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Diga-me como te vestes…

Como o figurino que escolhemos para o cotidiano influencia na imagem que passamos adiante

Foto: Jeff Münchow
Em geral, sociedade valoriza hábito de vestir-se bem (Foto: Jeff Münchow)

Você pode até argumentar que ninguém tem nada a ver com a sua vida ou com as roupas que escolhe para passar os dias e as noites. Afinal, sua rotina não é marcar presença nos famosos tapetes vermelhos dos eventos internacionais e a sua ida à padaria não será exatamente disputada pelos paparazzis de plantão para ilustrar a capa daquela revista de celebridades. Mesmo assim, há quem dê certa importância para o hábito de vestir-se bem, o que acaba por confirmar que as pessoas julgam umas às outras pelo que estão vestindo.

Mariana trabalha com moda festa (Foto: Arquivo Pessoal)
Mariana trabalha com moda festa (Foto: Arquivo Pessoal)

A estilista e publicitária Mariana Gomes, 27, diz perceber essa atitude como algo natural na sociedade. “Moda é comunicação, e felizes são aqueles que conseguem passar suas mensagens apenas entrando em um ambiente. A moda é tão ou mais poderosa que a publicidade. E nenhum aqui é vilão”, opinou. “É um julgamento justo. Eu sou aquilo o que pareço, porque sou ou acredito. Eu escolhi ser esta mensagem hoje. Talvez amanhã, eu nem saiba o que dizer. Mas posso ser julgada pelo o que visto, sim, porque foi o que escolhi entre um milhão de opções. Para menos ou para mais, a escolha é pessoal e as consequências também”.

Mariana ressaltou, entretanto, que ligar determinado figurino a status é algo ultrapassado. “Eu acho que a escolha do figurino é sempre fundamental, mas não na prática diária. Não é todo dia que conseguimos sair de casa sendo o que somos ou trabalhando aquela imagem que queremos ser. O cotidiano tem dessas coisas: embora tenhamos comprado quase tudo o que temos no armário, em muitas ocasiões rotineiras, pela pressa ou falta de paciência, acabamos nos descaracterizando ou nos jogando a alguns vícios estéticos que adquirimos em busca de praticidade”, comentou a estilista, que trabalha com moda festa. Ela diz ter escolhido esse nicho específico exatamente pela motivação de produzir peças únicas e especiais. “Quem vem a mim, tem ocasião e motivo para querer ser o seu melhor, tem anseios, sonhos e vontades específicas. É sempre especial. Não é um dia qualquer”.

Eliza (E) considera a escolha da roupa essencial em qualquer ocasião (Foto: Arquivo Pessoal)
Eliza (E) considera a escolha da roupa essencial em qualquer ocasião (Foto: Arquivo Pessoal)

Colega de profissão de Mariana, a estilista Eliza Andrade lida com todo o tipo de roupa em seu ateliê – de peças básicas a vestidos de noiva. Para ela, a escolha de um figurino é fundamental para a vida e o dia a dia, não só quando se vai a eventos pontuais. “Quando saímos para trabalhar ou fazer qualquer outra coisa que pertença a nossa rotina, precisamos estar adequados. É sempre bom pensar se vamos ter que andar muito, se abaixar ou correr, para escolher peças que tragam conforto, que ajudem e não atrapalhem”, resumiu. Quanto ao julgamento feito a partir da roupa que se usa, Eliza diz considerar algo normal. “É um hábito humano que existe há muito tempo e sempre vai existir. Na verdade, é uma forma de diferenciação em uma sociedade totalmente visual”.

