Arquivo da tag: cerveja

A cerveja da gatinha

Nada de loiras sensuais ou propagandas apelativas; o novo lançamento em cervejas atende pelo nome de Hello Kitty

Produto só está sendo vendido na China, por enquanto (Foto: Divulgação)
Produto só está sendo vendido na China, por enquanto (Foto: Divulgação)

Um desenho mimoso, de traços simples e identificação certa com a maioria das meninas – da primeira infância até a fase adulta, em alguns casos. Mas, suas características fofas, conhecidas no mundo inteiro, não fazem da personagem japonesa Hello Kitty apenas um motivo de ilustração para festas infantis ou agendas pré-adolescentes. Numa estratégia ousada, a empresa Long Chuan, de Taiwan, lançou uma série limitada de cervejas com a marca da gatinha. Por enquanto, o produto está disponível apenas a consumidores chineses.

De acordo com a empresa – que tem licença da Sanrio, controladora da marca Hello Kitty, para produzir a cerveja –, a bebida terá baixo teor alcoólico (2,3%) e sabor de frutas (banana, limão, maracujá e pêssego). O lançamento pode ser um atrativo para os fãs adultos da personagem criada em 1974 pela designer Yuko Shimizu. Entretanto, para alguns pais, não deixa de ser uma tática que gerará confusão na cabeça das crianças. Afinal, a embalagem até parece com a de um suco. E, com a figura da Hello Kitty estampada, torna-se ainda mais apelativa.

A jornalista Viviane Retzlaff é mãe de uma garota de seis anos. Tanto ela quanto a filha dizem adorar a personagem, porém, para Viviane, a associação com uma bebida alcoólica é inadequada. “Eu não compraria essa marca para não induzir minha filha a consumir algo que não gera saúde. A criança adquire os hábitos e a visão de mundo pelo exemplo dos pais”. Especialista em Comunicação e Marketing, Viviane diz acreditar que vê o lançamento da cerveja da Hello Kitty como uma tentativa da marca em influenciar os pais às compras por meio das crianças, além, é claro, de fidelizar futuros consumidores desde cedo.

Também jornalista, Felipe Nyland, 25, ainda não é pai. Mas, demonstra preocupação com a irmã, que tem sete anos e é fã da gata branca. “Minha irmã ama a personagem”, disse. “Eu não compraria, pois isso pode levar uma criança a querer provar o produto, só porque é da Hello Kitty”.

Lucro fácil
hello2_quemany
Os pelotenses podem até não ter gostado da ideia da cerveja. Mas, a Sanrio aposta que será bem-sucedida também nesse ramo. Se assim for, a empresa acrescentará mais uns trocados aos 900 milhões de dólares que embolsa anualmente com seus mais de 20 mil produtos licenciados, o que inclui jogos, bichos de pelúcia, roupas, acessórios, telefones celulares e cosméticos.


Taís Brem

Falou, tá falado!

rita_cadilac_quemany
Rita Cadillac

“Foi praticamente um coma alcoólico”.
Rita Cadillac,
ex-chacrete, ao confessar que o ramo dos filmes pornográficos não deu certo para ela, porque precisava beber demais para completar as atuações sem culpa.

“Se pudesse desejar uma coisa pra humanidade, desejaria que toda mulher tivesse parto normal”.
Carolina Dieckmann, atriz.

“Pô, é a quarta vez que leio alguém dizer que quer um Brasil descente. Eu quero é subinte! E decente”.
Luciano Pires, jornalista, indignado com os posts com erro de português no Facebook.

“Eu oro por ela”.

baby_quemany
Baby do Brasil

Baby do Brasil, cantora e pastora, surpreendendo Marília Gabriela ao responder a pergunta: “Você gosta da Lady Gaga?”.

Uma novela é sucesso quando desperta sentimentos fortes: amor, ódio, vale tudo. Só não vale indiferença”.
Glória Perez, escritora.

“Tem dias que prefiro homens, tem dias que prefiro mulheres. Eu me relaciono com pessoas, não com rótulos”.
José de Abreu, ator, abrindo suas escolhas sexuais.

“Acho incrível como o cantor de uma banda chamada Ratos de Porão se tornou um ídolo mirim”.
André Barcinski, jornalista, sobre João Gordo. Barcinski está trabalhando na produção da autobiografia do músico.

edward_quemany
Johnny Depp

“Quando fico coberto por maquiagem, é mais fácil olhar para outra pessoa. É mais fácil olhar para o rosto do outro do que para o próprio. Acho que é assim com todo mundo”.
Johnny Depp, ator, que ficou famoso por interpretar personagens que exigiam uma grande descaracterização de sua aparência natural, como no filme “Edward Mãos de Tesoura”.

