Então, é Natal?

 

Ok, ok. O que vou falar hoje não deve ser mais uma grande novidade, mas, adivinhem: o Natal que quase todo mundo comemora em 25 de dezembro não tem nada a ver com o nascimento de Jesus Cristo. E não pensem que esta é só mais uma teoria de crente. Tá na edição “natalina” da revista Superinteressante a origem verdadeira – e pagã – do Natal. Quer saber mais? Siga lendo e testifique.

 

 

A verdadeira história do Natal

A humanidade comemora essa data desde bem antes do nascimento de Jesus.

Conheça o bolo de tradições que deram origem à Noite Feliz

 

Roma, século 2, dia 25 de dezembro. A população está em festa, em homenagem ao nascimento daquele que veio para trazer benevolência, sabedoria e solidariedade aos homens. Cultos religiosos celebram o ícone, nessa que é a data mais sagrada do ano. Enquanto isso, as famílias apreciam os presentes trocados dias antes e se recuperam de uma longa comilança.

 

Mas não. Essa comemoração não é o Natal. Trata-se de uma homenagem à data de “nascimento” do deus persa Mitra, que representa a luz e, ao longo do século 2, tornou-se uma das divindades mais respeitadas entre os romanos. Qualquer semelhança com o feriado cristão, no entanto, não é mera coincidência.

 

A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o “renascimento” do Sol. Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.

 

A comemoração em Roma, então, era só mais um reflexo de tudo isso. Cultuar Mitra, o deus da luz, no 25 de dezembro era nada mais do que festejar o velho solstício de inverno – pelo calendário atual, diferente daquele dos romanos, o fenômeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, esse culto é o que daria origem ao nosso Natal. Ele chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar no centro do Império.

 

Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra farra dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. “O ponto inicial dessa comemoração eram os sacrifícios ao deus. Enquanto isso, dentro das casas, todos se felicitavam, comiam e trocavam presentes”, dizem os historiadores Mary Beard e John North no livro Religions of Rome (“Religiões de Roma”, sem tradução para o português). Os mais animados se entregavam a orgias – mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião nanica que não dava bola para essas coisas crescia em Roma: o cristianismo.

 

Solstício cristão

As datas religiosas mais importantes para os primeiros seguidores de Jesus só tinham a ver com o martírio dele: a Sexta-Feira Santa (crucificação) e a Páscoa (ressurreição). O costume, afinal, era lembrar apenas a morte de personagens importantes. Líderes da Igreja achavam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou de um mártir – já que ele só se torna uma coisa ou outra depois de morrer. Sem falar que ninguém fazia idéia da data em que Cristo veio ao mundo – o Novo Testamento não diz nada a respeito. Só que tinha uma coisa: os fiéis de Roma queriam arranjar algo para fazer frente às comemorações pelo solstício. E colocar uma celebração cristã bem nessa época viria a calhar – principalmente para os chefes da Igreja, que teriam mais facilidade em amealhar novos fiéis. Aí, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus teve a sacada: cravou o aniversário de Jesus no dia 25 de dezembro, nascimento de Mitra.

 

A Igreja aceitou a proposta e, a partir do século 4, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império, o Festival do Sol Invicto começou a mudar de homenageado. “Associado ao deus-sol, Jesus assumiu a forma da luz que traria a salvação para a humanidade”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp.

Assim, a invenção católica herdava tradições anteriores. “Ao contrário do que se pensa, os cristãos nem sempre destruíam as outras percepções de mundo como rolos compressores. Nesse caso, o que ocorreu foi uma troca cultural”, afirma outro historiador especialista em Antiguidade, André Chevitarese, da UFRJ.

 

Não dá para dizer ao certo como eram os primeiros Natais cristãos, mas é fato que hábitos como a troca de presentes e as refeições suntuosas permaneceram. E a coisa não parou por aí. Ao longo da Idade Média, enquanto missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de outros povos foram entrando para a tradição natalina. A que deixou um legado mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a árvore de Natal vêm de lá. Só isso.

 

Outra contribuição do norte foi a idéia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda é) um gnomo quem cumpre esse papel. Mas essa figura logo ganharia traços mais humanos.

