcionou. Afinal, ela argumentava que “se o papai podia falar, ela também podia”. “Foi quando a Gabi disse que, a cada palavrão que o papai falasse, teria que pagar um real pra ela. Ela adorou e, além de não dizer palavrão, fica me controlando o tempo todo. Até nas minhas palestras, quando ela vai junto, fica anotando quantos palavrões eu falo e depois me cobra. Se eu estiver conversando com alguém, não interessa quem for, e falar algum palavrão, ela começa a anotar pra me cobrar. Aí, eu tenho que explicar para a pessoa sobre a brincadeira, então prefiro me cuidar e falar menos”, afirmou o fotógrafo.

Se o objetivo era mesmo melhorar a qualidade do vocabulário na família, pelo jeito, está funcionando. “Além de ser cobrado o tempo todo em público, ainda tenho prejuízos. Geralmente, tenho que negociar com ela, porque falo muito mais palavrões do que posso pagar. Ela tem três cofrinhos cheios e, agora, fomos para a Bahia e ela conseguiu até comprar lembrancinhas com o meu dinheiro”. Na verdade, dinheiro dela, honestamente adquirido com seu dedicado trabalho de fiscalização.


Taís Brem

Dia D

Depois que inventaram as efemérides, ninguém precisa mais de um desaniversário à la Alice no País das Maravilhas para celebrar aqueles dias em que parece não se ter nada para comemorar. Há dia para tudo, em homenagem a todos, para que ninguém se sinta menosprezado. Só eu, por exemplo, além dos dias do meu aniversário de vida e de casamento, posso ser parabenizada no Dia das Mães, no Dia Internacional da Mulher, no Dia do Jornalista, no Dia da Consciência Negra, no Dia do Evangélico, no Dia Mundial de Combate ao Lúpus, no Dia do Irmão, Dia do Leitor, Dia do Repórter, Dia do Revisor, Dia Mundial da Juventude, do Vizinho, do Cliente, da Madrinha, do Músico, do Adulto, da Amizade… No mínimo! E, para os mais bem-humorados, até no Dia de Santa Thais. Aliás, junto a essa data e ao Dia de Todos os Santos, a Igreja Católica tem um calendário repleto de homenagens próprias. Praticamente, um santo para cada dia do ano.

Além das datas tradicionais, que, literalmente, param tudo em função de suas celebrações, existem efemérides bem curiosas e pouco conhecidas, eu diria, como o Dia do Aperto de Mão, o Dia do Enfermo, o Dia da Toalha, o Dia do Papa, o Dia do Disco Voador, o Dia do Desarmamento Infantil, o Dia do Alcoólico Recuperado, o Dia do Canhoto, o Dia do Cotonete, o Dia do Boi e o Dia do Samurai. Quem inventa tudo isso? Muitas dessas datas surgem de momentos de ociosidade parlamentar. Mas, mais intrigante que a criatividade – e certa inutilidade – delas, é perceber sua origem. A maioria tem a ver com morte. Isso mesmo. Semana que passou, por exemplo, em 12 de setembro, foi Dia do Servidor Penitenciário. Desde quando? Desde que dois agentes, chamados Santos e Medeiros, foram brutalmente assassinados, em 1985, quando faziam seu serviço rotineiro, ao levar um preso para uma audiência num ônibus da linha Caxias/Porto Alegre. Uma das histórias atribuídas à origem do Dia dos Pais faz referência à viuvez de um ex-combatente de guerra que, sozinho, criou os seis filhos. O Dia do Ciclista, aqui no Brasil, é o mesmo dia em que um rapaz de bicicleta morreu atropelado por um veículo dirigido por um motorista embriagado. O Dia do Irmão, que mobilizou boa parte das redes sociais há duas semanas, começou a ser comemorado a partir da data de morte de Madre Teresa de Calcutá. E por aí vai. Bizarro.

Além de curioso e bizarro, assimilar tanta comemoração chega a ser, também, embaraçoso. No ímpeto de tentar fazer a social e parabenizar todos os contemplados numa ou outra celebração, corre-se o sério risco de esquecer alguém. 24 de maio é um desses dias bem movimentados. Quando chegar o momento de parabenizar os datilógrafos, não esqueça de mandar uma cartinha ou fazer uma visita àquele seu conhecido que está preso. Se postar alguma homenagem nas redes sociais, não deixe de mencionar os telegrafistas. Ah, e é claro, lembre-se dos vestibulandos, mesmo que não lhe chegue à memória o nome de ninguém que esteja em situação pré-universitária. Pelo sim ou pelo não, assim, você acumula mais chances de não deixar ninguém ofendido.

