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Wilson Lima e suas histórias

Gosto pela fotografia começou na infância (Foto: Robson Hellebrandt)
Gosto pela fotografia começou na infância (Foto: Robson Hellebrandt)

A primeira vez que ouvi falar de Wilson Lima foi durante um estágio no Jornal Diário Popular, lá por 2006, 2007. Lembro que a editora-chefe comentou: “Já visses as fotos do seu Wilson? Tem uma que mostra uma guriazinha tomando vacina que é perfeita! Ele conseguiu capturar a gotinha bem redondinha, entrando na boca dela. Ele é fantástico!”. Fiquei curiosa para ver a tal foto, tamanha era a empolgação da narração. Felizmente, não demorou muito para que eu pudesse conhecer não apenas essa imagem, mas muitas outras que fazem parte da carreira desse talentoso fotógrafo que, atualmente com 74 anos, acumula 66 de carreira, diversos prêmios e passagens por veículos importantes na história da Comunicação no Brasil, como as extintas revistas Manchete e Cruzeiro.

Minha convivência com seu Wilson começou quando passei a estagiar na Assessoria de Comunicação e Marketing da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), onde, aliás, trabalhamos até hoje. Ele é o único fotógrafo da Universidade, responsável por registrar os variados momentos que fazem parte da vida acadêmica, desde grandes eventos a simples entrevistas do dia a dia. O talento e a disposição com que exerce o seu dom são admiráveis. A fotografia é o seu ganha-pão, sim. Ele mesmo já declarou que não se imagina trabalhando noutra coisa. Mas, mais do que meio de sobrevivência, tirar fotos é um prazer para o seu Wilson. Seu olhar está tão acostumado a fotografar, que ele sempre vê um ângulo diferente, novo e surpreendente em cada situação.

Wilson Lima tem diversos prêmios em seu currículo (Foto: Paulo Rossi)
Wilson Lima tem diversos prêmios em seu currículo (Foto: Paulo Rossi)

Trabalhar com Wilson Lima é estar lado a lado com o prodígio que, aos oito anos de idade, tirou um retrato do muro caído de um galpão no Centro da cidade e teve sua foto publicada no jornal onde seu pai, o também fotógrafo Ramão Barros, trabalhava. É ouvir as histórias de bastidores de eventos como as edições do Festival de Cinema de Gramado das décadas de 1970 e 1980. É enxergar o brilho do olhar de quem esteve no México, durante a Copa do Mundo de 1970, capturando o momento em que Pelé dava o seu famoso soco no ar. É se admirar ao saber que ali está o responsável pelo registro que imortalizou Fidel Castro bebendo Coca-Cola. É imaginar a felicidade de Elis Regina ao experimentar seu vestido de noiva durante uma sessão de fotos e se emocionar com a sensibilidade da artista chorando a morte de Che Guevara, momentos depois. É se divertir escutando a reprodução dos trechos de uma conversa com Raul Seixas, assim como descobrir as surpresas que podem ocorrer durante um velório, como o de Lupicínio Rodrigues. E é, também, querer revirar meio-mundo atrás das fotografias que registram essas histórias todas. Não para comprovar a veracidade delas. Apenas para ter o gosto de apreciá-las e guardá-las com carinho. Seu Wilson não fez isso. Acostumado a ver seu trabalho publicado periodicamente, ele nunca achou que seria importante guardar as edições para que, no futuro, pudesse relembrar os momentos de sua carreira ou mesmo compartilhar esses fatos com quem não teve a oportunidade de vivenciá-los. Achava que era bobagem. Uma lástima.

São muitas as experiências a que se tem acesso quando ele é o assunto e uma saída para uma pauta é garantia de boas risadas. Muito provavelmente, porque por trás desses 74 anos, há uma criança que nunca saiu de cena. Seu Wilson é tão contagiante que apenas reproduzir suas piadas já garante um bom status humorístico. Não é pouca a quantidade de amigos e familiares que tenho que dizem “Preciso conhecer esse senhor!”, quando eu conto suas peripécias. Sua companhia é tão agradável e divertida que certa vez um de seus netos passou um espetáculo de circo inteiro na plateia apenas observando os palhaços sem esboçar a reação característica das crianças diante de uma atração desse tipo. Não havia motivo para rir. Por quê? “Meu avô é muito mais engraçado que eles!”, justificou, desapontado.

Wilson Lima e Taís Brem (Foto: Paulo Soares)
Wilson Lima e Taís Brem (Foto: Paulo Soares)

Dizem que para ser completo, o ser humano precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Um filho eu já tenho, embora planeje ter mais uns dois, se assim Deus permitir. Árvore eu já plantei, levando em conta, inclusive, as sementes de feijão plantadas no colégio. Mas, livro, ainda está na esfera dos sonhos. Fiz alguns ensaios de publicações quando criança, dignos de quem sempre quis ser algo como jornalista ou escritora, desde que se entende por gente. Porém, ainda que em fase de projeto, uma coisa é certa: quando minha carreira como escritora deslanchar, seu Wilson será assunto de um dos meus livros. Sua história é digna de ser conhecida por muita gente e imortalizada como um tributo a pessoas que fazem desse planeta um lugar melhor para se viver.

