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Olha só!

 

“Temos algumas semelhanças. De fato, Moisés esteve no exílio, assim como eu. De fato, Moisés voltou para acudir seu povo, e eu estou aqui para acudir meu povo”.

Fernando Gabeira, candidato do PV à prefeitura do Rio, se comparando ao líder bíblico em discurso na Igreja Assembléia de Deus Ministério da Restauração.

 

“A resistência de algumas congregações acaba ofuscando questões éticas que são mais importantes. A igreja tem de ser um canal de diálogo aberto com todos os setores da sociedade”.

Hermes Fernandes, bispo da Igreja Reina, criticando alguns de seus colegas religiosos a favor de Gabeira.

 

“Eu fui menino, adolescente e jovem e nunca me passou pela cabeça uma coisa dessas. Ele tem de pagar”.
José Luciano, agricultor e pai de Lindemberg Alves, 22 anos, sobre o homicídio que o filho praticou contra a ex-namorada Eloá nesta semana.

 

“Consigo perdoar o Lindemberg. Eu sei que ela tá com Deus e eu tô feliz. Talvez Deus tenha feito isso para dar a vida a sete pessoas”.

Ana Cristina Pimentel , mãe da menina Eloá.

 

“Muitos brancos sentem que estão perdendo seu país diante dos próprios olhos. O que estamos vendo neste momento é o começo de uma verdadeira reação”.

Mark Potok, diretor da entidade jurídica Southern Poverty Law Center, que monitora agressões raciais, sobre a manifestação de alguns grupos diante da provável eleição de Barack Obama à presidência dos EUA.

 

“Eu não era esperto o suficiente para me arriscar em um papel desses”.

Will Smith, ator americano, lamentando tardiamente a recusa ao papel de Neo, do filme Matrix, em 2000. A história maluca demais que não prometia muito sucesso acabou surpreendendo público e crítica e consagrou Keanu Reeves no papel principal.

 

“Era para ser assim…. palco checado, luzes afinadas, cenário perfeito, banda pronta, e ai então, sem ainda sabermos a razão, o artista não veio”.

Ivete Sangalo, cantora, sobre o aborto espontâneo que sofreu com seis semanas de gestação. “Estou firme e tranqüila, certa de que Deus é sábio”, completou.

 

Perigo de gente grande

                   

Esses dias eu tava pensando… Se existem dois assuntos que serão carta marcada na próxima retrospectiva, estes assuntos atendem pelo nome de Caso Isabella e Caso Eloá. Não tem como ser diferente. Assim que os veículos de comunicação começarem a arregaçar as manguinhas pra fazer o balanço de 2008, estes dois assassinatos brutais entrarão na pauta. E não precisa nem ser jornalista para saber disso.

                   

Mas, falando mais especificamente deste último acontecimento, uma coisa que também me passou pela cabeça nestes dias foi um jeito de abordar por aqui este episódio da menina de 15 anos que foi morta pelo ex-namorado. Não encontrei gancho. Na verdade, achei que seria chover no molhado eu, como projeto de defensora da moral e dos bons costumes que sou, comentar algo que não fugiria muito de minha reprovação acerca de um relacionamento assumido tão cedo. Ela tinha 12 anos, uma criança, quando começou o namoro com este tal Lindemberg, um cara já maior de idade e, agora, comprovadamente mal-intencionado. Precipitado dizer que foi culpa dos pais? Talvez. Entretanto, se não partir de casa o conter das rédeas, quem segura então?

                   

E foi por, justamente, perceber que esta minha opinião não é apenas papo de crente, que resolvi transcrever aqui a coluna da Martha Medeiros que tá hoje na Zero Hora. Ela fala disso: a forma adulta que os jovens acham que podem assumir e que, vez ou outra, acabam tendo desfechos trágicos como o que Eloá teve. Infelizmente. Namoros permitidos ainda na infância, liberdade para ir a festas e beber todas até cair são alguns dos pontos que ela comenta. Dá uma lida no texto na íntegra.

 

 

Foi mal

 

Semana passada eu estive no curso pré-vestibular Unificado conversando com alguns professores e pais de alunos, e entre vários assuntos debatidos surgiu um que tem preocupado a todos: a liberalidade que certos jovens conquistaram em casa e estão exibindo nas ruas. Longe de qualquer moralismo, o fato é que é alarmante que uma garotada de 12 ou 13 anos já esteja freqüentando festas com álcool – às vezes liberado pelos próprios pais, que se rendem ao manjado argumento: “Pô, todos os meus amigos podem!”. Ah, então tudo bem.

 

Juventude sempre foi sinônimo de “viver perigosamente”: esperto era quem esnobava a morte e se divertia com o risco. Essa rebeldia já teve seu seu charme, eletrizava. Só que o passado passou: hoje vivemos numa sociedade muito mais violenta, e dar uma de valente, se ainda impressiona, é pela inconseqüência e babaquice, por nada mais.

 

Alguns acontecimentos dos últimos dias deixaram claro que os jovens, hoje, correm riscos de gente grande. Primeiro foi o caso da Eloá, a menina de 15 anos que namorava um desajustado há três. Pra mim, dos 12 aos 15 ainda se é praticamente uma criança. Como alguém nessa faixa etária vive uma relação com uma carga de passionalidade tão intensa, tão adulta? Enfim, a menina foi uma vítima, lógico, mas cabe a nós, pais e mães, colar neles: com quem se envolvem, o que revelam através do Orkut, a quem estão se anunciando? A propósito, soube que há uma nova moda pegando na Austrália: as garotas vão para a praia com o número do celular pintado nas costas. Um convite pra encrenca. Mais um.

 

Outra notícia desalentadora foi a do menino de 18 anos que faleceu por causa de uma bala perdida disparada numa festa. Acontece todos os finais de semana em bairros da periferia, mas quando atinge um estudante universitário a visibilidade da notícia se expande. No entanto, o drama e as dúvidas são as mesmas para todas as famílias: quem controla o porte de arma numa festa? E mesmo quando esse tipo de tragédia acontece do lado de fora do recinto, como começa? Creio que a resposta está no início do texto: bebida à vontade para uma garotada em busca de afirmação. Infelizmente, muitos adolescentes não são orientados ou não desenvolvem a segurança necessária para ir contra o rebanho. Se todos bebem, eles bebem também. Não sabem se divertir com o entusiasmo que naturalmente possuem: precisam potencializá-lo. Aí exageram e entram num estado de exaltação que faz com que provoquem brigas desnecessárias, façam sexo sem uso de preservativos, dirijam em alta velocidade, ferrem com a própria saúde. Ou com a vida de alguém.

 

Sei que estou dando uma de madre superiora, mas nunca é demais bater nessa tecla do exagero. O adolescente vai sempre cometer excessos, faz parte da sua natureza, mas o mínimo que os pais podem fazer é não tratá-los como adultos antes da hora. Nada de aceitar que meninas de 15 se comportem como mulheres vividas e de aceitar que meninos de 16 cantem de galo. A marcação tem que ser mais cerrada. É proibido dirigir e beber antes dos 18. Ponto final. É inegociável. Não adianta eles chegarem em casa dizendo “foi mal” e no dia seguinte vacilarem de novo. Uma briga pode causar uma morte. Um amasso pode gerar uma gravidez indesejada. Um pega pode acabar em tragédia. Foi mal? Pode ser péssimo, crianças.

 

Martha Medeiros