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Papeando

“Não me venham com ‘evangeliquês’ nem tentem colocar nela a pecha de fanática, porque Marina contraria muita coisa que pastor evangélico pensa”.
Silas Malafaia, pastor, ao rebater as críticas sobre o posicionamento religioso da presidenciável Marina Silva, candidata pelo PSB.

“Depois dessa reportagem, me senti até fora de moda”.
Cristina Ranzolin, âncora do Jornal do Almoço, após a matéria sobre mulheres que vivem mudando a cor do cabelo. A jornalista diz nunca ter feito algo do tipo.

“Eu estou saudável, tenho uma família linda, uma condição de vida boa. Então, não tenho porque sofrer”.
Bruna Marquezine, atriz, ao comentar o término do namoro com o jogador de futebol Neymar Jr.

“Entre os perigos para os adolescentes que dormem pouco estão depressão, pensamentos suicidas, obesidade, mau desempenho na escola e riscos de acidentes de carro por dirigir com sono”.
Judith Owens, diretor de Medicina do Sono do Centro Médico Nacional Infantil de Washington, sobre o estudo divulgado pela Associação Americana de Pediatria (AAP) que recomenda que as escolas iniciem o dia letivo depois das 8h30min, para que os alunos possam ter uma noite adequada de sono.

“Assim como falaram que sou alcoólatra, agora digam o que está acontecendo na Praia Brava de Itajaí”.
Armandinho, cantor, que admitiu ter problemas com álcool e depressão, mas justifica que uma das causas de sua tristeza emocional está relacionada à construção de um prédio de 16 andares em frente à casa do músico em Santa Catarina. “Secaram o lençol freático com uma máquina durante dois meses pra fazer uma p* de condomínio que está rachando as casas ao redor”, complementou.

“Ela significará a chegada de evidentes fenótipos negros no posto da Presidência da República. Isso não é pouco”.
Caetano Veloso, cantor, declarando seu apoio à eleição de Marina Silva.

“Eu casei grávida de quatro meses e tá tudo certo. A vida é bela e o amor existe”.
Angélica, apresentadora, ao tentar encorajar o cantor Júnior Lima e a noiva a aumentar a família mesmo antes de oficializar a relação.

“Nós queremos tirar nossas empresas das páginas policiais dos jornais e introduzí-las nas páginas de economia”.
Aécio Neves, candidato à presidência pelo PSDB, no debate promovido pelo SBT.

“Chávez nosso que estás no céu, na terra, no mar e em nós/ Santificado seja o teu nome, venha a nós o teu legado para ajudar pessoas de aqui e ali”.
Maria Uribe, deputada chavista, ao rezar uma nova versão do Pai Nosso, em honra à memória de Hugo Chávez, durante evento do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

“Eu me preocupo tanto quando me xingam pelo Twitter quanto me preocupo ao saber que os motoristas de ônibus da Indonésia entraram em greve”.
Luciana Gimenez, apresentadora, ao ironizar os ataques que, vez ou outra, sofre pelas redes sociais.

“Quando assisto ao VT do jogo me vejo em campo, mas o meu corpo não tem a sensação de ter estado lá”.
Kramer, volante da Seleção Alemã de futebol, que, em função de uma pancada sofrida em campo, não se lembra de ter conquistado a Copa do Mundo de 2014.

“É muito difícil nesse país escreverem personagens para pessoas negras da minha idade”.
Neuza Borges, atriz, que aos 74 anos está com dificuldades financeiras e afastada da telinha.

“Não precisa mais se envergonhar e deletar todo o histórico de navegação com as páginas do PornTube. Ver pornô faz bem”.
Perfil da revista Superinteressante no Facebook, em post sobre estudos a respeito de pornografia.

Taís Brem

As capas da derrota

Capa do jornal O Dia em 09/07/14
Capa do jornal O Dia em 09/07/14

Esqueça a ética e a imparcialidade. Pode dar adeus, também, ao bom senso. Afinal, antes de tudo, você é um torcedor brasileiro. Se os editores responsáveis pela capa de grande parte dos jornais nacionais dessem uma aula de como elaborar uma primeira página no último 09 de julho, com certeza essas dicas ganhariam ênfase especial.