Taís Brem
*Texto classificado em segundo lugar na categoria Histórias de Vida do III Prêmio Longevidade Bradesco Seguros 2013

Blog Quemany conquista segundo lugar em premiação nacional

Cerimônia do Prêmio Longevidade Bradesco Seguros ocorreu em São Paulo

Fotógrafo Wilson Lima foi homenageado em trabalho (Foto: Taís Brem)
Fotógrafo Wilson Lima foi homenageado em trabalho (Foto: Taís Brem)

O segundo lugar é nosso! Nesta terça-feira (15), o Blog Quemany foi premiado como segundo colocado na terceira edição do Prêmio Longevidade Bradesco Seguros 2013, com o texto “Wilson Lima e suas histórias”. A premiação ocorre dentro do Fórum da Longevidade, evento internacional, promovido pelo Grupo Bradesco Seguros para discutir a situação das chamadas terceira e quarta idades e incentivar a população, como um todo, a chegar cada vez mais longe na estrada da vida. O texto premiado, que, até então, é inédito, é uma homenagem ao fotojornalista Wilson Lima, que aos 74 anos está em plena atividade profissional.

A cerimônia de premiação foi realizada no World Trade Center, na cidade de São Paulo.

Taís Brem

Tudo “azul” em 5, 4, 3…

Em clima de contagem regressiva, Pelotas já recebeu a maioria dos parquímetros que regularão o estacionamento no Centro a partir do dia 26

Estacionamento rotativo entra em vigor nos próximos dias
Estacionamento rotativo entra em vigor nos próximos dias (Foto: Wilson Lima)

A previsão é que daqui a exatos dez dias, a Sertell – empresa responsável pela instalação dos equipamentos que regularão o tempo e cobrarão os motoristas que estacionarem seus veículos na popularmente conhecida “zona azul” – estará com tudo pronto para começar seu trabalho. Vencedora da licitação referente à monitoração do estacionamento rotativo em Pelotas, a empresa já está finalizando a instalação dos parquímetros no quadrilátero formado pelas ruas Doutor Cassiano, Marechal Deodoro, Lobo da Costa e Gonçalves Chaves, incluindo a praça Coronel Pedro Osório.

Nesse trecho, 1.100 vagas serão controladas para, conforme o gerente

Cardozo considera iniciativa positiva
Cardozo considera iniciativa positiva (Foto: Divulgação)

de trânsito da Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGMU), Cléo Cardozo, 30, facilitar o estacionamento na área. A partir de então, cada condutor terá que obedecer a um período máximo de permanência no local. Caso contrário, será punido. “O tempo máximo será duas horas. O condutor que desrespeitar, será autuado em uma infração de natureza leve, de R$ 53,20, receberá três pontos na CNH [Carteira Nacional de Habilitação] e, ainda, terá seu veículo removido”, informou.

Cardozo também acrescentou que o estacionamento deve funcionar das 9h às 19h, de segunda a sexta-feira, e das 9h às 13h, aos sábados. A hora estacionada custará R$ 1,50 para carros e caminhões de até dez metros de comprimento. Os únicos veículos isentos de tarifa são as motos, que terão espaço específico para estacionar. Mas, mesmo com as taxas, o gerente diz acreditar que a novidade será aprovada pela população. Também profissional da área, o agente de trânsito Wilson Brem, 37, demonstra opinião contrária, pelo menos em primeira instância. “Não me agrada termos que alugar um espaço público. Existem inúmeras áreas públicas que necessitam de melhorias. Teremos que arcar com esforço financeiro nesses casos, também?”, questionou, ao mencionar que consideraria mais eficiente qualificar a sinalização e subsidiar a fiscalização. “Eu lamento que, para termos um trânsito aceitável, sejamos obrigados a pagar um valor extra, além dos impostos, por utilizar uma área que deveria ser pública, no sentido literal da palavra: sem custo”.

De fato, há sinalizações que permitem ao cidadão estacionar por pouco tempo sem que tenha gastos com isso, como as placas que permitem o estacionamento por 15 minutos, desde que o pisca-alerta esteja ligado. “Passado esse período, o cidadão é onerado financeiramente, com multa, e pode ter o seu veículo removido, para que outro possa utilizar o espaço público”, continuou Brem.

