Sim, eu sei que o longa metragem que está na boca de meio mundo há alguns dias é do Batman. Aliás, com um título bem suspeito, na minha opinião: “O Cavaleiro das Trevas”. Mas é o personagem Coringa quem insiste em roubar a cena. Dizem as boas línguas que a interpretação de Heath Ledger é a que melhor cara deu ao famoso vilão de todas as seqüências já feitas. Ele não é mais um bobo alegre ou uma figura caricata, mas um inimigo inteligente. Segundo a crítica de cinema, Isabela Boscov, “algo que se pode temer; alguém cujo desejo único é destruir os outros e tudo; e cujos motivos é possível intuir, mas não medir nem compreender”. Eu, hein!
De qualquer forma, mesmo sem fazer parte da minha lista de preferências cinematográficas, o filme deve fazer sucesso. Ou pelo menos movimentará grande parte da mídia em função de sua estréia. Aqui no Brasil, ela acontece hoje e, só de ontem até o início desta tarde, já soube do assunto por sites, revistas, jornais e até pelo radinho da cozinha que meu marido ligou de manhã. E olha que eu nem procurei saber. É o assunto da vez, não adianta. E muito disso deve-se ao Coringa.
O tal Heath Ledger (que, me desculpem, eu sou jornalista, mas não o conhecia até saber de sua morte) é um ator que ficou famoso mundialmente no filme “O Segredo de Brokeback Mountain”, em 2005. Ganhou o Oscar, se não me engano. Nele, Ledger interpretava um caubói gay e foi muito aplaudido. Mas, em Batman, dizem que ele se superou. O grande xis da questão é que também tem quem diga que ele encarnou tanto o personagem que acabou abalado emocionalmente a ponto de provocar a overdose que lhe fez sair de cena definitivamente em janeiro de 2008. Os colegas de set e diretores, é claro, dizem que não. Ele andava feliz demais pelos corredores para parecer perturbado. Eu, particularmente, acredito que o personagem tenha sim dado efeitos negativos. E, se deu algum positivo, agora só serve mesmo para ficar na memória de quem gosta do estilo. Ele deve ter ganhado muito dinheiro com a produção e poderia ter aberto uma infinidade de oportunidades para prosseguir com seu talento recém-descoberto. Mas não aproveitou nada. Morreu logo em seguida. Cedo, aos 28 anos. Mais um caso que nos faz refletir sobre a brevidade da vida e a importância de se ter certeza do nosso destino na eternidade. As coisas são assim mesmo. Se a culpa é do Coringa (ou do Batman), não sei. Fica a seu critério decidir.
E para encerrar, embora ontem mesmo a Zero Hora tenha deixado um recado às criancinhas dizendo que o filme novo do homem-morcego “é muito legal”, hoje o conselho tomou um viés diferente. Ticiano Osório, ao sugerir que a produção não seja vista pelos pequenos, explica: “Em vez de assistir a uma colorida e bem-humorada aventura de super-herói, a criança terá pela frente duas horas e meia de um pesadelo sombrio”.
Se tivesse filhos, eu ficaria com o segundo conselho.
Taís Brem
“Ou se morre como herói ou se vive bastante para se tornar o vilão”.
Coringa, o famoso vilão do homem-morcego, interpretado por Heath Ledger em “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. O filme estréia hoje no Brasil e é considerada a melhor atuação de Ledger. Detalhe: ele morreu em janeiro deste ano de overdose acidental, provavelmente provocada pelos inúmeros medicamentos que tomou para suportar o baque de fazer um personagem tão forte. É o que dizem alguns e, sinceramente, não creio que seja exagero.