 

Nasce o Papai Noel

Ásia Menor, século 4. Três moças da cidade de Myra (onde hoje fica a Turquia) estavam na pior. O pai delas não tinha um gato para puxar pelo rabo, e as garotas só viam um jeito de sair da miséria: entrar para o ramo da prostituição. Foi então que, numa noite de inverno, um homem misterioso jogou um saquinho cheio de ouro pela janela (alguns dizem que foi pela chaminé) e sumiu. Na noite seguinte, atirou outro; depois, mais outro. Um para cada moça. Aí as meninas usaram o ouro como dotes de casamento – não dava para arranjar um bom marido na época sem pagar por isso. E viveram felizes para sempre, sem o fantasma de entrar para a vida, digamos, “profissional”. Tudo graças ao sujeito dos saquinhos. O nome dele? Papai Noel.

 

Bom, mais ou menos. O tal benfeitor era um homem de carne e osso conhecido como Nicolau de Myra, o bispo da cidade. Não existem registros históricos sobre a vida dele, mas lenda é o que não falta. Nicolau seria um ricaço que passou a vida dando presentes para os pobres. Histórias sobre a generosidade do bispo, como essa das moças que escaparam do bordel, ganharam status de mito. Logo atribuíram toda sorte de milagres a ele. E um século após sua morte, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica. Virou são Nicolau.

 

Um santo multiuso: padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, que levaram sua fama de bonzinho para todos os cantos do Velho Continente. Na Rússia e na Grécia Nicolau virou o santo nº1, a Nossa Senhora Aparecida deles. No resto da Europa, a imagem benevolente do bispo de Myra se fundiu com as tradições do Natal. E ele virou o presenteador oficial da data. Na Grã-Bretanha, passaram a chamá-lo de Father Christmas (Papai Natal). Os franceses cunharam Pére Nöel, que quer dizer a mesma coisa e deu origem ao nome que usamos aqui. Na Holanda, o santo Nicolau teve o nome encurtado para Sinterklaas. E o povo dos Países Baixos levou essa versão para a colônia holandesa de Nova Amsterdã (atual Nova York) no século 17 – daí o Santa Claus que os ianques adotariam depois. Assim o Natal que a gente conhece ia ganhando o mundo, mas nem todos gostaram da idéia.

 

Natal fora-da-lei

Inglaterra, década de 1640. Em meio a uma sangrenta guerra civil, o rei Charles 1º digladiava com os cristãos puritanos – os filhotes mais radicais da Reforma Protestante, que dividiu o cristianismo em várias facções no século 16.

 

Os puritanos queriam quebrar todos os laços que outras igrejas protestantes, como a anglicana, dos nobres ingleses, ainda mantinham com o catolicismo. A idéia de comemorar o Natal, veja só, era um desses laços. Então precisava ser extirpada.

 

Primeiro, eles tentaram mudar o nome da data de “Christmas” (Christ’s mass, ou Missa de Cristo) para Christide (Tempo de Cristo) – já que “missa” é um termo católico. Não satisfeitos, decidiram extinguir o Natal numa canetada: em 1645, o Parlamento, de maioria puritana, proibiu as comemorações pelo nascimento de Cristo. As justificativas eram que, além de não estar mencionada na Bíblia, a festa ainda dava início a 12 dias de gula, preguiça e mais um punhado de outros pecados.

 

A população não quis nem saber e continuou a cair na gandaia às escondidas. Em 1649, Charles 1º foi executado e o líder do exército puritano Oliver Cromwell assumiu o poder. As intrigas sobre a comemoração se acirraram, e chegaram a pancadaria e repressões violentas. A situação, no entanto, durou pouco. Em 1658 Cromwell morreu e a restauração da monarquia trouxe a festa de volta. Mas o Natal não estava completamente a salvo. Alguns puritanos do outro lado do oceano logo proibiriam a comemoração em suas bandas. Foi na então colônia inglesa de Boston, onde festejar o 25 de dezembro virou uma prática ilegal entre 1659 e 1681. O lugar que se tornaria os EUA, afinal, tinha sido colonizado por puritanos ainda mais linha-dura que os seguidores de Cromwell. Tanto que o Natal só virou feriado nacional por lá em 1870, quando uma nova realidade já falava mais alto que cismas religiosas.