Mais que roupa, atitude
Na opinião da empresária Ana Paula Pereira, 37, a escolha de uma roupa não é tudo, porém é um bom princípio. “Realmente, vestir-se bem abre portas, porque é assim que imprimimos nossa personalidade. Entretanto, atitude e educação completam o estilo de uma pessoa. Não é somente pela forma como me visto, mas pela forma como me comporto que serei reconhecida”, disse. O pastor, cantor e recepcionista Paulo Melquiades, 23, concorda: “Vestir-se bem tem tudo a ver com a ‘roupa de dentro’. Não combina gente bem vestida com palavras chulas e atitudes baixas. Não é uma questão de dinheiro, é uma questão de berço ou transformação de mente. É importante que você esteja ciente de que a mensagem que você quer passar está coerente com suas ações, bem como com o seu guarda-roupa”, pontuou. Melquiades diz considerar essencial manter uma postura equilibrada de bom senso na hora de escolher o que se vai vestir. “O desleixo e o exagero são extremos que podem causar sérios danos, seja na vida profissional, social etc. A maneira como eu me apresento diante da sociedade reflete o valor que eu dou a ela. Se você tem a postura de ‘ninguém tem nada a ver com a minha vida, ninguém paga minhas contas, eu saio do jeito que eu quero’, a resposta que você terá é ‘espere mais tempo na fila’, ‘volte amanhã’, ‘as vagas acabaram’… Já que ninguém tem nada a ver com a sua vida, você não pode exigir nada de ninguém, não é mesmo?”, questionou.

Melquiades (C) procura adaptar-se ao modo de vestir dos israelenses (Foto: Arquivo Pessoal)
Melquiades (C) procura adaptar-se ao modo de vestir dos israelenses (Foto: Arquivo Pessoal)

Morando em Tel Aviv, Israel, há um ano, Melquiades notou diferenças entre o estilo de vestir dos brasileiros e dos estrangeiros. E, aos poucos, está tentando se adaptar a isso. “A moda aqui é cosmopolita, mas sempre existe um estilo em vigor e cada região de Israel possui um estilo bem característico. No norte, por exemplo, região da Galiléia, é comum os rapazes saírem com roupas mais clássicas, como camisa de botão, sapato, blazer. Na região de Tel Aviv, onde moro, as pessoas são mais despojadas, porém tem espaço para todos os estilos. No geral, os homens gostam de roupas mais justas e as mulheres de batas mais larguinhas. O contrário do Brasil”, ironizou.

Gosto se discute?

"Conceito de bom gosto é discutível", diz Leonardo (Foto: Luigi Sodré)
“Conceito de bom gosto é discutível”, diz Leonardo (Foto: Luigi Sodré)

Controverso e questionável. É assim que o universitário Leonardo Ferreira, 21, define o conceito de “bom e mau gosto para se vestir”. Mesmo assim, o futuro jornalista diz acreditar que, de fato, a aparência é relevante, principalmente pela grande exposição via Internet, crescente nos dias atuais. “O julgamento é feito inconscientemente, na maioria das vezes, pois nos baseamos em uma estética já moldada pela mídia e o que não é compreendido é tido como diferente e errado”, comentou. “A roupa expressa uma série de signos subjetivos, que são avaliados (positivamente e negativamente) pela sociedade. Vejo isso como algo importante para a interação social. Por isso, costumo cuidar da aparência. Minha profissão vai exigir que eu lide com o público e é necessário já manter certo posicionamento nesse sentido”.

Na história
Muito antes de inventarem as publicações de moda, as semanas internacionais fashion ou os programas de TV que dão dicas sobre as tendências atuais, a Bíblia – sim, ela mesma! – já

Comunicação pela moda vem desde a antiguidade (Foto: Jeff Münchow)
Comunicação pela moda vem desde a antiguidade (Foto: Jeff Münchow)

falava da importância do vestuário na transmissão de determinada mensagem. “Essa mensagem pode ser o que somos, o que pensamos, o que desejamos que os outros pensem ou o trabalho que realizamos. As roupas sacerdotais, por exemplo, foram criadas para transmitir santidade, pureza, separação de alguém para o serviço divino. Os guerreiros, por sua vez, utilizavam vestimentas anunciando o desejo de vencer o seu inimigo e gerar medo no oponente. Pessoas que estavam sofrendo utilizavam roupas de pano grosseiro”, citou o diácono do Ministério Casa de Oração (MCO), Wilson Brem, 37. “A roupa não é uma verdade em si. Entretanto, podemos conhecer alguém pela maneira como ela se veste. Se a pessoa deseja causar boa impressão, conquistar um trabalho, avisar que é perigosa, gerar desejo sexual ou apenas se sentir bem, demonstrará tudo isso na sua maneira de se vestir”.

