Tricotando no feriado

2º Encontro Gaúcho de Tricô ocorre no próximo sábado em Porto Alegre

Evento terá oficinas, desfile e feira de lojistas (Foto: Paulo Soares)
Evento terá oficinas, desfile e feira de lojistas (Fotos: Paulo Soares)

Há espaço para todos: desde aqueles que estão na fase inicial até os que pensam que já sabem de tudo, mas, na verdade, sempre têm algo a mais para aprender. Praticantes e simpatizantes da arte de tricotar têm um encontro marcado no próximo sábado (12), em Porto Alegre. Trata-se da segunda edição do Encontro Gaúcho de Tricô. Mais de 160 pessoas já garantiram presença, entretanto ainda há vagas para os interessados.

Diversas técnicas serão ensinadas (Foto: Paulo Soares)
Diversas técnicas serão ensinadas

De acordo com a coordenadora do evento Suzete Musse, 54, a programação prevê a realização de 17 oficinas, em que serão compartilhadas diferentes técnicas de tricô e crochê. Um grande destaque dessa edição é o almoço-desfile, no qual serão exibidas as peças produzidas por todos os patrocinadores e lojistas do evento. “Nosso objetivo é divulgar sempre e cada vez mais a arte do tricô, através das oficinas, e fazer com que as pessoas tenham a oportunidade de conhecer produtos novos que facilitem seu trabalho, por meio da Feira de Lojistas”, disse a coordenadora.

A Feira a que Suzete se refere é a atividade que reunirá lojas especializadas em peças de tricô e crochê não apenas do Rio Grande do Sul, mas de todo o Brasil. Das 9h às 18h, o público em geral poderá visitar a Feira gratuitamente.

Viciados em agulhas

Suzete tricota desde criança
Suzete tricota desde criança

“Quem faz tricô, sabe que, depois que aprendemos a usar as agulhas, vira um vício”. A sentença vem dos lábios de quem é íntima dos novelos desde a infância. Com cinco, seis anos de idade, Suzete começou a demonstrar interesse pela prática que já era comum na família e não parou mais. “Minha avó e minha irmã tricotavam muito e eu, também, comecei a lidar com as agulhas. Perto dos 20 anos, já tricotava blusas e nunca mais larguei. Hoje, faz parte de um todo”, comentou. Para ela, o que leva pessoas de todas as idades a tricotar é o fascínio que a atividade provoca. “Tricotar uma peça, carreira por carreira, dar forma a uma criação nossa (mesmo que estejamos seguindo uma receita de terceiros) tem um significado e um valor ímpar. As pessoas se encantam com aquilo que a arte proporciona. Parece não existir o impossível. E todo dia aprendemos algo diferente. Nos dias de hoje, através dos grupos, vemos crescer o interesse em idades bem distintas. Acho, inclusive, que a forma agitada que estamos vivendo hoje é que faz com que busquemos fazer coisas que nos dê prazer com as mãos. E o tricô se encaixa nessa busca perfeitamente”, opinou.

O 2º Encontro Gaúcho de Tricô é uma promoção do grupo Tricô Tchê.

Serviço:
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O quê? 2º Encontro Gaúcho de Tricô
Quando? Sábado, 12 de outubro, das 8h15min às 17h;
Onde? Clube do Professor Gaúcho – Avenida Guaíba, 12.060 – Ipanema – Porto Alegre;
Quanto? A inscrição em cada oficina custa R$ 50,00. Inscrevendo-se em duas, o participante paga R$ 90,00. A visitação na Feira de Lojistas é gratuita e aberta ao público em geral. Inscrições e informações pelo site do evento.

Taís Brem

Coração voluntário

Jovens estão entre os milhares de brasileiros que trabalham doando tempo e talento voluntariamente

Élem e Jaqueline trabalham como voluntárias na escola e na igreja (Foto: Wilson Brem)
Élem e Jaqueline trabalham como voluntárias na escola e na igreja (Foto: Wilson Brem)

Jaqueline Cruz e Élem da Luz são tia e sobrinha, embora a idade delas não revele esse curioso detalhe. Aos 18 e 17 anos, respectivamente, as estudantes que no fim de 2013 concluem o Ensino Médio já possuem três anos de trabalho voluntário em seu currículo. E são um exemplo de jovens que dispõem de seu tempo e talento para disseminar conhecimento, ajudando outras pessoas e contribuindo para o enfrentamento de problemas que assolam nossa nação, como as barreiras ao desenvolvimento educacional no Brasil. Elas estão entre os milhares de brasileiros engajados no voluntariado em ações simples, desenvolvidas em escolas e igrejas, por exemplo, mas que têm um poderoso impacto de transformação na sociedade.

A história de amor delas com o trabalho voluntário teve início enquanto cursavam a oitava série e se candidataram para, em horário inverso ao de suas aulas, ajudarem na organização da biblioteca da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Fátima, em Pelotas, Rio Grande do Sul. Aparentemente insignificante para alguns, a tarefa diária de catalogar livros e organizar prateleiras despertou nelas a paixão pela literatura, bem como a percepção para a lacuna que a falta de interesse pela leitura estava fazendo na educação dos pequenos.

