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O telespectador postou no Facebook que estava assistindo à morte do Tião Galinha na TV. Não, ele não estava contando aos amigos o sonho que teve durante o soninho da tarde. Estava assistindo ao Canal Viva, canal da televisão paga, pertencente à Rede Globo, que se destina a transmitir reprises de programas da emissora, principalmente novelas. No caso mencionado na rede social, tratava-se de Renascer, de Benedito Ruy Barbosa, exibida originalmente em 1993.

A ideia da Globo foi boa. Afinal, sabe-se que sempre há uma audiência garantida para esse tipo de programação. Quem não gosta de reassistir algo que foi marcante em sua vida? Acontece que, ultimamente, até quem não acha que valha a pena ver de novo tem tido poucas opções para fugir do “Hum… Acho que já vi essa cena antes…”.

Sim, os remakes e as reprises estão na moda e estão com tudo. Nessa onda, já voltaram com nova cara à telinha “O Astro”, “Gabriela”, “Ti-ti-ti”, “Guerra dos Sexos”, “Dona Xepa”, “Saramandaia”, “Carrossel”… E seguem reprisando clássicos da TV mexicana que a audiência já cansou de ver – que o digam a série de folhetins das “Marias” interpretadas por Thalia Ariadna e a dupla Chaves e Chapolin Colorado.

Alguém pode protestar que o método só segue sendo executado porque está sendo tão divertido para os olhos dos telespectadores quanto é rentável para o cofre das emissoras. O povo gosta. Fica apenas a reflexão se os milhares de comunicadores e afins que as faculdades jogam para o mercado todos os semestres não têm a criatividade necessária para inovar e arriscar um pouco mais. O exemplo não se resume a novelas e seriados. Outros formatos de programas, de entretenimento a noticiários, são copiados tal e qual de TV’s estrangeiras. Uma vez ou outra, tudo bem. Mas, o significativo aumento dessas ocorrências chega a ser sofrível, deixa implícito que a capacidade dos profissionais da mídia televisiva brasileira não tem sido usada a pleno. Não precisa abusar tanto assim da famosa máxima “Nada se cria, tudo se copia”.

A contribuição dos enlatados

Em sua maioria importadas dos Estados Unidos, até as séries têm contribuído, ultimamente, para reforçar o ar de falta de criatividade na TV. A primeira vez que notei o debate em uníssono deve ter ocorrido mês passado. O senhor Drummond, da família protagonista de “Arnold”, fazendo o possível e o impossível para esconder sua idade real e, assim, conquistar uma namorada mais nova. Tal qual um dos personagens principais de “Três é Demais”. Depois, a abordagem hilária do conflito de gerações passou para os filhos mais velhos de Drummond: tanto a garota quanto o garoto fingiram ser mais velhos para fazer bonito com seus pretendentes. Tudo isso em episódios diferentes, se é que se pode usar essa expressão.

Na última semana, foi a vez de “Eu, a Patroa e as Crianças” e “Um Maluco no Pedaço” se combinarem para mostrar ao público a saga dos adolescentes que sofrem bullying na escola e acabam vendo seus pais se engalfinhando para defendê-los. De novo, a mesma história; só mudou o endereço.

Os exemplos podem ser fruto de planejamento. Talvez na tentativa de reforçar uma espécie de marketing social na cabeça das pessoas (eles podem ser fãs de Glória Perez, por que não?).

Enquanto isso, a ideia segue sendo executada. As novas Chiquititas, que estrearam nessa segunda-feira (15), são um ótimo convite para quem está gostando da brincadeira.

Taís Brem

Texto publicado também no Observatório da Imprensa