Não foi um dia qualquer. Como bem sugeriu o Hora de Santa Catarina, o dia seguinte à amarga derrota da Seleção brasileira para a Alemanha na Copa que sediamos poderia ser chamado de “Quarta-feira de cinzas”. Realmente, os sete gols que levamos geraram um misto de frustração, vergonha e indignação. Porém, o que se viu no dia 09 mostrou a enorme capacidade da imprensa brasileira de não conseguir separar as coisas, enfatizando a máxima de que o futebol é mesmo uma paixão nacional. O negócio acabou, realmente, indo para o lado pessoal.

Se a escolha pela cor preta define bem o sentimento de luto que a torcida brasileira sentiu naquela quarta-feira, muitos foram os jornais que optaram por ela para cobrir suas capas. Uma das mais ousadas foi a do jornal Meia Hora, do Rio, que destacou a frase “Não vai ter capa” – fazendo um trocadilho com o famoso bordão “Não vai ter copa” – e justificou que os editores estavam abalados demais para pensar noutra opção de primeira página. Na contramão, o Lance deixou a capa em branco e sugeriu que os próprios leitores escrevessem nela o que sentiam após o fracasso da Seleção brasileira. Indignação, revolta, pena e frustração foram algumas das sugestões deixadas pela publicação.

Houve quem optasse apenas por palavras únicas de impacto em letras garrafais, como fiasco, vexame, ressaca. O Diário do Nordeste ainda destacou os números que ninguém conseguirá esquecer por um bom tempo: “Humilhação, 7 x 1”. E, logo após: “Foi duro. O placar diz mais que qualquer texto”. O Correio do Povo, de Porto Alegre, resumiu: “1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 x 1. Foi isso”.

O jornal NH conseguiu ser solidário com o nosso camisa 12. Mostrando o goleiro Julio César sentado, atonitamente, o periódico estampou na capa a frase: “Dizer o quê?”. E complementou: “Coitado, não teve o que fazer”. Já o Diário Gáucho desabafou: “6 era sonho. 7 é pesadelo”.

Dentre todos os veículos que aproveitaram para chutar o balde e colocar o sentimento de revolta na frente de qualquer princípio editorial, O Dia, certamente, foi destaque. “Vá pro inferno você, Felipão”, imprimiu, com fúria, a publicação na capa. “Ele ganha cerca de R$ 1 milhão por mês, é o maior garoto-propaganda do país, não treinou, escalou mal e substituiu errado. Foi responsável pela pior humilhação da Seleção em mais de um século de história. Semana passada, questionado sobre suas atitudes, ele disse: ‘Vou fazer do meu jeito. Gostou, gostou. Quem não gostou, vá pro inferno’”, concluiu.

Jornal Extra fez referência à Copa de 1950
Jornal Extra fez referência à Copa de 1950

Mas foi justamente desmistificando a que se considerava a nossa pior derrota como país-sede de um Mundial que o Extra e o Diário de Pernambuco conseguiram se diferenciar dos colegas. As alfinetadas à atual equipe, é claro, não ficaram de lado. Entretanto, o reconhecimento à Seleção de 1950 foi uma sacada interessante e criativa, que acabou virando homenagem. “Parabéns aos vice-campeões de 1950, que sempre foram acusados de dar o maior vexame do futebol brasileiro. Ontem, conhecemos o que é vexame de verdade”, disse o Extra. O Diário de Pernambuco optou pela frase “Barbosa, descanse em paz”, uma alusão à injusta culpa que o goleiro do Brasil na ocasião, Moacir Barbosa Nascimento, carregou até mesmo depois de sua morte, em 2000, por ter tomado dois gols do Uruguai em pleno Maracanã.

No mínimo, um bom material a ser discutido nos cursos de Jornalismo país afora.

Taís Brem
*Texto publicado originalmente no Observatório da Imprensa.

 

Falando em Copa

Copa desse ano tem dividido opinião de torcedores (Foto: Divulgação).
Copa desse ano tem dividido opinião de torcedores (Foto: Divulgação).