Taís Brem

Pelotas, 26 de setembro de 2013

É clichê, eu sei. Mas, foi de uma sabedoria incrível a inspiração do cara (ou da mulher) que disse aquela frase “Hoje é o aniversário do fulano, mas quem ganha o presente é você”. Popularmente, utilizada para slogan de promoção no comércio, a declaração cabe, também, para marcar o aniversário de pessoas. Afinal, apesar dos pesares que a convivência nos impõe, celebrar o aniversário de alguém tem muitas partes boas. A escritora americana Stormie Omartian disse, inclusive, que “todo relacionamento exige sacrifício. Mas, todo sacrifício traz uma recompensa”.

E é verdade. Temos o que comemorar quando percebemos que a vida nos brindou com mais um ano ao lado de alguém que nos completa, de alguma forma. Hoje, dia 26, é aniversário do meu marido, Wilson. E creio, portanto, que não haveria outro tema mais apropriado que esse para tratar nesta crônica.

Em dezembro, completaremos sete anos de casados. Foi um casamento incomum, para dizer o mínimo. Não houve ficada, nem namoro, muito menos noivado. Nos conhecemos e nos casamos. Ou melhor, casamos sem nos conhecer direito. Como cristãos, entregamos essa e todas as outras decisões da nossa vida nas mãos de Deus. É engraçado e estranho falar sobre isso num mundo em que, cada vez mais, as pessoas rejeitam a interferência do sobrenatural. Ouvi uma pessoa dizer certa vez que a última coisa que ela precisava era de um Deus tomando conta dela o tempo todo. Respeito a posição. Mas, lamento. Na minha vida e na vida do meu marido essa interferência constante é mais que bem-vinda, é implorada a cada segundo. Porque, venhamos e convenhamos, a humanidade já tem um bom tempo de estrada para comprovar que não tem maturidade alguma para tomar conta de si própria sozinha. E permitir que Deus tome as rédeas, não é usar uma espécie de bengala ou seguir uma fé cega. É um estilo de vida que, ao menos nós, temos sentido que dá certo. Haveria inúmeras formas de tentar explicar isso, ainda que, na verdade, seja algo inexplicável. Uma tentativa é simplesmente dizer que Deus tem uma perspectiva acima da nossa. E como Pai, Ele sempre vai nos encaminhar para aquilo que é o melhor. Ainda que não entendamos. Por exemplo: naturalmente, pelo menos por enquanto, eu sou mais alta que meu filho, de um ano e sete meses. E, por ter uma visão mais abrangente, posso tomar conta dele muito melhor do que ele faria por si próprio. Creio ser assim, também, na relação do ser humano com Deus. É fé. E fé se vive, não se explica.

A questão do nosso casamento foi algo muito pessoal. Não indico que outros façam a loucura que fizemos. A não ser que também sejam chamados para tanto. Contudo, foi um passo de fé, porque nos dispusemos a entender que, mesmo que não conhecêssemos um ao outro, Deus conhecia a nós dois muito bem. Ele sabia que não havia mulher melhor que eu para o meu marido e vice-versa. Eu poderia deixar essa homenagem para o aniversário do nosso casamento. Mas, resolvi fazê-la agora, abrindo esse pedacinho da nossa vida íntima para compartilhar que também mereço os parabéns hoje. Fiz um ótimo negócio naquele 31 de dezembro de 2006. Modéstia à parte, me considero apta para protagonizar alguma propaganda de “casamento à moda de Deus”. Não perfeito, mas conduzido por aquEle que é a própria perfeição. A propósito, parabéns pra ti, também, Prê!

Taís Brem

Um shopping para chamar de nosso

Em 03 de outubro, finalmente, Pelotas assistirá à inauguração de seu primeiro shopping center

Shopping Pelotas será o primeiro da cidade (Foto: Taís Brem)
Shopping Pelotas será o primeiro da cidade (Foto: Taís Brem)

O shopping que leva o nome da cidade e o peso de ser o primeiro empreendimento do tipo a ser inaugurado em Pelotas estará aberto ao público a partir do mês que vem. A expectativa é enorme entre os moradores da cidade. Afinal, a Princesa do Sul, do alto de seus 201 anos, já teve de tudo: centro comercial, galeria, hipermercado e lojas que lançaram a escada rolante como novidade, excursões para a capital que incluíam passeios em shoppings e vários projetos que nunca chegaram a vingar. Mas, shopping mesmo, é a primeira vez.