O “bom” disso tudo é que a maioria dessas datas é só um protocolo. Fossem todas elas feriados, ninguém mais ia trabalhar nesse país. Melhor nem dar ideia.

Taís Brem

Texto publicado também no Reportchê.

Um shopping para chamar de nosso

Em 03 de outubro, finalmente, Pelotas assistirá à inauguração de seu primeiro shopping center

Shopping Pelotas será o primeiro da cidade (Foto: Taís Brem)
Shopping Pelotas será o primeiro da cidade (Foto: Taís Brem)

O shopping que leva o nome da cidade e o peso de ser o primeiro empreendimento do tipo a ser inaugurado em Pelotas estará aberto ao público a partir do mês que vem. A expectativa é enorme entre os moradores da cidade. Afinal, a Princesa do Sul, do alto de seus 201 anos, já teve de tudo: centro comercial, galeria, hipermercado e lojas que lançaram a escada rolante como novidade, excursões para a capital que incluíam passeios em shoppings e vários projetos que nunca chegaram a vingar. Mas, shopping mesmo, é a primeira vez.

Laureni Mendes (Foto: Arquivo Pessoal)
Laureni Mendes (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a maioria dos cidadãos pelotenses, a implantação de um shopping na cidade é positiva, uma vez que, entre outras coisas, é sinal de desenvolvimento econômico. “Vai proporcionar novas oportunidades de emprego e será mais um ponto turístico para os visitantes, sem contar que é um grande investimento para Pelotas”, opinou a dona-de-casa Laureni Mendes, 45. Sheila Teixeira, 19, concorda, principalmente, porque poderá impulsionar as chances para os jovens que nunca trabalharam. Porém, embora considere que o empreendimento será um marco para a cidade, a estudante não acha que o visitará com frequência, já que o Shopping Pelotas funcionará no bairro Areal e Sheila mora no Fragata. Para o jornalista e professor Jairo Sanguiné, o empreendimento dará vida à cidade. “Meu interesse pessoal são as salas de cinema, pois Pelotas é tida como polo cultural e ainda não tem salas de cinema de qualidade”, apontou. A expectativa do militar Igor Silveira, 19, é por variedade de entretenimento. Tendo algo diferente, como boliche ou área de pentibol, eu pretendo frequentar”, comentou.

Com apenas um pavimento, o Shopping Pelotas tem mais de 35 mil metros quadrados de área construída e conta com 172 lojas, seis âncoras, cinco megalojas, dois restaurantes, 14 fast-foods, cinco salas de cinema (sendo que duas são 3D) e 1.173 vagas de estacionamento. Por serem inéditas em Pelotas, as filiais das lojas Americanas e Riachuelo e da rede de fast-food Burger King estão entre as mais aguardadas pelo público.

Progresso ou retrocesso?
Na opinião de Silveira, a instalação do shopping em Pelotas é uma evolução. “Mas, uma evolução meio atrasada”, explicou. “Nós temos uma economia significativa para fazer o shopping render e, de uns tempos para cá, a economia da cidade, que está entre as maiores do Rio Grande do Sul, ficou mais forte. [Essa inauguração] Poderia ter ocorrido antes”. Na mesma linha, a psicóloga Marilei Vaz opinou que o “reboliço” feito pela população em torno da implantação do empreendimento soa como exagero. “Para uma cidade que tem tantos prédios bonitos e já viveu tanto glamour, inaugurar um shopping a esta altura é um retrocesso”. “Depois que municípios, como Lajeado, Passo Fundo, Novo Hamburgo, entre outras cidades menores já têm shopping há mais de dez anos, é, no mínimo, motivo para reflexão”, disse o administrador de empresas Marco Soares, 41, que é pelotense, mas, atualmente, mora na capital paulista. “A propósito, agora que Pelotas está inaugurando um shopping, o ‘comércio de rua’ está em alta”, comentou Soares, ao citar o sucesso da 25 de março, do Brás, da Teodoro Sampaio e da avenida Paulista, em São Paulo; do Saara, no Rio de Janeiro; e dos Open Mall, uma espécie de shopping de rua, famoso nos Estados Unidos e que, agora, ganha força na região de Campinas e Belo Horizonte.