 

Tio Patinhas

Londres, 1846, auge da Revolução Industrial. O rico Ebenezer Scrooge passa seus Natais sozinho e quer que os pobres se explodam “para acabar com o crescimento da população”, dizia. Mas aí ele recebe a visita de 3 espíritos que representam o Natal. Eles lhe ensinam que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar riquezas. E o pão-duro se transforma num homem generoso.

 

Eis o enredo de Um Conto de Natal, do britânico Charles Dickens. O escritor vivia em uma Londres caótica, suja e superpopulada – o número de habitantes tinha saltado de 1 milhão para 2,3 milhões na 1a metade do século 19. Dickens, então, carregou nas tintas para evocar o Natal como um momento de redenção contra esse estresse todo, um intervalo de fraternidade em meio à competição do capitalismo industrial. Depois, inúmeros escritores seguiram a mesma linha – o nome original do Tio Patinhas, por exemplo, é Uncle Scrooge, e a primeira história do pato avarento, feita em 1947, faz paródia a Um Conto de Natal. Tudo isso, no fim das contas, consolidou a imagem do “espírito natalino” que hoje retumba na mídia. Quer dizer: quando começar o próximo especial de Natal da Xuxa, pode ter certeza de que o fantasma de Dickens vai estar ali.

 

Outra contribuição da Revolução Industrial, bem mais óbvia, foi a produção em massa. Ela turbinou a indústria dos presentes, fez nascer a publicidade natalina e acabou transformando o bispo Nicolau no garoto-propaganda mais requisitado do planeta. Até meados do século 19, a imagem mais comum dele era a de um bispo mesmo, com manto vermelho e mitra – aquele chapéu comprido que as autoridades católicas usam. Para se enquadrar nos novos tempos, então, o homem passou por uma plástica. O cirurgião foi o desenhista americano Thomas Nast, que em 1862, tirou as referências religiosas, adicionou uns quilinhos a mais, remodelou o figurino vermelho e estabeleceu a residência dele no Pólo Norte – para que o velhinho não pertencesse a país nenhum. Nascia o Papai Noel de hoje. Mas a figura do bom velhinho só bombaria mesmo no mundo todo depois de 1931, quando ele virou estrela de uma série de anúncios da Coca-Cola. A campanha foi sucesso imediato. Tão grande que, nas décadas seguintes, o gorducho se tornou a coisa mais associada ao Natal. Mais até que o verdadeiro homenageado da comemoração. Ele mesmo: o Sol.

 
 Texto Thiago Minami e Alexandre Versignassi

www.superinteressante.com.br

 

 

 

 

Nada de Deus

 

A seita que tem por principais membros o astro americano Tom Cruise e sua respectiva família está despertando a curiosidade de celebridades e anônimos mundo afora. Mas, você sabe o que é e no que se fundamenta a tal da cientologia? Para ficar um pouquinho por dentro, veja alguns dos mandamentos mais polêmicos desta corrente, entre eles o de mentir e não acreditar em Deus.

 

 

1. COMBATERÁS A PSIQUIATRIA
Os psiquiatras são culpados por todas as mazelas do mundo, pois seus tratamentos deixam as pessoas malucas. A religião é contra remédios antidepressivos e calmantes.

2. EXPULSARÁS OS GAYS
O fundador da seita, L. Ron Hubbard, escreveu que a cientologia é capaz de curar a homossexualidade. Mas, se o processo não desse certo, ele sugeriu que a solução seria “desfazer-se deles [gays] sem nenhum pesar”.

3. MENTIRÁS E MANIPULARÁS
É legítimo usar todo e qualquer método necessário para “silenciar por meio do medo” os inimigos da cientologia. “A única maneira de controlar as pessoas é mentir para elas”, escreveu Hubbard.

4. MANTERÁS SILÊNCIO NO PARTO
Para evitar que o bebê sofra traumas psicológicos (engramas) ao sair do útero, a mãe e os médicos devem ficar em silêncio. Até o ato sexual deve ser silencioso para evitar problemas com o feto.

5. NÃO ACREDITARÁS EM DEUS
A cientologia despreza as outras religiões e acredita que Deus, Jesus Cristo, Buda e Maomé, entre outros, são fraudes: invenções que foram implantadas nos thetanos para deixá-los confusos.

