De tudo um pouco

Teve o Matteo citando Capitu, de Machado de Assis, ao acusar algum político de amnésia – que, por ética, não teve o nome citado. Teve Marroni fotografando a plateia com seu iPhone e sugerindo que seria uma boa a população contar com um transporte coletivo decente para usar seus tablets em paz, na rotina do dia a dia. Teve burburinhos entre os presentes de quem bem que gostaria que isso fosse uma realidade, mas sabe que é um sonho distante. Teve Catarina honrando o público que chegou na hora para assistir à entrevista, marcando seu lugar na mesa reservada aos entrevistados bem antes que todos os outros chegassem. Teve Eduardo, brincando com a proximidade entre uma cadeira e outra na mesma mesa e aproveitando, assim, para exaltar o clima de harmonia que marca essas eleições. Teve eleitor homenageando Eduardo ao beber refrigerante numa garrafa de Coca personalizada com o nome dele. Teve a ausência do Jurandir, que nem sequer foi mencionada ou justificada. E teve a presença de uma plateia além da capacidade que o local suportava.

Parece que o povo realmente estava a fim de ouvir as propostas de campanha dos candidatos à Prefeitura de Pelotas no sufrágio de 07 de outubro próximo. E a oportunidade da vez foi a atividade realizada na noite de quarta-feira (12), no Auditório do Campus II da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), por iniciativa da Coordenação Arquidiocesana de Leigos.

Catarina Paladini, Eduardo Leite, Fernando Marroni e Matteo Chiarelli falaram bastante de saúde, um dos principais problemas que a cidade enfrenta atualmente. Marroni disse, inclusive, que não é aceitável que Pelotas, que conta com duas universidades de Medicina e outros tantos conceituados cursos superiores no segmento, não tenha condições de suprir necessidades de pronto atendimento para desafogar o sempre lotado Pronto Socorro.

Educação foi outro ponto bastante discutido. Matteo assumiu o compromisso de criar mais escolas e aumentar, dessa forma, o número de vagas na educação infantil. Isso sem falar no – tão prometido por todos – pagamento do piso nacional para os professores.

Catarina falou em “postura republicana e diplomática” para garantir a Pelotas um espaço privilegiado na carona do desenvolvimento de Rio Grande. Eduardo foi genérico. Mas, disse, em suma, que para cuidar da cidade, é preciso cuidar das pessoas, pessoas essas que têm o direito de morar numa cidade bonita, limpa, organizada, com trânsito não estressante e blá, blá, blá.

Quem se dispôs a ficar cerca de uma hora e meia sentado ouvindo o que os candidatos tinham a dizer, ou estava ali porque queria prestigiar quem já elegeu para ganhar o seu voto ou porque queria definir quem será o felizardo. Sem dúvida, a segunda postura é a mais difícil de manter. Eles parecem falar a mesma coisa sempre e, como bem ajudou Eduardo, não há como ser muito diferente, afinal a cidade é a mesma, os problemas também e, por conseguinte, assim o são as propostas. O caso é que, como disse Matteo, a população está com raiva, com nojo de política. Até se tenta levar a coisa a sério. Mas o difícil mesmo é saber se, do lado lá, está havendo a mesma seriedade. Como saber quem fala a verdade? O maior medo é acabar caindo na lábia de quem sabe mentir muito bem. Oremos.

Taís Brem

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