Os envolvidos com o projeto, obviamente, não estão alheios a essa realidade. “Um shopping em Pelotas é aguardado há décadas. Por isso, posicionamos o shopping como uma novidade que veio realizar um sonho do pelotense, mas, sem esquecer que é uma iniciativa que nasceu localmente, que tem a cara de Pelotas e que, por isso, irá satisfazer totalmente nossa comunidade”, disse o diretor de criação da Incomum, Daniel Moreira, o Cuca.

Ação teve início em junho (Foto: Divulgação)
Ação teve início em junho (Foto: Divulgação)

A Incomum é a agência de comunicação estratégica que possui a conta do Shopping Pelotas. Na ação prévia feita para gerar envolvimento e movimentação na Fan Page, a agência utilizou expressões características da região. O primeiro passo foi dado no evento da entrega dos capacetes, em 20 de junho. Na ocasião, os convidados receberam um bolo inglês acompanhado de uma etiqueta com a frase “Não é bolinho, é queque”. “Dando continuidade a esse mimo, criamos a campanha no Facebook, onde, com a mesma estrutura de frase, fizemos 25 posts, publicados de 26 de junho a 29 de julho”, disse Cuca. “A soma do alcance de cada post da campanha foi de 208 mil pessoas. O mais exitoso foi ‘Não é vou embora, é partiu o Guabiroba!’, com um alcance de mais de 40 mil pessoas distintas, 653 compartilhamentos, 450 curtidas e 40 comentários”.

Hoje, a Fan Page do Shopping Pelotas, que ficou popular trazendo à memória dos pelotenses o “frege”, o “mandinho”, o “de primeiro” e a “recheada”, tem mais de nove mil fãs. A expectativa da agência é chegar aos 15 mil até o fim desse ano.

Antes tarde do que nunca
O publicitário Paulo Soares, 52, que também já deixou de morar em Pelotas há mais de 20 anos, torce para que o empreendimento dê certo. A respeito de uma provável resistência local a novidades, o publicitário opinou: “Não há lógica em rejeitar o progresso, se não há uma manutenção e um progresso do comércio nativo. Na Bahia, há uma rejeição à música internacional e até mesmo a ritmos brasileiros não baianos, mas, há uma força incontestável do axé-music, com todas as suas variantes”, exemplificou. “O comércio de Pelotas não oferece, nem nos produtos locais, doces, compotas, artigos de couro, alternativa moderna de compra, nem uma feira permanente, a não ser a dominical da Avenida [Bento Gonçalves]. Em Fortaleza, tem uma feira como essa funcionando todos os dias, das 17h às 23h. Na Praia de Boa Viagem, em Recife, também. Por que Pelotas não trabalha sua vocação turística? Por que o Mercado Público está fechado, um ano depois da previsão de reabertura? São coisas como essas que eu acho que justificam o atraso desse empreendimento”, enumerou. “O Shopping Pelotas será um sucesso se incorporar a cultura da cidade, o samba, inclusive. Se tiver uma política de inclusão de pequenos estabelecimentos, sem deixar de focar nos grandes. Se tiver linhas de ônibus e lotação para acesso fácil, eventos culturais, participação na vida da cidade. Se tiver a coragem de romper com a apatia e se posicionar como uma operação revolucionária”, sugeriu. “Assim esperamos”.

Alerta redobrado

Agente alerta para a prudência no dia da inauguração (Foto: Taís Brem)
Agente alerta para a prudência no dia da inauguração (Foto: Taís Brem)

A inauguração do Shopping Pelotas está marcada para o dia 03 de outubro. E, como a movimentação deve ser intensa no local, intensifica-se, também, a necessidade de prudência no trânsito. “Mesmo se tratando de uma rótula, há um uso excessivo da velocidade dos veículos e desrespeito à sinalização. Por isso, é necessário ter prudência redobrada. O local estará mais sensível a ‘acidentes’, em função do aumento do número de veículos e de pessoas”, lembrou o agente de trânsito Wilson Brem.

O Shopping Pelotas funcionará na avenida Ferreira Viana, 1.526, no cruzamento com a São Francisco de Paula.