6. EVITARÁS A SOCIEDADE
É preciso manter distância do mundo exterior. Quando estão se preparando para alcançar os níveis mais altos da cientologia, os fiéis não podem ver TV, ouvir rádio, ler jornal, entrar na internet, usar o telefone nem falar com pessoas de fora da seita. Como será que as estrelas adeptas à cientologia fazem então para manter a fama. Estranho, né? 

 

Taís Brem 

 

E quando o assunto é Madonna…

 

 

“Essa mulher vem aqui e, de uma maneira desavergonhada, provoca entusiasmo louco, um entusiasmo de luxúria e pensamentos impuros”.

Jorge Medina, cardeal chileno, sobre o show de Madonna em seu país.

 

“Ela já brincou várias vezes no palco com essa coisa de pegar homem, pegar mulher. Todo mundo se pergunta ‘o que será que ela realmente curte?’”.

Alexandre Frota, ator.

 

“Madonna inspira as mulheres a se tornarem mais saudáveis. Leva a imaginar que, aos 50 anos, a gente ainda vai estar ótima”.

Regiclair Correa, fã.

 

“[Mick] Jagger influencia os ‘véios’ a se cuidarem para alcançar aquela vitalidade de faraó, enquanto Madonna se mantém jovem graças aos tonéis de carvalho das plásticas milagrosas e muita sintonia com os jovens planetários que fazem música também”.

Rita Lee, cantora.

 

“Esquecemos até das horas, como crianças numa grande loja de doces”.

Thiago Lucas, jornalista, sobre o show de Madonna.

 

“Sou a garota mais sortuda e a mais cansada do mundo”.

Madonna, a própria, após as apresentações no Brasil, encerradas ontem (21).

 

“Foi o que ela falou com aquela vozinha infantilóide que sugere uma espécie de Xuxa depravada, enfiada num mundo de faz-de-conta no qual se sente o centro do universo”.

Jotabê Medeiros, jornalista, sobre a declaração acima…

  

 

 

 

Coisa de cinema

 

Sabe aquelas tramas cinematográficas estilo “água com açúcar” que dão a idéia de que todo relacionamento amoroso é sempre maravilhoso? Pois uma equipe de pesquisadores avaliou a vida real de quem acompanha estas comédias românticas e certificou que esse tipo de filme, com argumentos praticamente impossíveis e finais felizes altamente improváveis, podem atrapalhar uma relação por colocar uma marca muito alta em matéria de expectativas.

 

De acordo com o estudo, feito pela Universidade Heriot-Watt, de Edimburgo, na Escócia, os cineastas simplificam excessivamente o processo de iniciar o relacionamento e dão a impressão de que é algo que se consegue sem nenhum esforço por parte do casal. “Os filmes refletem a emoção que acompanha uma nova relação, mas dão a entender de forma equivocada que a entrega amorosa e a confiança acontecem desde o momento em que duas pessoas se conhecem, quando são qualidades que normalmente levam anos a se desenvolver”, disse uma das psicólogas envolvidas na pesquisa.

 

casamentodosmeussonhos1

 

A equipe analisou 40 filmes de grande bilheteria que estrearam entre 1995 e 2005, – como Enquanto Você Dormia e O Casamento dos Meus Sonhos (da foto acima). A maioria dos roteiros transmite a idéia da “alma gêmea” e de parceiros que têm tanta sintonia que parecem “ler a mente” um do outro. “Embora a maioria saiba que é pouco realista esperar que um relacionamento seja perfeito, alguns continuam sendo muito mais influenciáveis do que achamos pela forma como o cinema ou a TV apresentam essas relações”, afirmou outro especialista. “Agora temos algumas evidências que sugerem que a mídia popular tem um papel em perpetuar essas idéias na mente das pessoas”.

 

 

Taís Brem

Para o Papai certo

 

Na época – errada, diga-se de passagem – em que boa parte do mundo resolve comemorar a data do nascimento de Jesus, a estrela costuma ser o Papai Noel. Mas existe um grupo de pessoas contrariando a lógica observada há vários Natais e deixando o “bom velhinho” de lado. Não só em dezembro, mas em todo o ano, os personagens principais dos correios de Jerusalém são as cartas endereçadas para o Papai do Céu. Isso mesmo! A agência central da Terra Santa divulgou nesta semana fotos de correspondências vindas de todo o planeta e enviadas para Deus. Quem responde? Com certeza, o próprio. Até porque, o destino que o pessoal do correio encontrou para os pedidos não poderia ser melhor: o Muro das Lamentações. Este é, realmente, o Papai certo para se fazer pedidos.

