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Papeando

“Não me venham com ‘evangeliquês’ nem tentem colocar nela a pecha de fanática, porque Marina contraria muita coisa que pastor evangélico pensa”.
Silas Malafaia, pastor, ao rebater as críticas sobre o posicionamento religioso da presidenciável Marina Silva, candidata pelo PSB.

“Depois dessa reportagem, me senti até fora de moda”.
Cristina Ranzolin, âncora do Jornal do Almoço, após a matéria sobre mulheres que vivem mudando a cor do cabelo. A jornalista diz nunca ter feito algo do tipo.

“Eu estou saudável, tenho uma família linda, uma condição de vida boa. Então, não tenho porque sofrer”.
Bruna Marquezine, atriz, ao comentar o término do namoro com o jogador de futebol Neymar Jr.

“Entre os perigos para os adolescentes que dormem pouco estão depressão, pensamentos suicidas, obesidade, mau desempenho na escola e riscos de acidentes de carro por dirigir com sono”.
Judith Owens, diretor de Medicina do Sono do Centro Médico Nacional Infantil de Washington, sobre o estudo divulgado pela Associação Americana de Pediatria (AAP) que recomenda que as escolas iniciem o dia letivo depois das 8h30min, para que os alunos possam ter uma noite adequada de sono.

“Assim como falaram que sou alcoólatra, agora digam o que está acontecendo na Praia Brava de Itajaí”.
Armandinho, cantor, que admitiu ter problemas com álcool e depressão, mas justifica que uma das causas de sua tristeza emocional está relacionada à construção de um prédio de 16 andares em frente à casa do músico em Santa Catarina. “Secaram o lençol freático com uma máquina durante dois meses pra fazer uma p* de condomínio que está rachando as casas ao redor”, complementou.

“Ela significará a chegada de evidentes fenótipos negros no posto da Presidência da República. Isso não é pouco”.
Caetano Veloso, cantor, declarando seu apoio à eleição de Marina Silva.

“Eu casei grávida de quatro meses e tá tudo certo. A vida é bela e o amor existe”.
Angélica, apresentadora, ao tentar encorajar o cantor Júnior Lima e a noiva a aumentar a família mesmo antes de oficializar a relação.

“Nós queremos tirar nossas empresas das páginas policiais dos jornais e introduzí-las nas páginas de economia”.
Aécio Neves, candidato à presidência pelo PSDB, no debate promovido pelo SBT.

“Chávez nosso que estás no céu, na terra, no mar e em nós/ Santificado seja o teu nome, venha a nós o teu legado para ajudar pessoas de aqui e ali”.
Maria Uribe, deputada chavista, ao rezar uma nova versão do Pai Nosso, em honra à memória de Hugo Chávez, durante evento do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

“Eu me preocupo tanto quando me xingam pelo Twitter quanto me preocupo ao saber que os motoristas de ônibus da Indonésia entraram em greve”.
Luciana Gimenez, apresentadora, ao ironizar os ataques que, vez ou outra, sofre pelas redes sociais.

“Quando assisto ao VT do jogo me vejo em campo, mas o meu corpo não tem a sensação de ter estado lá”.
Kramer, volante da Seleção Alemã de futebol, que, em função de uma pancada sofrida em campo, não se lembra de ter conquistado a Copa do Mundo de 2014.

“É muito difícil nesse país escreverem personagens para pessoas negras da minha idade”.
Neuza Borges, atriz, que aos 74 anos está com dificuldades financeiras e afastada da telinha.

“Não precisa mais se envergonhar e deletar todo o histórico de navegação com as páginas do PornTube. Ver pornô faz bem”.
Perfil da revista Superinteressante no Facebook, em post sobre estudos a respeito de pornografia.

Taís Brem

Consciência capilar

Liso ou crespo: Qual é o estilo de cabelo que mais valoriza a raça negra?

Para além do Dia da Consciência Negra, tema divide opiniões (Foto: Divulgação)
Para além do Dia da Consciência Negra, tema divide opiniões (Foto: Divulgação)

É fácil presumir que o indivíduo está a fim de potencializar sua negritude quando resolve apostar no black power ou nas tradicionais tranças. Mas, e quando a opção de penteado passa pelo alisamento ou, até, pelas colorações nada comuns à pele negra, como os tons de loiros das luzes e mechas californianas? É exagero afirmar que a escolha por modificar a natureza dos crespos afeta a consciência racial?

O debate é polêmico. Contudo, grande parte das pessoas entrevistadas para esta reportagem acha que sim, é precipitado medir a consciência que alguém tem de sua raça a partir do penteado que escolhe para adornar sua cabeça. Trocando em miúdos, a maioria diz acreditar que não é porque alisa, alonga ou pinta as madeixas segundo o “padrão branco de aceitação” da sociedade que um negro está tentando anular suas raízes.