Laureni Mendes (Foto: Arquivo Pessoal)
Laureni Mendes (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a maioria dos cidadãos pelotenses, a implantação de um shopping na cidade é positiva, uma vez que, entre outras coisas, é sinal de desenvolvimento econômico. “Vai proporcionar novas oportunidades de emprego e será mais um ponto turístico para os visitantes, sem contar que é um grande investimento para Pelotas”, opinou a dona-de-casa Laureni Mendes, 45. Sheila Teixeira, 19, concorda, principalmente, porque poderá impulsionar as chances para os jovens que nunca trabalharam. Porém, embora considere que o empreendimento será um marco para a cidade, a estudante não acha que o visitará com frequência, já que o Shopping Pelotas funcionará no bairro Areal e Sheila mora no Fragata. Para o jornalista e professor Jairo Sanguiné, o empreendimento dará vida à cidade. “Meu interesse pessoal são as salas de cinema, pois Pelotas é tida como polo cultural e ainda não tem salas de cinema de qualidade”, apontou. A expectativa do militar Igor Silveira, 19, é por variedade de entretenimento. Tendo algo diferente, como boliche ou área de pentibol, eu pretendo frequentar”, comentou.

Com apenas um pavimento, o Shopping Pelotas tem mais de 35 mil metros quadrados de área construída e conta com 172 lojas, seis âncoras, cinco megalojas, dois restaurantes, 14 fast-foods, cinco salas de cinema (sendo que duas são 3D) e 1.173 vagas de estacionamento. Por serem inéditas em Pelotas, as filiais das lojas Americanas e Riachuelo e da rede de fast-food Burger King estão entre as mais aguardadas pelo público.

Progresso ou retrocesso?
Na opinião de Silveira, a instalação do shopping em Pelotas é uma evolução. “Mas, uma evolução meio atrasada”, explicou. “Nós temos uma economia significativa para fazer o shopping render e, de uns tempos para cá, a economia da cidade, que está entre as maiores do Rio Grande do Sul, ficou mais forte. [Essa inauguração] Poderia ter ocorrido antes”. Na mesma linha, a psicóloga Marilei Vaz opinou que o “reboliço” feito pela população em torno da implantação do empreendimento soa como exagero. “Para uma cidade que tem tantos prédios bonitos e já viveu tanto glamour, inaugurar um shopping a esta altura é um retrocesso”. “Depois que municípios, como Lajeado, Passo Fundo, Novo Hamburgo, entre outras cidades menores já têm shopping há mais de dez anos, é, no mínimo, motivo para reflexão”, disse o administrador de empresas Marco Soares, 41, que é pelotense, mas, atualmente, mora na capital paulista. “A propósito, agora que Pelotas está inaugurando um shopping, o ‘comércio de rua’ está em alta”, comentou Soares, ao citar o sucesso da 25 de março, do Brás, da Teodoro Sampaio e da avenida Paulista, em São Paulo; do Saara, no Rio de Janeiro; e dos Open Mall, uma espécie de shopping de rua, famoso nos Estados Unidos e que, agora, ganha força na região de Campinas e Belo Horizonte.

Os envolvidos com o projeto, obviamente, não estão alheios a essa realidade. “Um shopping em Pelotas é aguardado há décadas. Por isso, posicionamos o shopping como uma novidade que veio realizar um sonho do pelotense, mas, sem esquecer que é uma iniciativa que nasceu localmente, que tem a cara de Pelotas e que, por isso, irá satisfazer totalmente nossa comunidade”, disse o diretor de criação da Incomum, Daniel Moreira, o Cuca.