 

Taís Brem

 

O lado bom das filas

 

 

Li ontem este texto de Mário Quintana e achei por bem reproduzi-lo. Muito interessante. Fala sobre filas. Sim, aqueles famosos processos pelos quais, volta-e-meia, passamos pelos motivos mais variados possíveis. Tem fila para pagar as compras no caixa do super, fila para ser atendido no postinho médico, fila para se matricular na escola, fila para receber um órgão a ser transplantado, fila para, enfim, ganhar o tão suado salário no fim do mês e por aí vai. Coisas criadas para facilitar a vida de todo mundo, um progresso na civilização. Mas, o que mais vemos, na verdade, é que este todo mundo – eu, inclusive –, vive a reclamar das ditas-cujas. Todavia, se não fossem elas, imagina a bagunça! Melhor seguir o conselho de Quintana e aproveitar este tempo “livre” para um “útil lazer”. Veja as filas pelo seu lado bom.

 

 

As benditas filas

 

O homenzinho que estava à minha frente na fila do sabão de coco dobrou o jornal, voltou-se para mim e disse:

 

– Não sei por que os jornais falam tanto contra as filas. A fila não é um problema, a fila é uma solução. Lembro-me de que nos meus tempos de ginásio, quando as entradas para as matinês custavam trezentos réis, era aquela luta ombro a ombro nos guichês do Apolo! Venciam os guris mais fortes, os grandalhões, os “prevalecidos”, como a gente dizia. Era o domínio da força bruta, o fascismo, meu caro senhor! Veja agora que beleza, olhe só esta fila: não é o grandalhão, socialmente falando, que chega primeiro ao balcão; é o que tem direito a isso, conforme o seu lugar na fila. Olhe, eu sou um barnabé, pois lá atrás está a cunhada do chefe, que até me cumprimentou, mas “conhece o seu lugar”, compreende? Que é isso? Legalidade, ordem, democracia. Democracia, meu caro senhor. Não, a fila não é um problema, a fila é o orgulho da nossa civilização.

 

Como eu não dissesse nada, o homenzinho prosseguiu:

– E depois, não é só isso. Se não fossem as filas, como poderíamos calmamente ler os jornais do dia, nos inteirarmos dos problemas nacionais e internacionais, e refletir ponderadamente sobre as suas soluções? A fila é propícia à meditação e ao estudo. Ao estudo, sim. Disse isso porque um tio meu, que tem fama de gira, aprendeu grego durante a fila do leite. Está vendo? Se todos fizessem como ele, poderiam, trazendo um livro para a fila, aprofundar seus conhecimentos, cultivar seu espírito, em vez de estar a bradar contra o Sistema que lhe proporciona esse úteis lazeres.

 

QUINTANA, Mário. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p.708. 

   

Yes!

 

“Olha, a coisa está preta, as orações têm dado certo, continuem rezando por mim”.

José Alencar, vice-presidente da República, apelando pelas preces do povo brasileiro em razão do câncer contra o qual luta há anos.

 

“Minha família está acima de tudo. Nenhum filme poderá me dar as alegrias que tenho como pai”.

Brad Pitt, ator americano, sobre o valor que dá ao relacionamento familiar.  Recentemente, Pitt revelou que pensa em oficializar a união com Angelina Jolie por causa dos seis filhos do casal.

 

“Adoro gays, mas prefiro que o meu filho seja macho”.

Claudia Leitte, cantora, grávida de sete meses.

 

“Pensando bem, acho que ela [Marina] tem muito bom gosto, porque a Gal é uma grande cantora”.

Roberta Sá, cantora, opinando sobre o relacionamento homossexual que as colegas Marina Lima e Gal Costa tiveram na década de 70.

 

“Estava na cara que Barack Obama ganharia a corrida à Casa Branca. Você já viu queniano perder corrida?”.

Milton Neves, jornalista e publicitário, sobre o presidente eleito dos EUA.

 

“Acho que há outras pessoas com aptidões educativas muito melhor que as minhas”.

George Clooney, ator americano, dizendo que, embora mantenha seu apoio às causas beneficentes na África, não está em seus planos adotar crianças de lá.