Taís Brem

A cerveja da gatinha

Nada de loiras sensuais ou propagandas apelativas; o novo lançamento em cervejas atende pelo nome de Hello Kitty

Produto só está sendo vendido na China, por enquanto (Foto: Divulgação)
Produto só está sendo vendido na China, por enquanto (Foto: Divulgação)

Um desenho mimoso, de traços simples e identificação certa com a maioria das meninas – da primeira infância até a fase adulta, em alguns casos. Mas, suas características fofas, conhecidas no mundo inteiro, não fazem da personagem japonesa Hello Kitty apenas um motivo de ilustração para festas infantis ou agendas pré-adolescentes. Numa estratégia ousada, a empresa Long Chuan, de Taiwan, lançou uma série limitada de cervejas com a marca da gatinha. Por enquanto, o produto está disponível apenas a consumidores chineses.

De acordo com a empresa – que tem licença da Sanrio, controladora da marca Hello Kitty, para produzir a cerveja –, a bebida terá baixo teor alcoólico (2,3%) e sabor de frutas (banana, limão, maracujá e pêssego). O lançamento pode ser um atrativo para os fãs adultos da personagem criada em 1974 pela designer Yuko Shimizu. Entretanto, para alguns pais, não deixa de ser uma tática que gerará confusão na cabeça das crianças. Afinal, a embalagem até parece com a de um suco. E, com a figura da Hello Kitty estampada, torna-se ainda mais apelativa.

A jornalista Viviane Retzlaff é mãe de uma garota de seis anos. Tanto ela quanto a filha dizem adorar a personagem, porém, para Viviane, a associação com uma bebida alcoólica é inadequada. “Eu não compraria essa marca para não induzir minha filha a consumir algo que não gera saúde. A criança adquire os hábitos e a visão de mundo pelo exemplo dos pais”. Especialista em Comunicação e Marketing, Viviane diz acreditar que vê o lançamento da cerveja da Hello Kitty como uma tentativa da marca em influenciar os pais às compras por meio das crianças, além, é claro, de fidelizar futuros consumidores desde cedo.

Também jornalista, Felipe Nyland, 25, ainda não é pai. Mas, demonstra preocupação com a irmã, que tem sete anos e é fã da gata branca. “Minha irmã ama a personagem”, disse. “Eu não compraria, pois isso pode levar uma criança a querer provar o produto, só porque é da Hello Kitty”.

Lucro fácil
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Os pelotenses podem até não ter gostado da ideia da cerveja. Mas, a Sanrio aposta que será bem-sucedida também nesse ramo. Se assim for, a empresa acrescentará mais uns trocados aos 900 milhões de dólares que embolsa anualmente com seus mais de 20 mil produtos licenciados, o que inclui jogos, bichos de pelúcia, roupas, acessórios, telefones celulares e cosméticos.


Taís Brem

Sinal de alerta

Provável suicídio de Champignon reacende polêmica sobre o tabu que é questão de saúde pública

Músico estava com 35 anos (Foto: Divulgação)
Músico tinha 35 anos (Foto: Divulgação)


Uma atitude de covardia e egoísmo. Um último pedido de socorro. Ou uma demonstração de desespero cada vez mais comum que sinaliza um grave problema de saúde pública. Seja qual for a definição usada para o ato do suicídio, é sobre ele que recaem as investigações policiais a respeito da morte do ex-baixista da banda Charlie Brown Jr. e vocalista d’A Banca, Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, 35, o Champignon, ocorrida no início da semana passada. Por uma triste coincidência, Champignon morreu na madrugada de segunda-feira (09), véspera da data escolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para ser o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro.

Segundo informações fornecidas pela mulher do músico, Cláudia Campos, o casal recém havia chegado de um restaurante, quando ele se trancou no quarto. Ao ouvir o barulho de dois tiros, ela foi pedir ajuda a um vizinho, que o encontrou já sem vida e com o corpo ensanguentado. Cláudia, que está grávida de cinco meses, foi chamada pela polícia para prestar um depoimento mais detalhado sobre o caso, a fim de confirmar se Champignon enfrentava algum problema de depressão nos últimos meses, mas desistiu de fazê-lo em função da movimentação de jornalistas em frente à delegacia. A confirmação serviria para embasar, de forma mais precisa, as investigações. Contudo, a irmã do músico, Elaine Duarte, 37, disse ter certeza de que foi ele mesmo quem se matou. “Tenho total segurança para afirmar que meu irmão estava depressivo”, declarou.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em 90% dos casos, as razões que levam ao suicídio estão ligadas a distúrbios mentais, como a depressão, a bipolaridade, a esquizofrenia e a síndrome do pânico. E essa constatação não é apenas teórica. Segundo a psicóloga Lauren Severo, tais ocorrências têm aumentado, justamente, porque as pessoas têm sofrido mais com transtornos emocionais e mentais. “O estresse da vida atual também contribui muito para esse aumento”, comentou a profissional.