Falar de Copa de Mundo me traz muitas coisas à mente. Lembro da Copa de 1990, quando a bola em campo era o que menos me importava. Tudo o que eu mais queria era colecionar aqueles copões da Pepsi, decorados com motivos relacionados ao Mundial. Lembro da de 1994, a “minha primeira Copa”, de fato, da qual participei ativamente, torcendo, opinando, preenchendo as tabelinhas dos jogos, ajudando minha mãe e minha avó a preparar os lanches para as partidas, aprendendo sobre um universo novo, que se tornou fascinantemente especial depois da conquista do tetra. Lembro de chorar pela derrota de 1998 e me perguntar por que aquele cara da França tinha que nos humilhar ainda mais marcando o terceiro gol contra nós, no finalzinho do segundo tempo. Lembro de acordar de madrugada em 2002 para assistir a muitas das partidas que nos levariam ao pentacampeonato. E lembro de pouco me lixar para o que aconteceu nas copas que vieram depois. Até essa, de 2014.

A Copa do Mundo desse ano está sendo diferente. Porque somos os anfitriões, sim. Embora, eu vá assistir a todos os jogos pela TV mesmo, como sempre. Mas, principalmente, porque a reação dos brasileiros quanto ao evento está tornando esse um momento singular. Há quem considere essa uma ótima oportunidade de demonstrar toda a nossa paixão pela camisa verde e amarela, vibrando e fazendo o possível para que essa seja a Copa das Copas. Todavia, há quem torça contra o sucesso do Mundial e, também, da Seleção Brasileira. A motivação? Protestar contra a corrupção. Porque se acha totalmente inútil mobilizar todo um país para um evento supérfluo enquanto a educação, a saúde e todo o resto agonizam. Parece justo. Acontece que não é. Não na minha humilde opinião.

É como aquela velha polêmica que questiona por que gastar dinheiro comemorando Carnaval enquanto outros setores públicos precisam tanto de verba. Particularmente, não sou adepta da comemoração. Mas, creio que, se o dinheiro da educação, da saúde, do transporte, da habitação e da “mãe do Badanha” fossem aplicados como deveriam, haveria recurso de sobra para tudo. Inclusive, para a cultura e o entretenimento. As festas não são o vilão. O vilão é a má-utilização do dinheiro público. E isso acontece com ou sem Copa. Com ou sem Carnaval. Com ou sem PT. Infelizmente.

Muitas vezes, esse pessimismo coletivo não tem nem um fundamento decente. Hoje, por exemplo, tinha gente se dizendo croata desde pequeninho e nem sabia explicar o porquê. Quer dizer, sabia: apenas para ser contra o Brasil.

Ainda bem que a gente ganhou. Seria muito frustrante perder o primeiro jogo, em casa, reforçando todo esse ar de mau humor que anda pairando por aí nos últimos meses. Entendo as justificativas de quem espera muito mais do que estádios padrão FIFA para melhorar a nossa situação. De quem quer muito mais do que chamar a atenção do resto do mundo, quer uma vida digna para se viver quando não tiver nenhum turista olhando. Entendo tudo isso. Sou brasileira. Mas, não sou alienígena. Por isso, nessa Copa, entre o pessimismo e o otimismo, fico com o segundo. Que tudo possa dar muito certo. Dentro e fora do campo. O espetáculo começou e, sim, vai ter Copa.

Taís Brem
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Abrilando

“Existe um número maior de pessoas saudáveis do que de pessoas doentes no mundo e é importante para a indústria fazer com que essas pessoas que são totalmente saudáveis pensem que são doentes.”
Adriane Fugh-Berman, médica americana.

“O fio dental ainda é uma das invenções mais vulgares de nossa praia”. 
Ruth de Aquino, jornalista.

“O Estado está numa situação tão difícil, frágil, que ser governador virou mais uma missão a ser cumprida do que qualquer questão de vaidade”.
Pedro Simon, senador, sobre o Rio Grande do Sul.

“Não é fácil ser levado a sério. Especialmente, vivendo de humor no nosso país”.
Fábio Porchat, humorista.

“Presidenta do céu! E a cara toda oleosa?”.
Celso Kamura, cabeleireiro oficial de Dilma Rousseff, ao comentar com a própria o visual apresentado durante o sorteio dos grupos da Copa do Mundo.

“A minha vaidade é com meu exame de sangue”.
Ivete Sangalo, cantora, ao rebater as críticas sobre seu excesso de peso.