Ação teve início em junho (Foto: Divulgação)
Ação teve início em junho (Foto: Divulgação)

A Incomum é a agência de comunicação estratégica que possui a conta do Shopping Pelotas. Na ação prévia feita para gerar envolvimento e movimentação na Fan Page, a agência utilizou expressões características da região. O primeiro passo foi dado no evento da entrega dos capacetes, em 20 de junho. Na ocasião, os convidados receberam um bolo inglês acompanhado de uma etiqueta com a frase “Não é bolinho, é queque”. “Dando continuidade a esse mimo, criamos a campanha no Facebook, onde, com a mesma estrutura de frase, fizemos 25 posts, publicados de 26 de junho a 29 de julho”, disse Cuca. “A soma do alcance de cada post da campanha foi de 208 mil pessoas. O mais exitoso foi ‘Não é vou embora, é partiu o Guabiroba!’, com um alcance de mais de 40 mil pessoas distintas, 653 compartilhamentos, 450 curtidas e 40 comentários”.

Hoje, a Fan Page do Shopping Pelotas, que ficou popular trazendo à memória dos pelotenses o “frege”, o “mandinho”, o “de primeiro” e a “recheada”, tem mais de nove mil fãs. A expectativa da agência é chegar aos 15 mil até o fim desse ano.

Antes tarde do que nunca
O publicitário Paulo Soares, 52, que também já deixou de morar em Pelotas há mais de 20 anos, torce para que o empreendimento dê certo. A respeito de uma provável resistência local a novidades, o publicitário opinou: “Não há lógica em rejeitar o progresso, se não há uma manutenção e um progresso do comércio nativo. Na Bahia, há uma rejeição à música internacional e até mesmo a ritmos brasileiros não baianos, mas, há uma força incontestável do axé-music, com todas as suas variantes”, exemplificou. “O comércio de Pelotas não oferece, nem nos produtos locais, doces, compotas, artigos de couro, alternativa moderna de compra, nem uma feira permanente, a não ser a dominical da Avenida [Bento Gonçalves]. Em Fortaleza, tem uma feira como essa funcionando todos os dias, das 17h às 23h. Na Praia de Boa Viagem, em Recife, também. Por que Pelotas não trabalha sua vocação turística? Por que o Mercado Público está fechado, um ano depois da previsão de reabertura? São coisas como essas que eu acho que justificam o atraso desse empreendimento”, enumerou. “O Shopping Pelotas será um sucesso se incorporar a cultura da cidade, o samba, inclusive. Se tiver uma política de inclusão de pequenos estabelecimentos, sem deixar de focar nos grandes. Se tiver linhas de ônibus e lotação para acesso fácil, eventos culturais, participação na vida da cidade. Se tiver a coragem de romper com a apatia e se posicionar como uma operação revolucionária”, sugeriu. “Assim esperamos”.

Alerta redobrado

Agente alerta para a prudência no dia da inauguração (Foto: Taís Brem)
Agente alerta para a prudência no dia da inauguração (Foto: Taís Brem)

A inauguração do Shopping Pelotas está marcada para o dia 03 de outubro. E, como a movimentação deve ser intensa no local, intensifica-se, também, a necessidade de prudência no trânsito. “Mesmo se tratando de uma rótula, há um uso excessivo da velocidade dos veículos e desrespeito à sinalização. Por isso, é necessário ter prudência redobrada. O local estará mais sensível a ‘acidentes’, em função do aumento do número de veículos e de pessoas”, lembrou o agente de trânsito Wilson Brem.

O Shopping Pelotas funcionará na avenida Ferreira Viana, 1.526, no cruzamento com a São Francisco de Paula.

Taís Brem

Orientação ou multa?

Qual a melhor alternativa para conscientizar sobre o destino certo do lixo?

Garis cariocas já sentem positiva diferença (Foto: Prefeitura RJ)
Após implantação de punições, garis cariocas já sentem positiva diferença (Foto: Prefeitura RJ)

Primeiro passo: focar na conscientização da população pelotense com medidas educativas contra o mau costume de lançar lixo nas ruas. Em caso de insistência no erro, passar para a aplicação de multa e até, quem sabe, de punições, como a de trabalhar um dia na limpeza da cidade. A ideia do consultor de Tecnologia da Informação (TI) Guilherme Cunha, 26, é boa. Afinal, possibilita chance para que cidadãos que insistem em desviar o lixo do seu destino certo possam se reeducar. Além, é claro, de sinalizar uma ótima oportunidade para que a cidade fique – e permaneça – mais limpa.