Segundo Lauren, entre as técnicas utilizadas no campo da Psicologia para abordar um paciente com risco de suicídio estão internações domiciliares ou em hospitais (gerais ou psiquiátricos), medicação prescrita por psiquiatra e acompanhamento médico, que, em algumas situações, chega a ser diário. “Um minuto de distração pode ser fatal. Muitas vezes, é preciso esconder facas, retirar chaves de banheiros e ocultar qualquer objeto que possa ser letal”, afirmou. “Hoje, trabalho em um hospital e digo que, frequentemente, colaboradores de serviços de saúde chegam a um limite estressor capaz de gerar a tentativa de suicídio. Com certeza, o fato deles trabalharem em um ambiente onde a morte é presença diária, torna mais rotineira essa prática”.

Além da importância de o paciente que apresenta comportamentos suicidas buscar ajuda de psicólogos ou psiquiatras e confiar nesses profissionais, Lauren citou, também, a relevância da crença religiosa no processo de recuperação.

Impacto traumático

Identificar comportamento suicida pode prevenir o problema (Foto: Divulgação)
Identificar comportamento suicida pode prevenir o problema (Foto: Divulgação)

A obreira vocacionada da Igreja Batista da Lagoinha (IBL) Liliane Santos, 32, sofreu a perda de um amigo próximo, há cerca de um ano. “O percalço que ele encontrou em seu caminho foi o álcool, mas lutou contra isso como pode. Porém, em seu tempo de ‘cura’, começou a sofrer perturbações descomunais, ver e ouvir coisas estranhas, entre outros sinais de distúrbios mentais. Num triste dia, após escrever um bilhete rápido e se despedir da família, ele pulou da janela da qual, antecipadamente, havia cerrado a grade de proteção”, relembrou. “Aí, as pessoas podem afirmar: ‘Que cara covarde!’. Não penso dessa forma. Ao contrário, conhecendo-o como conhecíamos, creio que ele não estava em sã consciência ao fazer isso. Mas, penso que a perturbação foi tamanha que o levou a acreditar que, pulando dali, os problemas se resolveriam. Ele amava a família que tinha, fazia tudo por eles e esse amor era recíproco. Ninguém, conscientemente, abre mão de tal coisa. Pra mim, está claro que quem passa por isso, pelo menos em sua maioria, comete tal atrocidade achando estar fazendo uma coisa, quando, na verdade, faz outra. O inimigo das nossas almas é quem faz esse trabalho de enganar e confundir”.

Na opinião de Liliane, a responsabilidade de ajudar a evitar esses casos recai sobre a sociedade, como um todo. “Aqueles que percebem pessoas em situações assim, devem ser capazes de caminhar junto o bastante a fim de aliviar essa bagagem, oferecendo suporte e o que mais seja necessário. Quem já viveu isso e escapou da morte, sabe muito bem que funciona”, apontou.

A bancária Eva Soares já perdeu três conhecidos para o suicídio. Um colega da escola, na infância; e dois de trabalho, já na fase adulta. O primeiro caso foi um menino que se enforcou aos 12, 13 anos. Ele era adotado por uma das vizinhas de Eva e nunca ninguém entendeu o porquê do óbito. Já quanto aos colegas de serviço, ambos os casos foram motivados por situações de depressão, agravadas por separações conjugais e problemas financeiros. Um servidor público que trabalha com jovens, mas preferiu não se identificar para não comprometer a imagem de seus colegas, concorda com Liliane: a ajuda alheia é importante no esforço de diminuir os índices de suicídio. Contudo… “À medida em que a sociedade se afasta do contato pessoal, olho no olho, fica cada vez mais difícil perceber quando uma pessoa, por mais próxima que seja, está chegando em um momento crítico em que chegue a considerar tirar a própria vida”, opinou.