Incentivo à leitura foi objetivo principal do projeto (Foto: Arquivo Pessoal)
Incentivo à leitura foi objetivo principal do projeto (Foto: Wilson Brem)

Após um tempo trabalhando ali, Jaque e Élem desenvolveram e apresentaram à diretoria da escola um projeto ao qual deram o nome de “Hora do Conto”. Trocando em miúdos, tratava-se de um plano de atividades voltadas para as séries iniciais, em que as meninas contariam histórias para as crianças, com o propósito de estimular o gosto pelos livros. “Começamos a ver que as crianças não tinham vontade de pegar os livros para ler. Então, pensamos em fazer um projeto de leitura e arrumar um cantinho específico na biblioteca para contar histórias e incentivá-las”, disse Jaqueline. A ideia foi prontamente aceita pela então diretora, a professora Neusa Coi, 55, e pelos demais docentes que, inclusive, colaboraram doando tapetes, almofadas e outros materiais que deixaram o cantinho destinado ao projeto confortável e convidativo. “Eles confiaram na gente e isso foi muito importante, porque, também, nos motivou a ir melhorando o projeto”, disse Élem. A Hora do Conto tinha cerca de meia-hora. Após ler uma história, elas distribuíam atividades para as crianças, como folhas com desenhos para colorir, e conversavam sobre o que tinha sido narrado, estimulando a imaginação dos pequenos. “A gente sempre propunha que eles dessem um novo final às historinhas”, relembrou Jaqueline.

O trabalho realizado pelas meninas merece destaque não apenas por ser voluntário, mas por ter surgido de uma iniciativa própria. Afinal, elas mesmas se dispuseram a pôr a mão na massa para mudar a situação de distanciamento que notaram entre os alunos e os livros. “Ambas tiveram um comportamento maravilhoso, tanto no trato para com os alunos, quanto no preparo das atividades e tarefas realizadas”, observou Neusa. “Elas são muito dinâmicas e criativas. Vejo como muito importante a participação de jovens em trabalhos voluntários como o que as meninas realizaram na escola, pois a instituição tem a oportunidade de oferecer aos alunos novas possibilidades de atividades e o voluntário adquire experiência”.

Para Neusa, o perfil do voluntário é essencial para o sucesso da atividade – no caso das meninas, elas deveriam gostar de crianças, ter paciência, ser tranquilas, criativas e sentir muito prazer no que estavam fazendo. Quesitos esses que foram preenchidos com muito êxito, tanto que, quando tiveram que deixar a escola para iniciar o Ensino Médio em outro colégio, Jaqueline e Élem continuaram engajadas na causa do voluntariado na instituição, realizando, agora, tarefas de recreação vinculadas ao Programa Mais Educação, do Governo Federal. No momento, elas aguardam pela diretoria da escola o chamado para realizar algum trabalho com as séries iniciais.

Paixão que contagia

Atividades são desenvolvidas com crianças (Foto: Wilson Brem)
Atividades são desenvolvidas com crianças (Foto: Wilson Brem)

Anos depois de ter deixado – com muito pesar, é verdade – os momentos de leitura da Hora do Conto, as meninas ficaram sabendo que seu esforço rendeu frutos. Certa vez, ao visitarem a escola elas viram uma das alunas que ouvia as historinhas contadas por elas seguindo o exemplo e contando histórias a outras crianças menores. Perguntar se elas se sentiram orgulhosas com isso, seria desnecessário. Mas, a resposta é sim. “Foi algo muito legal. Percebemos que o projeto ajudou as pessoas e trouxe crescimento e experiência de vida, tanto para eles, quanto para nós”, frisou Jaqueline que, já pensa no que fazer assim que concluir o Ensino Médio: dar aulas de História. Já Élem, não gostaria de seguir nenhuma profissão ligada à Pedagogia, porém falar em escrever faz seus olhos brilharem. “Quero fazer algo ligado à Literatura ou Jornalismo, talvez”, afirmou.

Mãe de Élem e irmã de Jaque, a doméstica Neusa Luz, 50, disse considerar excelente o tempo que as duas dedicaram ao desenvolvimento das tarefas voluntárias na escola. “Elas demonstravam muito entusiasmo e ficaram muito mais responsáveis. Foi ótimo para elas”, pontuou.

Amanda, Giovanna e Marianna também são discipuladoras (Foto: Arquivo Pessoal)
Amanda, Giovanna e Marianna também são discipuladoras (Foto: Arquivo Pessoal)

Na mesma época em que começaram as atividades na Escola Nossa Senhora de Fátima, Élem e Jaque foram convidadas a integrar o time das chamadas “discipuladoras” na igreja que frequentam, o Ministério Casa de Oração (MCO). Seu papel: nos dias de culto – aos domingos, terças e sextas-feiras –, ser responsáveis pelos membros infanto-juvenis do Ministério, desenvolvendo tarefas específicas para a faixa etária de 0 a 12 anos, enquanto os pais assistem à reunião no templo principal. Junto com elas, completam a equipe as irmãs Giovanna, 16, e Marianna Guimarães, 14, e Amanda Vieira, que também tem 14 anos. A irmã caçula de Élem, Milene, 15, não é discipuladora oficial. Todavia, ao que parece, isso é apenas questão de tempo, pois volta e meia a adolescente é flagrada com alguma criança no colo, auxiliando as mães que precisam de ajuda para cuidar dos filhos durante as reuniões.

Meninas se revezam no atendimento da Biblioteca Cultural (Foto: Wilson Brem)
Meninas se revezam no atendimento da Biblioteca Cultural (Foto: Wilson Brem)

O trabalho na biblioteca desenvolvido lá na escola, há três anos, serviu como base para o aperfeiçoamento de outro projeto ligado ao MCO. Sim, as garotas não param: elas também são as responsáveis pela Biblioteca Cultural da igreja. Num espaço cuidadosamente arrumado por elas culto após culto, estão estantes lotadas de livros doados pelos próprios membros do Ministério, que são colocados para locação. A verba arrecadada com a atividade é destinada para trabalhos missionários desenvolvidos dentro e fora do país, sobretudo em locais onde práticas ligadas ao cristianismo são reprimidas oficialmente, gerando perseguição aos seguidores da religião.

Taís Brem