“Não quero mais dirigir, porque prefiro beber”.
Zeca Pagodinho, cantor, ao demonstrar como equilibra sua paixão pela cerveja e sua consciência a respeito da segurança no trânsito.

Taís Brem

Muito além da “Biritis”

Em 2014, completam-se 20 anos da morte de Mussum. Mas, ao que parece, o legítimo representante do humor negro continua mais vivo do que nunca

mussumO próximo dia 19 de agosto será marcado pelo lançamento da cerveja artesanal “Biritis”, produzida em homenagem ao humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. Um dos idealizadores e sócios da cervejaria Brassaria Ampolis, seu filho Sandro Gomes, acertou ao dizer que “com um garoto-propaganda desses, o sucesso da marca está garantido”, ainda mais nos dias atuais. Também pudera. Muito antes de a bebida sonhar em existir, várias homenagens póstumas já vinham surgindo na mídia, cativando, até mesmo, os que nem eram nascidos quando o país perdeu um de seus artistas mais engraçados.

Bastou uma enquete informal com a pergunta “Qual dos Trapalhões era o seu favorito?” para comprovar o que já estava implícito. Manfried Sant’anna sequer foi citado. O terceiro lugar ficou para o líder do grupo, Renato Aragão, com apenas um voto. Também já falecido, Mauro Faccio Gonçalves pontuou bem, graças a sua boa impressão junto aos fãs, aparecendo como segunda opção. Mas, é mesmo de Antônio Carlos o mérito do primeiro lugar. Traduzindo, não é exagero dizer que Dedé, Didi e Zacarias devem boa parte da popularidade do quarteto mais famoso da televisão brasileira ao personagem Mussum, mesmo às vésperas dos vinte anos de sua morte.

O contabilista Lázaro Ferreira simpatizava com o humorista pela identificação com a raça negra, o samba e o modo “diferente” de falar – o consagrado vocabulário com a terminologia “is”, que acabou gerando bordões como o “cacildis” e o “forévis”. “Considero que ele seria um comediante melhor que o próprio Renato Aragão, nos dias de hoje. E acho que, além de estar conhecendo o trabalho que ele fazia, a nova geração, que não o viu, somente ouviu falar, está gostando, aprovando e se identificando”, destacou.

O universitário Anderson Rodrigues, que tinha apenas sete anos à época da morte de Mussum, concorda: “Ele é ‘o cara’. Penso que é importante manter viva a memória desse humorista e é uma excelente oportunidade para as novas gerações conhecerem”, disse, sobre a faixa etária na qual ele mesmo se inclui.

Na infância do músico e fotojornalista Solano Ferreira, 37, a influência do seriado foi tão intensa que, até hoje, sempre que presencia uma cena desastrada, ele faz questão de puxar a trilha sonora que marcou a abertura do programa. “Meus domingos eram divididos entre antes e depois dos Trapalhões. Inclusive, chorei quando os dois integrantes [Zacarias, em 1990, e Mussum, em 1994] morreram, porque os quatro para mim é que faziam a diferença. Juntos, eles eram insuperáveis. É que nem separar o Gordo do Magro ou um dos Três Patetas, que eu também sou super fã!”, comentou.

Weilla considera o humor do passado mais inocente
Weilla considera o humor do passado mais inocente

Para a atriz Weilla Martha, 28, Mussum e Zacarias eram os prediletos. Porém, os jargões e as frases de expressão próprios de Antônio Carlos cativavam mais sua atenção. Motivo pelo qual ela diz considerar o artista tão querido até hoje. “Acho que muitas das brincadeiras daquele tempo eram feitas com mais inocência em relação a hoje em dia. Então, nós, ‘os mais velhos’, temos boas lembranças daquele tempo engraçado”, disse ela, que também trabalha com humor na maioria das personagens que interpreta nos espetáculos da Cia de Artes Nissi.


Caiu na rede

Paródia do presidente americano foi divulgada na rede
Paródia do presidente americano foi divulgada na rede

Além de fazer carreira na televisão e no cinema como humorista, o carioca Mussum era integrante do grupo Originais do Samba e fazia questão de ressaltar seu amor à escola carnavalesca Estação Primeira de Mangueira. Quando morreu, em julho de 1994, por complicações no coração, o acesso à Internet ainda não era nada comum. Ainda assim, hoje até ele tem seu espaço garantido por lá. Uma das iniciativas da rede que mais deu certo, brindando fãs e arrebanhando novos admiradores, foi a divulgação de uma série de montagens que mesclavam o rosto do humorista com o de diversos famosos ou em cenários característicos. A boa ideia gerou figuras engraçadas, como o “Obamis”, o “Anderson Silvis”, o “Harry Potis” e a “Ana Maria Braguis”. Um excelente viral, como são chamadas as febres que estouram no ambiente virtual. “Eu acredito que é uma tendência bem forte essa retomada de alguns ícones. As páginas do Facebook que utilizam bastante esse método são super ‘pops’ e deslancham com muita facilidade. Com esse sucesso constatado, a publicidade se apropriou e fez o mesmo com o Mussum, usando a comédia”, opinou a jornalista, pesquisadora de redes sociais e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (PPGL/UCPel) Taiane Volcan. “Foi a velha regra da apropriação e, claro, um pouco de sorte”.