A Prefeitura do Rio de Janeiro, entretanto, já executou a primeira parte. Agora, é a vez do tópico financeiro. Ao que parece, o programa adotado na Cidade Maravilhosa desde a última terça-feira (20) – denominado Lixo Zero – é pioneiro no Brasil. Fruto de uma lei de 2001 que só não estava em vigor porque não tinha valores estipulados para punir os infratores, o programa multa cidadãos que colocarem lixo no chão. Simples assim. E o custo da falta de educação varia de R$ 157 a R$ 3 mil, conforme o tamanho do objeto descartado.

Nas primeiras dez horas de atividade, os 192 fiscais que trabalham na ação multaram 121 pessoas, a maioria por descartar tocos de cigarro. No segundo dia, foram 50 pessoas abordadas. Por enquanto, a receptividade foi boa, mas, quem não quiser pagar, ficará com o nome sujo. Questionada sobre a possibilidade de uma lei semelhante em Pelotas, a estudante Amanda Hertzberg, 24, mostrou-se favorável: “Acho que seria bom. Assim, diminuiria a quantidade de lixo na rua”, disse. A técnica de enfermagem Marcia Valadão, 31, concordou: “Estamos precisando que se imponham regras na sociedade. Está tudo virando uma baderna. Daqui a pouco vamos conviver com os ratos e as pessoas vão achar normal”.

Só falta praticar
O que poucos sabem é que há uma punição semelhante a do Programa Lixo Zero prevista para todo o país, por meio do artigo 172 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). De acordo com a lei, quem for pego jogando lixo – objeto ou substância – pela janela do veículo, leva quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação e deve pagar multa de aproximadamente R$ 90.

Número de agentes é pequeno para subsidiar fiscalizações extras (Foto: Divulgação)
Número de agentes é pequeno para fiscalizar a poluição gerada pelos condutores (Foto: Divulgação)

O agente de trânsito Wilson Brem, 37, já autuou um motorista por causa dessa infração. Um apenas, em todos os seus onze anos de serviço. Isso porque, segundo ele, fica difícil manter a fiscalização dessas ocorrências, quando existem outros problemas mais graves para se coibir no trânsito. “Em um lugar onde tem gente avançando sinal vermelho, realizando conversão proibida e veículos ameaçando pedestres que atravessam na faixa, não tem como priorizar a punição a quem lança objetos na via”, explicou, ao citar, também, o déficit no número de profissionais para fazer o serviço. “Como não conseguimos autuar todas as infrações, priorizamos as mais importantes ou mais perigosas”.

O jornalista pelotense Daniel Vasques, 33, que está morando no Rio atualmente, não chegou a presenciar nenhuma cena de abordagem nesses dois dias de aplicação do programa Lixo Zero, mas gente jogando lixo na rua, isso ele já viu, aos montes. Para ele, a lei é bem-vinda. “Acho que tem um lado autoritário, mas educativo. Pode ser lúdica, também, porque faz as pessoas refletirem sobre a sujeira das ruas”, comentou.

Em Pelotas, Vasques considera a educação a melhor escolha (Foto: Divulgação)
Em Pelotas, Vasques considera a orientação a melhor escolha (Foto: Divulgação)

Vasques disse, inclusive, que já ouviu falar sobre o artigo do CTB que cita a punição para quem sujar a via pública. “Aqui eles consideram válido, porque, como contam os cariocas, tem quem atire até jornal pela janela do carro”, afirmou, ao acrescentar que considera a ação importante em grandes centros, onde circulam muitas pessoas. “[No caso de Pelotas], o ideal seria fazer uma campanha antes, explicando os benefícios de cuidar da cidade e porque você pode ser multado”.

Vale lembrar que a lei do CTB é apenas um apoio na preservação da limpeza das cidades, mas, obviamente, não deve ser encarada como única obrigação de fiscalização por parte dos órgãos ligados ao trânsito.

O destino correto

Sanep é responsável pela coleta e tratamento do lixo (Foto: Janine Tomberg)
Sanep é responsável pela coleta e tratamento do lixo (Foto: Janine Tomberg)

Conforme dados do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), os pelotenses geram cerca de 160 toneladas de lixo por dia, o equivalente a 32 caminhões cheios. A destinação final dos resíduos sólidos é um aterro controlado com três lagoas de tratamento com sistema de drenagem de gases e de tratamento de chorume.