 

“A reencarnação é a maior idiotice que a imbecilidade humana conseguiu imaginar. E muitos caluniam ao dizer que Bíblia defende a reencarnação. Isso é bobagem”.

Oscar Gonzalez Quevedo, o parapsicólogo padre Quevedo, sobre a reencarnação.

Tá valendo

 

Jacquelinne Michelly Santos Trevisan ou, simplesmente, Jake. Este é o nome e o apelido da cantora católica que pegou carona no Youtube e está fazendo o maior sucesso na internet. O hit que ela canta em forma de axé, chamado “Pó pára com pó”, já foi visto mais de 250 mil vezes. Claro que tem de tudo: gente que critica e gente que apóia. Todavia, é o instrumento que a garota usa para, além de dar seu recado contra as drogas, pregar a mensagem cristã. Portanto, tá valendo.

 

jake1Faz dois anos que Jake circula por micaretas católicas, “barzinhos de Jesus”, “cristotecas” e festivais carismáticos. Contagiante, a cantora tem tudo para ser a protagonista do hit que vai embalar o próximo verão e quer aproveitar para conseguir gravadora para lançar seu segundo CD.

 

Em “Pó pára com pó”, enquanto sugere que é muito mais inteligente injetar na veia “o sangue que correu na cruz” que qualquer entorpecente, Jake chama a galera a embarcar num “trio bem mais elétrico”, fazendo uma referência à Trindade, o trio Pai, Filho e Espírito Santo. Estratégia e criatividade, a menina tem de sobra. Se o pessoal que curte a música vai ou não seguir a mesma fé que ela professa, já é outra história. “Meu trabalho serve exatamente para esse público que está curtindo de qualquer forma. Mas, cada um tem seu livre arbítrio”, afirmou.

 

Taís Brem

 

 

 

Confira a letra de “Pó pára com pó”

 

Pó pára com pó        
Pó pára com pó aê (2x)

 

Estragar tua vida        
não faz isso, não              
Tua juventude vai pro beleléu                
Tem outra saída para diversão               
Eu quero mais, eu quero mais
Meu lugar é o céu

 

Você tem que tomar
Uma overdose de Jesus
Injetar na veia o sangue
Que correu na cruz
Você tem que tomar
Uma overdose de alegria
Shekinah, doidão, doidão
Se liga, se liga

 

A própria cegueira

 

saramago

 

Ele é aclamado no mundo inteiro por conta de seus livros, considerados verdadeiras obras-primas. Mas, quando se trata de espiritualidade, José Saramago, autor de “Ensaio sobre a Cegueira”, é o próprio cego. Foi o que deu pra notar dando uma olhada num vídeo de uma entrevista com ele que circula pela internet.

 

Confesso que sei muito pouco sobre a figura. É português. Ganhou o prêmio Nobel de Literatura. E escreveu este tal romance que virou filme e tem emocionado muita gente. Cristãos, inclusive. Enfim, deve ter seu mérito. Entretanto, qualquer pontinha de pré-admiração que eu pudesse ter por ele a ponto de me levar a pesquisar mais sobre sua vida e obra caiu por terra ontem, quando vi este vídeo. Trata-se de uma sabatina feita por alguns jornalistas da Folha. Nela, o cara fala, entre outras coisas, do que pensa sobre Deus e de como visualiza a Bíblia e coisas que, na sua opinião, a Igreja teria inventado, como o pecado e o inferno.

 

Parece que não é a primeira vez que ele dá suas alfinetadas no cristianismo e faz questão de dizer que é ateu. Não deveria. Entretanto, se fosse apenas uma opinião isolada que não fizesse diferença alguma para o resto do mundo, paciência. Não fomos criados como robôs e ninguém tem a obrigação de pensar de uma única forma. As religiões e seitas existem aos montes por aí – inclua-se nisso o ateísmo.  Cabe a cada um definir o que é melhor para sua vida. O problema é que, por ser alguém de muita influência, considerado extremamente sábio por público e crítica em todo o planeta, Saramago chega a envenenar com suas declarações pagãs. Basta observar os risinhos de aprovação e os aplausos da platéia para comprovar o efeito que sua postura causa.

