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Viva a liberdade!

 

 

Não é de hoje que algumas pessoas defendem que o corpo está aí para ser usado como seu dono bem entender. A qualquer preço, se der vontade de se vender por uns minutos de prazer, seja livre! Se der vontade de matar o próprio filho dentro da barriga, opa, tudo bem! Injetar umas substâncias duvidosas em prol de uma sensação zen, no problems! E viva a liberdade! Pois uma notícia que li hoje, na página eletrônica da Folha de S.Paulo, fala bem disso. Uma jovem da Califórnia, Estados Unidos, resolveu colocar a virgindade à venda num leilão para ter como pagar os estudos. Pode isso? Pois é. É a tal liberdade que andam pregando por aí. Uma liberdade de fachada em que as pessoas não percebem que, ao contrário do que buscam, andam cada vez mais presas. Mas ai de quem ousar falar um pouco mais acentuadamente contra isso. Pouca-vergonha? Que nada! Cada um usa o que é seu como bem quiser. Qual o problema? Pagando bem, que mal tem? Na minha opinião, tem todos os males e mais um pouco. Todavia, leia, na íntegra, o texto abaixo e tire suas próprias conclusões.

 

 

Estudante dos EUA anuncia “leilão da virgindade” na internet

 

Uma norte-americana de 22 anos está leiloando publicamente a virgindade para pagar seus estudos. A estudante de San Diego, Califórnia, que usa o pseudônimo de Natalie Dylan, diz não ter enfrentado dilemas morais com sua decisão –e também não ofereceu provas sobre a virgindade.


“Não acho que leiloar minha virgindade irá resolver todos os meus problemas”, disse ela no programa de TV “The Insider” na quarta-feira. “Mas irá dar alguma estabilidade financeira. Estou pronta para controvérsia, sei o que virá por aí. Estou pronta para isso. Vivemos numa sociedade capitalista. Por que eu não posso ganhar com a minha virgindade?”, disse. A mulher, que quer fazer um mestrado em terapia familiar e de casal, diz que aguarda por ofertas de até US$ 1 milhão.


O site de leilões eBay recusou hospedar o leilão, que agora acontecerá num bordel em Nevada, o Moonlite Bunny Ranch, onde a irmã dela trabalha para pagar as dívidas da faculdade. A data do leilão não foi informada.


Numa enxurrada de entrevistas e aparições na mídia, ela admitiu que sua mãe, professora, não concorda com sua decisão, assim como muitas pessoas na rede. Entre aquelas que apóiam está o dono do bordel onde ocorrerá o leilão, naturalmente. “Acho uma tremenda idéia. Por que perder a virgindade para algum cara no banco de trás do carro quando você pode pagar pela sua educação?”, disse Dennis Hof.

 

 

Fala, tchê!

 

“Eu dedico essa música ao papa porque eu sou uma filha de Deus. Todos vocês também são filhos de Deus”.

Madonna, cantora, afrontando o Vaticano ao anunciar a canção “Like a Prayer”, num show em Roma. A Igreja Católica classificou a apresentação da música de forte apelo sexual como “uma das mais satânicas da história da humanidade”.

 

“Achamos que a fé não é algo saudável para eles”.

Alejandro Rozitchner, filósofo argentino que escreveu o livro “Filhos sem Deus – Ensinando à Criança um Estilo Ateu de Viver”. Ele e a esposa referem-se aos filhos como “os três ateuzinhos”. E com muito orgulho.

 

“Pronto, agora a medicina ficou revolucionária. É normal que um cadáver respire… Lamentável. Barbeiragem pura”.

Paulo Sant’ana, jornalista, criticando a atitude de um hospital de Canela que deu como morto um bebê que ainda respirava. Ao ser informado do fato pela funcionária da funerária, a enfermeira justificou que é natural que cadáveres respirem ar, por isso enterraram a criança viva.

 

“Eu gosto de viajar, mas, por razões de saúde, só posso ir a Paris, Londres e Nova York. Segundo o meu médico, se eu tiver um problema de saúde, essas cidades têm atendimento de Primeiro Mundo”.

Olavo Setúbal, presidente do conselho de administração da Itaúsa, do banco Itaú, falecido em agosto.

“O Fantástico nunca foi meu. E entre ficar triste apresentando um programa e feliz sem esse programa, eu preferi ser feliz. É isso que as pessoas não entendem”.

Glória Maria, jornalista, sobre sua saída do programa global.

 

“Eu tinha certeza que ia perder. Fiquei com a medalha de prata mais uma vez”.

Ziraldo, cartunista, conformado com a derrota para o jornalista Luiz Paulo Horta na eleição para a Academia Brasileira de Letras. Há dois anos, ele foi perdeu para o bibliófilo José Mindlin.

 

“O babaca rico que já estudava não queria que o pobre tivesse a chance”.

