Telinha ou cofrinho?

 

Não é de hoje que o conteúdo da telinha da Rede Record deixa a desejar. Principalmente quando o assunto é o questionamento sobre a influência dos donos – cristãos,  a princípio – na programação. E isso também vale para outros veículos do grupo da Igreja Universal do Reino do Deus, como a Folha Universal. Combina, por exemplo, estampar na mesma capa o slogan “Um jornal a serviço de Deus” e uma manchete que faz clara apologia ao aborto, um dos crimes que o próprio Deus (pelo menos o meu) abomina? A mim, parece que não. Mas foi o que eles arriscaram fazer numa de suas edições, ano passado.

 

Quando a questão vai para a quantidade de cenas de violência em filmes e séries, o apelo à sexualidade e até os toques místicos da novelinha dos mutantes, parece meio inadequado querer “encaretar” muito a programação, afinal estamos falando de mídia, o que exige um certo jogo de cintura, não é mesmo? Se é para chamar atenção do público, que se dê o que o público vai gostar, contrariando ou não os padrões que alguns consideram ideais.

 

Ouvi falar certa vez, que, perguntado sobre o exagero na quantidade de mulheres seminuas em sua emissora, Sílvio Santos, o manda-chuva do SBT, disse que, para ele, o que importava era a audiência. É mulher pelada que dá ibope? Então é isso que o povo vai ter. Simples assim. Não deveria caber o mesmo pensamento a uma emissora de origem cristã, mas temo que esta também seja a linha de raciocínio de Edir Macedo e seus discípulos. E um pequeno exemplinho de que isso pode ser verdade foi publicado na coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo de sexta-feira (16):

 

Baixou o “Big Brother” no “Fala que Eu Te Escuto”, da Record, na quarta. Com imagens da atração global tiradas da internet, o programa discutiu se os participantes de reality shows “o fazem por fama, ganância ou diversão”.

Por telefone, telespectadores reclamavam da falta de conteúdo cristão na TV, quando um dos pastores-apresentadores disparou: “Mas se colocar um reality show cristão no ar, nem os cristãos vão assistir”.

 

Tire suas próprias conclusões…

Taís Brem