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O que Deus uniu, não separe o Face

Onda de casais que mantêm perfis duplos na rede social é cada vez mais comum

(Foto: Taís Brem)
Perfil “Ines Y Jorge” é um exemplo desse modismo (Foto: Taís Brem)

Se esse não é o seu caso, com certeza, sua lista de amigos do Facebook contém um ou outro perfil do tipo “João Maria da Silva” ou “Maria José Aguiar”, por exemplo. E não porque alguém resolveu se identificar na rede social com o nome completo que, por acaso, contém um segundo nome característico do sexo oposto. Mas, porque a tendência de unificar perfis na rede está cada vez mais forte entre os casais. A moda vale para namorados, noivos, casados e afins. Para quem está do outro lado, a opção é confusa, já que nunca se sabe ao certo com quem se está falando, de quem é o aniversário indicado, a idade e outras tantas informações disponíveis no Face que foram feitas para cada indivíduo em particular e não para duplas. Porém, quem aderiu ao modelo garante que está tudo bem. Ciúme, forma de controle, falta de individualidade? Que nada! Para eles, Mark Zuckerberg é que deveria se atualizar e criar opções para esse público que não se desgruda nem na hora de se conectar ao mundo virtual.

Casal optou por manter apenas uma conta no Facebook (Foto: Arquivo Pessoal)
Casal optou por manter apenas uma conta no Facebook (Foto: Arquivo Pessoal)

É assim com o agente de segurança Jorge Luis Padilha, 43, e sua mulher, a universitária Inês, 30. A ideia de criar o perfil duplo foi dela. E ele, por sua vez, quando soube, aprovou. “Para os casais que levam a relação a sério, a tendencia é aumentar [a escolha por esse tipo de perfil], pois a confiança entre eles é maior”, opinou Padilha. “Além do mais, não temos nada a esconder um do outro”, disse ele, ao comentar que, por enquanto, é Inês quem usa mais a conta, em função das informações acadêmicas que acessa pela rede.

Spohr: "Tudo depende da forma como o Face é usado" (Foto: Arquivo Pessoal)
Spohr: “Tudo depende da forma como o Face é usado” (Foto: Arquivo Pessoal)

Donos do perfil “Marcus Debora Spohr”, o jornalista e professor universitário de 34 anos e a cabeleireira e maquiadora, de 32, também são casados e, assim como Jorge e Inês, consideram positiva a moda de unificar contas nas redes sociais. “Ela me falava que queria um Face. Como eu já tinha, decidimos unir os dois nomes. Não tinha sentido manter apenas no meu nome, visto que eu e minha esposa vivemos em unidade”, explicou Spohr, ao frisar que a medida não deve ultrapassar limites: “O mútuo acordo sobre o que deve ser publicado é fundamental. Entendemos que o Face é uma ferramenta muito boa para se comunicar. No entanto, o que é bom pode ser, também, muito negativo. Tudo depende da forma que ele é usado”.

Particularmente, a psicóloga Ângela Luca Firmino Branco não vê com bons olhos a ideia do compartilhamento de perfis. “Cada um é sua própria singularidade e nas redes sociais não deve ser diferente. Alguns casais utilizam esse recurso, na minha opinião, como forma de controle do outro ou por insegurança, na ilusão de achar que o que é compartilhado ficará sob controle”, disse. “Ledo engano. Acho que a vida a dois pode ser suficientemente compartilhada em diversos momentos do dia a dia sem que cada um precise perder ou diluir sua própria identidade. É preciso ter claro até onde podemos e para quê precisamos expôr nossa privacidade. E, se optarmos por isso, precisamos ter claro a serviço de quê estamos fazendo”.

Para Ângela, a moda dos perfis duplos é mais um sinal de que, ao longo das décadas, as pessoas foram perdendo a noção de privacidade e individualidade. “Há alguns anos, antes da Internet e das redes sociais, brigava-se para que a informação fosse democratizada e compartilhada. Hoje, brigamos para que essas mesmas informações sejam privativas e não compartilhadas e precisamos mudar uma configuração para que nossa vontade se legitime. Assim, acredito que perdemos muito do nosso anonimato, nossa individualidade e tudo, inclusive meu ‘eu’ pode ser compartilhado, dividido, exposto, divulgado, universalizado. Meu perfil sou eu e mais alguém, um grupo, uma coletividade, deixei de ser um sujeito e passei a ser um grupo, deixei de ser completo para ser uma parte, deixei de ser inteiro para ser uma metade”, opinou. “Existem muitas vantagens nas redes sociais, a universalidade da informação facilitou muito diversos aspectos da vida moderna numa rapidez impressionante, mas ainda sou do tempo em que alguns aspectos da vida a dois combinam mais entre quatro paredes”.