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Tempo de estacionamento será monitorado (Foto: Wilson Lima)

Novo destino para as moedas
Não é de hoje – literalmente, às vésperas da inauguração do estacionamento rotativo na cidade –, que a questão gera a dúvida sobre como ficará a situação dos guardadores de veículos. Em 2011, durante uma Audiência Pública proposta pelo vereador Roger Ney para agilizar o que era apenas um projeto de melhoria urbana, o presidente da Associação dos Guardadores de Carros de Pelotas, Cláudio Oliveira, solicitou que se discutissem alternativas para que o grupo não fosse prejudicado. Os parlamentares concordaram. “Foram abertas, há um tempo atrás, inscrições de cursos profissionalizantes para que os guardadores fossem alocados em outras áreas, mas a procura foi pouca”, disse Cardozo, ao explicar, contudo, que a falta da qualificação oferecida pela Prefeitura não proíbe os trabalhadores autônomos de continuarem atuando. Porém… “Agora, será mais difícil, pois em cada quadra terá um monitor da empresa, que ficará observando o tempo dos veículos estacionados”, afirmou. “Acredito que, pagando o rotativo, as pessoas parem de contribuir com os guardadores, pois acabariam pagando duas vezes”.

A promotora de eventos Francine Baschi, 22, considera que será pouca a diferença entre “pagar pela intimidação dos guardadores” e investir num serviço organizado. Mesmo habilitada para dirigir, ela pouco pega ao volante, mas, quando anda de carona, observa, com pesar, o quanto é diretamente proporcional o tempo desperdiçado para encontrar uma vaga ao valor investido quando se decide, finalmente, optar pelos estacionamentos pagos. “Para mim, que preciso fazer paradas rápidas no Centro, serão ótimos os parquímetros”, comentou. “Só tem que ver se o custo vai valer a pena e se vai funcionar. Em se tratando de serviço público, confesso que até tenho medo!”.

Seguindo exemplos
Na mesma época em que solicitou a Audiência Pública, o vereador Roger Ney usou como argumento o fato de o estacionamento rotativo já ser uma realidade de sucesso em muitos outros lugares, até mesmo menores – como Rio Grande e Bagé, que, juntos, têm menos habitantes que a população de Pelotas.

Militar citou bom exemplo de outros locais
Militar falou sobre benefício ao desenvolvimento local (Foto: Divulgação)

Na opinião do militar carioca Daniel Avellar, 29, que mora aqui há quatro anos e possui Habilitação desde 2004, a maior prova de que o estacionamento rotativo será bem-sucedido em Pelotas é, exatamente, a boa experiência já vivenciada em diversos lugares do Brasil e, até, do mundo. “Quando a cidade começa a crescer, também cresce o numero de carros e a área comercial não comporta todos ao mesmo tempo. É normalmente no Centro da cidade onde tudo acontece. Se as pessoas que dependem desses serviços tiverem seu acesso dificultado, a cidade vai perder”, opinou.

A publicitária Laura Vianna, 24, já observou o funcionamento dos parquímetros em Porto Alegre e diz ter achado positivo. “Porque, dessa forma, terá mais lugares no Centro para estacionar”, explicou. “Claro que haverá o custo, mas, assim, talvez as pessoas pensem ‘duas vezes’ em andar de carro em vez de caminhar mais em pequenas distâncias”.

Laura mora no Areal e dirige até o Centro diariamente para trabalhar. Todavia, ainda que a agência onde atua seja fora do trecho contemplado pelos parquímetros, ela pretende utilizá-los em seu horário de almoço, quando costuma ficar “rodando horas para achar um lugar”. “Como estou sempre com pressa, assim, vai até facilitar”, completou.

O funcionamento
De acordo com o site da Serttel, o estacionamento rotativo público funcionará a partir da utilização de tíquetes virtuais, comercializados através de telefone celular, Internet e em pontos de vendas fixos e móveis. Para fiscalização e controle do uso das vagas, haverá um software especializado de gestão e terminais inteligentes. Entre os benefícios prometidos pela solução estão a disciplina no uso do espaço público; o aumento da rotatividade e da oferta de vagas, melhorando a acessibilidade dos cidadãos no Centro; a maior comodidade para o usuário através de diversos meios de pagamento e aquisição dos tíquetes; e, inclusive, a redução de ocorrências de pequenos acidentes nas vias públicas.

Ao que parece, a população pelotense, no geral, também está com boas expectativas pelo serviço. Na enquete virtual feita pela Câmara de Vereadores, dos 246 votos registrados até a publicação desta reportagem, 170 concordavam com a iniciativa e somente 76 eram contra.

Por que “azul”?
Em Pelotas, o apelido “zona ou área azul” que os estacionamentos rotativos receberam em vários locais onde foram implantados cairá bem, uma vez que combina com o uniforme dos agentes de trânsito, os populares “azuizinhos”. Não há registros se essa foi a associação que originou essa história. Entretanto, o que se sabe até agora é que a área destinada aos parquímetros tem tanto de azul quanto tem de preto as famosas caixas cor-de-laranja que ficam dentro dos aviões.

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Taís Brem