“Nesse cenário político, a gente faz até Tropa 50. Mas dramaturgicamente não dá.”
Wagner Moura, intérprete do Capitão Nascimento, do filme “Tropa de Elite”, ao descartar a possibilidade de continuação da franquia.

“Acho que nunca um governo torceu tanto por uma seleção”.
Martinho da Vila, cantor, ao comentar que o desempenho do Brasil na Copa deve influenciar na reeleição de Dilma Rousseff como presidente da República.

“Eu queria ser Gretchen, queria ser chacrete… Qualquer coisa que vestisse colant e dançasse na televisão eu queria ser”.
Preta Gil, cantora, sobre suas aspirações infantis.

“Mandei, ué! Eu tava desempregada!”.
Bianca Rinaldi, atriz, ao explicar que conseguiu um papel na novela “Em família” enviando um e-mail para o autor Manoel Carlos.

Taís Brem

Falatório

“Se você passa a vida lutando pelo dinheiro, você pode se tornar como São Paulo: rico e triste”.
David Coimbra, jornalista, ao opinar sobre o clima que define a capital paulistana.

“Se alguém disser que o que está acontecendo em relação à Copa no Brasil é positivo para o país, eu vou chamar de mentiroso”.
Romário, deputado federal e ex-jogador de futebol.

“Não tenho medo de envelhecer. Preciso de cada marca de expressão no meu rosto, sou atriz”.
Carolina Dieckmann, atriz.

“Entre abrir um champanhe e preparar uma mamadeira, a preferência tem sido pelas taças.”
Jarbas Tomaschewski,
jornalista, ao comentar a tendência atual dos casais que preferem não ter filhos.

“Todo mundo quer a felicidade, a cara-metade e emagrecer. Se existissem essas três pílulas, estaria tudo resolvido”.
Flávia Alessandra,
atriz.

“Eu me sinto num joguinho de videogame, onde vou mudando de fases e as dificuldades no meio do caminho vão aumentando”.
Luiza Rabello, ciclista porto-alegrense, ao desabafar sobre seu cotidiano na coluna Informe Especial, do jornal Zero Hora.

“Gente, ele conhece minhas músicas e disse que adora ‘Zen’… Choquei”.
Anitta, cantora, ao comentar como o conhecimento de Roberto Carlos a seu respeito a surpreendeu. A novata irá cantar com o Rei no tradicional programa de fim de ano da Globo.

“Depois, vou vender caju na praça Buenos Aires. Vou pedir emprego em jornal, mas não escrevo mais.”
Fernando Morais, jornalista e escritor das biografias sobre Paulo Coelho, Assis Chateaubriand e Olga Benário, ao anunciar que não quer mais escrever biografias para não se preocupar com a burocracia das autorizações.

“É inadmissível ficar um mês em fila de show de Justin Bieber e chegar atrasado pro Enem”.
Dilma Bolada, perfil fake da presidenta Dilma Rousseff no Facebook, aconselhando candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio.

“Experimentar, mudar de opinião é das melhores coisas do mundo.”
Gilda Midani, fotógrafa, produtora e estilista.

Taís Brem

Quando o sonho vence o medo de voar

Pesquisa aponta avião como meio de turismo preferido dos brasileiros

Jovelisa pretende realizar sonho com a família ano que vem (Foto: Arquivo Pessoal)
Jovelisa pretende viajar com a família ano que vem (Foto: Arquivo Pessoal)

Ainda é cedo para arrumar as malas. Mas, Jovelisa Ferreira, 29, já planeja visitar o Rio de Janeiro com a família – o marido e o bebê do casal – em 2014. Todavia, pretende fazê-lo antes da Copa do Mundo, já que a intenção não é participar do grande reboliço que promete tomar conta da Cidade Maravilhosa no ano que vem. O que a promotora de vendas quer mesmo é aproveitar a chance para conhecer tranquilamente alguns dos pontos turísticos mais famosos do Brasil e do mundo. E, é claro, realizar o sonho de andar de avião, o que fará apesar do medo que sente só de pensar na experiência. Em agosto, o Ministério do Turismo (MTur) divulgou uma pesquisa realizada em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) que informa a intenção de viagem para o próximo semestre de dois mil cidadãos em sete capitais do país – Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Denominado “Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem”, o levantamento mostra que o avião é o meio de transporte preferido de quem quer viajar, mesmo entre a população de menor renda. Jovelisa encaixa-se na faixa etária que mais demonstra interesse em viajar de avião: a das pessoas com menos de 35 anos. Em seguida, vêm os cidadãos que já têm mais de 60.

