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Diga-me como te vestes…

Como o figurino que escolhemos para o cotidiano influencia na imagem que passamos adiante

Foto: Jeff Münchow
Em geral, sociedade valoriza hábito de vestir-se bem (Foto: Jeff Münchow)

Você pode até argumentar que ninguém tem nada a ver com a sua vida ou com as roupas que escolhe para passar os dias e as noites. Afinal, sua rotina não é marcar presença nos famosos tapetes vermelhos dos eventos internacionais e a sua ida à padaria não será exatamente disputada pelos paparazzis de plantão para ilustrar a capa daquela revista de celebridades. Mesmo assim, há quem dê certa importância para o hábito de vestir-se bem, o que acaba por confirmar que as pessoas julgam umas às outras pelo que estão vestindo.

Mariana trabalha com moda festa (Foto: Arquivo Pessoal)
Mariana trabalha com moda festa (Foto: Arquivo Pessoal)

A estilista e publicitária Mariana Gomes, 27, diz perceber essa atitude como algo natural na sociedade. “Moda é comunicação, e felizes são aqueles que conseguem passar suas mensagens apenas entrando em um ambiente. A moda é tão ou mais poderosa que a publicidade. E nenhum aqui é vilão”, opinou. “É um julgamento justo. Eu sou aquilo o que pareço, porque sou ou acredito. Eu escolhi ser esta mensagem hoje. Talvez amanhã, eu nem saiba o que dizer. Mas posso ser julgada pelo o que visto, sim, porque foi o que escolhi entre um milhão de opções. Para menos ou para mais, a escolha é pessoal e as consequências também”.

Mariana ressaltou, entretanto, que ligar determinado figurino a status é algo ultrapassado. “Eu acho que a escolha do figurino é sempre fundamental, mas não na prática diária. Não é todo dia que conseguimos sair de casa sendo o que somos ou trabalhando aquela imagem que queremos ser. O cotidiano tem dessas coisas: embora tenhamos comprado quase tudo o que temos no armário, em muitas ocasiões rotineiras, pela pressa ou falta de paciência, acabamos nos descaracterizando ou nos jogando a alguns vícios estéticos que adquirimos em busca de praticidade”, comentou a estilista, que trabalha com moda festa. Ela diz ter escolhido esse nicho específico exatamente pela motivação de produzir peças únicas e especiais. “Quem vem a mim, tem ocasião e motivo para querer ser o seu melhor, tem anseios, sonhos e vontades específicas. É sempre especial. Não é um dia qualquer”.

Eliza (E) considera a escolha da roupa essencial em qualquer ocasião (Foto: Arquivo Pessoal)
Eliza (E) considera a escolha da roupa essencial em qualquer ocasião (Foto: Arquivo Pessoal)

Colega de profissão de Mariana, a estilista Eliza Andrade lida com todo o tipo de roupa em seu ateliê – de peças básicas a vestidos de noiva. Para ela, a escolha de um figurino é fundamental para a vida e o dia a dia, não só quando se vai a eventos pontuais. “Quando saímos para trabalhar ou fazer qualquer outra coisa que pertença a nossa rotina, precisamos estar adequados. É sempre bom pensar se vamos ter que andar muito, se abaixar ou correr, para escolher peças que tragam conforto, que ajudem e não atrapalhem”, resumiu. Quanto ao julgamento feito a partir da roupa que se usa, Eliza diz considerar algo normal. “É um hábito humano que existe há muito tempo e sempre vai existir. Na verdade, é uma forma de diferenciação em uma sociedade totalmente visual”.

Mais que roupa, atitude
Na opinião da empresária Ana Paula Pereira, 37, a escolha de uma roupa não é tudo, porém é um bom princípio. “Realmente, vestir-se bem abre portas, porque é assim que imprimimos nossa personalidade. Entretanto, atitude e educação completam o estilo de uma pessoa. Não é somente pela forma como me visto, mas pela forma como me comporto que serei reconhecida”, disse. O pastor, cantor e recepcionista Paulo Melquiades, 23, concorda: “Vestir-se bem tem tudo a ver com a ‘roupa de dentro’. Não combina gente bem vestida com palavras chulas e atitudes baixas. Não é uma questão de dinheiro, é uma questão de berço ou transformação de mente. É importante que você esteja ciente de que a mensagem que você quer passar está coerente com suas ações, bem como com o seu guarda-roupa”, pontuou. Melquiades diz considerar essencial manter uma postura equilibrada de bom senso na hora de escolher o que se vai vestir. “O desleixo e o exagero são extremos que podem causar sérios danos, seja na vida profissional, social etc. A maneira como eu me apresento diante da sociedade reflete o valor que eu dou a ela. Se você tem a postura de ‘ninguém tem nada a ver com a minha vida, ninguém paga minhas contas, eu saio do jeito que eu quero’, a resposta que você terá é ‘espere mais tempo na fila’, ‘volte amanhã’, ‘as vagas acabaram’… Já que ninguém tem nada a ver com a sua vida, você não pode exigir nada de ninguém, não é mesmo?”, questionou.

