Capeta do bem

 

“Ele pode ser vermelho. Ele pode ser chifrudo. Ele pode ser incompreendido. Mas quando você precisa do trabalho direito, é hora de chamar Hellboy”. Este é um pequeno trecho da sinopse oficial do filme Hellboy II – O Exército Dourado”. A tradução em português para o nome do protagonista – menino do inferno – já indica um pouco do que o enredo promete. Mas, com ressalvas: a expectativa dos criadores é de que, embora diabólico, o personagem seja aceito por cinéfilos de todas as idades como um super-herói. Portanto, um bom cidadão a serviço da comunidade. Simpático, inclusive.

 

Há quem diga que é justamente por conta de sua simpatia que a primeira fase de Hellboy fez tanto sucesso. O personagem criado pelo californiano Mark Mignola, é gigante, vermelho, chifrudo e, mesmo acostumado a ser zombado na rua, leva tudo no bom humor. Sua história indica que ele nasceu no inferno, com o propósito de destruir o planeta. Mas aí, ele acabou caindo nas mãos de um padrasto bondoso e, milagrosamente, abandonou sua torta natureza, ingressou numa tal Agência para Pesquisas e Defesa em Paranormalidade, virou um capeta do bem e passou até a aparar os chifres.

 

O enredo se desenrola quando o planeta Terra descobre-se em situação de perigo, já que as forças da natureza lideradas pelo príncipe Nuada, vão se vingar dos homens porque eles andam matando o ecossistema. Nuada desperta o Exército Dourado, adormecido há milênios, para atacar os homens. Hellboy (interpretado por Ron Perlman), sua namorada, Liz (da atriz Selma Blair), o robô Johann e o desajeitado Abraham Sapiens saem em busca do Q.G. de Nuada. E o bonde vai andando com direito até a romance de família. Acredita que o ex-chifrudo derrete seu coração quando sabe que será papai? Óhhhhh, que mimoso…

 

Apenas por esta pequena introdução, dá pra notar que a trama é boa pedida para despertar, pelo menos, dois tipos de opinião. Ou a seqüência tem a intenção de ser apenas um manual cinematográfico divertido, com boas doses de ação e lições nobres acerca dos problemas ecológicos ou é um filme-lobo disfarçado em pele de cordeiro. Eu fico com a última. Particularmente, não vejo com bons olhos algo que coloca o grande vilão da humanidade como um inofensivo serzinho do bem. Ainda mais que, pelo teor da coisa, o longa deve levar milhares de crianças acompanhadas pelos pais aos cinemas e, consequentemente estimular filosofias do tipo “Yin-Yang”, em que o bem não é somente bom e o mal também não é tão mau assim. E então: alguém aí acredita nesta história? Só pela cara feia do personagem principal, melhor pensar duas vezes.

 

 

Taís Brem

2 comentários em “Capeta do bem”

  1. Depois de conquistar o público com os “heróis-ícone” (Super-Homem, Batman, Homem-Aranha), está chegando a hora de aparecerem outros. Motoqueiro Fantasma, Blade, HellBoy estão deixando uma mensagem nem um pouco sutil sobre os valores infernais.

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