Solução virtual

Especialista, Gabriela Zago não gosta da tendência (Foto: Wilson Lima)
Especialista, Gabriela Zago não gosta da tendência (Foto: Wilson Lima)

Tanto Inês e Jorge quanto Marcus e Débora concordam que seria muito melhor se o próprio Facebook oferecesse uma opção de perfil para casais. “Daria uma maior dinâmica de uso da ferramenta para os usuários”, disse Spohr. “E, aí, fica um perfil que envolve realmente os dois, com informações de data de aniversário, sexo, empregos, locais onde estudou etc de cada um”, completou Padilha.

A boa notícia é que, embora no formato de perfil as configurações sejam restritas apenas a indivíduos em particular – ainda que na teoria -, no modo “página”, é possível adaptar a opção para unificar perfis. “O próprio Facebook oferece páginas com perfil de casal ou sobre o relacionamento entre quaisquer dois amigos no Facebook, a partir da combinação das informações dos dois usuários. Funciona, também, para casais”, sugeriu a jornalista e professora do curso de Design Digital da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Gabriela Zago, 27. “Pela lógica, um perfil de casal deveria ser uma página, como as criadas para representar grupos ou associações. Embora seja uma prática que já vem de outras redes, como Orkut, acho [a tendência de unificar perfis] ruim. Dificulta o contato com outras pessoas e a interação na rede. Numa rede social, cada perfil deveria representar um indivíduo”, comentou.

Taís Brem

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O doce gostinho da vingança

 

Por que o homem carrega dentro de si o espírito vingativo? Foi a partir desta questão que a revista Veja, nas bancas a partir da próxima quarta, elaborou a reportagem principal desta edição. Li a matéria e achei bastante interessante, por isso resolvi sugeri-la por aqui. A resposta para a pergunta pode ser formada por duas teorias básicas. A primeira é que o desejo de vingança é uma espécie de toxina existente na mente apenas das pessoas rancorosas, fruto de perturbações pela falta dos pais na infância, por exemplo. Outra definição mostra este sentimento como algo já intrínseco à personalidade humana, como o amor, o ódio e o medo.


 

Mas, além de dar explicações psicológicas pra problemática do famoso “olho por olho, dente por dente”, a reportagem apresenta alguns exemplos de quem resolve pagar seus agressores com a mesma moeda. Tem de tudo: de vinganças bobas até coisas bem sérias, de casos corriqueiros a uns que eu nunca tinha ouvido falar na vida. Uma mulher mesmo resolveu se vingar do ex-namorado roqueiro mandando aos amigos dele uma fita de vídeo em que ele aparecia na companhia de pagodeiros. O que ela ganhou com isso? O cara foi desmoralizado pelo grupo e perdeu a amizade da turma! Vê se pode! Já o pai de um garotinho assassinado aos oito anos de idade, ao tomar conhecimento de que os criminosos não seriam punidos, planejou invadir a audiência e matar os três responsáveis à queima-roupa. Graças a Deus, ele conseguiu desviar a ira e desistiu da idéia. Mas os dois exemplos servem bem para mostrar a que extremos este sentimento (literalmente) dos infernos pode levar as pessoas. E o pior: dando um espacinho para o lado carnal, todos nós estamos sujeitos aos mesmos desatinos. Se não formos além.


 

Antes de você seguir o link e conferir com os próprios olhos o produto desta propaganda editorial gratuita, só mais dois exemplos que me chamaram a atenção. Um é o do judoca português Pedro Dias. Nas olimpíadas de Pequim, ele usou o desejo de vingança como motivação ao derrotar o brasileiro João Derly, que havia lhe roubado a namorada no passado. “Ele foi humilhado, humilhado por mim”, festejou. A medalha era o que menos importava na disputa. O que parecia estar mesmo em jogo era sua dignidade. Outro exemplo citado foi o da atriz Jennifer Aniston, que resolveu esvaziar o guarda-roupa do parceiro ao descobrir sua traição. As roupas foram doadas a uma instituição de caridade. Detalhe um: o parceiro era, nada mais, nada menos, que o galã holliwoodiano Brad Pitt. Detalhe dois: a traidora atende pelo simples e humilde nome de Angelina Jolie e, atualmente, forma com o bonitão um dos casais mais badalados do mundo das celebridades. E daí? Jennifer, pelo menos, saiu de alma lavada do negócio. O problema é que o gostinho doce da vingança é mais curto que a perna da mentira. Como diria Tertuliano: “Quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Quer ser feliz para a vida toda? Perdoe”. Praticar isso não é tão fácil quanto citar uma declaração. Mas pode servir de incentivo para dar menos vazão à carne. Experimentemos.

 

Taís Brem

 

*A matéria de Veja pode ser lida aqui.