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Parabéns, Pelotas!

Hoje é o dia em que se comemora o aniversário da cidade de Pelotas, a Princesa do Sul, cidade do doce, cidade universitária e cidade do Blog Quemany. E porque chegar aos 202 anos com todo esse status não é pouca coisa, aqui vão os nossos parabéns! #NóisGostaDeFeedback \o/

Foto: Wilson Lima
Foto: Wilson Lima

Pelotas, 26 de setembro de 2013

É clichê, eu sei. Mas, foi de uma sabedoria incrível a inspiração do cara (ou da mulher) que disse aquela frase “Hoje é o aniversário do fulano, mas quem ganha o presente é você”. Popularmente, utilizada para slogan de promoção no comércio, a declaração cabe, também, para marcar o aniversário de pessoas. Afinal, apesar dos pesares que a convivência nos impõe, celebrar o aniversário de alguém tem muitas partes boas. A escritora americana Stormie Omartian disse, inclusive, que “todo relacionamento exige sacrifício. Mas, todo sacrifício traz uma recompensa”.

E é verdade. Temos o que comemorar quando percebemos que a vida nos brindou com mais um ano ao lado de alguém que nos completa, de alguma forma. Hoje, dia 26, é aniversário do meu marido, Wilson. E creio, portanto, que não haveria outro tema mais apropriado que esse para tratar nesta crônica.

Em dezembro, completaremos sete anos de casados. Foi um casamento incomum, para dizer o mínimo. Não houve ficada, nem namoro, muito menos noivado. Nos conhecemos e nos casamos. Ou melhor, casamos sem nos conhecer direito. Como cristãos, entregamos essa e todas as outras decisões da nossa vida nas mãos de Deus. É engraçado e estranho falar sobre isso num mundo em que, cada vez mais, as pessoas rejeitam a interferência do sobrenatural. Ouvi uma pessoa dizer certa vez que a última coisa que ela precisava era de um Deus tomando conta dela o tempo todo. Respeito a posição. Mas, lamento. Na minha vida e na vida do meu marido essa interferência constante é mais que bem-vinda, é implorada a cada segundo. Porque, venhamos e convenhamos, a humanidade já tem um bom tempo de estrada para comprovar que não tem maturidade alguma para tomar conta de si própria sozinha. E permitir que Deus tome as rédeas, não é usar uma espécie de bengala ou seguir uma fé cega. É um estilo de vida que, ao menos nós, temos sentido que dá certo. Haveria inúmeras formas de tentar explicar isso, ainda que, na verdade, seja algo inexplicável. Uma tentativa é simplesmente dizer que Deus tem uma perspectiva acima da nossa. E como Pai, Ele sempre vai nos encaminhar para aquilo que é o melhor. Ainda que não entendamos. Por exemplo: naturalmente, pelo menos por enquanto, eu sou mais alta que meu filho, de um ano e sete meses. E, por ter uma visão mais abrangente, posso tomar conta dele muito melhor do que ele faria por si próprio. Creio ser assim, também, na relação do ser humano com Deus. É fé. E fé se vive, não se explica.

A questão do nosso casamento foi algo muito pessoal. Não indico que outros façam a loucura que fizemos. A não ser que também sejam chamados para tanto. Contudo, foi um passo de fé, porque nos dispusemos a entender que, mesmo que não conhecêssemos um ao outro, Deus conhecia a nós dois muito bem. Ele sabia que não havia mulher melhor que eu para o meu marido e vice-versa. Eu poderia deixar essa homenagem para o aniversário do nosso casamento. Mas, resolvi fazê-la agora, abrindo esse pedacinho da nossa vida íntima para compartilhar que também mereço os parabéns hoje. Fiz um ótimo negócio naquele 31 de dezembro de 2006. Modéstia à parte, me considero apta para protagonizar alguma propaganda de “casamento à moda de Deus”. Não perfeito, mas conduzido por aquEle que é a própria perfeição. A propósito, parabéns pra ti, também, Prê!

Taís Brem

Dia D

Depois que inventaram as efemérides, ninguém precisa mais de um desaniversário à la Alice no País das Maravilhas para celebrar aqueles dias em que parece não se ter nada para comemorar. Há dia para tudo, em homenagem a todos, para que ninguém se sinta menosprezado. Só eu, por exemplo, além dos dias do meu aniversário de vida e de casamento, posso ser parabenizada no Dia das Mães, no Dia Internacional da Mulher, no Dia do Jornalista, no Dia da Consciência Negra, no Dia do Evangélico, no Dia Mundial de Combate ao Lúpus, no Dia do Irmão, Dia do Leitor, Dia do Repórter, Dia do Revisor, Dia Mundial da Juventude, do Vizinho, do Cliente, da Madrinha, do Músico, do Adulto, da Amizade… No mínimo! E, para os mais bem-humorados, até no Dia de Santa Thais. Aliás, junto a essa data e ao Dia de Todos os Santos, a Igreja Católica tem um calendário repleto de homenagens próprias. Praticamente, um santo para cada dia do ano.

Além das datas tradicionais, que, literalmente, param tudo em função de suas celebrações, existem efemérides bem curiosas e pouco conhecidas, eu diria, como o Dia do Aperto de Mão, o Dia do Enfermo, o Dia da Toalha, o Dia do Papa, o Dia do Disco Voador, o Dia do Desarmamento Infantil, o Dia do Alcoólico Recuperado, o Dia do Canhoto, o Dia do Cotonete, o Dia do Boi e o Dia do Samurai. Quem inventa tudo isso? Muitas dessas datas surgem de momentos de ociosidade parlamentar. Mas, mais intrigante que a criatividade – e certa inutilidade – delas, é perceber sua origem. A maioria tem a ver com morte. Isso mesmo. Semana que passou, por exemplo, em 12 de setembro, foi Dia do Servidor Penitenciário. Desde quando? Desde que dois agentes, chamados Santos e Medeiros, foram brutalmente assassinados, em 1985, quando faziam seu serviço rotineiro, ao levar um preso para uma audiência num ônibus da linha Caxias/Porto Alegre. Uma das histórias atribuídas à origem do Dia dos Pais faz referência à viuvez de um ex-combatente de guerra que, sozinho, criou os seis filhos. O Dia do Ciclista, aqui no Brasil, é o mesmo dia em que um rapaz de bicicleta morreu atropelado por um veículo dirigido por um motorista embriagado. O Dia do Irmão, que mobilizou boa parte das redes sociais há duas semanas, começou a ser comemorado a partir da data de morte de Madre Teresa de Calcutá. E por aí vai. Bizarro.

Além de curioso e bizarro, assimilar tanta comemoração chega a ser, também, embaraçoso. No ímpeto de tentar fazer a social e parabenizar todos os contemplados numa ou outra celebração, corre-se o sério risco de esquecer alguém. 24 de maio é um desses dias bem movimentados. Quando chegar o momento de parabenizar os datilógrafos, não esqueça de mandar uma cartinha ou fazer uma visita àquele seu conhecido que está preso. Se postar alguma homenagem nas redes sociais, não deixe de mencionar os telegrafistas. Ah, e é claro, lembre-se dos vestibulandos, mesmo que não lhe chegue à memória o nome de ninguém que esteja em situação pré-universitária. Pelo sim ou pelo não, assim, você acumula mais chances de não deixar ninguém ofendido.

O “bom” disso tudo é que a maioria dessas datas é só um protocolo. Fossem todas elas feriados, ninguém mais ia trabalhar nesse país. Melhor nem dar ideia.

Taís Brem

Texto publicado também no Reportchê.