“Só falta você”

Vocalista repudiou comentários maldosos (Foto: Divulgação)
Vocalista repudiou comentários maldosos (Foto: Divulgação)

Colega de profissão de Champignon, o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, publicou em seu blog pessoal um verdadeiro desabafo sobre a repercussão da notícia. O músico fez duras críticas às insinuações, difundidas, sobretudo, nas redes sociais, de que Champignon teve uma atitude covarde ao se matar. “A Internet e essa possibilidade de fazer contato com o amor e com o ódio das pessoas, pode, sim, catalisar um processo de negação, de dor e de desespero. A exposição é muito grande. Há quem saiba lidar com isso e há quem se sinta atingido”, comentou. “É muito fácil julgar olhando apenas os elementos que lhe rodeiam. Muito fácil falar quando não é sua alma que está sangrando. A pressão que nós [artistas] sofremos é muito grande. Existem muitas inseguranças, muitas lutas, muitas e muitas frustrações. A alma dói”.

No relato, o músico afirmou que já esteve perto de se suicidar, em 2004, quando, durante um processo depressivo, pensou que a morte seria uma boa alternativa para se “vingar” daqueles que estavam lhe machucando. “Quem estava me machucando? Eu acreditava que o mundo todo”, disse. “A terapia me salvou. Foi onde pude colocar pra fora todas as minhas angústias, as ansiedades e as dores da alma. E perceber que eu não era vítima de nada, ou melhor, estava sendo algoz de mim mesmo. Foram muitos anos seguidos de terapia para conseguir perceber que as respostas estavam dentro de mim”.

Logo após saber da morte do colega, Santa Cruz disse ter recebido uma mensagem que dizia: “E agora Tico Santa Cruz, só falta você”. “Num momento de dor e angústia, essas coisas te fazer perder a crença na humanidade”, lamentou.

Todos pela prevenção
Em 2006, quando a OMS elencou a prevenção do suicídio como tema do Dia Mundial da Saúde Mental, o Ministério da Saúde lançou uma série de medidas que compuseram as Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio. Entre elas, estava um manual, dirigido a profissionais das equipes de saúde mental, com especial ênfase às equipes dos Centros de Atenção Psicossociais (Caps) e Sistema Único de Saúde (SUS). O foco das ações preventivas está em qualificar a saúde pública permanentemente para facilitar a detecção precoce do problema nas comunidades e, por conseguinte, possibilitar o tratamento apropriado, fundamental para o sucesso da prevenção.

Instituições disponibilizam ajuda via telefone (Foto: Divulgação)
Instituições disponibilizam ajuda via telefone (Foto: Divulgação)

O Centro de Valorização da Vida (CVV), entidade sem fins lucrativos e de atuação voluntária, disponibiliza um número gratuito de telefone para o qual pessoas com problemas emocionais podem ligar. O 141 funciona 24 horas por dia e é uma linha direta com os voluntários do Programa de Apoio Emocional do CVV. O serviço promete atender à comunidade “com respeito, anonimato, não aconselhamento, não julgamento e estrito sigilo sobre tudo que for dito”. Há, também, a possibilidade de contato via chat, skype, e-mail e pessoalmente, nos postos instalados em todo o Brasil. A IBL também trabalha com aconselhamento telefônico, por meio do Telefone da Paz, projeto existente há mais de 20 anos. O atendimento é feito por 220 voluntários que se revezam 24 horas por dia. O Telefone da Paz é o (31) 3429-9550.

O problema do suicídio em números
– O Brasil registra, em média, 24 mortes diárias por suicídio. No mundo inteiro, esse número salta para três mil;
– Quando o assunto se restringe a tentativas de suicídio, o índice é de 60 mil por dia, em todo o planeta;
– Pelo menos dois terços das pessoas que tentam se matar ou que concluem o ato do suicídio, haviam comunicado, de alguma forma, sua intenção para pessoas próximas, o que desmistifica a constatação de que “quem quer se matar, não avisa”;
– O número de casos cresceu 60% nos últimos 45 anos, em função da negligência nos tratamentos de prevenção;
– O Brasil está entre os dez países que mais registros têm nessa área;
– Até 1950, 60% dos suicídios eram observados em pessoas com mais de 45 anos. Em 2000, apenas 45% ocorriam nessa mesma faixa etária. Sinal de que as ocorrências entre os mais jovens passaram a ser mais frequentes;
– Em cada caso de suicídio, em média, seis pessoas próximas ao falecido passam a sofrer consequências emocionais, sociais e econômicas.
(Fontes: ABP, OMS e MS)

Taís Brem