Melquiades (C) procura adaptar-se ao modo de vestir dos israelenses (Foto: Arquivo Pessoal)
Melquiades (C) procura adaptar-se ao modo de vestir dos israelenses (Foto: Arquivo Pessoal)

Morando em Tel Aviv, Israel, há um ano, Melquiades notou diferenças entre o estilo de vestir dos brasileiros e dos estrangeiros. E, aos poucos, está tentando se adaptar a isso. “A moda aqui é cosmopolita, mas sempre existe um estilo em vigor e cada região de Israel possui um estilo bem característico. No norte, por exemplo, região da Galiléia, é comum os rapazes saírem com roupas mais clássicas, como camisa de botão, sapato, blazer. Na região de Tel Aviv, onde moro, as pessoas são mais despojadas, porém tem espaço para todos os estilos. No geral, os homens gostam de roupas mais justas e as mulheres de batas mais larguinhas. O contrário do Brasil”, ironizou.

Gosto se discute?

"Conceito de bom gosto é discutível", diz Leonardo (Foto: Luigi Sodré)
“Conceito de bom gosto é discutível”, diz Leonardo (Foto: Luigi Sodré)

Controverso e questionável. É assim que o universitário Leonardo Ferreira, 21, define o conceito de “bom e mau gosto para se vestir”. Mesmo assim, o futuro jornalista diz acreditar que, de fato, a aparência é relevante, principalmente pela grande exposição via Internet, crescente nos dias atuais. “O julgamento é feito inconscientemente, na maioria das vezes, pois nos baseamos em uma estética já moldada pela mídia e o que não é compreendido é tido como diferente e errado”, comentou. “A roupa expressa uma série de signos subjetivos, que são avaliados (positivamente e negativamente) pela sociedade. Vejo isso como algo importante para a interação social. Por isso, costumo cuidar da aparência. Minha profissão vai exigir que eu lide com o público e é necessário já manter certo posicionamento nesse sentido”.

Na história
Muito antes de inventarem as publicações de moda, as semanas internacionais fashion ou os programas de TV que dão dicas sobre as tendências atuais, a Bíblia – sim, ela mesma! – já

Comunicação pela moda vem desde a antiguidade (Foto: Jeff Münchow)
Comunicação pela moda vem desde a antiguidade (Foto: Jeff Münchow)

falava da importância do vestuário na transmissão de determinada mensagem. “Essa mensagem pode ser o que somos, o que pensamos, o que desejamos que os outros pensem ou o trabalho que realizamos. As roupas sacerdotais, por exemplo, foram criadas para transmitir santidade, pureza, separação de alguém para o serviço divino. Os guerreiros, por sua vez, utilizavam vestimentas anunciando o desejo de vencer o seu inimigo e gerar medo no oponente. Pessoas que estavam sofrendo utilizavam roupas de pano grosseiro”, citou o diácono do Ministério Casa de Oração (MCO), Wilson Brem, 37. “A roupa não é uma verdade em si. Entretanto, podemos conhecer alguém pela maneira como ela se veste. Se a pessoa deseja causar boa impressão, conquistar um trabalho, avisar que é perigosa, gerar desejo sexual ou apenas se sentir bem, demonstrará tudo isso na sua maneira de se vestir”.

Taís Brem

Uma senhora propaganda

Costume saudável de beber água mineral pode influenciar gerações

Ana Paula, em visita a Israel, com a inseparável garrafa d'água (Foto: Arquivo Pessoal)
Ana Paula (D), em visita a Israel, com a inseparável garrafa d’água (Foto: Arquivo Pessoal)


Ninguém lembra ao certo o motivo que desencadeou o hábito – pode ter sido para aliviar o esforço que o uso contínuo da voz causava às cordas vocais ou para melhorar o funcionamento dos rins. O que se sabe é que funcionou e contagiou muitas pessoas. Às vésperas de completar 45 anos, a pastora do Ministério Casa de Oração (MCO) e empresária carioca Ana Paula Oliveira Guimarães, pode não ter mais idade de garotinha. Mas, o vigor e a disposição que esbanja têm muito a ver com a mania que cultivou de sempre carregar junto a si uma garrafa com água mineral. Mesmo que a embalagem seja daquelas grandes, de um litro e meio. E cada vez que ela aparece bebendo o seu líquido precioso, faz uma “senhora propaganda” do produto do qual muitos desconhecem os benefícios.