Especialista no tratamento de cabelos afro, a cabeleireira Simone Santiago estima que 80% das clientes do salão Tranças e Td +, do qual é proprietária, preferem alterar a estrutura dos fios alisando-os, seja à base de produtos químicos ou, simplesmente, com chapinha e escova. “20% prefere os crespos, mas não abrem mão de uma escova lisa vez ou outra para algum evento comemorativo. Já as tranças são sempre bem-vindas, em todos os tipos de cabelos”, destacou. Para ela, cada vez mais as mulheres negras têm se permitido mudar a aparência, à medida que vão passando por cada fase da vida. “Fases marcantes, como 15 anos, formaturas, casamentos, começo ou fim de relacionamentos, novo emprego… E usar cabelo liso ou crespo em cada um desses momentos transcende a consciência racial. Há inúmeros recursos que nos permitem mudar a aparência, conservando a saúde dos fios e expressando nossos sentimentos, conquistas e mudanças sem perder a referência ou a consciência”, enumerou. “Particularmente, essa conversa de que ‘em terra de chapinha, quem tem cabelo crespo é rainha’ é conversa de cabeleireiro preguiçoso. Uma escova bem feita tem seu valor”.

Simone, em suas várias versões (Fotos: Arquivo Pessoal)
Simone, em suas várias versões (Fotos: Arquivo Pessoal)

Engana-se quem lê uma declaração dessas e pensa que é papo de quem quer apenas fazer propaganda de seu trabalho usando a cabeça alheia como cobaia. Com a mesma ênfase com que defende o lado artístico do seu ganha-pão, Simone se dispõe a experimentar os mais diversos tipos de penteados na própria cabeça, em seu cotidiano. A mesma mulher que está de longas tranças na segunda-feira, pode lhe surpreender com um chanel desfiado no dia seguinte, com um mega-hair extravagantemente liso na sexta e com um corte curto, crespo, natural e discreto na próxima semana. Até se apaixonar por uma tintura bem puxada para o azul e mudar novamente. Ela é praticamente uma camaleoa, assim como suas clientes. “Somos negras com estilo e personalidade e podemos, sim, nos expressar através de nossos cabelos, sem parecer um batalhão de ‘tudo a mesma coisa'”, sentenciou a cabeleireira.

“Gosto do carapinho”

Atualmente, jornalista tem preferido os crespos (Foto: Arquivo Pessoal)
Atualmente, jornalista tem preferido os crespos (Foto: Arquivo Pessoal)

Dizem que as mulheres “normais” nunca estão plenamente satisfeitas com sua aparência. Para a jornalista Conceição Lourenço, 53, a afirmação é tão verdadeira que serve para explicar a necessidade de mudança de visual que o sexo feminino expressa em suas transformações. O que, por certo, não é diferente com a raça negra. A dona da cabeleira crespa e exuberante costuma chamar atenção por onde passa, ora por despertar preconceito (“Muita gente olha com desdém e risinhos…”), ora por surtir admiração (“Sábado, por exemplo, duas senhoras brancas me chamaram no shopping para dizer que eu deveria ser modelo. Dei risada e disse que era jornalista. Elas ficaram decepcionadas, mas foi bonitinho”). E há, também, os que demonstram curiosidade. “Um dos porteiros do meu prédio, que é negro, perguntou: ‘Seu cabelo é tão fofo… Não dá trabalho?’. Respondi: ‘É igual ao seu… Deixe crescer e descubra!'”,relembrou, às gargalhadas.

Há alguns anos, Conceição tem deixado as madeixas crescerem de forma natural. E o reflexo que vê no espelho muito lhe agrada. “Não acho que a negra que modifica o cabelo está negando nada, absolutamente. Hoje, acho meu cabelo bonito, mas já alisei. Gosto do carapinho, do crespo e ando gostando cada vez mais. Parece que valoriza meu rosto”.

Na contramão

Wilson, em seu tempo de black power (Foto: Arquivo Pessoal)
Wilson, em sua fase “black power” (Foto: Arquivo Pessoal)

O servidor público Carlos Wilson, 38, já conviveu com o visual da própria mulher, cuja pele é mais escura que a dele, com fios alisados e tingidos de loiro. Mas, é publicamente fã de cachos e tranças. “Para mim, alisar o cabelo e pintar de tons que não têm a ver com a natureza da raça é querer se amoldar ao padrão estético que a sociedade impõe, mesmo que inconscientemente. Até, nós, homens, quando rapamos a cabeça para se livrar da dificuldade de pentear o cabelo estamos fazendo isso”, comentou ele, que já cultivou um cabelão black power há uns cinco anos, mas teve de se desfazer do estilo em nome da praticidade e da apresentação necessária na vida profissional. Agora que tudo o que tem são alguns fios que se encontram com a navalha periodicamente para manter o cabelo baixinho, Wilson se diverte penteando o filho, João Esdras, de um ano. “Vou incentivar o ‘negãozinho’ a valorizar seu cabelo natural e suas raízes afrodescendentes. Pelo menos, até que ele tenha idade para decidir que estilo quer adotar”.

Pai penteando o filho (Foto: Arquivo Pessoal)
Pai penteando o filho (Foto: Arquivo Pessoal)

Taís Brem

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