Brasileiros querem conhecer o próprio país (Foto: Márcio Coimbra)
Brasileiros querem conhecer o próprio país (Foto: Márcio Coimbra)

Embora o tal “frio na barriga” seja sempre ponto de discussão quando o assunto é viagem de avião, as estatísticas provam que, cada vez mais, aqueles que nunca tinham utilizado esse meio de transporte estão dispostos a encarar o desafio. “Estamos com o mercado interno muito ativo, com a intenção de viagem muito forte por parte daqueles que entraram agora no consumo do turismo”, comentou o ministro Gastão Vieira. “Nós estamos falando de todas as faixas de renda, principalmente daqueles 35 milhões de brasileiros que entraram no mercado de consumo nos últimos dez anos”. Ainda conforme a pesquisa do MTur, quem quer viajar de avião, quer fazê-lo acompanhado, basicamente do cônjuge e dos filhos. Quanto ao destino, a maioria pretende aproveitar as promoções do setor para conhecer o próprio país. E o Nordeste é o lugar que mais se encaixa na lista de desejos dos brasileiros: 53,7% dos entrevistados querem ir para lá. O índice é alto. Para se ter uma ideia, sozinha, a região nordestina atrai mais turistas que todas as outras quatro regiões somadas – Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Norte.

Emoções nas alturas
Mesmo sem nunca ter andado de avião, Jovelisa já experimentou sensação semelhante, durante um passeio panorâmico de helicóptero, em 2012. O problema é que os cinco minutos que tinha disponíveis para conhecer de cima a cidade onde mora – Caxias do Sul, na Serra Gaúcha – e vivenciar a emoção, gastou de olhos fechados, agarrada de um lado no marido e do outro num desconhecido, com quem dividiram o voo. “Ainda passei a vergonha de, ao pousar, não largar o desconhecido. Até perceber que já havia acabado e ter que dizer: ‘Ops, querido! Desculpe o desespero!”, relembrou, às gargalhadas. Isso sem contar a ocasião em que acompanhou seu irmão mais velho, o contabilista Lázaro, ao aeroporto, na despedida para uma viagem profissional. “Quando o avião decolou, comecei a chorar copiosamente. Foi lindo, mas eu nunca tinha visto um avião tão próximo. Foram duas emoções: ver a ‘pequena nave’ tão de perto e ver meu irmão andando de avião numa viagem de trabalho. Fiquei orgulhosa”.

Atualmente, Lázaro já não voa com tanta frequência, em função da troca de emprego. Contudo, quando o faz, não nega que é irmão de Jovelisa. “Andar de avião foi um sonho realizado, desde a primeira vez. Mas, ainda tenho medo. Até hoje, me apavoro a ponto de ter meu sistema nervoso afetado e, consequentemente, meu sistema digestivo”, comentou. “Mesmo uma semana antes de entrar em um avião, eu tenho fortes dores de barriga”.

A comerciante Eliane Zuchelo, 57, tem várias experiências das viagens de avião que regularmente faz com a família para o Chile, onde a filha mora há onze anos. “E realizar o sonho, agora está barato. Voar [de Pelotas, onde reside] para Porto Alegre está mais barato que ir de ônibus e ainda dá para parcelar no cartão”, comentou.