Taís Brem

Tudo “azul” em 5, 4, 3…

Em clima de contagem regressiva, Pelotas já recebeu a maioria dos parquímetros que regularão o estacionamento no Centro a partir do dia 26

Estacionamento rotativo entra em vigor nos próximos dias
Estacionamento rotativo entra em vigor nos próximos dias (Foto: Wilson Lima)

A previsão é que daqui a exatos dez dias, a Sertell – empresa responsável pela instalação dos equipamentos que regularão o tempo e cobrarão os motoristas que estacionarem seus veículos na popularmente conhecida “zona azul” – estará com tudo pronto para começar seu trabalho. Vencedora da licitação referente à monitoração do estacionamento rotativo em Pelotas, a empresa já está finalizando a instalação dos parquímetros no quadrilátero formado pelas ruas Doutor Cassiano, Marechal Deodoro, Lobo da Costa e Gonçalves Chaves, incluindo a praça Coronel Pedro Osório.

Nesse trecho, 1.100 vagas serão controladas para, conforme o gerente

Cardozo considera iniciativa positiva
Cardozo considera iniciativa positiva (Foto: Divulgação)

de trânsito da Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGMU), Cléo Cardozo, 30, facilitar o estacionamento na área. A partir de então, cada condutor terá que obedecer a um período máximo de permanência no local. Caso contrário, será punido. “O tempo máximo será duas horas. O condutor que desrespeitar, será autuado em uma infração de natureza leve, de R$ 53,20, receberá três pontos na CNH [Carteira Nacional de Habilitação] e, ainda, terá seu veículo removido”, informou.

Cardozo também acrescentou que o estacionamento deve funcionar das 9h às 19h, de segunda a sexta-feira, e das 9h às 13h, aos sábados. A hora estacionada custará R$ 1,50 para carros e caminhões de até dez metros de comprimento. Os únicos veículos isentos de tarifa são as motos, que terão espaço específico para estacionar. Mas, mesmo com as taxas, o gerente diz acreditar que a novidade será aprovada pela população. Também profissional da área, o agente de trânsito Wilson Brem, 37, demonstra opinião contrária, pelo menos em primeira instância. “Não me agrada termos que alugar um espaço público. Existem inúmeras áreas públicas que necessitam de melhorias. Teremos que arcar com esforço financeiro nesses casos, também?”, questionou, ao mencionar que consideraria mais eficiente qualificar a sinalização e subsidiar a fiscalização. “Eu lamento que, para termos um trânsito aceitável, sejamos obrigados a pagar um valor extra, além dos impostos, por utilizar uma área que deveria ser pública, no sentido literal da palavra: sem custo”.

De fato, há sinalizações que permitem ao cidadão estacionar por pouco tempo sem que tenha gastos com isso, como as placas que permitem o estacionamento por 15 minutos, desde que o pisca-alerta esteja ligado. “Passado esse período, o cidadão é onerado financeiramente, com multa, e pode ter o seu veículo removido, para que outro possa utilizar o espaço público”, continuou Brem.

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Tempo de estacionamento será monitorado (Foto: Wilson Lima)

Novo destino para as moedas
Não é de hoje – literalmente, às vésperas da inauguração do estacionamento rotativo na cidade –, que a questão gera a dúvida sobre como ficará a situação dos guardadores de veículos. Em 2011, durante uma Audiência Pública proposta pelo vereador Roger Ney para agilizar o que era apenas um projeto de melhoria urbana, o presidente da Associação dos Guardadores de Carros de Pelotas, Cláudio Oliveira, solicitou que se discutissem alternativas para que o grupo não fosse prejudicado. Os parlamentares concordaram. “Foram abertas, há um tempo atrás, inscrições de cursos profissionalizantes para que os guardadores fossem alocados em outras áreas, mas a procura foi pouca”, disse Cardozo, ao explicar, contudo, que a falta da qualificação oferecida pela Prefeitura não proíbe os trabalhadores autônomos de continuarem atuando. Porém… “Agora, será mais difícil, pois em cada quadra terá um monitor da empresa, que ficará observando o tempo dos veículos estacionados”, afirmou. “Acredito que, pagando o rotativo, as pessoas parem de contribuir com os guardadores, pois acabariam pagando duas vezes”.

