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A gente precisa mesmo disto?

 

 

Já ouvi muita gente dizer que o Brasil aceita tudo quanto é porcaria que vem de fora. E tô vendo que isso é uma grande verdade, infelizmente. Mesmo sem assistir muita TV, tenho acompanhado, via internet, que nossos adolescentes estão cada vez mais fissurados em enlatados internacionais que acabam sendo veiculados aqui. Nenhum problema haveria se a mensagem repassada fosse algo legal de ser reproduzido. Coisa que está bem longe de ser a realidade.

 

Falei pouco sobre um deles no post da Turma da Mônica Jovem, o tal “Gossip Girl”. Essa baboseira saiu da cabeça da escritora Cecily von Ziegesar que decidiu contar, num visão teen, nada mais nada menos do que ela mesmo viveu em sua encantadora mocidade. Aluna de um dos mais chiques colégios de Manhattan, Cecily conviveu com amigos que usavam roupas de grife, tomavam coquetéis nos bares mais cool, usavam drogas e mantinham relações sexuais em qualquer lugar, tipo assim, no banco de trás de limusines. Tudo isso ainda em idade escolar. A própria atriz que protagoniza o seriado, Blake Lively, confessou: “Todo mundo namora todo mundo e transa com todo mundo. Um monte de coisa escandalosa acontece. Até eu fico chocada”.

 

Mas, a emissora norte-americana CW, responsável pela produção, não está nem um pouco preocupada. Tanto que lançou, de forma mais debochada impossível, várias peças publicitárias que ironizam a preocupação de pais e educadores com a propagação da série. Um dos cartazes mostra dois dos atores num beijo caliente, que insinua uma cena de sexo. Logo abaixo, a sigla OMFG, traduzido como “Oh My F****** God”. Nem preciso dizer que os asteriscos escondem um belo palavrão. E olha que este cartaz é apenas o anúncio de um trailer da série. O videozinho é a compilação de três imagens: duas meninas se beijando, uma outra dançando numa boate e um casal adolescente na cama.

 

A ousada campanha continua com outdoors mostrando os personagens teens em cenas sensuais acompanhados, justamente, das frases ditas por grupos conservadores contra o programa. Nate, um dos meninos, está deitado na cama com uma mulher mais velha. A frase “Absurdamente inadequado” completa, ironicamente, o cenário. Na outra foto, Serena recebe um carinho no pescoço de um rapaz cujo rosto não aparece e a expressão escolhida é “O pesadelo de todos os pais”. Noutra imagem, Chuck Bass oferece uma fruta para uma garota, acompanhada do aviso “Muito ruim para você”. Pra finalizar, um amasso entre Blair e Nate na piscina vem com uma opinião bem direta: “Um produto desagradável”.

 

Assim como Gossip Girl, descobri nesta semana um outro best-seller que virou programete.  Chama-se “Crepúsculo” ou  “Twilight”,  seu nome em inglês. Esta é a história de suspense e terror cujo casal protagonista é formado por uma menina de 17 anos e um… vampirinho básico. Se foi sucesso? Capaz que não! É a nova mania, a coqueluche, a febre do momento entre os adolescentes dos Estados Unidos e… adivinhem… do Brasil também, é claro! O romance trash já é o 6º lugar na lista dos livros mais vendidos por aqui. Já a versão cinematográfica foi lançada nesta semana no States e está sendo aguardada ansiosamente pela multidão enlouquecida de fãs tupiniquins.

 

E quem pára tudo isso se, na visão capitalista em que vivemos o dinheiro está acima de tudo? Está dando lucro? Então que continue, cada vez pior. O que mais me indigna é que as próprias instituições das quais se poderia esperar alguma atitude de mudança estão deixando a desejar. Exemplo básico: parece que a mais recente “carta na manga” de Edir Macedo à frente da Record é a assinatura de um acordo com a emissora mexicana Televisa para garantir os direitos de reproduzir uma versão brasileira de Rebelde. Isto é coisa que uma igreja apóie?

 

Chamem-me de moralista, crucifiquem-me, mas esta é a verdade e tem de ser dita: o Brasil já tá mal demais na foto para ficar aceitando tanto lixo de fora. Alguém tem que mudar esta situação.

 

Taís Brem