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Black Friday made in Brazil

Promoção ocorrida há duas semanas mostrou que empresas ainda tentam enganar o consumidor

No Brasil, promoção tem o negativo rótulo de "Black Fraude" (Foto: Taís Brem)
No Brasil, promoção tem o negativo rótulo de “Black Fraude” (Foto: Taís Brem)

Há duas semanas, está aberta a temporada oficial de compras para as festas de fim de ano. É o que diz a cópia brasileira da tradicional promoção do comércio americano, a tal Black Friday, ocorrida por aqui no dia 29 de novembro. A sexta-feira que antecede o feriado de Ações de Graças na terra do Tio Sam é marcada pela desesperada procura dos clientes por preços mais baratos que os convencionais. Mas, a onda do varejo que existe desde a década de 1960 nos Estados Unidos não tem, pelo menos por enquanto, muita semelhança com o que acontece no Brasil há quatro anos. Se lá, a chamada “sexta-feira negra” é cenário, inclusive, para cenas de violência (onde pessoas cospem umas nas outras ou disparam tiros para garantir pechinchas), aqui o consumidor tem mesmo é que se cuidar para não ser violentado pela esperteza das empresas, que não raro aproveitam a oportunidade para maquiar preços, alardear descontos que, na prática, não existem e faturar em cima da ingenuidade dos clientes.

A tática, apelidada de “Black Fraude”, tem chamado a atenção, até do Procon, o Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor, que multa as empresas que comprovadamente usam de “má-fé” com o público. As reclamações registradas por compradores tanto de lojas físicas quanto de virtuais no Procon ou em sites como o Reclame Aqui bateram recorde em 2013: em apenas 12 horas de promoção, havia mais de 5 mil queixas registradas contra 8 mil em um período de 24 horas no ano passado.

Maquiagem comprovada

Pesquisa mostrou resultados da edição 2013 (Foto: Taís Brem)
Pesquisa mostrou resultados da edição 2013 (Foto: Taís Brem)

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (13) pelo Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (PROVAR/FIA), em parceria com a empresa de monitoramento de preços no comércio virtual Íconna mostrou que 21,5% dos produtos pesquisados apresentou alta de 10,2% nos preços. Ao todo, foram analisadas as variações de preços de 1.312 produtos, como aparelhos de ar condicionado, lavadoras, câmeras digitais, fogões, cooktops, aparelhos de DVD, refrigeradores, filmadoras, impressoras, livros e conjuntos de panelas. Mas, nem tudo foram espinhos: em relação aos produtos com redução, 9,5% dos itens apresentaram desconto médio de 11% nos preços. Embora pareça pouco, os números são menos desagradáveis que em 2012, quando apenas 2,8% dos produtos apresentaram queda média de 6,3%. “Houve promoções e alguns itens apresentaram grandes quedas, mas um consumidor sem referência de preços correu um risco maior de pagar mais caro do que obter um bom desconto no dia da promoção”, afirmou o diretor de pesquisas do Provar e coordenador da pesquisa, Nuno Fouto.

Mesmo com todos os inconvenientes, a edição 2013 da Black Friday Brasil movimentou R$ 424 milhões somente em vendas no ambiente virtual, o que se traduz como 95% a mais do que o registrado em 2012, quando o faturamento chegou a R$ 217 milhões.

Andressa queria um livro e uma camiseta (Foto: Arquivo Pessoal)
Andressa queria um livro e uma camiseta (Foto: Arquivo Pessoal)

A fotógrafa Andressa Barros, 27, estava “enrolando” há um tempão para comprar uma camiseta com a imagem do roqueiro Ozzy Osbourne estampada. Preço básico do objeto de desejo em dias normais: R$ 75,00 mais frete (R$ 16,00 via PAC, a encomenda “econômica” dos Correios, e R$ 34,00 via Sedex, o serviço de encomenda expressa). No dia 29, quando conversou com o Blog Quemany, Andressa tinha acabado de ouvir falar que todas as t-shirts do site paulistano por que se enamorara estavam com preço reduzido: R$ 39,00. A oferta foi uma tentação. “Nunca comprei nada [na Black Friday], mas se essa camiseta fizer parte da promoção, com certeza estrearei minhas compras hoje”, disse, ao citar que também estava de olho num livro de composição fotográfica que estava por R$ 9,00.

Ana e o irmão: sugestão de presente (Foto: Arquivo Pessoal)
Ana e o irmão: sugestão de presente (Foto: Arquivo Pessoal)

A gerente administrativa Ana Carolina Magalhães, 21, queria mesmo era adquirir uma câmera fotográfica. Só que… “Há um mês, ela estava por R$ 699,00 e, na Black Friday, continua com o mesmo preço, mesmo anunciada como promoção. Ou seja, não compensa”, comentou. Para ela, a ilusão dos consumidores se deve ao “vislumbre das propagandas”. “As empresas fazem o cliente acreditar que está fazendo um bom negócio. Só que para se certificar disso, é necessário fazer uma boa pesquisa”, opinou ela, que chegou a postar em seu perfil do Facebook o indignado post “Que Black Friday mais fajuta!”. Contudo, momentos depois, Ana encontrou na promoção uma forma de garantir economia para o bolso do irmão, no caso de ele desejar comprar uma “lembrancinha” para ela: “Aproveita o preço de hoje e já compra meu presente de Natal! Grata!”, cutucou, linkando o site que anunciava a promoção da coleção de 40 DVD’s com as dez temporadas completas do seriado americano Friends.

Coleção de temporadas de seriado estiveram em promoção (Foto: Divulgação)
Coleção de temporadas de seriado esteve em promoção (Foto: Divulgação)

Taís Brem
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