Passeio gringo

Graciele está conhecendo a Europa (Foto: Arquivo Pessoal)
Graciele está conhecendo a Europa (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando tinha oito anos, Graciele Cardozo viajou pela primeira vez de avião: foi para Manaus. Na ocasião, não fugiu à regra da maioria dos entrevistados dessa reportagem. “Lembro de fazer um fiasco, pois não queria entrar no avião. Estava com medo. Mas, depois amei, pois as aeromoças me deram um lanche com chocolate, sanduíche e refrigerante”, contou. Hoje, aos 22 anos, a história é outra. O medo já ficou de lado, bem como a euforia pelas guloseimas oferecidas pelas empresas aéreas. Atualmente nutricionista, Graciele viu em sua mais recente viagem de avião, em julho desse ano, uma oportunidade de realizar outro sonho que acalentava desde os 15 anos: o de morar fora do país. Por meio de um intercâmbio, ela agora mora em Newcastle Upon Tyne, norte da Inglaterra. “A viagem de avião foi confortável, apesar da distância de aproximadamente 14 mil quilômetros. Os aeroportos são de fácil acesso e entendimento e há boa orientação para os viajantes estrangeiros”, disse. “Realmente, os brasileiros estão viajando mais e tendo mais acesso a esse tipo de oportunidade, pois o governo tem incentivado. Na minha universidade, por exemplo, chegou a ter 30 brasileiros estudando inglês no verão europeu”.

Experiência a bordo

Interesse da terceira idade tem aumentado (Foto: Divulgação)
Interesse da terceira idade tem aumentado (Foto: Divulgação)

De olho numa das faixas de idade que mais deseja voar pelo Brasil, o MTur lançou, em setembro, a segunda edição do Programa Viaja Mais Melhor Idade, que integra o Programa Viaja Mais. A iniciativa, que teve sua primeira versão em 2010, registrou, agora, o interesse de mais de 70 mil idosos. Isso com apenas duas semanas de lançamento. A intenção é incentivar os brasileiros com mais de 60 anos a viajar de avião pelo Brasil, com descontos e vantagens exclusivas. Além de pacotes fechados, estão previstas ofertas em serviços avulsos, como hospedagem, passagens, locação de veículos e atrações turísticas. Os aposentados e pensionistas podem parcelar os custos da viagem em até 48 vezes pelo Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal, com juros reduzidos. Conforme a oferta, há a possibilidade de estender as vantagens, também, para acompanhantes de menor idade.

Atualmente, o programa oferece 270 ofertas para 70 destinos do país. Em 2010, os pacotes mais procurados foram para Natal (RN), Fortaleza (CE), Lins (SP), Caldas Novas (GO) e Serra Gaúcha (RS).

Você tem medo de quê?

Estresse deve ser evitado antes mesmo do voo (Foto: Infraero)
Estresse deve ser evitado antes mesmo do voo (Foto: Infraero)

Por ser bastante comum, o medo de viajar de avião tem mobilizado, ao longo das últimas décadas, profissionais ligados à área de Medicina Aeroespacial a desenvolverem métodos de intervenção eficazes para administrar essa ansiedade. Só o fato de estar tão distante do chão já é suficiente para gerar certo pânico. E passageiros com tendências claustrofóbicas ou fobias em ambientes aéreos e aglomerados humanos devem procurar um médico antes do voo para realizar algum tratamento, inclusive com remédios, se for o caso. Porém, a grande parte das situações é bem mais simples. Há quem se sinta atemorizado ou excitado até mesmo nos preparativos do pré-voo, como na arrumação de malas, locomoção para o aeroporto, check-in, transporte de bagagens pesadas nos corredores e até na emoção da despedida. Para tornar a experiência o mais agradável possível, anote as dicas:

1. Recomenda-se que, antes do voo, os passageiros evitem mascar chiclete e ingerir bebidas com gás, pois isso faz com que se engula grande quantidade de ar;

2. É importante alimentar-se bem, mas, sem exageros. Lembre-se que alimentos como feijão, repolho, pepino, brócolis e couve-flor têm alto grau de fermentação e aumentam a quantidade de gases no interior do tubo digestivo, gerando mal-estar;

3. Deve-se evitar bebidas alcoólicas antes de voar, pois o álcool diminui a capacidade de as células cerebrais utilizarem o oxigênio que lhes é fornecido – que, a propósito, diminui a bordo;

4. A cada duas horas de voo, recomenda-se ingerir um copo de água ou suco de laranja;

5. Os voos diurnos são considerados ideais, uma vez que a viagem tem início após uma noite de sono, e não depois de um dia em que o corpo e a mente já estão cansados. Outro fator importante nesse caso é que, na chegada ao destino, os passageiros podem contornar a ansiedade produzida pelo voo, tomando um banho relaxante e ingerindo refeições leves.
Fonte: Cartilha de Medicina Aeroespacial “Doutor, posso viajar de avião?”, criada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 

Taís Brem