Lula, criticando a elite que foi contra a criação do ProUni.

 

“Tem muitas pessoas se casando, mas não é casamento de verdade. É casamento de combinação”.

Maisa, apresentadora de tv e garota-prodígio do SBT.

 

 “De ‘gente-fruta’ eu já tô pra lá de cheia! Só admiro a Carmem Miranda!”.

Karina Bacchi, atriz.

 

“Eu apenas não estou mangueira, mas eu sou mangueira. E ponto”.

Carlinhos de Jesus, coreógrafo, poupando palavras ao explicar por que não ensaiará a comissão de frente da escola de samba carioca em 2009, após 11 anos no comando.

 

“Me senti mal no Festival de Roterdã, onde todo mundo estava de terno e eu, com minhas roupas coloridas e tênis rasgados”.

Gustavo Spolidoro, diretor do filme “Ainda Orangotangos”, falando do que o motivou a comprar um terno para incrementar o guarda-roupa a ser usado em eventos mais sociais.

 

“Não teremos mesas nem cadeiras, para que as pessoas realmente se encontrem, se esbarrem, se conheçam. Mesa é uma barreira psicológica”.

João Cury, sócio de uma casa noturna paulistana, ao explicar a proposta informal do local.

 

 

 

Que bonito!

 

 

Está certo que não tem como enfiar goela abaixo lei em cima de lei e esperar que isto mude, de forma milagrosa, o comportamento das pessoas. É como a tal da tolerância zero pra quem bebe. O receio de levar uma multa fez com que os motoristas ou optassem por não tomam seus drinques habituais ou decidissem ir de carona quando bebessem. Foi válido porque diminuiu bastante os acidentes, mas, em contrapartida, não acabou com o vício das pessoas. Entretanto, a minha opinião é de que políticas como esta, mesmo que não resolvam o problema na íntegra, são um bom primeiro passo para tal. Tipo esta idéia do José Serra de bloquear o fumo em lugares fechados no estado de São Paulo. Acontece que o nosso estimado presidente, ao ser questionado sobre um projeto federal com conteúdo semelhante ao do colega político, foi taxativo: “Eu defendo, na verdade, o uso do fumo em qualquer lugar”, afirmou, veementemente, enquanto fumava seu cigarrinho. Bonito, hein? Pena que a cena não foi registrada.

 

Não vou aqui entrar no mérito da sua escolha como ser humano normal. Cada um sabe que porcaria é melhor de colocar pra dentro do próprio corpo. No problems. Mas, como pessoa pública e maior liderança da nação, sua postura soa para mim, no mínimo, como algo irresponsável. No contexto da conversa, Lula disse que não vê necessidade de uma obrigatoriedade como a proposta que tramita na Casa Civil desde fevereiro, porque ela não mudaria o alvo da situação. “Só fuma quem é viciado”, disse. E quando a coisa afunila para dentro do Palácio do Planalto, a ignorância é ainda maior. Sobre a possível proibição, ele avisa que ela pode até funcionar, mas… “Menos na minha sala. Eu, se for na sua sala, certamente não fumarei porque respeito o dono da sala. Mas, na minha, sou eu que mando”.

 

Se formos pensar por este lado, então a sociedade está perdida! Sim, porque se matar, por exemplo, é defeito de quem tem certos distúrbios psicóticos, para quê prender os indivíduos, não é mesmo? Deixem todos à solta! A prisão não vai fazê-los parar! Exagero comparar um vício pessoal a crimes? Não acho. Quem fuma, além de fazer mal a si mesmo, contamina quem está à volta e contribui para a geração de gastos como os R$ 338,6 milhões anuais que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem por conta de internações e quimioterapia para os bonitinhos que o Lula apóia. Sim, senhor: sem querer, quem paga esta palhaçada somos eu e você. Bonito, não?

 

 

 

 

Sem papas na língua

 

“Se todas as quarentonas fossem tão quadradas quanto eu, o mundo desceria mais redondo”.

Ana Paula Guimarães, pastora do Ministério Casa de Oração, sobre os 40 anos que completa no mês que vem.

 

“Um dia me disseram: ‘Olha, champanha tem bolinha, e bolinha dá celulite’. Eu disse: ‘O quê??’. Parei de beber champanha”.

Glória Maria, jornalista, respondendo porque não ingere bebida alcoólica.

 

“Ah, as mulheres são as mulheres… Por isso é que eu sou cada vez mais mulher”.

Lula, elogiando o desempenho das equipes femininas do Brasil nas Olimpíadas. Eu, hein?!

 

“É chato. Mas pelo menos uma de nós chegará às semifinais”.

Serena Williams, tenista, lamentando o fato de ter de jogar contra a própria irmã, Venus, nas quartas-de-final do Aberto dos EUA de tênis.

