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Deu a louca nos eventos

Brincadeira online tem criado vários encontros criativos

Música da dupla sertaneja Leandro e Leonardo inspirou um dos eventos fictícios (Foto: Divulgação).
Música da dupla sertaneja Leandro e Leonardo inspirou um dos eventos fictícios (Foto: Divulgação).

Que a criatividade dos internautas é algo incrível, não é novidade. Mas o ano de 2015 começou com um diferencial a mais: ideias malucas, inspiradas em diversos elementos que povoam o universo pop – de músicas e ditados populares a propagandas de TV – estão tomando conta do aplicativo que permite criar eventos no Facebook.

Entre os usuários da rede, tem quem considere a febre perda de tempo. “Não tens mais o que fazer?”, perguntou um rapaz ao amigo que o convidou para um dos eventos. “Na real mesmo, não”, respondeu, com sinceridade, o outro. Contudo, há milhares que

Dito popular "me caíram os butiá do bolso" também foi lembrado (Foto: Alice Umbrella).
Dito popular “Me caíram os butiá do bolso” também foi lembrado (Foto: Alice Umbrella).

preferem tratar a coisa no nível da diversão e embarcar, de fato, na onda, confirmando presença no Debate Teológico para Averiguar se a Florentina é Mesmo de Jesus, na Marcha para Comprovar que “Eu não sou tuas nega”, no Encontro para Assistir ao Filme do Pelé com a turma do seriado Chaves e, até, nas Aulas de Canto com a Aracy da iogurteira Top Therm, a garota-propaganda que ficou famosa por sua voz, no mínimo, fora de padrão. Isso sem falar na Excursão para o Raio que o Parta, na Passeata pelo Bosque Enquanto seu Lobo não Vem e no Mutirão para Juntar os Butiás que Caíram do Bolso.

A busca pela liderança em termos de originalidade é concorrida, mas, talvez o contraditório Mutirão para Passar o Dia todo Confirmando Presença em Eventos seja um dos melhores candidatos.

E já que as altas temperaturas têm atingido o país de Norte a Sul neste verão, houve quem tivesse a brilhante ideia de promover o Manifesto Nacional para Trazer o Frio para o Brasil. Ótima iniciativa, não fosse por um detalhe: o evento está marcado somente para o dia 1º de outubro, época em que o verão já foi embora, o outono e o inverno já deram as caras e a primavera já está gerando aquele gostinho de “quero-mais” em relação à estação mais quente do ano.

Inspiração
Uma das características que marca essa onda facebookiana é a variedade de fontes utilizadas para a criação dos eventos fictícios. A diversidade é tanta que, de uma forma ou outra, todos acabam se sentindo inclusos no movimento. Você pode até não saber quem é Valesca Popozuda e, portanto, não entendeu o porquê de alguém organizar um culto para desejar que “todas as inimigas tenham vida longa”. Por outro lado, deve ter identificado, de pronto, o sarcasmo da Caravana pra Pegar o Primeiro Avião com Destino à Felicidadeda Festa no Gueto Pode Vir Pode Chegar ou, ainda, da Mesa Redonda para Debater o que é que a Baiana TemQuem quiser confirmar presença na brincadeira com a qual melhor se identificar, está com o ingresso ao alcance de um clique.

Taís Brem
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Mais do mesmo

O telespectador postou no Facebook que estava assistindo à morte do Tião Galinha na TV. Não, ele não estava contando aos amigos o sonho que teve durante o soninho da tarde. Estava assistindo ao Canal Viva, canal da televisão paga, pertencente à Rede Globo, que se destina a transmitir reprises de programas da emissora, principalmente novelas. No caso mencionado na rede social, tratava-se de Renascer, de Benedito Ruy Barbosa, exibida originalmente em 1993.

A ideia da Globo foi boa. Afinal, sabe-se que sempre há uma audiência garantida para esse tipo de programação. Quem não gosta de reassistir algo que foi marcante em sua vida? Acontece que, ultimamente, até quem não acha que valha a pena ver de novo tem tido poucas opções para fugir do “Hum… Acho que já vi essa cena antes…”.

Sim, os remakes e as reprises estão na moda e estão com tudo. Nessa onda, já voltaram com nova cara à telinha “O Astro”, “Gabriela”, “Ti-ti-ti”, “Guerra dos Sexos”, “Dona Xepa”, “Saramandaia”, “Carrossel”… E seguem reprisando clássicos da TV mexicana que a audiência já cansou de ver – que o digam a série de folhetins das “Marias” interpretadas por Thalia Ariadna e a dupla Chaves e Chapolin Colorado.

Alguém pode protestar que o método só segue sendo executado porque está sendo tão divertido para os olhos dos telespectadores quanto é rentável para o cofre das emissoras. O povo gosta. Fica apenas a reflexão se os milhares de comunicadores e afins que as faculdades jogam para o mercado todos os semestres não têm a criatividade necessária para inovar e arriscar um pouco mais. O exemplo não se resume a novelas e seriados. Outros formatos de programas, de entretenimento a noticiários, são copiados tal e qual de TV’s estrangeiras. Uma vez ou outra, tudo bem. Mas, o significativo aumento dessas ocorrências chega a ser sofrível, deixa implícito que a capacidade dos profissionais da mídia televisiva brasileira não tem sido usada a pleno. Não precisa abusar tanto assim da famosa máxima “Nada se cria, tudo se copia”.

A contribuição dos enlatados

Em sua maioria importadas dos Estados Unidos, até as séries têm contribuído, ultimamente, para reforçar o ar de falta de criatividade na TV. A primeira vez que notei o debate em uníssono deve ter ocorrido mês passado. O senhor Drummond, da família protagonista de “Arnold”, fazendo o possível e o impossível para esconder sua idade real e, assim, conquistar uma namorada mais nova. Tal qual um dos personagens principais de “Três é Demais”. Depois, a abordagem hilária do conflito de gerações passou para os filhos mais velhos de Drummond: tanto a garota quanto o garoto fingiram ser mais velhos para fazer bonito com seus pretendentes. Tudo isso em episódios diferentes, se é que se pode usar essa expressão.

Na última semana, foi a vez de “Eu, a Patroa e as Crianças” e “Um Maluco no Pedaço” se combinarem para mostrar ao público a saga dos adolescentes que sofrem bullying na escola e acabam vendo seus pais se engalfinhando para defendê-los. De novo, a mesma história; só mudou o endereço.

Os exemplos podem ser fruto de planejamento. Talvez na tentativa de reforçar uma espécie de marketing social na cabeça das pessoas (eles podem ser fãs de Glória Perez, por que não?).

Enquanto isso, a ideia segue sendo executada. As novas Chiquititas, que estrearam nessa segunda-feira (15), são um ótimo convite para quem está gostando da brincadeira.

Taís Brem

Texto publicado também no Observatório da Imprensa