Arquivo da tag: wisconsin

O sexo e a TV

 

Volta e meia aparece alguém, às vésperas de se formar nos cursos de Comunicação Social da Universidade que eu estudo, com uma monografia sobre os efeitos negativos que a televisão pode trazer, sobretudo, nos pequenos. E não é pra menos. O assunto merece mesmo atenção, principalmente porque, em pleno século XXI, ainda tem gente que acha que o aparelhinho presente em 11 de cada 10 residências mundo afora é um simples canal de entretenimento. Talvez analisando os aspectos de uma forma mais científica, o povo comece a entender que a história não é bem esta. Daí os benefícios não só dos trabalhos de conclusão de curso, mas de pesquisas como a divulgada pela Universidade de Wisconsin, nesta segunda-feira. Vá que convença os céticos, não é mesmo?

 

Pois bem. Os pesquisadores apuraram que o excesso de TV é um dos principais causadores, por exemplo, da atividade sexual precoce. E isso porque, atuando diretamente no subconsciente de crianças e adolescentes, a mídia televisiva mostra pessoas muito mais sexualizadas do que na realidade e, raramente retrata as conseqüências negativas do sexo. Janet Hyde, coordenadora do estudo, explica: “Os teóricos da comunicação dizem que, quando assistimos muito material assim, passamos a acreditar que essa é a realidade. Nesse caso, a garotada que assiste muita TV acredita que todos os garotos e garotas estão fazendo sexo, então tem de fazer isso também, ou serão os esquisitos”.

 

Dos 273 adolescentes entrevistados para a pesquisa de 13 a 15 anos (isso mesmo, aqueles que, na minha época, ainda brincavam de boneca e carrinho), cerca de 15% é sexualmente ativo e está muito mais propenso a não se proteger contra a gravidez e as DST’s.

 

Além disso, a pesquisa mostra que, nas gurias desta faixa etária, outros fatores contribuem para o início da atividade sexual antes da hora. Elas geralmente têm baixa auto-estima, relações ruins com os pais, demonstram sinais de déficit de atenção ou hiperatividade e têm notas ruins na escola. Nos meninos, além de todos estes problemas ainda há a puberdade precoce. E é assim, como a própria Janet coloca, que “as coisas começam a ir ladeira abaixo”.

 

Isto não é, de forma alguma, uma apologia à abstinência sexual, apenas um alerta para que comecemos a refletir sobre o exagero da mídia neste sentido de aceleração dos processos. Uma comparação pertinente para o momento? Experimente servir mocotó para um recém-nascido e veja no que vai dar. Ou seja, a ciência só está ajudando a comprovar aquilo que só não vê quem se finge de cego.

 

Taís Brem