 

Um dos repórteres perguntou se, após a cura da doença respiratória que quase lhe custou a vida, sua percepção sobre Deus havia mudado. E ele, sarcasticamente, responde: “Por que mudaria? Quem me curou foi meu médico e aquela senhora que está sentada ali”, disse, fazendo referência à esposa, Pilar. Logo depois, emendou: “Não quero ofender ninguém, mas, para mim, Deus não existe. Não brinquemos com estas coisas”.

 

Na seqüência, o autor, atualmente com 86 anos, diz acreditar que Deus é apenas uma invenção dos homens. Coisa de alguém que teve medo da morte e pensou que era melhor se agarrar à possibilidade de existência de um ser superior. Daí, segundo ele, é que a Igreja Católica teria aproveitado também para criar o inferno e o purgatório. O pecado, outra invenção, seria um “instrumento da igreja para controlar os corpos”.

 

Para arrematar os comentários de fundo (anti) religioso, Saramago fala que a Bíblia é um verdadeiro desastre. Foi escrita por homens e, por isso, não merece crédito. Além do mais está cheia de exemplos de incestos e assassinatos. “Não é um livro que possa ser deixado na mão de um inocente”, completou. Aham. Quem sabe a sua coleção aclamada mundo afora possa. Coleção esta que inclui o livro que lhe garantiu o Nobel de literatura, há dez anos, chamado “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Trata-se de um relato que, conforme a jornalista Maria das Graças Targino, mostra um “Deus vingativo”, um “diabo simpático” e um “Jesus maravilhosamente imperfeito”. “Uma obra-prima recheada de passagens literalmente incríveis”, comenta a moça, encantada.

 

Tá vendo como estas baboseiras perturbam a cabeça das pessoas? Mas, como ele é um intelectual inteligentíssimo, o cara, um grande sábio, tá valendo. Louco e ignorante é quem ousa discordar.

 

Taís Brem

Sede abençoada

guarana_jesus

 

Esta é velha, mas eu ainda não sabia. Ouvi falar que no Maranhão existe um tal guaraná chamado Jesus que vende mais que Coca-Cola. Mais curioso que isso só a matéria do site midiaindependente.org, com o título “Coca-Cola quer ser dona de Jesus”, escrita em 2001. Pode? Hilário! E tem mais: lendo a tal reportagem, descobri que o refri não foi batizado deste jeito por ser de um cristão. Muito pelo contrário. Era o inventor da coisa que se chamava Jesus. E ele era ateu…

Leia abaixo alguns trechos da matéria. É meio grandinha, mas vale a pena.

 

 

“Me vê um Jesus, aí!”

 

É desse jeito que o maranhense pede o seu refrigerante preferido. Tão típico quanto a cultura do bumba-meu-boi no Estado, o emblemático guaraná Jesus tem coloração cor-de-rosa, gosto de canela e cravo e é muito, muito doce.

 

Fenômeno de vendas sem ter praticamente nenhuma verba publicitária (a bebida só é distribuída no Maranhão), desafia os conceitos de marketing e, agora, está fazendo até a toda-poderosa Coca-Cola, que negocia a compra do produto, se render aos seus encantos. O refrigerante tem um slogan que a acompanha há décadas e que até hoje é estampado nos rótulos: “Guaraná Jesus, o sonho cor-de-rosa”.

 

“As discussões estão avançadas, é questão de algumas semanas”, afirma Hector Nuñes, diretor-geral da Companhia Maranhense de Refrigerantes, da Família Lago, que comprou a marca Jesus em 1980 e também detém a licença para produzir e distribuir Coca-Cola no Maranhão. Está em discussão desde uma licença para fabricação e distribuição do produto em outros Estados até a aquisição dos direitos da marca.

 

Mas que refrigerante é esse, que chega a ser motivo de orgulho para os maranhenses e todo visitante é sempre convidado a provar? Para quem não é do Maranhão, o que mais chama a atenção é a cor. Se não estivesse em uma garrafa de refrigerante, poucos diriam que se trata de uma bebida. O nome também pode soar inconveniente. Mas, no Maranhão, quem gosta de refrigerante não troca um copo de guaraná Jesus nem por dois litros de Coca-Cola bem gelada.

 

“O produto é bom, saudável, natural e extremamente saboroso”, afirma Nuñes. “Não é algo que bebo todo dia, mas é um produto diferente, que não tem similares no mercado e com padrão de qualidade internacional.”