Ana Paula mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul, há mais de uma década. E foi nesse período, em que reside em terras gaúchas, que o filho mais velho, Paulo Roberto, 23, aconselhou-a a começar a tomar água mineral. “Eu não lembro bem, ao certo, como começou essa história da água. Mas, realmente, ela influenciou muita gente. Especialmente eu, que dei o conselho e depois comecei a seguir minha própria ideia”, disse.

O gosto da carioca pelo produto é tão intenso que ela ingere apenas uma marca específica. E, dado ao paladar aguçado, sabe discernir se o lote em questão está “bom” ou não. “A água que ela toma é de uma fonte distinta, como todas as águas minerais de boa qualidade, mas essa foi a que acabou agradando”, comentou Paulo.

Ariadne e Paulo, tomando gosto pela água mineral (Foto: Arquivo Pessoal)
Ariadne e Paulo, tomando gosto pela água mineral (Foto: Arquivo Pessoal)

Também pastor, cantor e recepcionista da Beit Immanuel, em Tel Aviv, Israel, Paulo estudou Louvor e Adoração por dois anos no Centro de Treinamento Missionário Diante do Trono (CTMDT), em Minas Gerais. Enquanto esteve por lá, recebeu, por várias vezes, a visita da família. E foi uma grande sensação para os colegas perceber em sua mãe o hábito incomum de carregar a garrafa de água mineral a tiracolo. Comprovados os benefícios do hábito, até os colegas de Paulo passaram a ingerir mais o líquido, principalmente durante as apresentações da banda formada pelos alunos do Seminário. “Eu via todo mundo tomar muita água e acabei pegando essa fase de influência por causa do Paulo, que carregava uma garrafa de um litro e meio direto”, disse a agora acadêmica de Dança da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) Ariadne Cunha, 25.

Carioca passou a carregar garrafas maiores para suprir o hábito (Foto: Arquivo Pessoal)
Carioca passou a carregar garrafas maiores para suprir o hábito (Foto: Arquivo Pessoal)

Saber que sua mania saudável faz discípulos diverte Ana Paula. “Amo a verdadeira água da vida. Esse é o ‘top’ do percurso, que me faz mergulhar mais profundo nesse estilo, gerando vida e influenciando nossa geração a desfrutar saúde, respirando”, comentou. “Para mim, água tem sabor de vida pura”.

Também pudera. Encher uma embalagem de PVC com água da torneira ou mesmo do filtro é fácil. Mas, cumprir à risca o protocolo de realmente beber água mineral, não é coisa que se veja em qualquer esquina. Infelizmente. “A água mineral é uma água naturalmente abundante em sais. Ela provém de nascentes onde o solo é rico em sais minerais”, explicou a professora Eva Regina Lemos, técnica em Química pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IF-Sul) e graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ao acrescentar que considera que as pessoas tomem água por ser uma necessidade do corpo humano, mas não aproveitam os benefícios que a mineral pode trazer à saúde por falta de conhecimento do assunto.

A marca que Ana Paula costuma ingerir é classificada como radioativa e, portanto, possui propriedades calmantes, além de contribuir na dissolução de cálculos renais, melhorar a digestão e aliviar cólicas estomacais e intestinais. Existem, ao todo, 11 classificações diferentes de água mineral, com várias contribuições à saúde, como a carbogasosa, indicada para repor energia; a iodetada, que combate inflamações na laringe; e a ferruginosa, que pode, inclusive, ajudar no combate à anemia.

Águas e águas
Nem tudo o que é incolor, inodoro e insípido é a mesma coisa. Saiba a diferença.

Water DropletsÁgua potável – De acordo com Eva, esse é um tipo de água que sofre tratamento físico e químico para que se torne apta para o consumo;

Água filtrada – “A água filtrada passa por um tratamento físico que é a filtragem. Se for feito em água potável, esse processo retira algumas partículas sólidas que podem ser adquiridas na tubulação do serviço de saneamento básico até a residência onde está o filtro”, disse a professora. “Existem, também, filtros especiais que retiram o resíduo de cloro da água, como o filtro de carvão ativado”;

Água mineral – Entre os sais presentes na água mineral estão o cálcio, que auxilia no combate à osteoporose, o cromo, que regula taxas de açúcar no sangue, o magnésio, que previne a hipertensão, e o bicarbonato, que controla o nível de acidez estomacal. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam), todas as etapas de produção – da captação à venda ao consumidor –, obedecem a rigorosos padrões nacionais e internacionais de higiene, o que garante efetiva contribuição à nutrição e à saúde do organismo. “A diferença básica entre a água mineral com gás e a sem gás é que a água com gás tem adição de gás carbônico, enquanto a outra tem apenas os sais minerais”, esclareceu Eva.

Taís Brem