E bota sorte nisso. Na mesma época do famoso viral da Internet, em 2012, a agência de publicidade pelotense Santa Anna elaborou uma campanha de Natal para a loja Otros Aires. “A ideia era associar o Mussum, personagem-ícone dos anos 1980 e querido pelo público-alvo da marca, à data, que remete a tantas lembranças da infância. Usamos ele com touca de Papai Noel, em máscaras na vitrine e todas as peças possuíam a chamada ‘Feliz Natalis’”, relembrou, orgulhosa, a publicitária da agência, Cadija Souza. “Os consumidores gostaram tanto da ideia que muitos tiravam foto da vitrine e pediam para posar com a máscara”.

A também publicitária e sócia da Tr3s Comunicação Total, Fernanda Morales, não é muito adepta à tendência de utilizar em campanhas celebridades que já morreram, embora confesse ser fã dos Trapalhões. “Elvis Presley, mesmo, é um dos mais usados. Eu, pessoalmente, não gosto dessa estratégia, mas respeito quem usa. Realmente, o Mussum foi um ‘bum’”, opinou.

“Nada mudou”
Esse movimento todo soa, praticamente, como uma tentativa de ressurreição do ídolo nas diversas mídias. A imagem de Mussum está estampada em roupas, seu linguajar próprio na boca de todo o Brasil e sua figura cai como luva na divulgação de qualquer projeto que queira ser bem-sucedido. Talvez, como nunca antes na história desse país. Até porque, quando surgiu nas telinhas e telonas interpretando seu personagem mais famoso, Antônio Carlos enfrentou um racismo bem mais forte que o que existe atualmente. Porém, para a bancária Eva Maria Soares, graduada no curso de Licenciatura em Educação Artística, com habilitação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a valorização do personagem em nossos dias não remete a evolução racial. Negra e pelotense radicada em Porto Alegre há quase trinta anos, ela acompanhou o sucesso do quarteto de perto, toda vez que levava a afilhada aos shows no Gigantinho ou às estréias dos filmes nos cinemas. Era diversão garantida em família. Mas, as risadas não embaçavam seu olhar crítico. “Os Trapalhões eram extremamente preconceituosos com feios, negros, gordos e pobres. Acho lamentável que os três que acompanhavam o Didi compactuassem com isso (o Mussum negro, o Dedé gordo e o Zacarias feio)”, disse. “De uns tempos para cá, tivemos muitas celebridades negras aparecendo – e reaparecendo –, mas, é só para calar a nossa boca. Nada mudou. Os negros aparecem só um pouco. Não muito. O suficiente para a gente ‘achar’ que não tem preconceito e que a sociedade está nos aceitando. Na verdade, só está nos ‘engolindo’, porque sabe que qualquer deslize pode arder em seu bolso”.

In Memorian
Saúdis
biritisDo tipo Vienna Lager (caracterizado pela baixa fermentação, malte importado, cor alaranjada e aroma a lúpulo), a cerveja artesanal Biritis será comercializada no Rio e em São Paulo em embalagens de 600ml. Haverá ponto de venda até na quadra da escola de samba do coração do homenageado.

Cacildz
uiNão é a primeira vez que Mussum é lembrado em forma de canção. Um exemplo é “Cacildz” (assim mesmo, com “z”), que está no volume dois do CD Único Incomparável, do cantor de hip hop Pregador Luo. O ritmo é dançante, mas a letra não dispensa um toque de crítica social: “Cacildz, cacildz, a parada tá sinistris/ Tão tomando muito mé, exagerando na biritis/O povão tá estressado/ Quando você já não serve, metem o pé no seu forévis”.

Fusquis
fusquisMussum também é estrela na montagem feita pela Volkswagen, no início desse ano, para apresentar ao público o Novo Fusca. A campanha publicitária reconstituiu o cenário do Viaduto do Chá, em São Paulo, como na década de 1970.

Feliz Natalis
feliz_natalis
A frase virou slogan da campanha publicitária encomendada pela loja pelotense Otros Aires à agência Santa Anna, no Natal de 2012. Os clientes aprovaram.

Taís Brem

*Reportagem publicada, também, no Diário Popular, em 11/08/13.