 

Mesma fórmula há 80 anos e 17 ingredientes

 

A fórmula do refrigerante, com sua coloração rosa e garrafa retrô, é a mesma criada em 1920 num laboratório de fundo de quintal em São Luís, pelo farmacêutico Norberto Gomes, que acabara de importar uma máquina de gazeificação.

 

Inicialmente, o objetivo era produzir uma espécie de magnésia fluída, um remédio que estava na moda, mas o negócio não deu certo e ele resolveu fazer uma bebida para os netos, a partir de 17 ingredientes básicos, entre eles ervas e produtos que descobria em suas viagens pela Amazônia. O gostinho de canela adocicada e a cor diferente agradaram a criançada de toda a vizinhança e, com o tempo, Jesus (o guaraná) foi caindo no gosto popular.

 

“O pessoal do Maranhão é louco por Jesus. Não é exagero dizer que aqui quando se fala em Jesus se pensa primeiro no guaraná do que no Cristo”, afirma o publicitário Fábio Gomes, de 45 anos, autor do novo design do rótulo, da primeira campanha publicitária do produto e neto do criador do Jesus, o farmacêutico Jesus Norberto Gomes.

 

A família Jesus manteve fábrica própria até o início de 1960. Vinte anos depois foi vendido para a Companhia Maranhense de Refrigerantes, que já tinha licença para fabricar e distribuir a Coca-Cola no Estado. Os dois refrigerantes, portanto, são engarrafados no mesmo local e saem juntinhos para os supermercados. Outro detalhe: é vendido em mercearias, supermercados ou em qualquer outro estabelecimento pelo mesmo preço da Coca-Cola.

 

Jesus na mamadeira

 

Gomes conta que seu pai, que chegou a administrar a fábrica de refrigerantes, levava o xarope puro sem gás de Jesus e dava para o filho tomar na mamadeira. “Eu não tinha nem quatro meses, não estava desmamado e já tomava Jesus”, diz. “O mais surpreendente é que descobri que aquilo que meu pai fazia, as mães de hoje ainda fazem. Elas batem o Jesus no liquidificador para sair o gás e depois colocam na geladeira.”

 

O publicitário acredita que a tradição está ligada à idéia de produto natural. “Quando as crianças passam a tomar Coca-Cola já estão viciadas em Jesus. Não é um processo racional. A criança pede Coca-Cola e a mãe diz: toma Jesus, meu filho!”.

 

Segundo a família Jesus, a cor do guaraná foi um dos fatores que levaram também a apresentadora Xuxa, por intermédio de sua então produtora Marlene Matos (que por sinal é maranhense), a tentar adquirir os direitos do refrigerante. Não vingou.

 

Jesus era ateu

 

O criador do Jesus (quem diria?) era ateu e foi excomungado pela Igreja Católica. Jesus Norberto Gomes nasceu no interior do Maranhão e chegou a São Luís com 19 anos. Analfabeto, começou a trabalhar em uma farmácia. Foi praticamente adotado pelo casal proprietário do negócio que não tinha filhos e aprendeu a ler e escrever. Aos 40 anos, transformou-se efetivamente em um farmacêutico e criou o refrigerante que herdou o seu nome.

 

“Meu pai era uma genialidade, mas era uma personalidade muito controversa. Ateu e tido como comunista, ele foi esconjurado pelo Papa depois que deu uma surra no padre, e alimentava uma lenda que tinha feito pacto com o diabo”, afirma o neto Gomes, filho de Jesus Norberto Gomes Filho, um dos sete filhos do farmacêutico.

 

Depois de ser exorcizado, Jesus mandou trazer da Alemanha uma série de caras de Fausto (personagem de Goethe que vende a alma ao demônio) e as colocou nas entradas da farmácia, somente para alimentar a lenda.

 

“Ele era uma pessoa meio neurótica para desespero da minha avó, que era muito carola e passou a vida determinada em salvar a alma do marido.” Jesus morreu em 1963, sem retornar à Igreja.

 

Enquanto a distribuição de Jesus continua restrita aos limites maranhenses, pelo menos os paulistanos podem matar a curiosidade experimentando o produto num restaurante chamado Raízes do Maranhão. Na Terra da Garoa, a lata de Jesus é vendida a R$ 2.

 

Taís Brem