A promotora de eventos Francine Baschi, 22, considera que será pouca a diferença entre “pagar pela intimidação dos guardadores” e investir num serviço organizado. Mesmo habilitada para dirigir, ela pouco pega ao volante, mas, quando anda de carona, observa, com pesar, o quanto é diretamente proporcional o tempo desperdiçado para encontrar uma vaga ao valor investido quando se decide, finalmente, optar pelos estacionamentos pagos. “Para mim, que preciso fazer paradas rápidas no Centro, serão ótimos os parquímetros”, comentou. “Só tem que ver se o custo vai valer a pena e se vai funcionar. Em se tratando de serviço público, confesso que até tenho medo!”.

Seguindo exemplos
Na mesma época em que solicitou a Audiência Pública, o vereador Roger Ney usou como argumento o fato de o estacionamento rotativo já ser uma realidade de sucesso em muitos outros lugares, até mesmo menores – como Rio Grande e Bagé, que, juntos, têm menos habitantes que a população de Pelotas.

Militar citou bom exemplo de outros locais
Militar falou sobre benefício ao desenvolvimento local (Foto: Divulgação)

Na opinião do militar carioca Daniel Avellar, 29, que mora aqui há quatro anos e possui Habilitação desde 2004, a maior prova de que o estacionamento rotativo será bem-sucedido em Pelotas é, exatamente, a boa experiência já vivenciada em diversos lugares do Brasil e, até, do mundo. “Quando a cidade começa a crescer, também cresce o numero de carros e a área comercial não comporta todos ao mesmo tempo. É normalmente no Centro da cidade onde tudo acontece. Se as pessoas que dependem desses serviços tiverem seu acesso dificultado, a cidade vai perder”, opinou.

A publicitária Laura Vianna, 24, já observou o funcionamento dos parquímetros em Porto Alegre e diz ter achado positivo. “Porque, dessa forma, terá mais lugares no Centro para estacionar”, explicou. “Claro que haverá o custo, mas, assim, talvez as pessoas pensem ‘duas vezes’ em andar de carro em vez de caminhar mais em pequenas distâncias”.

Laura mora no Areal e dirige até o Centro diariamente para trabalhar. Todavia, ainda que a agência onde atua seja fora do trecho contemplado pelos parquímetros, ela pretende utilizá-los em seu horário de almoço, quando costuma ficar “rodando horas para achar um lugar”. “Como estou sempre com pressa, assim, vai até facilitar”, completou.

O funcionamento
De acordo com o site da Serttel, o estacionamento rotativo público funcionará a partir da utilização de tíquetes virtuais, comercializados através de telefone celular, Internet e em pontos de vendas fixos e móveis. Para fiscalização e controle do uso das vagas, haverá um software especializado de gestão e terminais inteligentes. Entre os benefícios prometidos pela solução estão a disciplina no uso do espaço público; o aumento da rotatividade e da oferta de vagas, melhorando a acessibilidade dos cidadãos no Centro; a maior comodidade para o usuário através de diversos meios de pagamento e aquisição dos tíquetes; e, inclusive, a redução de ocorrências de pequenos acidentes nas vias públicas.

Ao que parece, a população pelotense, no geral, também está com boas expectativas pelo serviço. Na enquete virtual feita pela Câmara de Vereadores, dos 246 votos registrados até a publicação desta reportagem, 170 concordavam com a iniciativa e somente 76 eram contra.

Por que “azul”?
Em Pelotas, o apelido “zona ou área azul” que os estacionamentos rotativos receberam em vários locais onde foram implantados cairá bem, uma vez que combina com o uniforme dos agentes de trânsito, os populares “azuizinhos”. Não há registros se essa foi a associação que originou essa história. Entretanto, o que se sabe até agora é que a área destinada aos parquímetros tem tanto de azul quanto tem de preto as famosas caixas cor-de-laranja que ficam dentro dos aviões.

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Taís Brem