 

“Deus olha para meu coração, para meus atos, minha postura, não para o que eu visto. Eu canto a música baiana, mas não faço nada sexual no palco. Não acho que esbanje sexualidade, e nem subo no palco para isso”.

Cláudia Leitte, cantora, defendendo seu estilo.

 

“Não me preocupo em chocar os crentes e muito menos em fazer um programa de sexo. Nada de caretice! Pra gente chamar almas novas tem ir lá onde elas estão, mas, claro, sem se contaminar. E é isso que eu faço”.

Monique Evans, apresentadora, “crente” e descontaminadíssima!

 

“Por mais repulsivo que possa parecer, isso vai ser alugado num instante”.

Corretor de imóveis americano, sobre o apartamento em que o ator Heath Ledger morava e no qual acabou morrendo, em janeiro. O imóvel está colocado para locação por 26 mil dólares mensais, o equivalente a mais de 42 mil reais/mês.

 

“Sai daí, abelha. Vai fazer pólen em outro lugar, senão você vai machucar a Isabella”.

Beatriz Fragoso de Lima, 4 anos, ao abanar a mão para espantar os insetos do túmulo de Isabella Nardoni. Apesar de não conhecer a menina em vida, Beatriz acompanhou a vó no passeio nostálgico. Desde a tragédia que chocou o país, milhares de pessoas curtem o mesmo itinerário todos os dias.

 

“O mais comum é as pessoas olharem para mim com cara de que me conhecem, mas não sabem de onde”.

Alice Braga, sobrinha de Sônia Braga e atriz, dizendo que ainda não é uma celebridade.

 

O doce gostinho da vingança

 

Por que o homem carrega dentro de si o espírito vingativo? Foi a partir desta questão que a revista Veja, nas bancas a partir da próxima quarta, elaborou a reportagem principal desta edição. Li a matéria e achei bastante interessante, por isso resolvi sugeri-la por aqui. A resposta para a pergunta pode ser formada por duas teorias básicas. A primeira é que o desejo de vingança é uma espécie de toxina existente na mente apenas das pessoas rancorosas, fruto de perturbações pela falta dos pais na infância, por exemplo. Outra definição mostra este sentimento como algo já intrínseco à personalidade humana, como o amor, o ódio e o medo.


 

Mas, além de dar explicações psicológicas pra problemática do famoso “olho por olho, dente por dente”, a reportagem apresenta alguns exemplos de quem resolve pagar seus agressores com a mesma moeda. Tem de tudo: de vinganças bobas até coisas bem sérias, de casos corriqueiros a uns que eu nunca tinha ouvido falar na vida. Uma mulher mesmo resolveu se vingar do ex-namorado roqueiro mandando aos amigos dele uma fita de vídeo em que ele aparecia na companhia de pagodeiros. O que ela ganhou com isso? O cara foi desmoralizado pelo grupo e perdeu a amizade da turma! Vê se pode! Já o pai de um garotinho assassinado aos oito anos de idade, ao tomar conhecimento de que os criminosos não seriam punidos, planejou invadir a audiência e matar os três responsáveis à queima-roupa. Graças a Deus, ele conseguiu desviar a ira e desistiu da idéia. Mas os dois exemplos servem bem para mostrar a que extremos este sentimento (literalmente) dos infernos pode levar as pessoas. E o pior: dando um espacinho para o lado carnal, todos nós estamos sujeitos aos mesmos desatinos. Se não formos além.


 

Antes de você seguir o link e conferir com os próprios olhos o produto desta propaganda editorial gratuita, só mais dois exemplos que me chamaram a atenção. Um é o do judoca português Pedro Dias. Nas olimpíadas de Pequim, ele usou o desejo de vingança como motivação ao derrotar o brasileiro João Derly, que havia lhe roubado a namorada no passado. “Ele foi humilhado, humilhado por mim”, festejou. A medalha era o que menos importava na disputa. O que parecia estar mesmo em jogo era sua dignidade. Outro exemplo citado foi o da atriz Jennifer Aniston, que resolveu esvaziar o guarda-roupa do parceiro ao descobrir sua traição. As roupas foram doadas a uma instituição de caridade. Detalhe um: o parceiro era, nada mais, nada menos, que o galã holliwoodiano Brad Pitt. Detalhe dois: a traidora atende pelo simples e humilde nome de Angelina Jolie e, atualmente, forma com o bonitão um dos casais mais badalados do mundo das celebridades. E daí? Jennifer, pelo menos, saiu de alma lavada do negócio. O problema é que o gostinho doce da vingança é mais curto que a perna da mentira. Como diria Tertuliano: “Quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Quer ser feliz para a vida toda? Perdoe”. Praticar isso não é tão fácil quanto citar uma declaração. Mas pode servir de incentivo para dar menos vazão à carne. Experimentemos.

 

Taís Brem

 

*A matéria de Veja pode ser lida aqui.